terça-feira, 26 de abril de 2005

Leio Ruído Branco, de Don Delillo

Belo Horizonte - O que pode haver de interessante na vida de professor universitário que deixa a metrópole e muda com a família para uma cidade do interior, passa a viver entre tipos excêntricos, adoece repentinamente, tem medo da morte e enxerga a vida como um supermercado? Ops, lembra minha própria vida.

Ecos do Nabokov de Fogo Pálido e Lolita.

A beleza descritiva nos arrasta como um canto indígena que dura dias, em que o transe leva o professor alto das mãos grandes a virar Humbert Humbert, agonizando a perda do sagrado. E sagrado é segredo. Nesse momento, que o cinema chama de plot, que os roteiristas chamam de turning-point, em que donas-de-casa descansam, que os cães recolhem-se em seus cantos e bruxas voam, o escritor corre seu maior risco: estar na autobähn a 240 quilômetros por hora e acelerar na última curva.

Ruído Branco parece ter sido iniciado por Dr. Jekyll e finalizado por Mr. Hyde. Mas é um grande obra de Delillo, das que passam tranqüilamnete no CRF (Coeficiente de Realidade e Ficção) necessário a toda estória.

Título: Ruído Branco
Autor: Don Delillo
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 320
Preço: R$ 44,90

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