São Paulo - A rede assemelha-se cada vez mais ao mundo real, com o detalhe de que por aqui as semelhanças começam pelas esquisitices. Como as primeiras home-pages, repletas dos famigerados GIFs animados, que surgiram como praga no meio dos anos 90 e até hoje podem ser encontradas nos porões da web.
E os sites de maledicência contra tipos insuportáveis (Casas Bahia, Galvão Bueno)? Tem os que homenageiam RPG, O Senhor dos Anéis e Harry Potter, com vocabulários específicos e herméticos. Há os codificados com a escrita semiótica dos chats que lembram idiomas falados pelo C3PO. E há os blogs adolescentes, cheios de dolls e temas de importância universal, como a última ida ao cabeleireiro.
Mas nada se compara em matéria de estranheza ao fenômeno das micronações. Nesses ambientes virtuais, cidadãos criam personas, instituições públicas e governam seus reinos de pixel com dedicação de estadistas, ampliando o espaço nos discos rígidos que sustentam a ciberesfera e, claro, a lentidão da rede. Mas quem não contribui para o grande engarrafamento virtual que atire o primeiro mouse.
Nas micronações, os internautas podem atuar em profissões diferentes das que exercem na realidade. Participam da administração do país, caso dos funcionários públicos e candidatam-se a eleições, desde que tenham partido político. Os partidos, por sua vez, devem ter sítio próprio. Para fundar uma micronação, basta ter um computador, hospedagem gratuita e perfil de estadista.
Vejam um trecho da história da Monarquia Hereditária de Brunão, que subsiste em uploads feitos de Curitiba:
A História de Brunão remonta (sic) os tempos da Guerra do Golfo (1991), quando um menino com ainda 5 anos sonhava fundar seu próprio país. Mais adiante (10 de outubro de 1996) é criado um país com o nome de Monarquia Hereditária de Brunão que existe até hoje, tendo como rei Vossa Alteza Real Rei Bruno Quadros e Quadros. O brunaíno é um idioma artificial que está sendo desenvolvido pelo Rei e procura ter raízes portuguesas, inglesas, romenas, célticas, vikings e gaélicas.
A veterana Pasárgada tem versões em português, inglês e espanhol e possui estrutura administrativa impécavel, com cantões (Éfaté, Icária, Inverness e Sloborskaia) e constituição própria:
Verdadeiro ícone do sentimento democrático Pasárgado, a Constituição define Pasárgada como "um estado social e democrático de Direito, que tem como valores superiores de seu ordenamento jurídico a Liberdade, a Justiça, a Igualdade e o Pluralismo político", onde "a soberania nacional reside no Povo Pasárgado, do qual emanam todos os poderes do Estado".
Outras, como a Comunidade Cecília, cansada de nações virtuais autocráticas, tem propostas mais ousadas:
Diferente de algumas micronações, temos como objetivo fazer com que os cidadãos pensem sobre a própria sociedade do mundo real. Pensem e, se acharem algo de errado, que façam alguma coisa.
Alguns links:
Micro-Nations
Reino Unido de Portugal e Algarves
Reino Unido de Sayed
Reino da Normandia
sexta-feira, 9 de julho de 2004
quinta-feira, 8 de julho de 2004
terça-feira, 6 de julho de 2004
terça-feira, 29 de junho de 2004
Leio A artista do corpo, de John Delillo
Um livro curto, um tempo longo. Pouco mais de 120 páginas de pequenos parágrafos em corpo 13. A artista do corpo envolve romances incompletos, sentimentos contraditórios, incomunicabilidade, body art e provação. Exige leitura lenta (exagerei nos quatro meses!), com suas frases inacabadas que nos levam a crer que essa história corre numa linha de tempo congelada, como a superfície de um lago, como os carros que deslizam na auto-estrada, como se.
segunda-feira, 28 de junho de 2004
America
São Paulo - Os norte-americanos acreditam que o mundo exterior se divide em duas categorias: países que são uma anarquia tal que nem vale a pena pensar neles, e aqueles cuja anarquia ameaça nossa segurança ou nossa sensibilidade moral. No último caso, devemos invadí-los, restabelecer a ordem, retornar imediatamente e não pensar mais neles.
Do livro Detonando a Notícia, do jornalista norte-americano James Fallows, p. 172
Do livro Detonando a Notícia, do jornalista norte-americano James Fallows, p. 172
domingo, 27 de junho de 2004
Imagens
Divinópolis - Elas começaram a aparecer não se sabe de onde, circundando as árvores próximas de uma ponte sobre a linha férrea que liga o centro de Divinópólis ao bairro Esplanada. Fiz com uma Fuji S5000 o registro das belas e barulhentas garças do centro-oeste mineiro.
quinta-feira, 24 de junho de 2004
quarta-feira, 23 de junho de 2004
Textos sem autor
São Paulo - Pululam, na rede, textos apócrifos atribuídos a escritores de renome. Não sei qual a intenção dos autores de tais peças, ordinariamente escritas e com um toque pessoal aqui e ali, atestando-lhes a insipiênsia.
Seriam descendentes dos desafetos de James Joyce os autores das cartas escatológicas que tentam lhe copiar a fleuma? Seriam separatistas os responsáveis pelos textos falsos atribuídos a Luís Fernando Verissimo?
Teria sido Sérgio Brito (Titãs) o autor de versos moribundos atribuídos a Jorge Luís Borges? Que fundamentalistas escreveram as mensagens piedosamente cristãs atribuídas ao pouco religioso Gabriel García-Márquez?
Seriam descendentes dos desafetos de James Joyce os autores das cartas escatológicas que tentam lhe copiar a fleuma? Seriam separatistas os responsáveis pelos textos falsos atribuídos a Luís Fernando Verissimo?
Teria sido Sérgio Brito (Titãs) o autor de versos moribundos atribuídos a Jorge Luís Borges? Que fundamentalistas escreveram as mensagens piedosamente cristãs atribuídas ao pouco religioso Gabriel García-Márquez?
segunda-feira, 21 de junho de 2004
São Paulo
São Paulo - Buzinas luzes carros trânsito luzes ruídos luzes ruas avenidas metrô vielas pessoas gente gente gente gente barulho vendedores pressa filas táxis vozes carros casas gritos luzes USP casa filho Liu mulher Andréa amor amor amor Pinheiros sábado Madalena sábado Dolores DJs Morrison bar rock n' roll Zeppelin Jack Daniels Aspicuelta Black Label Joplin Wisard tequila sal Blue Curaçao táxi domingo Play Center filas carros filas queda filas vôo filas roda gigante filas filas trenzinho filas elefantes filas filas pizza filas filas filas casa comida roupa mochila metrô terminal ônibus estrada estrada estrada
domingo, 20 de junho de 2004
O mundo é pequeno?
O mundo é pequeno
São Paulo - O mundo acadêmico é. Ontem encontrei no Terminal Tietê (eu chegando a São Paulo, ele saindo de) o pesquisador da Embrapa, especialista em orquídeas, Joaci Freitas. Joaci faz doutorado ardido em cidade de nome doce, Jaboticabal. Está pesquisando o DNA de uma espécie de pimenta nativa de Roraima, que os índios usam imemorialmente. Permanece, no entanto, fotografando e pesquisando Cattleyas violaceas e outras espécies de orquídea do Norte e do Sudeste. Nos velhos tempos de minha banda, Carolina Cascão, Joaci recebeu-nos em casa para uma turnê Brasil-Venezuela marcada por muita sede e rock n' roll.
quarta-feira, 16 de junho de 2004
Bloomscentury
São Paulo - Faz cem anos hoje que Stephen Dedalus flanou pelas ruas de Dublin, encontrou Leopold Bloom, que encontrou Gerty McDowell que não gosta de Blazes Boylan (quem gosta?), que pardelhas, pardelhas, é mesmo a bloody bastard.
Há cem anos ocorria o Bloomsday.
Para entender, leia o Ulisses de James Joyce. Mas depois... sua vida será outra, com você pensando de forma multifacetada, querendo escrever complicado só pra sentir o gostinho, com idéias revolucionárias sobre arte e estética. Depois ficará surpreso com a memória das coisas, a organização interna das gavetas, o orgulho nacional e achará que conhece a loquaz Molly Bloom. Depois descobrirá que a vida é menos complexa, que dá pra encarar um Fernando Sabino sem perder a calma, assistir a Jay e Silent Bob, Hermes e Renato...
Há cem anos ocorria o Bloomsday.
Para entender, leia o Ulisses de James Joyce. Mas depois... sua vida será outra, com você pensando de forma multifacetada, querendo escrever complicado só pra sentir o gostinho, com idéias revolucionárias sobre arte e estética. Depois ficará surpreso com a memória das coisas, a organização interna das gavetas, o orgulho nacional e achará que conhece a loquaz Molly Bloom. Depois descobrirá que a vida é menos complexa, que dá pra encarar um Fernando Sabino sem perder a calma, assistir a Jay e Silent Bob, Hermes e Renato...
100 a 87
São Paulo - Toda a glória aos pistões de Detroit.
Ben Wallace nas alturas.
O abalado Los Angeles Lakers estava irreconhecível em quadra. Tinha que perder mesmo.
Sofrimento dobrado para Karl Malone, que apostou errado trocando os US$ 18 milhões de renovação com o Utah Jazz por 1/10 desse valor para jogar no Lakers.
Duelo de técnicos é um termo apropriado para a final da NBA. Ao derrotar o laureado Phil Jackson, Larry Brown (laureado de outrora) prova que no basquete, diferente da política externa, toda supremacia tem limites.
Ben Wallace nas alturas.
O abalado Los Angeles Lakers estava irreconhecível em quadra. Tinha que perder mesmo.
Sofrimento dobrado para Karl Malone, que apostou errado trocando os US$ 18 milhões de renovação com o Utah Jazz por 1/10 desse valor para jogar no Lakers.
Duelo de técnicos é um termo apropriado para a final da NBA. Ao derrotar o laureado Phil Jackson, Larry Brown (laureado de outrora) prova que no basquete, diferente da política externa, toda supremacia tem limites.
terça-feira, 15 de junho de 2004
Igualzinho
São Paulo - Essa eu vi num post do Israel Barros no Cabuloso Destino: com o singelo subtítulo de Star Estimator, o Analogia localiza celebridades que se pareçam com você. Isso mesmo, você. Basta ter uma foto no micro. O resultado nem sempre é fiel a nosso fenótipo. Ou então pareço com Diego Armando Maradona e Timothy Dalton. Encontre seu sósia-celebridade aqui.
segunda-feira, 14 de junho de 2004
Do ofício
São Paulo - Custa-me a acreditar que sejamos quem fomos; somos quem somos a cada momento, mas a história de quem fomos tem muitas vezes de ser contada para que possamos verdadeiramente ser quem somos. As pequenas histórias que aqui podem ser lidas contam elas mesmas a história deste sítio, e fazem-no muito melhor do que eu alguma vez poderei, mas existem outras histórias por trás destas que eu mesmo quero contar.
Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.
Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.
sexta-feira, 11 de junho de 2004
Sobre blogs
São Paulo -
1 - Blogs são coleções de textos preparados por uma ou mais pessoas (podem ser pessoas preparando diferentes textos ou textos a quatro, seis mãos). Blogs são escritos.
2 - Bloggers escrevem blogs. Logo, bloggers são blogueiros e blogs são blogs. Blogs normalmente são diários, mas também podem ser semanários, bissextos, hebdomadários...
3 - Blog não é blig ou blogger. Chamar aos blogs dessa forma equivale a chamar lã aço de Bombril e lâmina de barbear de Gillette. Blogs são blogs. Ponto.
4 - Blogs podem ter ferramentas auxiliares, como os sistemas de comentários, o Blogchalking, o Blogtree e os contadores.
5 - Sistemas de comentários são formas instantâneas de comunicação entre bloggers (ou blogueiros) e seus leitores (que também podem ser blogfans ou blogfreaks). São ferramentas democráticas que os jornais, por exemplo, não têm coragem de instalar.
6 - Blogchalking é um sistema de classificação geográfica criado por um brasileiro, o Daniel Pádua. A idéia é identificar o blogger (blogger é o blogueiro, não o blog) por cidade e até por bairro. Assim pode-se descobrir quem bloga na sua vizinhança. Aquele bonequinho na coluna à esquerda indica que sou um indivíduo do sexo masculino com idade entre 31 e 35 anos (quando comecei estava noutra faixa etária), morador de São Paulo, bairro Butantã, que passa cerca de 40 por cento do seu dia conectado à rede (um exagero, mas os índices disponíveis são 20, 40, 60 e 80 por cento).
7 - Os contadores registram o números de visitas à sua página, mas também registram a origem dos acessos (o país e em alguns casos a cidade), o sistema operacional dos computadores que abrem seu blog mundo afora (já fui lido em 76 países!) e o endereço IP, caso destas e-pístolas.
8 - Blogtree é um serviço criado no MIT (Massachussets Institute of Technology) que estabelece uma espécie de genealogia blogger. Funciona assim: você cria uma conta gratuita, inscreve-se e identifica que blogs influenciaram na criação do seu. Este aqui, por exemplo, foi inspirado no Internetc, no Taperouge e no Metafilter. Da mesma forma, influenciou no surgimento do Canaimé, que por sua vez inspirou o Laranja Podre. Assim, o e-pístolas é tão filho do Metafilter quanto este é bisavô do Laranja Podre.
9 - Ninguém é obrigado a adotar tais ferramentas, mas sabe-se que um blog é mais blog se não está isolado. Um blog só é blog se está numa rede, como seus correspondentes humanos em sociedade.
10 - Blogs podem ser meros depositários de devaneios pessoais sem nenhuma importância para o coletivo humano ou podem contribuir para a discussão de temas socialmente relevantes, como a guerra, a arte ou a arte da guerra.
11 - Nao convém publicar a própria foto num blog. Elas podem ser usadas em montagens obcenas ou ilustrar os posts dos seus inimigos.
12 - Blogs têm um tempo de vida útil. Um dia este blog irá morrer.
1 - Blogs são coleções de textos preparados por uma ou mais pessoas (podem ser pessoas preparando diferentes textos ou textos a quatro, seis mãos). Blogs são escritos.
2 - Bloggers escrevem blogs. Logo, bloggers são blogueiros e blogs são blogs. Blogs normalmente são diários, mas também podem ser semanários, bissextos, hebdomadários...
3 - Blog não é blig ou blogger. Chamar aos blogs dessa forma equivale a chamar lã aço de Bombril e lâmina de barbear de Gillette. Blogs são blogs. Ponto.
4 - Blogs podem ter ferramentas auxiliares, como os sistemas de comentários, o Blogchalking, o Blogtree e os contadores.
5 - Sistemas de comentários são formas instantâneas de comunicação entre bloggers (ou blogueiros) e seus leitores (que também podem ser blogfans ou blogfreaks). São ferramentas democráticas que os jornais, por exemplo, não têm coragem de instalar.
6 - Blogchalking é um sistema de classificação geográfica criado por um brasileiro, o Daniel Pádua. A idéia é identificar o blogger (blogger é o blogueiro, não o blog) por cidade e até por bairro. Assim pode-se descobrir quem bloga na sua vizinhança. Aquele bonequinho na coluna à esquerda indica que sou um indivíduo do sexo masculino com idade entre 31 e 35 anos (quando comecei estava noutra faixa etária), morador de São Paulo, bairro Butantã, que passa cerca de 40 por cento do seu dia conectado à rede (um exagero, mas os índices disponíveis são 20, 40, 60 e 80 por cento).
7 - Os contadores registram o números de visitas à sua página, mas também registram a origem dos acessos (o país e em alguns casos a cidade), o sistema operacional dos computadores que abrem seu blog mundo afora (já fui lido em 76 países!) e o endereço IP, caso destas e-pístolas.
8 - Blogtree é um serviço criado no MIT (Massachussets Institute of Technology) que estabelece uma espécie de genealogia blogger. Funciona assim: você cria uma conta gratuita, inscreve-se e identifica que blogs influenciaram na criação do seu. Este aqui, por exemplo, foi inspirado no Internetc, no Taperouge e no Metafilter. Da mesma forma, influenciou no surgimento do Canaimé, que por sua vez inspirou o Laranja Podre. Assim, o e-pístolas é tão filho do Metafilter quanto este é bisavô do Laranja Podre.
9 - Ninguém é obrigado a adotar tais ferramentas, mas sabe-se que um blog é mais blog se não está isolado. Um blog só é blog se está numa rede, como seus correspondentes humanos em sociedade.
10 - Blogs podem ser meros depositários de devaneios pessoais sem nenhuma importância para o coletivo humano ou podem contribuir para a discussão de temas socialmente relevantes, como a guerra, a arte ou a arte da guerra.
11 - Nao convém publicar a própria foto num blog. Elas podem ser usadas em montagens obcenas ou ilustrar os posts dos seus inimigos.
12 - Blogs têm um tempo de vida útil. Um dia este blog irá morrer.
quarta-feira, 9 de junho de 2004
segunda-feira, 7 de junho de 2004
quarta-feira, 2 de junho de 2004
quinta-feira, 27 de maio de 2004
Reflexões numa manhã de quinta-feira
Toda cidade tem uma padaria com o nome da cidade
Toda cidade tem um Hotel Plaza
Toda cidade tem uma Relojoaria Pontual
Toda cidade tem uma Drogaria Avenida
Toda cidade tem um Salão Status
Toda cidade tem uma rua com o nome de outra cidade
Toda cidade tem suscetibilidades
quinta-feira, 20 de maio de 2004
domingo, 16 de maio de 2004
Na tela
Diários de Motocicleta não apela para "um certo sentimentalismo de esquerda" ao contar a história da viagem de descoberta da América Latina pelo jovem Ernesto Guevara e seu companheiro Alberto Granado. O que este road-movie (ou river-movie) propõe não é panfletário - nem poderia, dada à origem burguesa do diretor Walter Salles -, por isso não deve aumentar significativamente a venda de camisetas com a efígie do revolucionário argentino. Diários de Motocicleta é o resgate do "caminho", que muitos acreditam estar entre a França e a Espanha, ou na trilha inca que conduz a Macchu Picchu. Como diria Carlos Castaneda (ou Belchior) o seu caminho (ou seu lugar) é aquele em que você está. Lembra-nos, entretanto, que a riqueza deste continente está mais nas pessoas que nas incríveis paisagens. A bela fotografia granulada acentua o período histórico e embeleza a tela.
Diários de Motocicleta não apela para "um certo sentimentalismo de esquerda" ao contar a história da viagem de descoberta da América Latina pelo jovem Ernesto Guevara e seu companheiro Alberto Granado. O que este road-movie (ou river-movie) propõe não é panfletário - nem poderia, dada à origem burguesa do diretor Walter Salles -, por isso não deve aumentar significativamente a venda de camisetas com a efígie do revolucionário argentino. Diários de Motocicleta é o resgate do "caminho", que muitos acreditam estar entre a França e a Espanha, ou na trilha inca que conduz a Macchu Picchu. Como diria Carlos Castaneda (ou Belchior) o seu caminho (ou seu lugar) é aquele em que você está. Lembra-nos, entretanto, que a riqueza deste continente está mais nas pessoas que nas incríveis paisagens. A bela fotografia granulada acentua o período histórico e embeleza a tela.
quinta-feira, 6 de maio de 2004
Li Tempos Interessantes, de Eric Hobsbawm
Aqui a leitura do Século 20 por seu maior especialista ocorre de dentro para fora, como se os historiadores,
A história exige mobilidade e capacidade de
avaliar e explorar um vasto território, isto é,
a capacidade de ir além das próprias raízes.
Por isso é que não podemos ser plantas, incapazes
de deixar seu solo e habitat nativo, porque
nosso tema não pode esgotar-se em um único
habitat ou nicho ambiental (p. 451)
esses maravilhosos e poeirentos examinadores tardios das idiossincrasias humanas tivessem o direito de examinar a história por meio de suas experiências pessoais. Bom, Hobsbawm tem.
Os que têm a minha idade em alguns países
do hemisfério norte são a primeira geração de
seres humanos que efetivamente viveram como adultos
antes desse extraordinário lançamento da nave
espacial coletiva da humanidade em órbitas de
inaudita revolução social. (p. 434)
A formação multicultural (nascido em Alexandria, criado em Viena, jovem comunista em Berlim, fugiu para a Inglaterra, acompanhou a guerra fria, pôs o pé na estrada nos anos 60, assistiu à consolidação do imperialismo
O poder não corrompe necessariamente
as pessoas como indivíduos, embora não seja
fácil resistir a sua corrupção. O que o poder faz,
especialmente em tempos de crise e de guerra,
é tornar-nos capazes de realizar e justificar
coisas inaceitáveis se fossem feitas
por indivíduos privados. (p. 150)
e o surgimento da internet...) dá a Eric Hobsbawm essa característica única dos que conviveram (e aprenderam) com diferentes povos e línguas: reconhecer-se mais membro da espécie humana que tão-somente alemão, inglês, judeu etc. Fora o fato de ter acompanhado a época de maiores transformações na história, o sinistro século passado.
Em Tempos interessantes EH trabalha com uma infinidades de autores, escolas e movimentos que exigem dezenas de leituras complementares. Assim, vamos descobrindo um E. P. Thompson aqui,
... que seria registrado pelo Índice de
Citações de Artes e Humanidades (1976-1983)
como um dos cem autores do século 20 mais citados
em quaisquer dos campos cobertos pelo Índice. (p. 240)
um Ephraim Feuerlicht acolá,
Regressou à Áustria como membro
do bureau político do PC austríaco, escreveu
um livro curto e revelador sobre a França
e editou o jornal teórico do partido. (p. 164)
mas com o tempo, a bibliografia torna-se tão numerosa que chega a comprometer a própria conclusão do livro. Sorte têm os que chegam vivos às páginas finais que retratam um período da história mais conhecido, porquanto mais recente.
Para fãs do Século 20.
Aqui a leitura do Século 20 por seu maior especialista ocorre de dentro para fora, como se os historiadores,
avaliar e explorar um vasto território, isto é,
a capacidade de ir além das próprias raízes.
Por isso é que não podemos ser plantas, incapazes
de deixar seu solo e habitat nativo, porque
nosso tema não pode esgotar-se em um único
habitat ou nicho ambiental (p. 451)
esses maravilhosos e poeirentos examinadores tardios das idiossincrasias humanas tivessem o direito de examinar a história por meio de suas experiências pessoais. Bom, Hobsbawm tem.
do hemisfério norte são a primeira geração de
seres humanos que efetivamente viveram como adultos
antes desse extraordinário lançamento da nave
espacial coletiva da humanidade em órbitas de
inaudita revolução social. (p. 434)
A formação multicultural (nascido em Alexandria, criado em Viena, jovem comunista em Berlim, fugiu para a Inglaterra, acompanhou a guerra fria, pôs o pé na estrada nos anos 60, assistiu à consolidação do imperialismo
as pessoas como indivíduos, embora não seja
fácil resistir a sua corrupção. O que o poder faz,
especialmente em tempos de crise e de guerra,
é tornar-nos capazes de realizar e justificar
coisas inaceitáveis se fossem feitas
por indivíduos privados. (p. 150)
e o surgimento da internet...) dá a Eric Hobsbawm essa característica única dos que conviveram (e aprenderam) com diferentes povos e línguas: reconhecer-se mais membro da espécie humana que tão-somente alemão, inglês, judeu etc. Fora o fato de ter acompanhado a época de maiores transformações na história, o sinistro século passado.
Em Tempos interessantes EH trabalha com uma infinidades de autores, escolas e movimentos que exigem dezenas de leituras complementares. Assim, vamos descobrindo um E. P. Thompson aqui,
Citações de Artes e Humanidades (1976-1983)
como um dos cem autores do século 20 mais citados
em quaisquer dos campos cobertos pelo Índice. (p. 240)
um Ephraim Feuerlicht acolá,
do bureau político do PC austríaco, escreveu
um livro curto e revelador sobre a França
e editou o jornal teórico do partido. (p. 164)
mas com o tempo, a bibliografia torna-se tão numerosa que chega a comprometer a própria conclusão do livro. Sorte têm os que chegam vivos às páginas finais que retratam um período da história mais conhecido, porquanto mais recente.
Para fãs do Século 20.
sexta-feira, 30 de abril de 2004
Na tela (As invasões bárbaras)
A vantagem de assistir a um filme meses depois do seu lançamento é não carregar os críticos para a sala de cinema. Dessa forma, podemos ver esta película sobre a brevidade da vida com o espírito livre dos cadernos de cultura. Assim o merece o bom e velho cinema de autor.
As invasões bárbaras dá seqüência a O declínio do império americano, filme de 1986 cujo título dispensaria comentários se fosse óbvio. Mas não é. E as razões pelas quais não é também não serão ditas. Diga-se apenas que os dois filmes, escritos e dirigidos pelo franco-canadense Dennys Arcand são a (auto)crítica de uma certa, como diria Carlos Saraiva, vã guarda.
Excepcionalmente bem-escritos, os diálogos são a marca das duas obras, que devem ser assistidas preferencialmente em seqüência. A segunda parte apresenta o mesmo grupo de amigos reunidos à margem do lago, desta vez para encarar a doença e morte iminente de um deles.
Discussões de pais e filhos distantes uma geração, distantes alguns livros, distantes uma carteira de capitais, distantes afetivamente em intervalos de sono na narcose dos hospitais, o 11 de setembro na TV e as considerações políticas do ácido grupo de fãs de trufas e vinho - há um trecho formidável, em que Rémy e o filho atravessam a fronteira e são saudados por uma sorridente moça loura, que lhes diz "Welcome to America" e ganha em resposta: "Aleluia", "Amém".
Para professores universitários, famílias em crise e todos aqueles que amam a vita brevis.
A vantagem de assistir a um filme meses depois do seu lançamento é não carregar os críticos para a sala de cinema. Dessa forma, podemos ver esta película sobre a brevidade da vida com o espírito livre dos cadernos de cultura. Assim o merece o bom e velho cinema de autor.
As invasões bárbaras dá seqüência a O declínio do império americano, filme de 1986 cujo título dispensaria comentários se fosse óbvio. Mas não é. E as razões pelas quais não é também não serão ditas. Diga-se apenas que os dois filmes, escritos e dirigidos pelo franco-canadense Dennys Arcand são a (auto)crítica de uma certa, como diria Carlos Saraiva, vã guarda.
Excepcionalmente bem-escritos, os diálogos são a marca das duas obras, que devem ser assistidas preferencialmente em seqüência. A segunda parte apresenta o mesmo grupo de amigos reunidos à margem do lago, desta vez para encarar a doença e morte iminente de um deles.
Discussões de pais e filhos distantes uma geração, distantes alguns livros, distantes uma carteira de capitais, distantes afetivamente em intervalos de sono na narcose dos hospitais, o 11 de setembro na TV e as considerações políticas do ácido grupo de fãs de trufas e vinho - há um trecho formidável, em que Rémy e o filho atravessam a fronteira e são saudados por uma sorridente moça loura, que lhes diz "Welcome to America" e ganha em resposta: "Aleluia", "Amém".
Para professores universitários, famílias em crise e todos aqueles que amam a vita brevis.
sábado, 24 de abril de 2004
Na tela (Kill Bill – Vol. 1)
Para quem conhece Anime, Electra, Mangá, Mortal Kombat, O Tigre e o Dragão, e Western Spaghetti, assistir a Kill Bill (Vol. 1) pode ser uma agradável experiência de transcendência pop. Ou um certificado de vítima da indústria cultural, dependendo do ponto-de-vista. Trata-se um filme conservador no sentido tarantinesco do termo: confirma-o a não-linearidade do roteiro, personagens doentes e a violência explícita.
Mas nada é real em Kill Bill - filme que sabe que é filme -, exceto o sentimento de vingança tão típico do ser humano. E nesse cinema pelo cinema, a ultra-violência comparece como caricatura, afastando-se da proposta de Cães de Aluguel (Michael Madsen tortura um policial) para trilhar caminhos de humor sibilino.
Quentin Tarantino - funcionário de videolocadora e freqüentador de cinemas de segunda categoria que virou cineasta - irrita quem não lhe alcança a fina ironia, mas é muito considerado no grupo dos que assistem 500 filmes por ano, lêem quadrinhos, gostam de filosofia oriental e artes marciais.
O quarto filme de QT traz movimentos de câmera abusados, referências a dezenas de filmes e HQs e uma trilha sonora tão esdrúxula quanto apropriada. E apesar da crítica média, aquela que conta todo o filme, seja por soberba ou limitações técnicas, trata-se de peça cinematográfica de indiscutível qualidade.
PS: Se você não leu Electra por Frank Miller, desconhece Mangá, nunca assistiu Akira, não jogou Mortal Kombat, não viu O tigre e o dragão nem sabe o que é western spaghetti, não se preocupe: Kill Bill tem muita ação.
Para quem conhece Anime, Electra, Mangá, Mortal Kombat, O Tigre e o Dragão, e Western Spaghetti, assistir a Kill Bill (Vol. 1) pode ser uma agradável experiência de transcendência pop. Ou um certificado de vítima da indústria cultural, dependendo do ponto-de-vista. Trata-se um filme conservador no sentido tarantinesco do termo: confirma-o a não-linearidade do roteiro, personagens doentes e a violência explícita.
Mas nada é real em Kill Bill - filme que sabe que é filme -, exceto o sentimento de vingança tão típico do ser humano. E nesse cinema pelo cinema, a ultra-violência comparece como caricatura, afastando-se da proposta de Cães de Aluguel (Michael Madsen tortura um policial) para trilhar caminhos de humor sibilino.
Quentin Tarantino - funcionário de videolocadora e freqüentador de cinemas de segunda categoria que virou cineasta - irrita quem não lhe alcança a fina ironia, mas é muito considerado no grupo dos que assistem 500 filmes por ano, lêem quadrinhos, gostam de filosofia oriental e artes marciais.
O quarto filme de QT traz movimentos de câmera abusados, referências a dezenas de filmes e HQs e uma trilha sonora tão esdrúxula quanto apropriada. E apesar da crítica média, aquela que conta todo o filme, seja por soberba ou limitações técnicas, trata-se de peça cinematográfica de indiscutível qualidade.
PS: Se você não leu Electra por Frank Miller, desconhece Mangá, nunca assistiu Akira, não jogou Mortal Kombat, não viu O tigre e o dragão nem sabe o que é western spaghetti, não se preocupe: Kill Bill tem muita ação.
quarta-feira, 21 de abril de 2004
quinta-feira, 15 de abril de 2004
quinta-feira, 8 de abril de 2004
Smells like teen spirit
Há 10 anos Kurt Cobain se matava em Seattle, encerrando mais cedo os anos 90. O que viria depois no rock, de Radiohead a Smashing Pumpkins, de Beck Hansen a Belle and Sebastian, de Pizzicato Five a Coldplay, já encerrava um pouco do que ouvimos agora, nos 2000. Estou no time dos que acham que o Nirvana foi a salvação do rock nos anos 90, mas não culpo a geração anterior (Smiths, The Cure, Jesus and Mary Chain, Echo and the Bunnymen, The Cult, U2...) ou a atual (The Hives, The Vines, The Strokes, White Stripes, Kings of Leon) pela ausência de ícones. Talvez Cobain, imolado pelo maisntrean, fãs obtusos, depressão e drogas represente exatamente isso: o fim dos heróicos anti-heróis do rock n' roll.
terça-feira, 6 de abril de 2004
Réquiem
Ao professor Octavio Ianni, que morreu no domingo e reunia agudeza intelectual com afetividade, ativismo com temperança e muito colaborou na conclusão da minha pós-graduação. Suas sugestões ajudaram meu Índio na Rede a encontrar equilíbrio entre a sociedade da informação e o pensamento selvagem.
Ao professor Octavio Ianni, que morreu no domingo e reunia agudeza intelectual com afetividade, ativismo com temperança e muito colaborou na conclusão da minha pós-graduação. Suas sugestões ajudaram meu Índio na Rede a encontrar equilíbrio entre a sociedade da informação e o pensamento selvagem.
segunda-feira, 5 de abril de 2004
terça-feira, 30 de março de 2004
Pelo telefone
Os grupos Telefônica, Telemar e Brasil Telecom uniram-se no Consórcio Calais para comprar a Embratel da falida MCI. Cobriram a oferta da Telmex argumentando que o consórcio é nacional (tem nome de cidade portuária da França), que o negócio será o melhor para o Brasil etc. A intempestiva reunião das gigantes da telefonia guarda o vírus do oligopólio, já visível na reduzida diferença entre preços nos serviços e a falta de transparência nas tarifas cobradas por cada empresa. A Telmex pode ser estrangeira, mas nenhuma das que já dividem os lucros da telefonia brasileira é genuinamente nacional. A entrada de novo grupo pode, eventualmente, evitar a disparada dos preços que essa estranha união de "concorrentes" pode provocar. A Anatel precisa exercer um papel pró-consumidor.
Os grupos Telefônica, Telemar e Brasil Telecom uniram-se no Consórcio Calais para comprar a Embratel da falida MCI. Cobriram a oferta da Telmex argumentando que o consórcio é nacional (tem nome de cidade portuária da França), que o negócio será o melhor para o Brasil etc. A intempestiva reunião das gigantes da telefonia guarda o vírus do oligopólio, já visível na reduzida diferença entre preços nos serviços e a falta de transparência nas tarifas cobradas por cada empresa. A Telmex pode ser estrangeira, mas nenhuma das que já dividem os lucros da telefonia brasileira é genuinamente nacional. A entrada de novo grupo pode, eventualmente, evitar a disparada dos preços que essa estranha união de "concorrentes" pode provocar. A Anatel precisa exercer um papel pró-consumidor.
Sociedade alternativa
Isaías viu shows do cantor em São Paulo, Santos, Santo André, São Bernardo, por toda parte. Fotografava, colecionava reportagens, gravava entrevistas. Tinha discos que não acabava mais e fotos na sala, cozinha, banheiro, até em cima do tanque. "A casa dele parecia um museu", diz Valdenice. Depois que entrou para a Igreja Universal, Isaías encerrou esse capítulo. "Quebrei e botei fogo em tudo", conta. "A verdade é uma só: Jesus. Como eu não conhecia o superior a ele, para mim Raul era o máximo. Mas eu me libertei."
Isaías Sena Souza, marceneiro do Itaim Paulista (Zona Leste de São Paulo) que nos velhos tempos conseguiu batizar a própria rua com o nome de Raul Seixas, domingo, no Estadão.
Isaías viu shows do cantor em São Paulo, Santos, Santo André, São Bernardo, por toda parte. Fotografava, colecionava reportagens, gravava entrevistas. Tinha discos que não acabava mais e fotos na sala, cozinha, banheiro, até em cima do tanque. "A casa dele parecia um museu", diz Valdenice. Depois que entrou para a Igreja Universal, Isaías encerrou esse capítulo. "Quebrei e botei fogo em tudo", conta. "A verdade é uma só: Jesus. Como eu não conhecia o superior a ele, para mim Raul era o máximo. Mas eu me libertei."
Isaías Sena Souza, marceneiro do Itaim Paulista (Zona Leste de São Paulo) que nos velhos tempos conseguiu batizar a própria rua com o nome de Raul Seixas, domingo, no Estadão.
sexta-feira, 26 de março de 2004
quarta-feira, 24 de março de 2004
segunda-feira, 22 de março de 2004
Contos do extermínio
Ariel Sharon mandou matar o líder-fundador do grupo Hamas, o fanático Ahmed Yassin, que jaz em pequenos pedaços em algum lugar da Palestina. Simples como um ato de governo, o assassinato de um idoso tetrapélgico é visto como solução para o problema do terrorismo. Afinal, não será Sharon ou sua família que serão despedaçados pelos explosivos dos kamikazes palestinos na vingança já prometida. O corrupto Sharon evita a imprensa e a Justiça com a morte do líder do Hamas. No céu dos déspotas, faraós egípcios e velhos nazistas contentam-se em saber que seu trabalho prossegue pelas mãos de Ariel Sharon.
Ariel Sharon mandou matar o líder-fundador do grupo Hamas, o fanático Ahmed Yassin, que jaz em pequenos pedaços em algum lugar da Palestina. Simples como um ato de governo, o assassinato de um idoso tetrapélgico é visto como solução para o problema do terrorismo. Afinal, não será Sharon ou sua família que serão despedaçados pelos explosivos dos kamikazes palestinos na vingança já prometida. O corrupto Sharon evita a imprensa e a Justiça com a morte do líder do Hamas. No céu dos déspotas, faraós egípcios e velhos nazistas contentam-se em saber que seu trabalho prossegue pelas mãos de Ariel Sharon.
domingo, 21 de março de 2004
sexta-feira, 19 de março de 2004
Os Ladrões
O ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Armando Melão, foi preso hoje pela Polícia Federal em flagrante de extorsão. Anda cobrando propina para proteger supostos envolvidos no escândalo do Banestado. Disse que era inocente. "Sou totalmente inocente. Eu estou assustado, não sei o que está acontecendo". O cheque nominal de R$ 531 mil, argumenta, é uma tentativa de incriminá-lo. Igual às contas milionárias que abriram, na Suiça, em nome de fiscais do Rio de Janeiro. Já Paulo Maluf nega todas as acusações.
O ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Armando Melão, foi preso hoje pela Polícia Federal em flagrante de extorsão. Anda cobrando propina para proteger supostos envolvidos no escândalo do Banestado. Disse que era inocente. "Sou totalmente inocente. Eu estou assustado, não sei o que está acontecendo". O cheque nominal de R$ 531 mil, argumenta, é uma tentativa de incriminá-lo. Igual às contas milionárias que abriram, na Suiça, em nome de fiscais do Rio de Janeiro. Já Paulo Maluf nega todas as acusações.
segunda-feira, 15 de março de 2004
Notas internacionais
* O povo espanhol deu o troco a José María Aznar (eu azno, tu aznas...), que envolveu o país numa guerra inútil e provocou o atentado em Madri, na semana passada. José Luís Rodríguez Zapatero, o novo chefe de governo, já anunciou que vai desmobilizar as tropas espanholas no Iraque, a partir de abril. A melhor decisão política tomada pela Espanha nos últimos anos.
* A Polônia acredita que pode ser vítima de atentados porque apoiou a invasão do Iraque. Muito perspicaz, o presidente Aleksander Kwaśniewski.
* Vladimir Putin, o czar da Rússia, reelegeu-se presidente, apesar das acusações de corrupção, autoritarismo, cerceamento da imprensa e (não é acusação, mas de realidade) carnificina na Tchetchênia. Ex-agente da KGB, Putin segue o estilo Bush e não se preocupa em eliminar inocentes para atingir seus objetivos. Foi assim quando autorizou a matança de centenas de inocentes com gás venenoso durante o seqüestro no teatro de Moscou por separatistas tchetchenos. Quando o submarino Kursk afundou, a mãe de um dos marinheiros exaltou-se numa coletiva de imprensa e foi imediatamente sedada por droga injetável, aplicada por uma funcionária do governo. É o Gulag revisitado.
* O povo espanhol deu o troco a José María Aznar (eu azno, tu aznas...), que envolveu o país numa guerra inútil e provocou o atentado em Madri, na semana passada. José Luís Rodríguez Zapatero, o novo chefe de governo, já anunciou que vai desmobilizar as tropas espanholas no Iraque, a partir de abril. A melhor decisão política tomada pela Espanha nos últimos anos.
* A Polônia acredita que pode ser vítima de atentados porque apoiou a invasão do Iraque. Muito perspicaz, o presidente Aleksander Kwaśniewski.
* Vladimir Putin, o czar da Rússia, reelegeu-se presidente, apesar das acusações de corrupção, autoritarismo, cerceamento da imprensa e (não é acusação, mas de realidade) carnificina na Tchetchênia. Ex-agente da KGB, Putin segue o estilo Bush e não se preocupa em eliminar inocentes para atingir seus objetivos. Foi assim quando autorizou a matança de centenas de inocentes com gás venenoso durante o seqüestro no teatro de Moscou por separatistas tchetchenos. Quando o submarino Kursk afundou, a mãe de um dos marinheiros exaltou-se numa coletiva de imprensa e foi imediatamente sedada por droga injetável, aplicada por uma funcionária do governo. É o Gulag revisitado.
quinta-feira, 11 de março de 2004
Europa
Previsível, o atentado terrorista que matou 200 e deixou 1,4 mil feridos em Madri, hoje pela manhã. A Espanha deu apoio à invasão do Iraque em momento infeliz da História, tornando-se porta de entrada do terrorismo internacional, que se enraiza na Europa.
Mesmo com o povo (oito em cada dez) contra, o país de Colombo, de Pizarro e de Franco foi à guerra. Da mesma forma que o ouro asteca, os petrodólares falaram mais alto ao conservador José María Aznar, assim como já haviam seduzido o trabalhista Tony Blair e o retrô Silvio Berlusconi.
Em nome da unificação européia, o trio culpa os separatistas bascos, que preferem executar políticos e juízes. Mas pelas características, os inocentes nos trens foram imolados por radicais islâmicos enlouquecidos armados até os dentes, desses que tratam civis como peões, sacrificados para favorecer um xeque.
De olho nas próximas eleições, Aznar dificilmente assumirá que levou a guerra para seu país, deliberadamente. Intriga da oposição, dirá nos programas eleitorais, diante da queda na receita do Turismo.
Os responsáveis pelas 13 bombas instaladas no sistema de trens da capital da Espanha deixaram uma mensagem indicando os próximos alvos: Itália, Inglaterra, Japão...
Previsível, o atentado terrorista que matou 200 e deixou 1,4 mil feridos em Madri, hoje pela manhã. A Espanha deu apoio à invasão do Iraque em momento infeliz da História, tornando-se porta de entrada do terrorismo internacional, que se enraiza na Europa.
Mesmo com o povo (oito em cada dez) contra, o país de Colombo, de Pizarro e de Franco foi à guerra. Da mesma forma que o ouro asteca, os petrodólares falaram mais alto ao conservador José María Aznar, assim como já haviam seduzido o trabalhista Tony Blair e o retrô Silvio Berlusconi.
Em nome da unificação européia, o trio culpa os separatistas bascos, que preferem executar políticos e juízes. Mas pelas características, os inocentes nos trens foram imolados por radicais islâmicos enlouquecidos armados até os dentes, desses que tratam civis como peões, sacrificados para favorecer um xeque.
De olho nas próximas eleições, Aznar dificilmente assumirá que levou a guerra para seu país, deliberadamente. Intriga da oposição, dirá nos programas eleitorais, diante da queda na receita do Turismo.
Os responsáveis pelas 13 bombas instaladas no sistema de trens da capital da Espanha deixaram uma mensagem indicando os próximos alvos: Itália, Inglaterra, Japão...
quarta-feira, 10 de março de 2004
Os ladrões
Em Alfenas, cidade do sul de Minas Gerais com expressiva população universitária, filmaram o prefeito José Manso entregando maços de dinheiro para seus vereadores. O pronome possessivo (seus vereadores) se justifica. Parlamentar, no Brasil, é como notícia: um produto à venda (Cremilda Medina). Endinheirado que se preza tem o seu deputado, seu advogado, seu jornalista...
Em Alfenas, cidade do sul de Minas Gerais com expressiva população universitária, filmaram o prefeito José Manso entregando maços de dinheiro para seus vereadores. O pronome possessivo (seus vereadores) se justifica. Parlamentar, no Brasil, é como notícia: um produto à venda (Cremilda Medina). Endinheirado que se preza tem o seu deputado, seu advogado, seu jornalista...
domingo, 7 de março de 2004
sábado, 6 de março de 2004
quinta-feira, 4 de março de 2004
Contos da Anta (3)
Companheiro Bush
Tom Zé
Se você já sabe
Quem vendeu
Aquela bomba pro Iraque,
Desembuche:
Eu desconfio que foi o Bush.
Foi o Bush,
Foi o Bush,
Foi o Bush.
Onde haverá um recurso
Para dar um bom repuxo
No companheiro Bush?
Quem arranja um alicate
Que acerte aquela fase
Ou corrija aquele fuso?
Talvez um parafuso
Que tá faltando nele
Melhore aquele abuso.
Um chip que desligue
Aquele terremoto,
Aquela coqueluche.
Companheiro Bush
Tom Zé
Se você já sabe
Quem vendeu
Aquela bomba pro Iraque,
Desembuche:
Eu desconfio que foi o Bush.
Foi o Bush,
Foi o Bush,
Foi o Bush.
Onde haverá um recurso
Para dar um bom repuxo
No companheiro Bush?
Quem arranja um alicate
Que acerte aquela fase
Ou corrija aquele fuso?
Talvez um parafuso
Que tá faltando nele
Melhore aquele abuso.
Um chip que desligue
Aquele terremoto,
Aquela coqueluche.
terça-feira, 2 de março de 2004
O Poder e a Fé
O curta-metragem O Poder e a Fé, escrito e interpretado por Felipe Saraiva, estréia quinta-feira no The Bar, na Vila Olímpia, São Paulo, Brasil.
O autor-ator é filho do poeta Carlos Saraiva e radicaliza na estética urbana.
A direção é de Beto Schultz e Thiago Luciano.
O curta-metragem O Poder e a Fé, escrito e interpretado por Felipe Saraiva, estréia quinta-feira no The Bar, na Vila Olímpia, São Paulo, Brasil.
O autor-ator é filho do poeta Carlos Saraiva e radicaliza na estética urbana.
A direção é de Beto Schultz e Thiago Luciano.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004
Crônica urbana (Epílogo)
Muito bem, o fascista vai caminhar por esta calçada. Preciso medir a quantidade exata de passos e o tempo que ele vai levar. É neste ponto que ele cruza com os mendigos, vê as pessoas na rua e... no final da quadra... entra no banco. Em certo andar deste banco, uma executiva passou a noite fazendo seu trabalho, que é retalhar empresas e vendê-las etc, etc. Ela vai observá-lo durante dois segundos, do alto da janela, no momento em que vive suas reminiscências hippies. O banco é importante porque é aqui que duas das personagens se cruzam, favorecendo a construção de um quarto episódio. Sim, a história pode ser ampliada, é claro, usando os personagens periféricos. O discurso do candidato a pastor acontece na mesma quadra por onde caminha o fascista. O treino acontece com voluntários da própria igreja, que respondem aos chamados do candidato a pastor na hora da cura de todos os males. O olhar do candidato a pastor pousa, por dois segundos, sobre o fascista que anda pela calçada. No exato momento em que ele fala que o Diabo está à espreita, etc. etc. O fascista passa com nojo pelos mendigos da calçada, olha o candidato a pastor e o odeia. Depois que entra no banco, o fascista e a executiva trocam olhares. Ele na fila, ela saindo com pastas e bolsas e um olhar cansado de triunfo, de vitória. Surpreendentemente ele não pensa em nada sobre a mulher que cruza o saguão do banco apressada. Ela, por sua vez, imagina como seria encerrar a vida de solteira ao lado de um rapaz forte, pobre, mas trabalhador. Pensa melhor e resolve que pagar por uma companhia masculina oferece a melhor relação custo-benefício . A tetralogia (tautologia?) pode encerrar com o pastor já em atividade pregando na Praça da República, enquanto observa mulher de fino trato parar o carro diante de jovem de cabelos muito curtos que ali está à procura de uns trocados. Podemos chamar esse fim de um novo começo, como se faz no cinema de autor. É isso aí. Maravilha.
Muito bem, o fascista vai caminhar por esta calçada. Preciso medir a quantidade exata de passos e o tempo que ele vai levar. É neste ponto que ele cruza com os mendigos, vê as pessoas na rua e... no final da quadra... entra no banco. Em certo andar deste banco, uma executiva passou a noite fazendo seu trabalho, que é retalhar empresas e vendê-las etc, etc. Ela vai observá-lo durante dois segundos, do alto da janela, no momento em que vive suas reminiscências hippies. O banco é importante porque é aqui que duas das personagens se cruzam, favorecendo a construção de um quarto episódio. Sim, a história pode ser ampliada, é claro, usando os personagens periféricos. O discurso do candidato a pastor acontece na mesma quadra por onde caminha o fascista. O treino acontece com voluntários da própria igreja, que respondem aos chamados do candidato a pastor na hora da cura de todos os males. O olhar do candidato a pastor pousa, por dois segundos, sobre o fascista que anda pela calçada. No exato momento em que ele fala que o Diabo está à espreita, etc. etc. O fascista passa com nojo pelos mendigos da calçada, olha o candidato a pastor e o odeia. Depois que entra no banco, o fascista e a executiva trocam olhares. Ele na fila, ela saindo com pastas e bolsas e um olhar cansado de triunfo, de vitória. Surpreendentemente ele não pensa em nada sobre a mulher que cruza o saguão do banco apressada. Ela, por sua vez, imagina como seria encerrar a vida de solteira ao lado de um rapaz forte, pobre, mas trabalhador. Pensa melhor e resolve que pagar por uma companhia masculina oferece a melhor relação custo-benefício . A tetralogia (tautologia?) pode encerrar com o pastor já em atividade pregando na Praça da República, enquanto observa mulher de fino trato parar o carro diante de jovem de cabelos muito curtos que ali está à procura de uns trocados. Podemos chamar esse fim de um novo começo, como se faz no cinema de autor. É isso aí. Maravilha.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2004
Contos da Anta (2)
Na última eleição presidencial norte-americana, que George W. Bush ganhou por impressionantes 537 votos, democratas culparam o Partido Verde de roubar votos (tiveram pouco mais de 2 por cento) e favorecer o Partido Republicano. O candidato dos verdes, Ralph Nader, tinha como cabo eleitoral nada menos que Michael Moore, que narra episódios interessantes dessa eleição no seu livro Stupid White Men. Bem, Nader está de volta, desta vez como candidato independente. Precisa conquistar eleitores em primárias por todo o país antes de arvorar-se candidato oficial. Mas se a apuração ficar travada na Flórida ou no Texas, Nader deve se preparar para ser enxovalhado pelos democratas outra vez. Se, por outro lado, os democratas vencerem, o homofóbico Bush deve declarar o ambientalista milionário culpado por associar-se aos comunistas, artistas de vanguarda, pacifistas, ativistas e alternativos de toda espécie contra a ordem natural do mundo.
Na última eleição presidencial norte-americana, que George W. Bush ganhou por impressionantes 537 votos, democratas culparam o Partido Verde de roubar votos (tiveram pouco mais de 2 por cento) e favorecer o Partido Republicano. O candidato dos verdes, Ralph Nader, tinha como cabo eleitoral nada menos que Michael Moore, que narra episódios interessantes dessa eleição no seu livro Stupid White Men. Bem, Nader está de volta, desta vez como candidato independente. Precisa conquistar eleitores em primárias por todo o país antes de arvorar-se candidato oficial. Mas se a apuração ficar travada na Flórida ou no Texas, Nader deve se preparar para ser enxovalhado pelos democratas outra vez. Se, por outro lado, os democratas vencerem, o homofóbico Bush deve declarar o ambientalista milionário culpado por associar-se aos comunistas, artistas de vanguarda, pacifistas, ativistas e alternativos de toda espécie contra a ordem natural do mundo.
Crônica urbana (3) - terceira e última parte de peça audiovisual em três atos e um epílogo
Quem ficou curado levante a mão em nome de Jesus. Isso, levantem as mãos para eu poder ver. Um, dois, quatro, cinco, seis, sete, nove, dez, doze, quatorze, dezesseis, vinte, vinte e dois, vinte e quatro, vinte e cinco, somente vinte e cinco?, vinte e sete, trinta, trinta e dois, trinta e quatro. Alguém mais? Vamos orar e pedir a Jesus para que cure todos os nossos males. E reconhecer, irmãos. Reconhecer que o sangue de Jesus tem poder, reconhecer como essas pessoas que estão aqui, que foram curadas. Ficar calado não adianta nada. É preciso revelar a ação de Jesus na sua vida. Trinta e seis, trinta e sete. Não vamos deixar que o mal volte, irmãos, porque se Jesus curar e você não reconhecer, o mal volta. O Maligno traz o mal de volta para a casa dos cristãos que são curados e não reconhecem isso na Casa de Deus. Vamos lá. Quarenta, quarenta e dois. A senhora ali em cima, quarenta e três. Quantas vezes você já ficou curado de uma dor de cabeça, de uma dor na coluna, de um aperto no peito, de nó nas tripas, de pneumonia, de febre braba, de cansaço e não reconheceu diante de Deus? E o que aconteceu depois, irmãos? A dor voltou, o mal voltou. O demônio lançou sua mão maligna sobre os filhos de Deus e os manteve na enfermidade. É assim que age o Diabo, nas nossas pequenas imperfeições, nas falhas que mais desprezamos. E ele está sempre à espreita, o Demônio. O cão. Mas não como Deus, que está com a gente o tempo todo. Desde que estejamos dispostos a estar com Ele. É nesses momentos de fraqueza, quando a gente não reconhece o que Deus faz por nossas vidas, quando nos perguntamos se o dízimo vale a pena, que o maligno nos ataca. Então é preciso ter fé. É preciso recusar toda essa informação errada que a televisão passa. Reconhecer a boa televisão também, como a TV Nova Graça, que transmite esse programa. Então oremos. Então? Ficou bom? Se quiser gravo de novo, olha minha mãe diz que eu sou muito bom com as palavras. Posso voltar na segunda-feira? O senhor fala sério? Obrigado, muito obrigado, Deus lhe pague. Vou contar para a minha mãe agora mesmo. O sonho dela sempre foi ter um filho missionário. Eu, um missionário.
Quem ficou curado levante a mão em nome de Jesus. Isso, levantem as mãos para eu poder ver. Um, dois, quatro, cinco, seis, sete, nove, dez, doze, quatorze, dezesseis, vinte, vinte e dois, vinte e quatro, vinte e cinco, somente vinte e cinco?, vinte e sete, trinta, trinta e dois, trinta e quatro. Alguém mais? Vamos orar e pedir a Jesus para que cure todos os nossos males. E reconhecer, irmãos. Reconhecer que o sangue de Jesus tem poder, reconhecer como essas pessoas que estão aqui, que foram curadas. Ficar calado não adianta nada. É preciso revelar a ação de Jesus na sua vida. Trinta e seis, trinta e sete. Não vamos deixar que o mal volte, irmãos, porque se Jesus curar e você não reconhecer, o mal volta. O Maligno traz o mal de volta para a casa dos cristãos que são curados e não reconhecem isso na Casa de Deus. Vamos lá. Quarenta, quarenta e dois. A senhora ali em cima, quarenta e três. Quantas vezes você já ficou curado de uma dor de cabeça, de uma dor na coluna, de um aperto no peito, de nó nas tripas, de pneumonia, de febre braba, de cansaço e não reconheceu diante de Deus? E o que aconteceu depois, irmãos? A dor voltou, o mal voltou. O demônio lançou sua mão maligna sobre os filhos de Deus e os manteve na enfermidade. É assim que age o Diabo, nas nossas pequenas imperfeições, nas falhas que mais desprezamos. E ele está sempre à espreita, o Demônio. O cão. Mas não como Deus, que está com a gente o tempo todo. Desde que estejamos dispostos a estar com Ele. É nesses momentos de fraqueza, quando a gente não reconhece o que Deus faz por nossas vidas, quando nos perguntamos se o dízimo vale a pena, que o maligno nos ataca. Então é preciso ter fé. É preciso recusar toda essa informação errada que a televisão passa. Reconhecer a boa televisão também, como a TV Nova Graça, que transmite esse programa. Então oremos. Então? Ficou bom? Se quiser gravo de novo, olha minha mãe diz que eu sou muito bom com as palavras. Posso voltar na segunda-feira? O senhor fala sério? Obrigado, muito obrigado, Deus lhe pague. Vou contar para a minha mãe agora mesmo. O sonho dela sempre foi ter um filho missionário. Eu, um missionário.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004
Crônica urbana (2) - segunda parte de narrativa literária ou peça em três atos e um epílogo
Aimeudeus, de novo. Já estou cansada disso. Toda vez é assim. Se eu conseguisse sair um pouquinho mais cedo talvez pegasse o final da novela. Mas todo dia acontece alguma coisa. Todo dia é um preço trocado, é uma conta que não fecha. Dia de liquidação é assim mesmo. Vidinha desgraçada, essa minha. Bom mesmo é ser como aqueles artistas lá embaixo, fazendo malabarismo nos sinais. Uma vida livre, sem tanta loucura, sem tanta preocupação. Mas que é isso que eu estou pensando? Eu não nasci pra isso. Eu nasci pra isso que estou fazendo. Condenada a ser o que sou para sempre. Ou a ser sempre o que fui. Reclamo porque estou viva, sei que tem gente em melhor situação, mas ter o que eu tenho é melhor do que nada. É melhor do que nada. Pronto, fechei a última conta. Agora é esperar a reunião dos acionistas e anunciar... que estou fora. Estou fora e vou viver de quê? Acorda, isso aqui é o melhor que você poderia conseguir. Os anos sessenta acabaram há muito tempo, cara mulher independente. Ah, mas aquela sim é que era época boa, de mudanças nos costumes, de liberdade. Hoje estamos aprisionados, assistindo à violência tomar conta de tudo. Meninos assassinos, ladrões de apartamentos, sequëstros-relâmpago, corrupção nos governos. Esse mundo não vai ter jeito? Isso aqui não tem jeito, não. Falta pouco pra gente explodir de vez. Só porque tenho meios para evitar que isso aconteça comigo, não posso ser responsabilizada. Bom, não falta mais nada. Pronto. Com isso concluo a liquidação da empresa. Ai, que cansaço. Hum-hum-hum-hum-hum (cantarola uma música). Pela manhã esta companhia estará dividida em milhares de pequenos papéis, resultando em mais uma generosa comissão de seis dígitos. Um belo trabalho, tenho que admitir. Mas o que eu gostaria mesmo era de estar bem longe daqui, fazendo qualquer outra coisa. Liberdade. Não, não, nada disso. Nasci pra isto, morro assim.
Aimeudeus, de novo. Já estou cansada disso. Toda vez é assim. Se eu conseguisse sair um pouquinho mais cedo talvez pegasse o final da novela. Mas todo dia acontece alguma coisa. Todo dia é um preço trocado, é uma conta que não fecha. Dia de liquidação é assim mesmo. Vidinha desgraçada, essa minha. Bom mesmo é ser como aqueles artistas lá embaixo, fazendo malabarismo nos sinais. Uma vida livre, sem tanta loucura, sem tanta preocupação. Mas que é isso que eu estou pensando? Eu não nasci pra isso. Eu nasci pra isso que estou fazendo. Condenada a ser o que sou para sempre. Ou a ser sempre o que fui. Reclamo porque estou viva, sei que tem gente em melhor situação, mas ter o que eu tenho é melhor do que nada. É melhor do que nada. Pronto, fechei a última conta. Agora é esperar a reunião dos acionistas e anunciar... que estou fora. Estou fora e vou viver de quê? Acorda, isso aqui é o melhor que você poderia conseguir. Os anos sessenta acabaram há muito tempo, cara mulher independente. Ah, mas aquela sim é que era época boa, de mudanças nos costumes, de liberdade. Hoje estamos aprisionados, assistindo à violência tomar conta de tudo. Meninos assassinos, ladrões de apartamentos, sequëstros-relâmpago, corrupção nos governos. Esse mundo não vai ter jeito? Isso aqui não tem jeito, não. Falta pouco pra gente explodir de vez. Só porque tenho meios para evitar que isso aconteça comigo, não posso ser responsabilizada. Bom, não falta mais nada. Pronto. Com isso concluo a liquidação da empresa. Ai, que cansaço. Hum-hum-hum-hum-hum (cantarola uma música). Pela manhã esta companhia estará dividida em milhares de pequenos papéis, resultando em mais uma generosa comissão de seis dígitos. Um belo trabalho, tenho que admitir. Mas o que eu gostaria mesmo era de estar bem longe daqui, fazendo qualquer outra coisa. Liberdade. Não, não, nada disso. Nasci pra isto, morro assim.
domingo, 22 de fevereiro de 2004
Contos da Anta
George W. Bush pretende reeleger-se presidente dos Estados Unidos, apoiado por wasps ultraconservadores e pelo sistema financeiro. O joystick da maior máquina de guerra do planeta não pode permanecer em mãos erradas. Cristão fundamentalista, belicoso e anti-protocolo de Kyoto, não pode ser a melhor opção para governar o país que governa o mundo. Vamos secá-lo.
sábado, 21 de fevereiro de 2004
Crônica urbana (1) - primeira parte de obra composta por uma trilogia e um epílogo
Mendigos. Os malditos ficam no meio da calçada e somos obrigados a desviar, como se eles fossem os donos da rua. Esses parasitas deviam estar trabalhando. Os aleijados são os piores, exibindo as feridas horríveis. Gente inútil. Esses pregadores me deixam surdo, esses gritos me irritam. Sai da frente. São uns exibicionistas que querem falar da própria vida e não encontram oportunidade. Babacas. Olha só esses dois, parecem viados. Não são, mas parecem. Querem parecer. Olha só. Escrotos. O cabelo já tá crescendo, tenho que rapar de novo. Sai da frente, idiota. Isso mesmo, não reclama, não, senão leva. Essa é gostosa, mas estica o cabelo, deve ter sangue negro. Distante, mas tem. Podia dar uma lição nela, daquelas pra não esquecer. Pra respeitar. Ela ia ver só. É aqui. Agora é só esperar. Saco. Uns 25, mas tá melhor que ontem. Putz, essas comadres vão falar até encher minha paciência e eu arrebentar uma. E o imbecil ali tá olhando o quê? Não é pra mim, ele olha o ar, o panaca, enquanto espera o gerente. Mais um falido tentando um empréstimo. Vai dançar, pela cara do gerente. Por que ele acha que tá sem dinheiro?, por que é que ele acha que tá sem emprego? Eu te digo, por causa dos parasitas, das raças inferiores. Que roubam nossos empregos e estupram nossas filhas, que você sabe quem são. Por causa desses camelôs aí na porta do banco, idiota. Vê se faz alguma coisa, seu porco, ou sai da área. Eu estou fazendo alguma coisa. Eu estou. Isso aqui não vai andar, não? Olha só esse guardinha. Não dá conta de ninguém com essa arma de brinquedo, com essa cara de quem apanha da mulher. Ridículo. A madame agora vai deixar as jóias ou pegar mais grana. É sempre assim. Tá chegando. Falta só essa gorda. Que baleia. Quem despreza o próprio corpo merece todo o meu desprezo. Tenho que fazer umas sessões mais tarde. Calibrar os músculos, rapar a cabeça. Vou falar com os cara, hoje. Chegou a minha vez. O caixa tá me perguntando se o depósito é pra hoje, se eu vou pagar mais de uma parcela dos carnês do doutor, se eu tenho trocado... eu só queria esganar esse idiota. Entreguei tudo, com o dinheiro da firma contado e o mané ainda tá fazendo pergunta. Como é que eu vou saber? Como é que eu vou aprender a somar agora? Vê se anda logo, palhaço, que se eu chegar mais cedo ganho uma gorjeta do doutor Fernando. Hoje eu não tô bom.
Mendigos. Os malditos ficam no meio da calçada e somos obrigados a desviar, como se eles fossem os donos da rua. Esses parasitas deviam estar trabalhando. Os aleijados são os piores, exibindo as feridas horríveis. Gente inútil. Esses pregadores me deixam surdo, esses gritos me irritam. Sai da frente. São uns exibicionistas que querem falar da própria vida e não encontram oportunidade. Babacas. Olha só esses dois, parecem viados. Não são, mas parecem. Querem parecer. Olha só. Escrotos. O cabelo já tá crescendo, tenho que rapar de novo. Sai da frente, idiota. Isso mesmo, não reclama, não, senão leva. Essa é gostosa, mas estica o cabelo, deve ter sangue negro. Distante, mas tem. Podia dar uma lição nela, daquelas pra não esquecer. Pra respeitar. Ela ia ver só. É aqui. Agora é só esperar. Saco. Uns 25, mas tá melhor que ontem. Putz, essas comadres vão falar até encher minha paciência e eu arrebentar uma. E o imbecil ali tá olhando o quê? Não é pra mim, ele olha o ar, o panaca, enquanto espera o gerente. Mais um falido tentando um empréstimo. Vai dançar, pela cara do gerente. Por que ele acha que tá sem dinheiro?, por que é que ele acha que tá sem emprego? Eu te digo, por causa dos parasitas, das raças inferiores. Que roubam nossos empregos e estupram nossas filhas, que você sabe quem são. Por causa desses camelôs aí na porta do banco, idiota. Vê se faz alguma coisa, seu porco, ou sai da área. Eu estou fazendo alguma coisa. Eu estou. Isso aqui não vai andar, não? Olha só esse guardinha. Não dá conta de ninguém com essa arma de brinquedo, com essa cara de quem apanha da mulher. Ridículo. A madame agora vai deixar as jóias ou pegar mais grana. É sempre assim. Tá chegando. Falta só essa gorda. Que baleia. Quem despreza o próprio corpo merece todo o meu desprezo. Tenho que fazer umas sessões mais tarde. Calibrar os músculos, rapar a cabeça. Vou falar com os cara, hoje. Chegou a minha vez. O caixa tá me perguntando se o depósito é pra hoje, se eu vou pagar mais de uma parcela dos carnês do doutor, se eu tenho trocado... eu só queria esganar esse idiota. Entreguei tudo, com o dinheiro da firma contado e o mané ainda tá fazendo pergunta. Como é que eu vou saber? Como é que eu vou aprender a somar agora? Vê se anda logo, palhaço, que se eu chegar mais cedo ganho uma gorjeta do doutor Fernando. Hoje eu não tô bom.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004
O Processo
Repórter - O senhor é um arquivo vivo?
Juiz - Sou.
Repórter - Se morrer, as denúncias vão embora com o senhor?
Juiz - Não. Há quem possa revelá-las.
João Carlos da Rocha Matos, juiz preso por corrupção, formação de quadrilha, peculato e venda de sentenças, em entrevista à TV Bandeirantes.
Não é preciso ser especialista em análise do discurso para perceber que JCRM ocupa apenas um posto na hierarquia dos criminosos de toga.
Repórter - O senhor é um arquivo vivo?
Juiz - Sou.
Repórter - Se morrer, as denúncias vão embora com o senhor?
Juiz - Não. Há quem possa revelá-las.
João Carlos da Rocha Matos, juiz preso por corrupção, formação de quadrilha, peculato e venda de sentenças, em entrevista à TV Bandeirantes.
Não é preciso ser especialista em análise do discurso para perceber que JCRM ocupa apenas um posto na hierarquia dos criminosos de toga.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004
Futuros amantes
Chico Buarque/1993
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
Chico Buarque/1993
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
domingo, 15 de fevereiro de 2004
terça-feira, 10 de fevereiro de 2004
domingo, 8 de fevereiro de 2004
Causa
Guilherme Arantes, no Bem Brasil, esclarece que sua crítica às duplas neosertanejas que gravaram Planeta Água era um convite para que o agribusiness investisse na causa ambiental.
Claro que o interesse dos neosertanejos pela produção de botas de couro supera qualquer brio ecológico.
O músico fez uma interessante comparação entre o Big Brother Brasil e o neoliberalismo, dizendo tratar-se de um grupo de pessoas que não lêem livros, submetidas a um jogo que valoriza armação, golpes baixos, corrupção. Gente bonita de pouco conteúdo, submetida à arena do capital.
Mora na Bahia, atualmente, onde conduz um projeto de educação ambiental com crianças que vivem em áreas de mangue.
Ativista é quem faz.
Guilherme Arantes, no Bem Brasil, esclarece que sua crítica às duplas neosertanejas que gravaram Planeta Água era um convite para que o agribusiness investisse na causa ambiental.
Claro que o interesse dos neosertanejos pela produção de botas de couro supera qualquer brio ecológico.
O músico fez uma interessante comparação entre o Big Brother Brasil e o neoliberalismo, dizendo tratar-se de um grupo de pessoas que não lêem livros, submetidas a um jogo que valoriza armação, golpes baixos, corrupção. Gente bonita de pouco conteúdo, submetida à arena do capital.
Mora na Bahia, atualmente, onde conduz um projeto de educação ambiental com crianças que vivem em áreas de mangue.
Ativista é quem faz.
sábado, 31 de janeiro de 2004
Leio
Tempos Interessantes - Eric Hobsbawm
Li Mar sem fim, de Amyr Klink
Relato da circunavegação terrestre que o brasileiro Amyr Klink fez a bordo do bom e velho Paratii, pelos três oceanos. Nesta aventura, Amyr navega em torno do Continente Antártico, enfrentando tempestades, icebergs e os limites físicos e psicológicos de quem resolve fazer esse tipo de loucura. Não por falta de aviso.
O espírito que predomina no radioamadorismo,
de solidariedade e apoio, não existe em nenhum outro
meio de comunicação, incluídos os meios da web.
A internet e os meios individuais de comunicaçao certamente
afetarão o trânsito-rádio no mundo. Não tão cedo no mar.
O uso das ondas eletromagnéticas não custa nada e,
com paciência e perícia, as maiores proezas de intercâmbio
entre seres humanos são possíveis. (p. 62)
Para fãs de aventuras náuticas de todos os tempos.
Tempos Interessantes - Eric Hobsbawm
Li Mar sem fim, de Amyr Klink
Relato da circunavegação terrestre que o brasileiro Amyr Klink fez a bordo do bom e velho Paratii, pelos três oceanos. Nesta aventura, Amyr navega em torno do Continente Antártico, enfrentando tempestades, icebergs e os limites físicos e psicológicos de quem resolve fazer esse tipo de loucura. Não por falta de aviso.
O espírito que predomina no radioamadorismo,
de solidariedade e apoio, não existe em nenhum outro
meio de comunicação, incluídos os meios da web.
A internet e os meios individuais de comunicaçao certamente
afetarão o trânsito-rádio no mundo. Não tão cedo no mar.
O uso das ondas eletromagnéticas não custa nada e,
com paciência e perícia, as maiores proezas de intercâmbio
entre seres humanos são possíveis. (p. 62)
Para fãs de aventuras náuticas de todos os tempos.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2004
Na tela
Dogville é a fábula americana, por excelência, provando que à exceção de Noam Chomsky, Susan Sontag e Michael Moore, os Estados Unidos ainda precisam do olhar estrangeiro para se enxergar. Falta tirar a venda.
O novo filme de Von Trier é mais "profissional" que obras anteriores, embebidas de Dogma 95. Novamente a mulher que sofre (Ondas do Destino, Medéia, Dançando no Escuro...) protagoniza o trabalho do cineasta dinamarquês. Menos manifesto feminista que realismo. Três horas de filme depois, a sensação é de que já estive em Dogville.
Dogville é a fábula americana, por excelência, provando que à exceção de Noam Chomsky, Susan Sontag e Michael Moore, os Estados Unidos ainda precisam do olhar estrangeiro para se enxergar. Falta tirar a venda.
O novo filme de Von Trier é mais "profissional" que obras anteriores, embebidas de Dogma 95. Novamente a mulher que sofre (Ondas do Destino, Medéia, Dançando no Escuro...) protagoniza o trabalho do cineasta dinamarquês. Menos manifesto feminista que realismo. Três horas de filme depois, a sensação é de que já estive em Dogville.
sábado, 24 de janeiro de 2004
Sobre o Ministério da Educação
Poucas pessoas entendem de educação neste País como Cristovam Buarque, cujos projetos foram copiados no governo passado e implementados no atual. É dele o projeto Bolsa-Escola e de erradicação do analfabetismo. É dele o cálculo do número de analfabetos a partir dos cinco anos (idade em que famílias de renda razoável alfabetizam suas crianças), sem contar uma série de livros, ensaios e projetos ligados à educação – cujas deficiências históricas influenciam diretamente na má distribuição de renda. Fico perplexo (não sou o único) com a demissão por telefone de uma pessoa reconhecidamente competente para favorecer o fisiologismo político. Parece Roraima. Parece Washington. A desculpa de que “a notícia se espalhou” é absurda. Melhor seria o silêncio.
Cristovam Buarque é doutor em Economia pela Sorbonne, foi reitor da UnB, governador do Distrito Federal e é consultor das Nações Unidas. Tarso Genro escreveu vários livros sobre política, marxismo e Direito e foi prefeito de Porto Alegre. Espero que faça um bom trabalho, mas dizer que esse é o seu maior desafio político-administrativo não ajuda. Educação é menos administrar que amar.
Poucas pessoas entendem de educação neste País como Cristovam Buarque, cujos projetos foram copiados no governo passado e implementados no atual. É dele o projeto Bolsa-Escola e de erradicação do analfabetismo. É dele o cálculo do número de analfabetos a partir dos cinco anos (idade em que famílias de renda razoável alfabetizam suas crianças), sem contar uma série de livros, ensaios e projetos ligados à educação – cujas deficiências históricas influenciam diretamente na má distribuição de renda. Fico perplexo (não sou o único) com a demissão por telefone de uma pessoa reconhecidamente competente para favorecer o fisiologismo político. Parece Roraima. Parece Washington. A desculpa de que “a notícia se espalhou” é absurda. Melhor seria o silêncio.
Cristovam Buarque é doutor em Economia pela Sorbonne, foi reitor da UnB, governador do Distrito Federal e é consultor das Nações Unidas. Tarso Genro escreveu vários livros sobre política, marxismo e Direito e foi prefeito de Porto Alegre. Espero que faça um bom trabalho, mas dizer que esse é o seu maior desafio político-administrativo não ajuda. Educação é menos administrar que amar.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2004
domingo, 18 de janeiro de 2004
Leio
Mar sem fim – Amyr Klink
Li A Festa, de Ivan Ângelo
A incrível e triste história de uma geração derrotada pela resistência e pela inércia, pela ação e pela omissão, tudo ao mesmo tempo.
Ivan Ângelo é hábil redator, artífice de obra em construção, nem tanto a Joyce nem tanto a Woolf. As descrições são econômicas, as palavras precisas, a narrativa fragmentária. Recortes do caos que paralisou os grandes centros urbanos durante a virada da década de 1960 para 1970, quando o “país do futuro” tentava avançar movido pelas mesmas forças conservadoras que ensejaram ditaduras passadas. Em meio a tudo isso, retirantes esfomeados, déspotas esclarecidos, DOPS, jornalistas, cocaína, socialites e personagens de um Brasil que não deu certo numa obra atual, passados quase 30 anos do seu lançamento.
A estrutura experimental e a metalinguagem fazem de A festa um livro especial para leitores de primeira grandeza e escritores bloqueados.
Mar sem fim – Amyr Klink
Li A Festa, de Ivan Ângelo
A incrível e triste história de uma geração derrotada pela resistência e pela inércia, pela ação e pela omissão, tudo ao mesmo tempo.
Ivan Ângelo é hábil redator, artífice de obra em construção, nem tanto a Joyce nem tanto a Woolf. As descrições são econômicas, as palavras precisas, a narrativa fragmentária. Recortes do caos que paralisou os grandes centros urbanos durante a virada da década de 1960 para 1970, quando o “país do futuro” tentava avançar movido pelas mesmas forças conservadoras que ensejaram ditaduras passadas. Em meio a tudo isso, retirantes esfomeados, déspotas esclarecidos, DOPS, jornalistas, cocaína, socialites e personagens de um Brasil que não deu certo numa obra atual, passados quase 30 anos do seu lançamento.
A estrutura experimental e a metalinguagem fazem de A festa um livro especial para leitores de primeira grandeza e escritores bloqueados.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2004
terça-feira, 13 de janeiro de 2004
domingo, 11 de janeiro de 2004
sábado, 10 de janeiro de 2004
terça-feira, 6 de janeiro de 2004
Leio
A festa – Ivan Ângelo
Li O homem duplicado, de José Saramago
O que aconteceria se você encontrasse alguém exatamente igual a... você? Noutra de suas premissas célebres (e se todos ficassem cegos?), José Saramago leva o leitor a uma estranha viagem entre nomes (Tertuliano Máximo Afonso detesta o próprio nome) (Antônio Claro é o verdadeiro nome do ator Daniel Santa-Clara) (o próprio autor chamar-se-ia José Sousa, não tivesse o oficial de registros acrescentado o apelido da família - nome da erva daninha da região do Ribatejo), relacionamentos, despersonalização e deslizes morais.
Aos que vêm o fantasma de Kafka a cada livro seu, o escritor português responde que "existem estórias Kafkianas desde antes de Kafka". E, sim, este senhor de quase 80 anos segue a linha direta dos que romperam com as estruturas formais do romance. Por isso, como artista do século 21, dá-se ao direito de beber na fonte da grande arte coletiva. E sampleia histórias, não autores. Saramago é bricolage.
Saramago, todos sabem, é fã da cantora norte-americana Edie Brickell, e teve a idéia de escrever o livro a partir da letra de The Wheel:
Somewhere there's somebody who looks just like you do.
Acts just like you do - feels the same way.
Somewhere there's a person in a far away place
with a different name and a face that looks like you
Não, nada disso. O escritor gosta de HQs da Marvel e da antológica série “O que aconteceria se...”, que entre outras proezas ressuscitou Fu-Manchu e libertou o Surfista Prateado da prisão invisível imposta por Galactus. Doutra feita, levou Marcelo Rubens Paiva (Blecaute) a congelar o tempo numa São Paulo em decomposição.
Não, não. Saramago gosta mesmo é de Roberto Carlos. A inspiração vem, portanto, da letra de O sósia, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos:
Tudo começou quando um certo dia
Eu liguei pro broto que há tempos eu não via
E o que ela disse me deixou zangado
Deixe de tolice, já tenho namorado
Fui a casa dela e lhe falei então
Para essa história quero explicação
Quando olhei pro lado, eu perdi a fala
Descobri um cara que tinha a minha cara
E até seu nome era igual ao meu
Um era demais eu sei não era eu
E na confusão meu broto desmaiou
O insight que determina a obra pouco interessa, nesses casos. Os seres humanos, em algum momento da vida, pensam na existência de um clone seu andando por aí. Um ser fisicamente idêntico e não as múltiplas personalidades plasmadas por nossos pensamentos contraditórios - como nas hilárias conversas entre Tertuliano Máximo Afonso e o senso comum.
O livro leva o leitor a refletir sobre o indivíduo não mais sob a chancela da filosofia, mas de uma metafísica de ateu, que não exige maiores explicações.
A festa – Ivan Ângelo
Li O homem duplicado, de José Saramago
O que aconteceria se você encontrasse alguém exatamente igual a... você? Noutra de suas premissas célebres (e se todos ficassem cegos?), José Saramago leva o leitor a uma estranha viagem entre nomes (Tertuliano Máximo Afonso detesta o próprio nome) (Antônio Claro é o verdadeiro nome do ator Daniel Santa-Clara) (o próprio autor chamar-se-ia José Sousa, não tivesse o oficial de registros acrescentado o apelido da família - nome da erva daninha da região do Ribatejo), relacionamentos, despersonalização e deslizes morais.
Aos que vêm o fantasma de Kafka a cada livro seu, o escritor português responde que "existem estórias Kafkianas desde antes de Kafka". E, sim, este senhor de quase 80 anos segue a linha direta dos que romperam com as estruturas formais do romance. Por isso, como artista do século 21, dá-se ao direito de beber na fonte da grande arte coletiva. E sampleia histórias, não autores. Saramago é bricolage.
Saramago, todos sabem, é fã da cantora norte-americana Edie Brickell, e teve a idéia de escrever o livro a partir da letra de The Wheel:
Somewhere there's somebody who looks just like you do.
Acts just like you do - feels the same way.
Somewhere there's a person in a far away place
with a different name and a face that looks like you
Não, nada disso. O escritor gosta de HQs da Marvel e da antológica série “O que aconteceria se...”, que entre outras proezas ressuscitou Fu-Manchu e libertou o Surfista Prateado da prisão invisível imposta por Galactus. Doutra feita, levou Marcelo Rubens Paiva (Blecaute) a congelar o tempo numa São Paulo em decomposição.
Não, não. Saramago gosta mesmo é de Roberto Carlos. A inspiração vem, portanto, da letra de O sósia, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos:
Tudo começou quando um certo dia
Eu liguei pro broto que há tempos eu não via
E o que ela disse me deixou zangado
Deixe de tolice, já tenho namorado
Fui a casa dela e lhe falei então
Para essa história quero explicação
Quando olhei pro lado, eu perdi a fala
Descobri um cara que tinha a minha cara
E até seu nome era igual ao meu
Um era demais eu sei não era eu
E na confusão meu broto desmaiou
O insight que determina a obra pouco interessa, nesses casos. Os seres humanos, em algum momento da vida, pensam na existência de um clone seu andando por aí. Um ser fisicamente idêntico e não as múltiplas personalidades plasmadas por nossos pensamentos contraditórios - como nas hilárias conversas entre Tertuliano Máximo Afonso e o senso comum.
O livro leva o leitor a refletir sobre o indivíduo não mais sob a chancela da filosofia, mas de uma metafísica de ateu, que não exige maiores explicações.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2004
Brasil, ano 504
A política econômica beneficiou os nichos de sempre e não merece maiores elogios. Diferente é o caso da política externa, em que o Brasil foi primoroso. A diplomacia foi o que tivemos de melhor no primeiro ano do governo Lula. A visita a nações belicosas (incluindo os Estados Unidos) e mercados em expansão atestam.
A melhor notícia do ano novo é o fichamento de norte-americanos nos aeroportos brasileiros. Nada contra os caras. Mas o princípio de reciprocidade diplomática alegado pelo juiz Julier Sebastião da Silva - o mesmo que mandou prender o chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro -, admitamos, é genial. Um avanço no combate à biopirataria.
A política econômica beneficiou os nichos de sempre e não merece maiores elogios. Diferente é o caso da política externa, em que o Brasil foi primoroso. A diplomacia foi o que tivemos de melhor no primeiro ano do governo Lula. A visita a nações belicosas (incluindo os Estados Unidos) e mercados em expansão atestam.
A melhor notícia do ano novo é o fichamento de norte-americanos nos aeroportos brasileiros. Nada contra os caras. Mas o princípio de reciprocidade diplomática alegado pelo juiz Julier Sebastião da Silva - o mesmo que mandou prender o chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro -, admitamos, é genial. Um avanço no combate à biopirataria.
sábado, 3 de janeiro de 2004
Bola ao cesto
Hoje tem basquete da NBA na TV aberta.
Coube à Rede TV assumir a transmissão dos jogos do melhor basquete do mundo, suprindo a lacuna da ESPN no fim de semana.
O primeiro jogo será Detroit Pistons x Golden State Warriors. Em seguida, Atlanta Hawks x Denver Nuggets.
O brasileiro Nenê defende os Nuggets e tem feito 11,5 pontos por partida.
Update às 0h: Que jogo!
Hoje tem basquete da NBA na TV aberta.
Coube à Rede TV assumir a transmissão dos jogos do melhor basquete do mundo, suprindo a lacuna da ESPN no fim de semana.
O primeiro jogo será Detroit Pistons x Golden State Warriors. Em seguida, Atlanta Hawks x Denver Nuggets.
O brasileiro Nenê defende os Nuggets e tem feito 11,5 pontos por partida.
Update às 0h: Que jogo!
sexta-feira, 2 de janeiro de 2004
terça-feira, 30 de dezembro de 2003
Ano novo
O governo Lula termina o primeiro ano de mandato com elogios de Maílson da Nóbrega e do mercado financeiro em geral.
George W. Bush autorizou o desmatamento de reserva ambiental no Alasca, para aquecer a economia americana. Também vai explorar petróleo no santuário ecológico.
Marcelo D2 consolida-se como poeta popular e ativista.
O preço do CD caiu.
Marco Maciel na Academia Brasileira de Letras.
O Dólar caiu.
O general Augusto Pinochet goza sua aposentadoria tranqüilamente, no Chile.
Saddam Husseim caiu.
Os Estados Unidos terminam o ano com mais um estado: o Iraque.
O governo Lula termina o primeiro ano de mandato com elogios de Maílson da Nóbrega e do mercado financeiro em geral.
George W. Bush autorizou o desmatamento de reserva ambiental no Alasca, para aquecer a economia americana. Também vai explorar petróleo no santuário ecológico.
Marcelo D2 consolida-se como poeta popular e ativista.
O preço do CD caiu.
Marco Maciel na Academia Brasileira de Letras.
O Dólar caiu.
O general Augusto Pinochet goza sua aposentadoria tranqüilamente, no Chile.
Saddam Husseim caiu.
Os Estados Unidos terminam o ano com mais um estado: o Iraque.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2003
Blogs
Blogs são singelos. Dolls e GIFs animados reeditam os anos 80. Blogs podem ser asquerosos. Pop-ups de patrocinadores assaltam a tela. Blogs são hype passageiro nas tardes de algumas pessoas, brincadeira eletrônica da burguesia escolarizada. Terapia, insônia, obsessão. Blogs são o outro lado do espelho. Blogs são um mistério. De cada 10 pessoas que utilizam a internet, menos de duas sabem o que é blog. E só uma em cada 50 já leu algum. Blogs são efêmeros. Mais de hum milhão de weblogs não sobrevivem às primeiras 24 horas. Bloggers pagam pau e descem a lenha.
Blogs são singelos. Dolls e GIFs animados reeditam os anos 80. Blogs podem ser asquerosos. Pop-ups de patrocinadores assaltam a tela. Blogs são hype passageiro nas tardes de algumas pessoas, brincadeira eletrônica da burguesia escolarizada. Terapia, insônia, obsessão. Blogs são o outro lado do espelho. Blogs são um mistério. De cada 10 pessoas que utilizam a internet, menos de duas sabem o que é blog. E só uma em cada 50 já leu algum. Blogs são efêmeros. Mais de hum milhão de weblogs não sobrevivem às primeiras 24 horas. Bloggers pagam pau e descem a lenha.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2003
domingo, 21 de dezembro de 2003
Leio
O homem duplicado - José Saramago
Li Budapeste, de Chico Buarque
José Costa, ghost-writer e personagem principal de Budapeste, tem pinta de blogger.
Autor anônimo que vê seu trabalho assinado por outros e vive feliz com isso, enlouquece em Budapeste entre palavras magiares indecifráveis. Ou enlouquece num Hotel do Rio de Janeiro, tanto faz. Importa é que Szoze Kósta, literato de fina estirpe cujo trabalho só é reconhecido por um seleto grupo de colegas de profissão, tem na incomunicabilidade com os que lhe cercam seu maior obstáculo.
O enredo fluido, a pesquisa dedicada e o amor pelas palavras e sua sonoridade fazem de Chico Buarque candidato ao time dos grandes escritores brasileiros da atualidade.
O homem duplicado - José Saramago
Li Budapeste, de Chico Buarque
José Costa, ghost-writer e personagem principal de Budapeste, tem pinta de blogger.
Autor anônimo que vê seu trabalho assinado por outros e vive feliz com isso, enlouquece em Budapeste entre palavras magiares indecifráveis. Ou enlouquece num Hotel do Rio de Janeiro, tanto faz. Importa é que Szoze Kósta, literato de fina estirpe cujo trabalho só é reconhecido por um seleto grupo de colegas de profissão, tem na incomunicabilidade com os que lhe cercam seu maior obstáculo.
O enredo fluido, a pesquisa dedicada e o amor pelas palavras e sua sonoridade fazem de Chico Buarque candidato ao time dos grandes escritores brasileiros da atualidade.
terça-feira, 16 de dezembro de 2003
O BlogGlob revela sua face
A Globo acaba de definir novas regras para seu serviço de blogs. Agora todos terão publicidade (pop-ups, forma mais nefasta impossível) e poderão ser usados para divulgar o serviço (produto?) em qualquer meio ou lugar.
A partir de agora, o serviço será pago. Os usuários podem criar até no máximo cinco páginas, desde que sejam assinantes da globo.com. Os conteúdos podem ser apagados a qualquer momento, se ferirem o código de conduta (palavrões nos logins, blogs do tipo "eu odeio qualquer artista do casting", fotos de nudez ou sexo, críticas diversas.)
O mais terrível: pelo contrato, o autor permite o usufruto perpétuo dos textos publicados, concedendo royalties às Organizações Globo. Para contestar as novas leis, fica eleito o Foro do Estado do Rio de Janeiro.
A medida atinge cidadãos portugueses e lusófonos mundo afora, que utilizam o BlogGlob.
Assombre-se aqui.
A Globo acaba de definir novas regras para seu serviço de blogs. Agora todos terão publicidade (pop-ups, forma mais nefasta impossível) e poderão ser usados para divulgar o serviço (produto?) em qualquer meio ou lugar.
A partir de agora, o serviço será pago. Os usuários podem criar até no máximo cinco páginas, desde que sejam assinantes da globo.com. Os conteúdos podem ser apagados a qualquer momento, se ferirem o código de conduta (palavrões nos logins, blogs do tipo "eu odeio qualquer artista do casting", fotos de nudez ou sexo, críticas diversas.)
O mais terrível: pelo contrato, o autor permite o usufruto perpétuo dos textos publicados, concedendo royalties às Organizações Globo. Para contestar as novas leis, fica eleito o Foro do Estado do Rio de Janeiro.
A medida atinge cidadãos portugueses e lusófonos mundo afora, que utilizam o BlogGlob.
Assombre-se aqui.
Leio
Budapeste – Chico Buarque
Li Dublinenses, de James Joyce
Os primeiros contos de James Joyce, espécie de short-cuts da própria família, dos amigos, dos desafetos. Ácidas referências a tradições e maneirismos irlandeses em livro que pouco lembra o esteta do período pós-Ulisses. Política, pedofilia, embriaguez e provincianismo em contos da velha Irlanda. Fundamental.
Budapeste – Chico Buarque
Li Dublinenses, de James Joyce
Os primeiros contos de James Joyce, espécie de short-cuts da própria família, dos amigos, dos desafetos. Ácidas referências a tradições e maneirismos irlandeses em livro que pouco lembra o esteta do período pós-Ulisses. Política, pedofilia, embriaguez e provincianismo em contos da velha Irlanda. Fundamental.
domingo, 14 de dezembro de 2003
sábado, 13 de dezembro de 2003
sexta-feira, 12 de dezembro de 2003
domingo, 7 de dezembro de 2003
Mondo cane
- Tive o consentimento dele. Está gravado em vídeo.
Armin Meiwes, o Canibal de Rotenburg, ao dirigir-se à corte alemã. Ele admite ter recrutado (via internet) e comido o engenheiro Bernd-Jurgen Brandes. Antes de morrer, Brandes teria autorizado o banquete e experimentado pedaços da própria carne. Juízes e jurados terão que assistir às fitas.
- Tive o consentimento dele. Está gravado em vídeo.
Armin Meiwes, o Canibal de Rotenburg, ao dirigir-se à corte alemã. Ele admite ter recrutado (via internet) e comido o engenheiro Bernd-Jurgen Brandes. Antes de morrer, Brandes teria autorizado o banquete e experimentado pedaços da própria carne. Juízes e jurados terão que assistir às fitas.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2003
Fábula
Então o artista finalmente percebeu que o povo só queria ver televisão. E ele lhes deu. Uma televisão imensa, a maior já construída, em pleno centro da cidade, com comerciais, noticiários, esportes, cultura inútil e pessoas paradas assistindo, dia após dia, ano após ano, a maior platéia jamais alcançada em qualquer outra época. Ele envelheceria e sobreviveria a fama, dinheiro e algumas dependências, embalado pelo sucesso de sua obra maior, a tal TV gigante. Arte democrática, a TV podia ser usada por todos. Filas gigantescas eram formadas na esperança de poder usar o controle remoto. Alguns passaram a morar perto do aparelho. Párias de todos os tipos e lugares vinha experimentar a novidade. O local passou a abrigar centenas, depois milhares de pessoas. Virou caso de saúde pública, insurreição popular, represálias governamentais, milícias armadas, grupos de extermínio, ultraviolência. Decretou-se toque de recolher e a repressão virou rotina. O artista, protegido pelo aparato tecnológico-informacional que somente a era do mercado nos concede, sobrevive.
Então o artista finalmente percebeu que o povo só queria ver televisão. E ele lhes deu. Uma televisão imensa, a maior já construída, em pleno centro da cidade, com comerciais, noticiários, esportes, cultura inútil e pessoas paradas assistindo, dia após dia, ano após ano, a maior platéia jamais alcançada em qualquer outra época. Ele envelheceria e sobreviveria a fama, dinheiro e algumas dependências, embalado pelo sucesso de sua obra maior, a tal TV gigante. Arte democrática, a TV podia ser usada por todos. Filas gigantescas eram formadas na esperança de poder usar o controle remoto. Alguns passaram a morar perto do aparelho. Párias de todos os tipos e lugares vinha experimentar a novidade. O local passou a abrigar centenas, depois milhares de pessoas. Virou caso de saúde pública, insurreição popular, represálias governamentais, milícias armadas, grupos de extermínio, ultraviolência. Decretou-se toque de recolher e a repressão virou rotina. O artista, protegido pelo aparato tecnológico-informacional que somente a era do mercado nos concede, sobrevive.
terça-feira, 2 de dezembro de 2003
Blogs
Vinte mil acessos depois admite-se perguntas do tipo: o que é ser blog? O que é ter blogger? Na zona que chamamos ciberespaço, os verbos podem confundir-se e a propriedade virar pessoa, que vira propriedade, como num desenho de Escher. Criatura que almeja ser criador. Por que no começo, bem no início, éramos a tela e eu, escondidos nas geocities (ou fortunecities) da vida, monotonamente ruminando obviedades. No começo era o verbo. E os gifs animados, espécie de orc da época.
A velha home-page, ao tornar-se blog, trouxe como efeito colateral a observação silenciosa de leitores nos Estados Unidos, Malásia, Canadá, Espanha, Japão... Brasileiros, talvez, já que o País tinha 9 mil blogs, dos quais dois terços inativos.
Havia, como ainda há, um voyeurismo exasperante, mas não havia, como ainda não há, o que fazer.
Os sistemas de comentários trouxeram alguma interação a este ambiente de egolatria e pixels, enquanto amigos (Vandré, Rubinho, Nei, Humberto, Sidenia, Saraiva) se desmaterializavam, viravam seres digitais. Cmo os faraós, nos encontramos em outra outra vida.
Linkei e fui linkado, diz a novilíngua. Outros criaram links para cá (com o perdão dos que não foram citados) e os mantêm, mesmo sem receber outro "em troca".
Blogs amigos, amigos bloggers.
Vinte mil acessos depois admite-se perguntas do tipo: o que é ser blog? O que é ter blogger? Na zona que chamamos ciberespaço, os verbos podem confundir-se e a propriedade virar pessoa, que vira propriedade, como num desenho de Escher. Criatura que almeja ser criador. Por que no começo, bem no início, éramos a tela e eu, escondidos nas geocities (ou fortunecities) da vida, monotonamente ruminando obviedades. No começo era o verbo. E os gifs animados, espécie de orc da época.
A velha home-page, ao tornar-se blog, trouxe como efeito colateral a observação silenciosa de leitores nos Estados Unidos, Malásia, Canadá, Espanha, Japão... Brasileiros, talvez, já que o País tinha 9 mil blogs, dos quais dois terços inativos.
Havia, como ainda há, um voyeurismo exasperante, mas não havia, como ainda não há, o que fazer.
Os sistemas de comentários trouxeram alguma interação a este ambiente de egolatria e pixels, enquanto amigos (Vandré, Rubinho, Nei, Humberto, Sidenia, Saraiva) se desmaterializavam, viravam seres digitais. Cmo os faraós, nos encontramos em outra outra vida.
Linkei e fui linkado, diz a novilíngua. Outros criaram links para cá (com o perdão dos que não foram citados) e os mantêm, mesmo sem receber outro "em troca".
Blogs amigos, amigos bloggers.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2003
sexta-feira, 28 de novembro de 2003
quinta-feira, 27 de novembro de 2003
Reunião de bacana
(Os Originais do Samba)
Todo mundo cantando esse refrão
Se gritar pega ladrão
Não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um
Você me chamou para esse pagode
Nem me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor eu sou escurinho
Aqui realmente está toda a nata
Doutores senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão
Lugar meu amigo é minha baixada
E ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho e se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que voce me trouxe para ser roubado
(Os Originais do Samba)
Todo mundo cantando esse refrão
Se gritar pega ladrão
Não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um
Você me chamou para esse pagode
Nem me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor eu sou escurinho
Aqui realmente está toda a nata
Doutores senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão
Lugar meu amigo é minha baixada
E ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho e se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que voce me trouxe para ser roubado
quarta-feira, 26 de novembro de 2003
Aeroporto
(Fellini)
Na entrada não se podia ver nem mesmo um espirro
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro
No círio um garoto nos sapatos de um homem
Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro
Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Não se viaja sempre solo per lavoro
(Fellini)
Na entrada não se podia ver nem mesmo um espirro
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro
No círio um garoto nos sapatos de um homem
Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro
Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Não se viaja sempre solo per lavoro
quinta-feira, 13 de novembro de 2003
Leio
Dublinenses - James Joyce
Li Viver para contar, de Gabriel García-Márquez
O interesse pela vida alheia, padrão característico em todos os estratos sociais, revela-se de muitas formas. Ao consumir a vida das celebridades julgamos estar mais próximos delas, íntimos e arbitrários, quebrando sua divindade.
A leitura de uma biografia, portanto, não será muito diferente de assistir ao TV Fama. As histórias de vida dignas de serem publicadas – qualidade discutível que satisfaz nossos instintos de caça às celebridades – solucionam esse incontrolável interesse pela intimidade alheia, mas privilegiam a indigência intelectual.
Esse não é o caso da biotrilogia do escritor colombiano Gabriel García-Márquez, cuja primeira parte já está disponível nas livrarias. Viver para contar (Record, 474 páginas) é muito diferente de suas obras de ficção. Não envereda pelo realismo fantástico de A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada, Olhos de cão azul, Doze contos peregrinos, e Cem anos de solidão. Não é um romance como O amor nos tempos do cólera e Do amor e outros demônios, nem o flerte com a História de O general em seu labirinto. O estilo é semelhante ao de Notícia de um seqüestro, mas a comparação ainda será ineficiente.
O fio narrativo, entre uma ou outra volta ao presente, concentra-se na juventude pobre, nos primeiros experimentos literários, na boemia interminável dos literatti nos anos 1950. Quase jornalismo, com serifas literárias de grande valor.
Dublinenses - James Joyce
Li Viver para contar, de Gabriel García-Márquez
O interesse pela vida alheia, padrão característico em todos os estratos sociais, revela-se de muitas formas. Ao consumir a vida das celebridades julgamos estar mais próximos delas, íntimos e arbitrários, quebrando sua divindade.
A leitura de uma biografia, portanto, não será muito diferente de assistir ao TV Fama. As histórias de vida dignas de serem publicadas – qualidade discutível que satisfaz nossos instintos de caça às celebridades – solucionam esse incontrolável interesse pela intimidade alheia, mas privilegiam a indigência intelectual.
Esse não é o caso da biotrilogia do escritor colombiano Gabriel García-Márquez, cuja primeira parte já está disponível nas livrarias. Viver para contar (Record, 474 páginas) é muito diferente de suas obras de ficção. Não envereda pelo realismo fantástico de A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada, Olhos de cão azul, Doze contos peregrinos, e Cem anos de solidão. Não é um romance como O amor nos tempos do cólera e Do amor e outros demônios, nem o flerte com a História de O general em seu labirinto. O estilo é semelhante ao de Notícia de um seqüestro, mas a comparação ainda será ineficiente.
O fio narrativo, entre uma ou outra volta ao presente, concentra-se na juventude pobre, nos primeiros experimentos literários, na boemia interminável dos literatti nos anos 1950. Quase jornalismo, com serifas literárias de grande valor.
domingo, 9 de novembro de 2003
Três notas e meia sobre rock n'roll
The Vines tenta ser Beatles, mas só consegue um efeito razoavelmente Oasis.
The Hives tenta ser Stones, mas acaba relendo Sex Pistols.
Coldplay, tentando Nick Cave, desandou em Radiohead.
De novidade do front, discos novos de bandas velhas, como Sonic Youth e New Order.
Certo pelo duvidoso, Vandré Fonseca foi à Galeria 24 de Maio e comprou aquele Jefferson Airplane importadão.
(Publicado há um ano, neste blog)
The Vines tenta ser Beatles, mas só consegue um efeito razoavelmente Oasis.
The Hives tenta ser Stones, mas acaba relendo Sex Pistols.
Coldplay, tentando Nick Cave, desandou em Radiohead.
De novidade do front, discos novos de bandas velhas, como Sonic Youth e New Order.
Certo pelo duvidoso, Vandré Fonseca foi à Galeria 24 de Maio e comprou aquele Jefferson Airplane importadão.
(Publicado há um ano, neste blog)
segunda-feira, 3 de novembro de 2003
Spam
Valium, Viagra, Xanax? Não, obrigado. Desculpe, investidor estrangeiro que pretende depositar milhares de dólares na minha conta bancária, mas hoje não dá. Não, não preciso de mais tempo com minha família, senhores do Trabalhe em Casa. Não tenho a menor idéia do que você está falando, Bruno Solano. Caro gerente da agência de viagens de Santa Catarina, infelizmente moro longe. E quanto a você, saiba que não falo servo-croata.
Valium, Viagra, Xanax? Não, obrigado. Desculpe, investidor estrangeiro que pretende depositar milhares de dólares na minha conta bancária, mas hoje não dá. Não, não preciso de mais tempo com minha família, senhores do Trabalhe em Casa. Não tenho a menor idéia do que você está falando, Bruno Solano. Caro gerente da agência de viagens de Santa Catarina, infelizmente moro longe. E quanto a você, saiba que não falo servo-croata.
sexta-feira, 31 de outubro de 2003
Persona non grata
O documentário de Oliver Stone sobre o conflito árabe-israelense é interessante, mas limitado aos últimos acontecimentos.
O filme de 67 minutos carece de informação histórica, mas acerta ao apresentar um panorama atualizado da situação. Peca, entretanto, pelo excesso de fontes israelenses em detrimento das poucas entrevistas com palestinos - Yasser Arafat não estava disponível.
O que mais choca em Persona non grata são as declarações absurdas do prêmio Nobel da Paz, Shimon Perez. Para ele, não é a pobreza que gera o terrorismo, mas o terrorismo que gera a pobreza. Ameaça sionista clássica. Na prática, significa a
demolição das casas dos parentes dos terroristas.
Quanto aos territórios ocupados em 1967, Perez é sarcástico: "Deixe que eles sonhem".
O documentário de Oliver Stone sobre o conflito árabe-israelense é interessante, mas limitado aos últimos acontecimentos.
O filme de 67 minutos carece de informação histórica, mas acerta ao apresentar um panorama atualizado da situação. Peca, entretanto, pelo excesso de fontes israelenses em detrimento das poucas entrevistas com palestinos - Yasser Arafat não estava disponível.
O que mais choca em Persona non grata são as declarações absurdas do prêmio Nobel da Paz, Shimon Perez. Para ele, não é a pobreza que gera o terrorismo, mas o terrorismo que gera a pobreza. Ameaça sionista clássica. Na prática, significa a
demolição das casas dos parentes dos terroristas.
Quanto aos territórios ocupados em 1967, Perez é sarcástico: "Deixe que eles sonhem".
terça-feira, 21 de outubro de 2003
Bike (Syd Barrett)
I've got a bike. You can ride it if you like.
It's got a basket, a bell that rings and
Things to make it look good.
I'd give it to you if I could, but I borrowed it.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I've got a cloak. It's a bit of a joke.
There's a tear up the front. It's red and black.
I've had it for months.
If you think it could look good, then I guess it should.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I know a mouse, and he hasn't got a house.
I don't know why. I call him Gerald.
He's getting rather old, but he's a good mouse.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I've got a clan of gingerbread men.
Here a man, there a man, lots of gingerbread men.
Take a couple if you wish. They're on the dish.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I know a room of musical tunes.
Some rhyme, some ching. Most of them are clockwork.
Let's go into the other room and make them work.
I've got a bike. You can ride it if you like.
It's got a basket, a bell that rings and
Things to make it look good.
I'd give it to you if I could, but I borrowed it.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I've got a cloak. It's a bit of a joke.
There's a tear up the front. It's red and black.
I've had it for months.
If you think it could look good, then I guess it should.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I know a mouse, and he hasn't got a house.
I don't know why. I call him Gerald.
He's getting rather old, but he's a good mouse.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I've got a clan of gingerbread men.
Here a man, there a man, lots of gingerbread men.
Take a couple if you wish. They're on the dish.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.
I know a room of musical tunes.
Some rhyme, some ching. Most of them are clockwork.
Let's go into the other room and make them work.
segunda-feira, 20 de outubro de 2003
domingo, 19 de outubro de 2003
sábado, 18 de outubro de 2003
Jaz
Que dizem os homens-bomba quando explodem a si mesmos diante de espectadores perplexos? Que discurso guardam para esse momento? Que palavras conservam em sua curta memória de jovem suicida? Palavras políticas, cruéis, cínicas, pessoais?
Como reagem os eleitos para desvendar, com o homem-bomba, os mistérios da morte? O filme da sua vida passa-lhe diante dos olhos? Que dizem ao mujahedin?
No futuro, os homens-bomba se converterão em repórteres-bomba, com seus repórteres-cinematográficos-bomba, e transmitirão via satélite as carnificinas mais espetaculares da televisão. O discurso, antes só disponível para os infelizes que eram despedaçados, poderá ser apreciado em diversos formatos.
Que dizem os homens-bomba quando explodem a si mesmos diante de espectadores perplexos? Que discurso guardam para esse momento? Que palavras conservam em sua curta memória de jovem suicida? Palavras políticas, cruéis, cínicas, pessoais?
Como reagem os eleitos para desvendar, com o homem-bomba, os mistérios da morte? O filme da sua vida passa-lhe diante dos olhos? Que dizem ao mujahedin?
No futuro, os homens-bomba se converterão em repórteres-bomba, com seus repórteres-cinematográficos-bomba, e transmitirão via satélite as carnificinas mais espetaculares da televisão. O discurso, antes só disponível para os infelizes que eram despedaçados, poderá ser apreciado em diversos formatos.
sexta-feira, 10 de outubro de 2003
A transgenia, para leigos
Todo alimento que tem sua estrutura orgânica modificada em laboratório representa perigo iminente para a saúde dos consumidores. A quebra do código genético das espécies é para sempre, mas os testes desses produtos são realizados em ratos pelos próprios fabricantes por tempo demasiado curto - medido em semanas - e não incluem verificação dos efeitos de médio e longo prazo na saúde humana. Dessa forma, ingerir alimento transgênico equivale a praticar roleta russa.
O caso da soja RR é emblemático. Graças à pressão de latifundiários gaúchos, já temos em território nacional os experimentos mengelianos da Monsanto, corporação norte-americana de estreito relacionamento com a Casa Branca, responsável pela brilhante idéia de incluir um gene humano (!) no DNA da soja. Se canibalismo é uma expressão exagerada, aceito sugestões.
Para quem acha que entramos para o clubinho dos transgênicos somente agora, lembramos que vários produtos largamente consumidos no Brasil já contêm alimentos geneticamente modificados. Segue a lista fornecida pelo Greenpeace:
- Nestogeno, da Nestle do Brasil, fórmula infantil a base de leite e soja para lactentes contaminado com 0,1% de soja RR;
- Pringles Original, da Procter & Gamble, batata frita contaminada com milho Bt 176 da Novartis;
- Salsicha Swift, da Swift Armour, salsichas do tipo Viena contaminadas com 3,9% de soja RR;
- Sopa Knorr, da Refinações de Milho Brasil, mistura para sopa sabor creme de milho verde contaminada com 4,7% de soja RR;
- Cup Noodles, da Nissin Ajinomoto, macarrão instantâneo sabor galinha contaminado com 4,5% de soja RR;
- Cereal Shake Diet, da Olvebra Industrial, alimento para dietas contaminado com 1,5% de soja RR;
- Bacos da Gourmand Alimentos (2 lotes diferentes), chips sabor bacon contaminados com 8,7% de soja RR;
- ProSobee, da Bristol-Myers, formula nao lactea a base de proteína de soja contaminada com 1,9% de soja RR;
- Soy Milk, da Ovebra Industrial, alimento a base de soja contaminado com menos de 0,1% de soja RR;
- Supra Soy, da Jospar, alimento a base de soro de leite e proteina isolada de soja contaminado com 0,7% de soja RR.
Todo alimento que tem sua estrutura orgânica modificada em laboratório representa perigo iminente para a saúde dos consumidores. A quebra do código genético das espécies é para sempre, mas os testes desses produtos são realizados em ratos pelos próprios fabricantes por tempo demasiado curto - medido em semanas - e não incluem verificação dos efeitos de médio e longo prazo na saúde humana. Dessa forma, ingerir alimento transgênico equivale a praticar roleta russa.
O caso da soja RR é emblemático. Graças à pressão de latifundiários gaúchos, já temos em território nacional os experimentos mengelianos da Monsanto, corporação norte-americana de estreito relacionamento com a Casa Branca, responsável pela brilhante idéia de incluir um gene humano (!) no DNA da soja. Se canibalismo é uma expressão exagerada, aceito sugestões.
Para quem acha que entramos para o clubinho dos transgênicos somente agora, lembramos que vários produtos largamente consumidos no Brasil já contêm alimentos geneticamente modificados. Segue a lista fornecida pelo Greenpeace:
- Nestogeno, da Nestle do Brasil, fórmula infantil a base de leite e soja para lactentes contaminado com 0,1% de soja RR;
- Pringles Original, da Procter & Gamble, batata frita contaminada com milho Bt 176 da Novartis;
- Salsicha Swift, da Swift Armour, salsichas do tipo Viena contaminadas com 3,9% de soja RR;
- Sopa Knorr, da Refinações de Milho Brasil, mistura para sopa sabor creme de milho verde contaminada com 4,7% de soja RR;
- Cup Noodles, da Nissin Ajinomoto, macarrão instantâneo sabor galinha contaminado com 4,5% de soja RR;
- Cereal Shake Diet, da Olvebra Industrial, alimento para dietas contaminado com 1,5% de soja RR;
- Bacos da Gourmand Alimentos (2 lotes diferentes), chips sabor bacon contaminados com 8,7% de soja RR;
- ProSobee, da Bristol-Myers, formula nao lactea a base de proteína de soja contaminada com 1,9% de soja RR;
- Soy Milk, da Ovebra Industrial, alimento a base de soja contaminado com menos de 0,1% de soja RR;
- Supra Soy, da Jospar, alimento a base de soro de leite e proteina isolada de soja contaminado com 0,7% de soja RR.
segunda-feira, 29 de setembro de 2003
Li Stupid white men, de Michael Moore
O provocador Moore escreve sobre tudo o que boa parte da população dos Estados Unidos gostaria de dizer sobre seu país, mas não pode ou não quer falar.
Se a terra das liberdades civis gera descontentes como MM e sua prosa ferina, pode gerar um movimento de massas que defenda idéias simples como saúde pública, assistência social e a preservação do meio-ambiente.
Segundo o dicionário político do verde Michael Moore, democratas fingem que vão fazer alguma coisa boa e depois traem a todos enquanto republicanos mostram que vão fazer o mal desde o princípio. Um livro de ativismo.
Leio
Viver para contar - Gabriel García-Márquez
O provocador Moore escreve sobre tudo o que boa parte da população dos Estados Unidos gostaria de dizer sobre seu país, mas não pode ou não quer falar.
Se a terra das liberdades civis gera descontentes como MM e sua prosa ferina, pode gerar um movimento de massas que defenda idéias simples como saúde pública, assistência social e a preservação do meio-ambiente.
Segundo o dicionário político do verde Michael Moore, democratas fingem que vão fazer alguma coisa boa e depois traem a todos enquanto republicanos mostram que vão fazer o mal desde o princípio. Um livro de ativismo.
Leio
Viver para contar - Gabriel García-Márquez
sexta-feira, 26 de setembro de 2003
segunda-feira, 22 de setembro de 2003
Um Fausto
- Faço um pacto com você, disse Robert Johnson.
- Prossiga, disse Mefistófeles
- ...se todos escutarem minha música.
- De acordo, disse Mefistófeles.
No dia seguinte, um marido traído mata Robert Johnson. Sua música, eternizada como um blues bastante original está na raiz da raiz do rock n' roll. Anos depois, em entrevista à Rolling Stone, Mefistófeles admitiria que seu serviço de reclamações não lhe encaminhara nenhuma queixa, razão pela qual já havia substituído os responsáveis.
- Faço um pacto com você, disse Robert Johnson.
- Prossiga, disse Mefistófeles
- ...se todos escutarem minha música.
- De acordo, disse Mefistófeles.
No dia seguinte, um marido traído mata Robert Johnson. Sua música, eternizada como um blues bastante original está na raiz da raiz do rock n' roll. Anos depois, em entrevista à Rolling Stone, Mefistófeles admitiria que seu serviço de reclamações não lhe encaminhara nenhuma queixa, razão pela qual já havia substituído os responsáveis.
sábado, 20 de setembro de 2003
sexta-feira, 19 de setembro de 2003
Leio
ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo, Cia. das Letras, 1988.
ARENDT, Hanna. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Perspectiva, 1972.
BENVENISTE, E. O aparelho formal da enunciação. Problemas de Lingüística Geral. Campinas, Pontes, 1989.
CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas. São Paulo, Edusp, 1997. (Ensaios Latino-Americanos nº 1).
CHAPARRO, M.C.C. Sotaques d?Aquém e d?Além Mar ? Percursos e Gêneros do Jornalismo Português e Brasileiro. Santarém, Portugal, Jortejo Editora, 1998.
DYSON, Esther. Release 2.0: A design for living in a digital age. New York, Broadway Books, 1997.
FREITAS, Jeanne Marie Machado de. Comunicação e psicanálise. São Paulo, Ed. Pulsional, 1994.
FREUD, S. O mal-estar da civilização. Obras Completas, vol.XIV. Rio de Janeiro, Imago, 1983.
GANS, H. Deciding What?s news. New York, Vintago Parks, 1980.
GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e Ciências da Linguagem. São Paulo, Edusp & Hacker Editores, 2000.
GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro, Civilização, 1968.
HABERMAS, Jürgen. Teoría de la acción comunicativa I y II. Madrid, Taurus, 1987.
HAGEL, John III, and ARMSTRONG, Arthur G. net.gain: expanding markets through virtual communities. Boston: Harvard School Press, 1997.
KOYRÉ, A. Estudos de história do pensamento científico. Brasília, Ed. Unb, 1982.
KRISTEVA, J. História da Linguagem. Portugal, Edições 70, 1994.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários; nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo, Scritta, 1991.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo, Perspectiva, 1976.
LÉVI-STRAUSS, C. Introdução à obra de Marcel Mauss. MAUSS, M. Antropologia e Sociologia, vol. I, São Paulo, Edusp, 1974.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo, Editora 34, 1993.
LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo, Editora 34, 1996.
LYOTARD, J.F. O pós-moderno. Rio de Janeiro, José Olympio, 1988.
MARCONDES, Ciro. Jornalismo ?fin de siècle?. São Paulo, Scritta, 1993.
MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos meios às mediações ? comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro, UFRJ, 1997.
MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista, o diálogo possível. São Paulo, Ática, 1986
MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda. Jornalismo na sociedade urbana industrial. São Paulo, Summus, 3a.ed., 1989.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo, Cia. das Letras, 1995.
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. 2.ed. São Paulo, Brasiliense, 1994.
PERRONE, L. Rumor da língua. São Paulo, Razão Social, 1992.
SANTAELLA, Lúcia. Cultura das mídias. São Paulo, Razão Social, 1992.
SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro, Graal,
1989.
SFEZ, L. Crítica da comunicação. Trad. Gonçalves, M. Sobral. São Paulo, Ed. Loyola, 1994.
TAPPSCOTT, Don. Economia digital. São Paulo, Makron Books, 1997.
TUCHMAN, G. La producción de la notícia. Estudios sobre la construcción de la realidad. México, Gustavo Gilli, 1983.
WEBER, M. A política como vocação. Rio de Janeiro, Zahar, 1963.
ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo, Cia. das Letras, 1988.
ARENDT, Hanna. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Perspectiva, 1972.
BENVENISTE, E. O aparelho formal da enunciação. Problemas de Lingüística Geral. Campinas, Pontes, 1989.
CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas. São Paulo, Edusp, 1997. (Ensaios Latino-Americanos nº 1).
CHAPARRO, M.C.C. Sotaques d?Aquém e d?Além Mar ? Percursos e Gêneros do Jornalismo Português e Brasileiro. Santarém, Portugal, Jortejo Editora, 1998.
DYSON, Esther. Release 2.0: A design for living in a digital age. New York, Broadway Books, 1997.
FREITAS, Jeanne Marie Machado de. Comunicação e psicanálise. São Paulo, Ed. Pulsional, 1994.
FREUD, S. O mal-estar da civilização. Obras Completas, vol.XIV. Rio de Janeiro, Imago, 1983.
GANS, H. Deciding What?s news. New York, Vintago Parks, 1980.
GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e Ciências da Linguagem. São Paulo, Edusp & Hacker Editores, 2000.
GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro, Civilização, 1968.
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LYOTARD, J.F. O pós-moderno. Rio de Janeiro, José Olympio, 1988.
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WEBER, M. A política como vocação. Rio de Janeiro, Zahar, 1963.
sábado, 13 de setembro de 2003
P2P ameaçado
A perseguição começou com o Napster. Agora Kazaa e outros programas de trocas de arquivos estão sendo alvo de investigação policial. Já houve inquérito que virou processo que virou sentença que virou condenação nos Estados Unidos.
Desconheço se havia "produção industrial" de CDs que justificasse a condenação dos usuários desses programas. Talvez até comandassem um esquema de vendas de MP3 e sejam considerados criminosos, mas a medida tem como objetivo inibir o usuário direto, que pelo menos em teoria é proprietário do que compartilha.
E assim, o tráfego (tráfico?) de arquivos em programas do tipo P2P (peer to peer ou person to person ou de pessoa para pessoa) entra para a lista das atividades ilegais. O caráter coercitivo, entretanto, não diminui os picos de 4 milhões de usuários trocando arquivos e tornando-se (por que não?) consumidores potenciais da desconfiada indústria fonográfica.
A perseguição começou com o Napster. Agora Kazaa e outros programas de trocas de arquivos estão sendo alvo de investigação policial. Já houve inquérito que virou processo que virou sentença que virou condenação nos Estados Unidos.
Desconheço se havia "produção industrial" de CDs que justificasse a condenação dos usuários desses programas. Talvez até comandassem um esquema de vendas de MP3 e sejam considerados criminosos, mas a medida tem como objetivo inibir o usuário direto, que pelo menos em teoria é proprietário do que compartilha.
E assim, o tráfego (tráfico?) de arquivos em programas do tipo P2P (peer to peer ou person to person ou de pessoa para pessoa) entra para a lista das atividades ilegais. O caráter coercitivo, entretanto, não diminui os picos de 4 milhões de usuários trocando arquivos e tornando-se (por que não?) consumidores potenciais da desconfiada indústria fonográfica.
quinta-feira, 11 de setembro de 2003
Novilíngua
Militares ligados ao Governo dos Estados Unidos forjaram os atentados de 11 de Setembro de 2001. Tudo não passou de uma grande farsa.
Quem disse?Ele.
Militares ligados ao Governo dos Estados Unidos forjaram os atentados de 11 de Setembro de 2001. Tudo não passou de uma grande farsa.
Quem disse?Ele.
quarta-feira, 10 de setembro de 2003
sexta-feira, 5 de setembro de 2003
quinta-feira, 4 de setembro de 2003
Leio
Stupid White Men - Michael Moore
Li Leviatã, de Paul Auster
A narrativa em primeira pessoa define o projeto desta novela, em que narrador e narrado dividem - dividem com o sentido de conviver, compartilhar - a consciência do autor. Este joga com o leitor o tempo todo, brincando de arte que imita a vida. Não existem trechos do livro dentro do livro, mas aprendemos a respeitar a obra desconhecida por conta do autor-personagem Benjamin Sachs. E talvez seja melhor assim. O recurso afasta o leitor das especulações em torno da morte De Sachs. Como em Crônica de uma morte anunciada, de Gabriel García-Marquez, sabemos quem morre desde o início.
Diferente da bandeira que parece tanto dividir quanto unir as pessoas, a estátua (da Liberdade) é um símbolo que não causa controvérsia. Se muitos americanos têm orgulho de sua bandeira, outros se envergonham dela; para cada pessoa que a tem como um símbolo sagrado, há outra que gostaria de cuspir sobre ela ou atear-lhe fogo, ou arrastá-la pela lama. (p. 212)
Stupid White Men - Michael Moore
Li Leviatã, de Paul Auster
A narrativa em primeira pessoa define o projeto desta novela, em que narrador e narrado dividem - dividem com o sentido de conviver, compartilhar - a consciência do autor. Este joga com o leitor o tempo todo, brincando de arte que imita a vida. Não existem trechos do livro dentro do livro, mas aprendemos a respeitar a obra desconhecida por conta do autor-personagem Benjamin Sachs. E talvez seja melhor assim. O recurso afasta o leitor das especulações em torno da morte De Sachs. Como em Crônica de uma morte anunciada, de Gabriel García-Marquez, sabemos quem morre desde o início.
Diferente da bandeira que parece tanto dividir quanto unir as pessoas, a estátua (da Liberdade) é um símbolo que não causa controvérsia. Se muitos americanos têm orgulho de sua bandeira, outros se envergonham dela; para cada pessoa que a tem como um símbolo sagrado, há outra que gostaria de cuspir sobre ela ou atear-lhe fogo, ou arrastá-la pela lama. (p. 212)
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