sábado, 30 de abril de 2011

Bolivarianas

Las Claritas - Estou em um cybercafe - se assim podemos chamar o cubículo de 10 metros quadrados com 16 computadores e uma cabine telefónica - instalado ao lado de uma das trës  farmácias de Las Claritas, um lugarejo perdido no meio do mundo, nos limites da Gran Sabana a 800 metros de altitude e  de latitude norte. 


Falta luz e faz muito calor. Um pequeno gerador de energia mantém as máquinas funcionando. O teclado está configurado para escrever em espanhol e náo é possível enxergar as teclas.


Las Claritas é o retrato da República Bolivariana de Venezuela, um país outrora atraente para o turismo, mas que agora afugenta os visitantes devido aos constrangimentos ilegais pelos quais passam os viajantes de carro, parados por militares do exército e da guarda nacional dispostos a cobrar propina e destratar turistas em troca de uns mìseros trocados ou mesmo chocolate.


Morei na Venezuela quando criança e ainda tenho pai, primos e irmaos vivendo aqui. Todos chavistas, embora o caudilho presidente tenha perdido a simpatia do lado brasileiro da familia. Gostei - muita gente gostou  dos primeiros anos de Hugo Chávez Frias à frente do país (ver arquivos do e-pístolas), mas agora a corrupçao, o desvio dos petrodolares e a formaçao de uma elite stalinista tornam desagradavel este país lindo, que se compara à Nova Zelandia em matéria de diversidade de natureza e paisagens que vao de praias caribenhas, a imensos deltas, savanas e selva amazonica, pantanais e picos nevados.


A sujeira toma conta do lugarejo, cuja economia está sustentada na atividade garimpeira. Uma miriade de homens e mulheres de diversas nacionalidades - colombianos, brasileiros, dominicanos e tambem venezuelanos - escavam a terra em busca de ouro e diamantes. A mineraçao por aqui é legalizada, mas nao significa que e ambientalmente correta. Ha uso de mercurio para minerar o ouro, que termina caindo nos mananciais.


Dias atrás estive em El Paují, uma comunidade meio hippie e meio indigena que começa a ser invadida pelos garimpos. Dizem que um irmao de Hugo Chavez tem mina por lá. 


Que pasa, Venezuela??

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Paris, Hilton

Boa Vista - Adrian Grenier explica a Paris Hilton o Mito de Narciso. Depois de ouvir a estória de um jovem muito bonito que se afoga ao admirar o próprio reflexo na água, Paris pergunta: "Isso é real?".

Vejo a cena em Teenage Papparazzo, documentário dirigido por Grenier sobre o garoto Austin, que de paparazzo-mirim, é tornado celebridade por conta do documentário dirigido por celebridade sobre papparazzo-mirim.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Li A Vida dos Animais, de J. M. Coetzee

Boa Vista - Gosto de gente como Coetzee, porque que não dá a mínima para o leitor médio. Idem. Nesta novela da vida real - ou da vida dos animais, estes "outros" - pouco importa se o que lemos é metaficção ou metarealidade. Já não o sabemos e isso não importa mais. 


Consideremos este um romance acadêmico, a propósito de imprimir um rótulo fácil e digerível. Entretanto, é acima de tudo um idílio com a imaginação e direitos que só consideramos humanos e que, definitivamente, não comoverá a maioria.  


Livro: A vida dos animais
Autor: J. M. Coetzee
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 27,90

sábado, 16 de abril de 2011

Há 10 anos

São Paulo - Cegos, caminhamos pelos jardins da universidade, guiados por alguém de confiança. Sons. Formas. Adaptação. Medo. Ser cego é estar mutilado, deprimido e estranhamente tranqüilo. Eu e Damião Marques cegos num velho exercício de teatro. Wide eyes shut. Reféns da confiança. Verdadeiro acinte à vida urbana. Verdadeiro banho de imersão na complexidade dos quatro sentidos restantes.

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Da série “comerciais de cosméticos com voz sussurrada e aveludada no final”, Gisele Bündchen lânguida em cetim, brinca com um gato no sofá. Ao final, a voz diz: “vi vara”.

The George Constanza Show



George "T-Boooooone" Constanza

Master of the house


doling out the charm


ready with a handshake


and an open palm




(Trecho do  musical Les Miserables, que George não consegue parar de cantar no episódio The Jacket)

sexta-feira, 15 de abril de 2011


Thomas Mann
Encontro a frase num velho Thomas Mann, incrustado na estante entre A Morte em Veneza e Os Buddenbrook, levemente inclinado à esquerda, aguardando com a paciência dos livros o momento de ser lido. Na carta escrita em 15 de abril de 1932, Mann protesta a um editor contra a interpretação de obra politicamente engajada conferida à sua novela “Mario e o Mágico”

Em discurso habilidoso, o escritor alemão separa, apesar das muitas semelhanças, os dois campos do saber (Ética e Política) em um golpe rápido no final do parágrafo. Aufklarüng legítimo. Anos depois ele admitiria que, sim, a obra era uma crítica ao fascismo italiano. 

"Não me agrada ver esta história ser considerada uma sátira política. Dessa forma ela fica destinada a uma esfera que convém apenas a uma parte restrita de seu ser. Não negarei que pequenas fosforescências e alusões políticas atuais estejam inseridas nela, mas a política é uma vasta noção que, sem uma delimitação muito precisa, se confunde com o problema e o domínio da ética; e eu preferiria desvendar o sentido de minha pequena história – colocado à parte o plano artístico – muito mais no plano ético que no político." (TM)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Li Vida, de Keith Richards

Boa Vista - Na melhor biografia de rockstar dos últimos tempos, Keith Richards devassa o processo criativo com a afinação aberta em guitarras de cinco cordas, fala sobre troca de sangue, cheirar as cinzas do pai e outros mitos, além do papel dos estupefacientes na criação artística, acidentes domésticos e infernos particulares.

A conturbada relação dos glimmer twins é revista, de forma seca a implacável, como a introdução de Rocks off. Mas nada das farpas típicas trocadas pela dupla mais jurássica do rock nos anos 90. Keith Richards e sua saúde de ferro ensinam a roqueiros de boutique que todo buraco é mais embaixo. Que música é sacerdócio.

Com 50 anos de carreira (artística, a outra ele deixou há alguns anos), o velho roqueiro continua a ser um heróico anti-herói.


Livro: Vida
Autor: Keith Richards
Editora: Globo
Preço: R$ 52,00

quarta-feira, 16 de março de 2011


James Harden, do Oklahoma Thunders, tinha visual black exploitation. Agora ostenta corte moicano. Mas manteve a barba à Kyp Malone.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A Rede

Lethem - Com pes rachados, sandalias de dedo e bone, um indio de meia-idade acessa o Facebook ao meu lado.

Lethem music play

Lethem - Veus, saris, cores e musica pop indiana a todo volume nas lojas do pequeno centro comercial de Lethem. A cidade que ate recentemente era um povoado desorganizado e sem infraestrutura urbana comeca a ganhar ruas pavimentadas e uma especie de plano diretor.

No cruzamento da Takutu Road com a 3rd Street, vejo uma mulher muculmana conversando com uma indiana. O que nao seria possivel na Cashemira, aqui e normal. Assim como a animada reuniao de indios, africanos e indianos no Forest Dragon, um dos muitos restaurantes chineses de Lethem.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Negocio da China da Guiana

Lethem - Os chineses comecam a invadir a fronteira da Guiana com o Brasil, o que nao eh nenhuma surpresa. A maior economia nao cresce apena pelas exportacoes, mas pela renda gerada em diversas partes do mundo por chineses expatriados, que lentamente assumem o lugar dos arabes no comercio de miudezas a precos convidativos. A area da rua 25 de marco em Sao Paulo, passa por este tipo de dominacao. Santa Elena de Uiren, na Venezuela, ja sente os efeitos.

Em Lethem, sao lojas e supermercados de chineses que vendem produtos chineses, roupas paquistanesas e castanha do caju de Mossoro (RN) para guianenses de origem africana, indigena, indiana e para brasileiros. As ruas de Lethem sao repletas de guianenses que dominam o portugues. Enquanto isso, chineses que mal falam o ingles, negociam quinquilharias neste ponto perdido do planeta.

Aqui, na sala de internet do Hotel Takutu, onde tomo cerveja do Suriname, encontro uma conexao muito mais veloz que a frustrante rede oferecida pelo Telecentro do Terminal Rodoviario do Caimbeh, de onde saih ateh este ponto de anglofilia para atualizar o bom e velho e-pistolas em seu decimo ano na world wide web.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coração

Coração bate 

Diástoles de Pelope

Sístoles de Circe 

Coração é músculo

não é cérebro

Coração pós-moderno 

Dorme Desdêmona e acorda Othelo

domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre o jornalismo na contemporaneidade

Faz sentido exigir diploma para uma profissão marcada por sempiterna obediência às inclinações sádicas da audiência? A sociedade precisa se reunir com os meios de comunicação e chegar a um consenso sobre como a violência e o bizarro engendram a mídia que engendra novas formas narrativas da violência e do bizarro.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Benício e o MC


Boa Vista - Volta à baila a capa do disco do Erasmo Carlos que vi quando criança, que teria me causado susto e asco e fixação e pesadelos intermitentes e processos arcaicos e sociopatia e internação, caso eu não fosse o típico garoto destemido, construtor de estradas e astronauta, amigo de dragões, homúnculos e gigantes.


O tema foi criado para o álbum Amar para viver ou morrer de amor (1982) pelo ilustrador Benício, hoje com 74 anos. Autor de ilustrações e cartazes de cinema como estes aí do lado,  Benício quer processar por plágio o MC Morlockk Dilemma, um alemão que parece um mix de Phil Collins e Dave Matthews. O trabalho de Benício é bem melhor. A programação visual também. 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Fitz

"O que você está escrevendo? Por favor, diga-me alguma coisa sobre o seu romance. E, se eu gostar da ideia, talvez a transforme num conto para o Post, a ser publicado antes do seu romance e roubar todo o clamor. Quem vai fazê-lo? Bebé Daniels? Ela é uma sensação!"

Francis Scott Key Fitzgerald, em carta a John Peale Bishop, no inverno de 1924-25

sábado, 15 de janeiro de 2011

Há nove anos, neste blog

Porto Alegre - Chego alquebrado nestas paragens meridionais. Finalmente, o Fórum Social Mundial. Ônibus sucks.

Há oito anos, neste blog

Li 
Trópico de Câncer - Henry Miller 
Miller tem a capacidade de escrever sobre toda a maldade que temos mas não externamos ou que não temos mas gostaríamos de ter. Desaconselhável para leitores neófitos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cadiquim de Minas

Tudo que você podia ser
(Lô Borges)

Com sol e chuva você sonhava
Que ía ser melhor depois
Você queria ser o grande herói das estradas
Tudo o que você queria ser

Sei um segredo: você tem medo
Só pensa agora em voltar
Não fala mais na bota e no anel de Zapata
Tudo que você devia ser sem medo

E não se lembra mais de mim
Você não quis deixar que eu falasse de tudo
Tudo que você podia ser na estrada

Ah! sol e chuva na sua estrada
Mas não importa não faz mal
Você ainda pensa e é melhor do que nada
Tudo que você consegue ser ou nada



Manuel, o audaz
(Toninho Horta e Fernando Brant)
Se já nem sei

O meu nome
Se eu já não sei parar
Viajar é mais
Eu vejo mais
A rua, luz, estrada, pó
O jipe amarelou
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz, vamos lá
Viajar
E no ar livre
Corpo livre
Aprender ou mais, tentar
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz
Iremos tentar
Vamos aprender
Vamos lá

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quando éramos campeões


Boa Vista - Ainda éramos crianças do sétimo ou oitavo ano. Altemar, Israel, Osni  e eu voávamos em nossas bicicletas para jogar fliperama na Tip Ti Dog, depois da escola. Havia apenas duas máquinas de pinball hiper disputadas, a Close Enconnters of the 3rd Kind e a Klondike.

Éramos quase invencíveis. Poucas vezes perdemos nas disputas para garotos do Costa e Silva, do Oswaldo Cruz e até do Gonçalves Dias. Éramos bons nas duas máquinas e chegávamos mais cedo porque o Penha Brasil era mais perto da lanchonete do que as outras escolas.

As máquinas foram parar ali na esquina da Major Williams com José Bonifácio depois de terem passado pelo Centro, levadas pelo argentino Henrique, que depois vendeu as máquinas junto com umas mesas de pebolim ao Marreco. E o Marreco sumiu.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vainas

Hallaca
No confundas las hallacas con tortillas; las tortillas con cachapas; las cachapas con arepas; los caneys con churuatas; los bueys con las vacas.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Perguntas


As 3 perguntas mais feitas pelos jornalistas:
1 - Qual é o objetivo do evento?
2 - O senhor confirma a informação?
3 - Quantos mortos?


As 3 perguntas mais feitas por estudantes de jornalismo:
1 - Cai na prova?
2 - Tem que ler?
3 - Vai ter aula hoje?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eu sou Ozzy

O verdadeiro e único
Morro de rir com a biografia do criador do Black Sabbath e seu talento nato para a confusão.
Ozzy tinha um urso empalhado, criava galinhas e tinha fliperamas. Atirava em tudo. Mais não posso dizer. Comprem.

Livro: Eu sou Ozzy
Autor: Ozzy Ousborne
Páginas: 416
Editora: Benvirá
Preço: R$ 39,90 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sobre quase tudo

Simbólica, a última do lado A sugere um lado B
Mas na era do CD não há lado (nem plano) B
Toca o disco até riscar, sem saber por quê

Escrever dói, e achava melhor a dor de escrever
Que a dor de pensar
Mas pensava com dor, dúvida e desvelo
Por isso voltava a escrever

domingo, 26 de setembro de 2010

Debate dos presidenciáveis na TV Record

Cristina Lemos: afiada no debate
Enquanto isso, no debate da Record, Cristina Lemos traja um elegante modelito Bram Stocker e Plínio de Arruda Sampaio se revela um neo-Enéas que saiu da esquerda para a esquerda.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Televisão

Um homem que via a vida pela TV (Peter Sellers) e um homem que vivia dentro da TV (Jim Carey) em "Muito Além do jardim" e "O Show de Truman", que começam agora, na TV.

A Escola de Funk Furt (O Bonde do Adornão)

Theodor Adorno ou MC Adornão
Adorno era um cara elitista de dar dó
Detestava sertanejo, axé, pagode e forró
O amigo Horkheimer era chato por igual
Irritado e inteligente, lutava contra as forças do mal.

Desencantados com a mídia,
da mesmice sempre igual, Adorno e Horkheimer desenvolveram o conceito
de que tudo que é malfeito vem da indústria Cultural.

A indústria cultural destrói qualquer sentido
de arte que queira subsistir
num mundo criado à parte,
que é mais limbo que devir,
que é mais todo do que parte.


Para saber mais sobre o Bonde de Funkfurt, desconfie até o fim.
Leia sobre Habermas sobre o Jazz e sobre Walter Benjamin.

E pra esse funk não acabar, date-me um martelo
e martela, martela, martela o Matellart.
Então martela, martela, martela o Matellart.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uma piada interna sem graça para o leitor

Suíte é fundamental em Jornalismo, apesar do costume de privilegiar kitinetes.

Fulano anuncia que vai construir ponte ou fábrica ou que vai abrir a sessão da ONU ou que vai subir ao espaço em foguete caseiro e a imprensa publica ipsis literis, sem questionar em nenhum momento, como se a mera declaração fosse suficiente para concretizar as mais absurdas intenções. Trata-se da preguiça tradicional do "jornalismo declaratório".

Incorrido o primeiro erro, o segundo é fatal: a imprensa em muitas ocasiões não verifica, não questiona. Não faz uma atividade básica no seu trabalho que é a repercussão do tema, o que no Jornalismo chamamos de suíte.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

De bate e assopra

Dilma Roussef
José Serra
Marina Silva
Hoje à noite (22h) tem Debate Cosplay na BAND. Já foram confirmadas as presenças de Smigol (José Serra), Darth Vader (Dilma Roussef) e Avatar (Marina Silva). 

sábado, 24 de julho de 2010

Um poema

Brisa Marinha
(Stéphane Mallarmé)

A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
Ébrios de se entregar à espuma e aos céus imensos.
Nada, nem os jardins dentro do olhar suspensos,
Impede o coração de submergir no mar

Ó noites! nem a luz deserta a iluminar
Este papel vazio com seu branco anseio,
Nem a jovem mulher que preme o filho ao seio.
Eu partirei! Vapor a balouçar nas vagas,
Ergue a âncora em prol das mais estranhas plagas!

Um tédio, desolado por cruéis silêncios,
Ainda crê no derradeiro adeus dos lenços!
E é possível que os mastros, entre ondas más,
rompam-se ao vento sobre os náufragos, sem mastros,
sem mastros, nem ilhas férteis a vogar...
Mas, ó meu peito, ouve a canção que vem do mar!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Observações em 140 caracteres

O Twitter cria microdomínios, cerquinhas efêmeras, pequenos reinos. Um exercício de popularidade baseado na hipocrisia. Começa pela Bio.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sobre plágio e afins

Na era da informação, a quantidade de textos plagiados, distorcidos, mutilados e atribuídos a outros autores é imensa, numa despreocupação terrível com a autoria. Os textos são republicados em blogs, twitters e outras plataformas, como se pertencessem aos publicadores ou são falsamente atribuídos a autores famosos.

Já li textos religiosos como se fossem do ateu Gabriel García-Márquez e escatologias atribuídas a Luís Fernando Veríssimo e a James Joyce. Há um texto, modificado ao longo dos anos e transformado em auto-ajuda, que acabou atribuído a Shakespeare, mas pertence a Veronica A. Shoffstall. Está reproduzido abaixo.

Em Português ficou assim:


Depois de algum tempo você aprende a diferença...
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas  simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida (....)



E assim por diante...

Um poema

After a while you learn
After a while you learn
the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes ahead
with the grace of woman, not the grief of a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

RIP

Com as mortes de Paulo Francis e José Saramago, agora só restam dois Beatles vivos: Gabriel García-Márquez e Mario Vargas Llosa.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Palavras de AMP

Por favor, não venham me dizer que professor universitário não trabalha. Você, aluno, que pensa que a vida do professor é uma maré mansa sem fim: pense melhor, e pense bem se você quer isso, se deseja algo assim para si – pois eu tenho visto desejos de fama, fortuna, importância, prestígio, carro importado, e sempre muitos desejos sem fim de auto-engrandecimento, mas ainda não vi um de vocês lendo Don DeLillo pelos corredores, ou escrevendo um blog que não envergonhe a mim, que não o escrevi, que sou apenas seu leitor. Vejo, alunos, seus mil desejos escancarados, pendurados no pescoço pelos corredores, e peço a vocês apenas que trabalhem comigo e com os outros professores a partir de desejos minimamente compatíveis com esse negócio que vocês, em tese, vão fazer na Universidade. Por favor, ofereçam a este, e aos outros professores, a benesse de se defrontar casualmente com a excelência discreta e intempestiva; dêem – como um dom maussiano, sabendo que vai e volta – a seus professores a grande dádiva que será lidar com vocês sem ter de amaciar seus egos cotidianamente, ou pisar em ovos todo o tempo para não ferir suas sumamente situadas, apesar de quase universais, vaidades, ou simplesmente para nos permitir um tempo de trabalho sem que tenhamos de pensar quanto de nosso exercício é consumido no cobrar.

(Do amigo bovarista Antonio Marcos Pereira)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Brilhar a minha estrela 
(Sangue da Cidade)

O mais importante prum guerreiro
é simplesmente a vontade de viver,
sem parar prá pensar nos momentos que virão.
Ele sabe o que quer, sabe o que é 
conhece o caminho 
é o dono da sua verdade, do seu destino.

Dá mais um, lembrar de tudo isso.
Dá mais um, pensar no que é bonito.

Dá mais um, em frente na certeza.
Dá mais um, brilhar a minha estrela.
Dá mais um

sábado, 12 de junho de 2010

 



Happiness is like a butterfly. The more you chase it, the more it will elude you. But if you turn your attention to other things, it will come and sit softly on your shoulder (David Thoreau).
 

quinta-feira, 27 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Expedição musical à terra de Makunaima

O jornalista, DJ, multimídia e agitador cultural Israel do Vale escreveu um belo texto sobre Roraima, sua música, sua gente, sua cultura.

Em "Expedição musical à terra de Makunaima", Israel dá uma lição de observação jornalística, apesar de sua curta passagem por aqui.

Imperdível para qualquer culturatti interessado em música "fora do eixo". Leia aqui.

sábado, 22 de maio de 2010

Dogma

O problema com a célula artificial é que depois de conseguir criar a  vida, o homem vai levar um tapinha nas costas e ouvir uma frase: Agora é tua vez, cuida de tudo, dirá Deus.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Livro Eletrônico: alerta escritores

Escrito por Ademir Assunção*

Saiu matéria na Folha de São Paulo sobre o livro eletrônico, que começa a entrar no mercado editorial brasileiro. O texto diz que os livros nacionais ainda são pouquíssimos no formato eletrônico. Por quê? Eis o trecho que mais interessa a nós, escritores: “O livreiro é um dos que defendem que o maior nó no mercado é a rediscussão dos direitos autorais. ‘O medo está aí. Isso vai inundar o Judiciário’”. O livreiro é Pedro Herz, dono da rede de livrarias Cultura. (grifo meu).

Nem todo mundo sabe, mas os autores ganham apenas 10% do preço de capa de cada livro vendido. 10%. Os outros 90% ficam com editoras, distribuidoras e livreiros. 10% é o padrão. Mas há editoras que chegam a pagar 3%. Quando falo isso para leitores que não fazem a menor idéia como funciona a remuneração de direitos autorais no Brasil, muitos ficam espantados, outros indignados.

A entrada do livro eletrônico é uma ótima oportunidade para os autores rediscutirem seus direitos autorais. Ouçam bem: é uma ótima oportunidade. As grandes livrarias já estão pressionando as editoras para venderem livros de seus autores em formato eletrônico. As editoras já estão procurando os autores para assinarem adendo aos contratos autorizando a venda em formato eletrônico.

Conversei com um advogado especialista em direito autoral essa semana. O livro eletrônico foi um dos temas da conversa. Perguntei a ele o que os autores devem fazer em relação às autorizações para comercialização do livro eletrônico. Ele foi claro e taxativo: “Enquanto não redefinirem a remuneração dos direitos autorais, não assinem. O livro eletrônico não tem custos que justifiquem manter os direitos autorais em apenas 10%”.

A matéria da Folha diz que os representantes de cada setor da cadeia produtiva do mercado editorial já estão discutindo a questão. Eu pergunto: quem representa os escritores nessas discussões? A Academia Brasileira de Letras? A União Brasileira dos Escritores? Algum escritor foi procurado para se manifestar?

O advento do livro eletrônico vai provocar grandes mudanças no mercado editorial. Entre outras coisas, vai diminuir os custos de produção dos livros e também os custos de venda pelas livrarias. Tanto escritores, quanto editores, podem fazer vendas diretas em seus sites, a custos quase zero. Essa é uma boa alternativa caso não haja acordo justo em relação ao pagamento de direitos autorais. A pressão vai ser comercial. Em resumo: há todas as condições para o preço do livro diminuir bastante (vantagem para os leitores) e o pagamento de direitos autorais subir bastante (vantagem histórica para os escritores).

Por isso, está dado o alerta: escritores em geral: não sejamos bobos. Não assinemos nenhum contrato enquanto não houver uma discussão aberta sobre direitos autorais de livro eletrônico e um acordo justo. Não caiam na balela de que estamos nos tempos de “quebra de autoria, compartilhamento de informações”, argumento que está sendo utilizado por alguns comerciantes de livros. Eles não vão “compartilhar” nossos livros. Eles vão vendê-los.

Alguns editores já compreenderam a necessidade dessa discussão com seus autores. Já perceberam que se marcarem touca vão beirar a falência, como aconteceu com as gravadoras. São poucos. E provavelmente vão tentar acordos individuais com os autores.

Eu vejo a grande oportunidade de tomarmos uma decisão coletiva. Uma decisão dessa forma vem com muito mais força. Podemos fechar um acordo que beneficie a todos. É uma oportunidade única.

É uma oportunidade única para os editores e livreiros também mostrarem que se preocupam de fato com os autores, que os vêem de fato como “parceiros” (termo da moda).

Alguém aí já se deu conta que na “cadeia produtiva do livro” (outro termo em moda), o único que não é profissional (no sentido de viver do seu trabalho) é o escritor? O livreiro é, o distribuidor é, o editor é, o gráfico é, o balconista da livraria é. Menos aquele que produz a matéria-prima para o trabalho de todos os outros da tal “cadeia produtiva”.

Pensem bem nisso. Caso não haja acordo justo, nada impede que num futuro muito próximo os próprios autores se organizem, criem uma editora virtual, e vendam seus livros diretamente, ganhando 80, 90% de direitos autorais.

Peço aos que entenderam o que diz esse texto que se manifestem. Que passem adiante. Que republiquem em seus blogues. Que discutam nos bares (não é assunto “chato”, não. Diz respeito ao nosso trabalho). Que ampliem essa discussão e pensem formas de partirmos pra ação.

É a hora.

*Ademir Assunção é poeta e jornalista, membro do Colegiado Nacional da Literatura, Livro e Leitura e integrante do Movimento Literatura Urgente

Publicado no blogue espelunca: http://zonabranca.blog.uol.com.br/

Guerra fria