sábado, 28 de junho de 2003

Small Town
(Lou Reed & John Cale)

When you're growing up in a small town
When you're growing up in a small town
When you're growing up in a small town
You say no one famous ever came from here
When you're growing up in a small town
and you're having a nervous breakdown
and you think that you'll never escape it
Yourself or the place that you live
Where did Picasso come from
There's no Michelangelo coming from Pittsburgh
If art is the tip of the iceberg
I'm the part sinking below

When you're growing up in a small town
Bad skin, bad eyes - gay and fatty
People look at you funny
When you're in a small town
My father worked in construction
It's not something for which I'm suited
Oh - what is something for which you are suited?
Getting out of here

I hate being odd in a small town
If they stare let them stare in New York City
as this pink eyed painting albino
How far can my fantasy go?
I'm no Dali coming from Pittsburgh
No adorable lisping Capote
My hero - Oh do you think I could meet him?
I'd camp out at his front door
There is only one good thing about small town
There is only one good use for a small town
There is only one good thing about small town
You know that you want to get out

When you're growing up in a small town
You know you'll grow down in a small town
There is only one good use for a small town
You hate it and you'll know you have to leave
Na vitrola
Radiohead - Hail to the thief

sábado, 21 de junho de 2003

Apocalípticos integrados
Há algo perverso no hábito de ler spam com o assunto "Signs of God". Risco de encontrar conteúdo desprezível - não é brilhante nem atinge os domínios do trash - ou tornar-se crente fervoroso. Se isso é crueldade, o que não dizer da mensagem enviada por este site, que embala propaganda anti-germânica e anti-americana em religião. Classificam os Estados Unidos como nação de cegos guiada por um cego e que guerras na Terra Sagrada só nos aproximam do juízo final. Mas como ia dizendo, há qualquer coisa perversa no hábito de ler spam com o assunto "Signs of God"...

sexta-feira, 20 de junho de 2003

segunda-feira, 16 de junho de 2003

Bloomsday
Jaagora que a versão bilelíngüe do Finnegans Wake está inconticompleta nas livroarias, chega o meomento de consumprar o primeiro de cinco volumes. Ao $acrofício.

domingo, 15 de junho de 2003

Spurs vencem
O San Antonio tinha mais time. Lakers e Mavericks atropelados nas semifinais atestam que Tim Duncan, Manu Ginobili, David Robinson, Tony Parker e demais compreendem o sentido de equipe, superando times como Philadelphia 76Ers (Alan Iverson), Los Angeles Lakers (Kobe Bryant e Shaquille O 'Neal) e o derrotado New Jersey Nets (Jason Kidd), calcados em um, no máximo dois jogadores.

sexta-feira, 13 de junho de 2003

Walking on the wild side
Assisti a um assalto na Avenida Paulista, há umas duas horas. Três adolescentes cercaram um carro e levaram dinheiro de um motorista solitário. Do meio do trânsito eu observava a cena, tão banal na metrópole, e me perguntava quem era o motorista. Seria um especulador? Um político corrupto? Um assalariado? Quem eram os garotos? Quantos anos de escola? Quantos anos nas ruas? O dono do carro seguiu em frente, cabelos brancos a mais e quantia insignificante de dinheiro a menos. A essa altura, com o dinheiro arrecadado, três garotos de São Paulo fumam crack e sonham com um carro parado no engarrafamento da Paulista. Estão apontando o dedo para o motorista e esperam dinheiro, mas preferiam estar do lado de dentro. Quem é ladrão? Quem é Mané?

domingo, 1 de junho de 2003

Li
Bin Laden: O Homem que declarou guerra à América - Yossef Bodansky.
São Paulo. Ediouro. 2001. 503 páginas.


ou...

O terrorismo, segundo a América
O autor se propôs a escrever a biografia de Osama Bin Laden, mas este livro não diz quase nada sobre o saudita, a não ser o que é de conhecimento público: sua riqueza, sua determinação política. Bodansky foi diretor da Força-Tarefa sobre Terrorismo e Guerra não-Convencional dos Estados Unidos por 10 anos e definitivamente não tem méritos de escritor, mas de autor de relatórios.

O que o livro procura é tão-somente denunciar o terrorismo como ação direta de "Estados terroristas": Arábia Saudita, Irã, Iraque, Sudão, Palestina, Afeganistão, Paquistão... e quando o funcionário público da Defesa de um país escreve contra as atividades militares e faz sérias acusações a outros países, é porque propõe a guerra.

Bin Laden é pouco citado nesse intenso relatório de investigação, cuja maior parte das informações não pode ser comprovada por se tratar de "fontes anônimas". Tais "fontes anônimas" informam bastante sobre a organização de ataques terroristas, como frases ditas em reuniões e um histórico operações abortadas. A política de alguns países do Oriente Médio é considerada "nociva". Atitudes "antiamericanas" são veementemente contestadas.

Escrito em 1999, o livro trata os ataques norte-americanos contra Kosovo, Iraque e Somália como simples "bombardeio", palavra "positiva", geralmente ligada à ação do "nosso exército". Enquanto isso, "terrorismo" é o termo mais utilizado para definir a guerra "dos outros". Um palestino que se explode junto com outras pessoas num ônibus faz "terrorismo". Tropas de Israel demolindo casas de famílias palestinas fazem retaliação, como a mídia bem ensina.

Essa é a lógica de Bodansky, cujo compêndio de informações municiou o gabinete dos belicosos George W. Bush e Donald Runsfeld (o verdadeiro presidente) para efetuar sua "guerra anti-terror" contra o Afeganistão e Iraque, entre 2001 e 2003. O livro traz, em quase todas as páginas menções à palavra terror e seus derivados: terrorismo, terrorista etc, além do neologismo "islamita", para ofender sem ofensa a religião alheia - o que às vezes é impossível e leva Bodansky a classificá-los de islâmicos, mesmo.

Há expressões caricatas, como Devotos e radicais (p. 68), Fúria islamita (p. 13, 394, 397, 450), Fervor islamita (p. 88, 89) e as engraçadíssimas Operações inconfessáveis (p. 148) e Operações menores de molestamento (p. 154). No final do livro, o autor agradece às principais fontes (anônimos desconhecidos de identidades secretas), setores da Defesa dos Estados Unidos e, principalmente aos recortes de jornais enviados de Israel por sua mãe. Ah, bom.

Abaixo, as expressões mais "cativantes" de Bodansky:

Ataque(s) terrorista(s) (p. 13, 15, 20, 26, 208, 215, 216, 217, 238, 261, 271, 273, 345, 402, 402, 405, 420, 421, 422, 450, 465, 472)
Ataque(s) terrorista(s) espetaculares (p.151, 163, 188, 215, 235, 254, 302, 394, 420, 424, 435, 445, 468)
Ações terroristas (p. 254, 309)
Ações terroristas espetaculares (p. 151)
Atentados terroristas (p. 15, 197)
Atentados terroristas espetaculares (p. 156, 458)
Atividades terroristas (p. 111, 124, 143, 158, 164, 245, 318)
Atos terroristas ou Atos de terrorismo (p. 17, 29, 29, 190, 191, 231, 366, 376, 406, 448)
Campanha de terrorismo (p. 57, 150, 169, 196, 223, 271, 305, 310, 366, 441)
Campanha(s) terrorista(s) (p. 152, 156, 208, 253, 267, 320, 421, 423, 423, 435, 435, 484, 485)
Células islamitas clandestinas (p. 480, 482)
Células terroristas (de terrorismo) (p. 13, 151, 164, 165, 225, 302, 376)
Comandantes terroristas (p. 157, 167, 167, 266, 276, 423, 444, 468, 484, 486)
Elite (dos) terrorista(s) (p. 137, 154, 191, 215, 320, 348, 357, 358, 428, 440, 459, 472)
Entidades terroristas (p. 152, 270)
Establishment terrorista (p. 94)
Força(s) terrorista(s) (p. 224, 271, 355, 466, 473, 483, 485)
Grupos terroristas (p. 14, 120, 173, 174, 287, 440)
Líder(es) ou liderança(s) terrorista(s) (p. 83, 154, 157, 158, 254, 265, 267, 282, 296, 305, 417, 433)
Movimento(s) terrorista(s) (p. 83, 167, 174, 219, 348, 356, 419)
Ofensiva terrorista (p. 154, 254, 266, 420)
Onda de terrorismo ou Onda terrorista (p. 218, 222, 222, 240, 277, 282, 313, 334, 335, 420, 432)
Operação(ões) clandestina(s) (p. 297, 302)
Operações islamitas (p. 297, 387)
Operações mortíferas de terrorismo (p. 151)
Operação (ões) terrorista(s) (p. 65, 152, 155, 185, 191, 192, 199, 200, 201, 218, 252, 295, 362, 364, 385, 445, 461, 484, 484)
Operações terroristas audaciosas (p.165)
Operações terroristas espetaculares (p. 65, 151, 162, 167, 204, 241, 309, 320, 322)
Organização(ões) terrorista(s) (p. 77, 78, 79, 81, 169, 173, 210, 237, 252, 271, 295, 344, 388, 416, 443, 444, 444, 459, 486, 486)
Patrocinadores ou patrocínio do terrorismo (p. 32, 155, 159, 174, 209, 209, 210, 221, 223, 225, 229, 241, 262, 267, 287, 293, 297, 305, 326, 330, 337, 338, 339, 342, 344, 380, 392, 399, 411, 413, 413, 417, 461, 487, 489)
Rede(s) clandestina(s) (p. 295, 295)
Rede(s) islamita(s) (p. 225, 227, 227, 227, 295, 302, 317, 395)
Rede(s) terrorista(s) (p. 77, 122, 143, 223, 225, 266, 303, 367, 443, 467)
Sistema de terrorismo ou sistema de terroristas (p. 86, 227, 244, 268, 282, 376, 421, 424, 473, 486)
Subversão (p. 146, 154, 160, 160, 162, 168, 175, 186, 186, 188, 220, 258, 294, 471)
Superterrorismo indiscriminado (p. 16)
Treinamento (de) terrorista(s) ou Treinamento para o terrorismo (p. 65, 86, 90, 93, 121, 229, 244, 253, 253)

Terror (p. 154, 192, 234, 267)
Terrorismo (p. 14, 21, 26, 68, 68, 114, 117, 119, 120, 121, 125, 130, 152, 158, 158, 167, 167, 168, 173, 190, 195, 198, 200, 209, 209, 209, 210, 210, 218, 221, 225, 226, 231, 231, 234, 237, 241, 245, 245, 258, 261, 261, 262, 265, 267, 267, 274, 294, 301, 301, 303, 305, 309, 310, 311, 317, 318, 333, 333, 334, 342, 342, 344, 345, 348, 349, 359, 360, 372, 389, 399, 408, 408, 411, 416, 416, 416, 423, 430, 430, 431, 436, 441, 442, 458, 469, 485, 485, 486, 486)
Terrorismo antiamericano (p. 232, 339, 432, 439)
Terrorismo e subversão (p.18, 35, 57, 113, 258, 277, 284, 298, 347, 397, 459, 466)
Terrorismo espetacular (p.18, 32, 249, 320, 320, 410, 413, 427, 486)
Terrorismo indiscriminado (p. 447)
Terrorismo internacional (p.20, 65, 68, 81, 93, 150, 154, 183, 183, 200, 200, 208, 208, 233, 241, 259, 262, 266, 272, 290, 291, 294, 342, 394, 307, 409, 411, 440, 454, 469, 487, 487, 487)
Terrorismo islâmico (p. 217, 244, 265)
Terrorismo islamita (p. 13, 20, 69, 96, 158, 167, 167, 168, 190, 198, 199, 200, 201, 216, 220, 234, 241, 254, 261, 272, 272, 274, 275, 283, 283, 293, 306, 358, 375, 411, 427, 430, 439, 458, 471)
Terrorismo islamita internacional (p. 66, 121, 208, 409, 410)
Terrorismo radical árabe (p. 68)
Terrorismo sunita (p. 209, 265)

Terrorista(s) (p. 33, 41, 78, 78, 78, 80, 84, 86, 96, 96, 98, 98, 110, 111, 112, 114, 119, 119, 122, 122, 126, 127, 149, 150, 150, 155, 156, 157, 164, 164, 164, 165, 176, 177, 179, 179, 179, 182, 183, 185, 199, 202, 208, 208, 208, 208, 212, 214, 214, 218, 223, 224, 224, 226, 231, 240, 243, 244, 245, 246, 246, 255, 255, 258, 267, 267, 271, 271, 272, 273, 281, 284, 295, 296, 296, 296, 297, 303, 310, 312, 319, 323, 324, 324, 324, 325, 325, 325, 325, 325, 325, 325, 325, 326, 327, 327, 327, 330, 330, 330, 330, 330, 333, 344, 350, 353, 353, 354, 355, 356, 356, 357, 358, 358, 358, 358, 359, 367, 367, 376, 380, 380, 381, 398, 399, 400, 401, 401, 403, 413, 415, 415, 424, 424, 424, 424, 427, 433, 436, 436, 436, 439, 443, 443, 445, 455, 455, 455, 455, 455, 459, 460, 461, 461, 467, 467, 467, 468, 474, 474, 482, 482, 484)
Terroristas afegãos (p. 65, 96, 266, 394)
Terroristas árabes (p. 66, 245, 246, 329, 372, 474)
Terroristas da Caxemira (p. 199)
Terroristas de elite (p. 137, 223)
Terroristas de primeira linha (p. 224)
Terroristas egípcios (p. 212, 282, 317, 472, 473, 474, 486)
Terroristas especialistas ou especializados (p. 227, 258, 401, 424, 460, 467)
Terroristas experientes (p. 124)
Terrorista(s) iraniano(s) (p. 266)
Terrorista(s) indiano(s) (p. 460)
Terrorista(s) islâmico(s) (p. 68, 319, 319)
Terrorista(s) islamita(s) (p. 65, 66, 68, 83, 88, 89, 89, 96, 119 121, 124, 125, 131, 160, 196, 204, 204, 209, 210, 246, 272, 274, 284, 291, 319, 338, 358, 358, 380, 394, 399, 400, 413, 439, 450, 465, 468, 484, 486, 487)
Terroristas palestinos (p. 124)
Terroristas paquistaneses (p. 394)
Terroristas somalis (p. 111, 122)
Terrorista(s) sunita(s) (p. 208, 208, 208, 215)

quinta-feira, 29 de maio de 2003

Sobre preguiça
Acordei mais cedo para assistir à palestra de Domenico De Masi às 10h30, na USP. Ele atrasou um pouco, mas mandou bem - como sempre - suas idéias sobre trabalho e ócio criativo. Vejam só: o nome do cara já é Domingo (dia de descanso) e ele ainda cria uma teoria absolutamente revolucionária sobre o uso do tempo vago.

Ao contrário do que dizem seus críticos - que pra variar, desconhecem sua obra - De Masi não faz elegias à inércia e à preguiça. É visão mais que superficial. O que De Masi propõe é a utilização tripartite do tempo de vida, a partir da junção entre trabalho, estudo e diversão. Trabalho, estudo e DIVERSÃO, cara pálida.

Vivemos uma época pós-industrial, em que já não faz sentido a vida em linha de montagem. Cabe ao ser humano exercitar sua criatividade em tempo integral, e não apenas trabalhar por trabalhar. O burro trabalha na lavoura. A máquina trabalha na fábrica. Cabe ao homem pós-moderno viver bem. E viver bem, diferente da visão anglo-saxônica que o Brasil insiste em adotar, não consiste em trabalhar duro para a aquisição de bens materiais. Se trabalhamos em apenas uma parte da vida, devemos saber o que fazer com o tempo restante, geralmente dois terços. Para o sociólogo napolitano, é preciso aproveitá-lo bem. Cabe ao ser humano compatibilizar diversão, estudo e trabalho para que viva como... ser is warmth. My family members always think that I am this quiet child, but actually this is not so, and I don't intend to explain. To not get one's understanding and yet wasting my energy trying to explain is tiring.
Actually, what I want is not sympathy as you would think, what I want is help. Even if it's a pat on the shoulder or such small gestures can also give me encouragement. Just like I am an insecure lost child, I desperately need the protection of others.
I tell myself, forget it. No one understands me, and I do not want others to understand me. I like the feeling of isolation, I do not want the interference of others, I am free, I am happy, I am lucky......
BUt, the more I encourage myself, the more I feel that I am just a poor kitten, walking in the harsh winds and rains in the streets where no one cares. The raindrops pelting on my body no longer hurt because I got used to this along time ago.I cannot find a shelter that has the capacity for a broken heart.
I tell myself I can't cry, crying shows my weaknesses, I cannot cry......
The rain outside has stopped, the couple on the streets
Leio
Os versos satânicos - Salman Rushdie
Duas surpresas e uma mesmice
* Um dos maiores atletas do basquete, imortal nas camisas de três times, Oscar Schmidt finalmente se aposentou, perto dos 50 mil pontos.
* Ariel Sharon admitiu que Israel ocupa terras palestinas e é preciso devolver os territórios conquistados em 1967.
* O Brasil tem taxas de juros de paraíso fiscal.

quarta-feira, 28 de maio de 2003

Das coisas estranhas que a gente encontra na Internet

Com esse (sic) fragmento de informação podemos crer que os Orcs foram criados por Morgoth no noroeste da Terra-Média da P.E., quase certamente em Angband para onde este voltou depois do seu primeiro cativeiro pelos Valar. No Sil (p. 83) está escrito o seguinte: "...e se tornaram incontáveis as hostes dos seus animais e dos seus demônios, e a raça dos Orcs, criada muito antes, cresceu e multiplicou-se...".

Tava aqui.

segunda-feira, 26 de maio de 2003

Hackers
Um furo bloguístico. A página de Michael Moore está em fundo branco com horrenda bandeira norte-americana no alto da página e texto com a seguinte mensagem:
Mr. Moore, your documentary "Bowling for Columbine" is fictitious, not factual. David Hardy's Truth About Bowling is simply damning. You deliberately deceive your viewers, who are only expecting a slightly biased factual report. Mr. Moore, my personal hope is that you publicly apologize, not for your ideas, but for dubbing your lies the truth. Please see revoketheoscar.com Love always, NHA Crew.
Greets to: Colin L. Powell, DoubleOh, xyral, qu3da, Rav3n, GOD, Zombie *good luck in the marines*, kluster, Ruder, OSS, YuY, Bill O'Reilly, Tyger, Avangel, sub_pop_culture, AcIdR3IgN, Renegade

Não dá pra esperar outro tratamento dos neoconservadores - só recentemente aceitei esse termo - para quem revela os crimes de guerra do seu país.

Updating: O site voltou ao normal na terça-feira (27) pela manhã.

quinta-feira, 22 de maio de 2003

Tempo de violência
1 - Tiros em Columbine é um trabalho de ativista. Por mais que o método de Michael Moore seja criticado, o documentário atinge seu propósito, que é discutir a violência latente no povo norte-americano. Querem que os documentários limitem-se a planos fixos, sem música e sem cortes. Se a intenção é criar um movimento de volta às raízes, fique à vontade, mas deixe Moore tocar seu rock n' roll. Não vejo mal nenhum em provocar o artrítico Charlton Heston, defensor da luta armada. Se não quer aparecer como velho, não envelheça. Aliás, era isso que Peter Pan Heston pretendia ao conceder entrevista diante do cartaz de Ben-Hur.

2 - Carandiru é o típico Babenco, e isso é muito bom, porque no embate entre oprimidos e opressores, há sempre uma busca por redenção. Meio clichê, mas é assim mesmo. Carandiru é Hip Hop em celulose. É longo, mas passa rápido, porque não relaxa. Retrata com fidelidade o clima na grande cadeia. As cenas do sangue lavado nas escadas e a conversão de Peixeira estão entre as minhas preferidas, mas todo o filme é ritmo e poema. Quem esteve entre aqueles muros sabe do que estou falando. Eu estive lá. Leia aqui.

segunda-feira, 19 de maio de 2003

Versos satânicos
Salman Rushdie não é, definitivamente, o sujeito paranóico que o imaginário popular (ok, nem tão popular assim) plasmou, com a ajuda da imprensa. Rushdie detém refinado british humour e é dono de uma inteligência aguçada, menos engajada que a ala sartriana, porém, não menos sarcástico. É que Rushdie, assim como sua obra, vem de uma sociedade pluriétnica (ele nasceu em Bombain, mas foi morar em Londres aos 13 anos) e dá a seus livros um conteúdo cósmico semelhante à profusão de deuses hindus. Gosta de Machado de Assis, Borges e García-Marquez, não acredita em estados teocráticos e acha que poderia ter escrito mais livros se não tivesse sido condenado à morte pelo Aiatolá Khomeini. Em tempo: ele não recomenda a ninguém ser incluído numa fátua. Apresentado por Milton Hatoum (Os dois iros) ao público do MASP, Rushdie é orador fascinante, freqüentemente inquirido sobre seus personagens - que garante, são absolutamente fictícios.

domingo, 18 de maio de 2003

Entrevista a Abujamra
Há tempos quero escrever algo sobre Antonio Abujamra e seu programa Provocações (TV Cultura), mas faltam-me palavras para definir este excêntrico entrevistador. Dizer o quê, sobre Abujamra? Que reinventa o déspota inteligente, meio Kerouak-Brecht, meio Becket-Hemingway? Jornalista fake, autor de pseudo-document?rios com outsiders e miseráveis da Praça da Sé? Em meio ao bloqueio criativo resolvi conceder - eu que detesto ser entrevistado - uma entrevista (fict?cia) a Abujamra:

- Quem você pensa que é?
- Um sujeito comum, desses que se olha na rua e não se dá nada por ele, enquanto lá vai ele se achando um gênio incompreendido. Não do tipo boêmio-toxicômano, que sonha morrer louco e esfarrapado em Paris, ou que poderia ter escrito algo genial aos 17 e desaparecido aos 22. Mas aquele que tece obra lenta e multi, como a daquele escritor irlandês, porém, sem a menor chance de comparação ou resultado parecido.
- A quem você acha que convence com essa conversa mole?
- A ninguém, nem a mim mesmo, ou a você. Talvez a um punhado de amigos otimistas demais.
- Blog, o que é isso? Para que serve isso?
- Blog é um lugar para escrever, espécie de registro hipócrita disfarçado de diário virtual. Blog não é livro ou poema. Blog não é nada, só algumas palavras escritas.
- E em que isso ajuda os 42 milhões de brasileiros que passam fome nesse país?
- Em nada. Blog é só exercício de vaidade.
- Você me faz perder tempo. Afinal o que você faz que pode reverter em alguma coisa positiva para a sociedade?
- Eu leciono e...
- Professor? E você acha que uma categoria mal paga e desprestigiada como os professores podem ser úteis em alguma coisa?
- Talvez, se indicarem os livros certos para seus alunos...
- E você não acha que isso é uma função da internet ou dos bibliotecários?
- Desde que conheçam seus acervos e que a busca na internet seja inteligente.
- Já que falamos de livros, qual foi o melhor autor que você já leu? E que grande autor você nunca leu?
- James Joyce e William Faulkner.
- Você é realmente muito previsível. Uma pena ter escolhido para entrevistar alguém tão medíocre.
- Azar o seu.
- Estamos chegando ao final da entrevista.
- Sorte a minha.
- Agora olhe para aquela câmara e diga tudo o que quiser: suas críticas, suas angústias, seus pesadelos. olhe ali e enforque-se na corda da liberdade.
- Abujamra sucks.
- Me dá aqui um abraço, que é a parte mais hipócrita de nossa entrevista...
- Só se for da sua parte.

Enquanto sobem os créditos, riem da encenação.
Averys

sexta-feira, 16 de maio de 2003

A um amigo em crise
Sim, você levou um grande susto esta semana. Depois foi assaltado pela terceira vez, pouco dias após o seqüestro do Alessandro. Está down e acha que a vida é pouco mais que lixo nesta cidade de São Paulo. E quase tem razão. Na verdade, vale menos que a taxa de lixo que o município nos cobra. Sabemos que a vida alcança cotação melhor noutras cidades, e que esta nos transforma em Geny do Zeppelin, em Bebel que a cidade comeu. É uma cidade partida, como o Rio de Zuenir Ventura. Estamos em blecaute. Mas acredite: bom mesmo é estar vivo, ter irmãos, ter amigos. Vá, se voc6e precisa ir. Mas lembre-se dos poetas e que o padecimento da matéria eleva o espírito.
Lakers eliminado
Malditos texanos!

quinta-feira, 15 de maio de 2003

Flyguy
Sensacional. A dica é do Luís.

Kirchner, por W.O.
Nestor Kirchner será o novo presidente Argentino, graças ao medo de Carlos Menem de amargar a primeira derrota nas urnas. Desconfie de todo peronista, eles são como Anthony Garotinho. Mas antes um peronista pró-Mercosul que pró-Alca. Acusado de pouco carismático pela imprensa argentina, Nestor foi preferido diante dos desastres econômicos da era Menem.

quarta-feira, 14 de maio de 2003

Menem pode desistir
O candidato Néstor Kirchner pode se tornar o próximo presidente da Argentina se Carlos Menem desistir do segundo turno, como anuncia o jornal El Clarín. Antes Kirchner que o kitsch.

segunda-feira, 12 de maio de 2003

Bola ao cesto
Escrevi isso nos anos 1990 e ainda acredito: não existe esporte coletivo mais emocionante que o basquete. Não existem jogadas mais rápidas, passes mais impressionantes e disputas de bolas mais acirradas que neste formidável jogo aéreo, em que a batalha acontece no ar e é difícil saber se as jogadas são mais racionais que instintivas.

No basquete, o tempo é peça-chave. Cada segundo pode significar vitória ou derrota. Inventado pelos canadenses e aperfeiçoado nos Estados Unidos, o basquete me conquistou ainda criança, com o desenho animado dos Harlem Globe Trotters. Joguei no primeiro e segundo graus como ala e embora não fosse um grande jogador, arremessava razoavelmente.

O tempo passou, o jornalismo me conquistou aos 16 e durante algum tempo esqueci o basquete, exceto pelo brilhantismo de Oscar, Pipoca e outros brasileiros bons de cesta. Em 1990 comecei a reparar no Los Angeles Lakers de Earvin “Magic” Johnson e viria a saber, no ano seguinte, que o maior ídolo do basquete norte-americano estava com AIDS. Em 1992, assisti ao Dream Team – Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Charles Barkley, David Robinson, Patrick Ewing, Karl Malone, Scottie Pippen, John Stockton, Chris Mullin, Clyde Drexler e Christian Laettner – na Olimpíada de Barcelona e voltei a acreditar que o céu era o limite.

Virei torcedor dos Lakers, mas na fase pós-Magic Johnson, em que o fenômeno Michael Jordan era absoluto. Foram seis anos de domínio do Chicago Bulls nas quadras, o que faz deste o time preferido da minha geração. Atualmente, há uma garotada torcendo para os Lakers, mas no país do futebol ainda é difícil encontrar alguém para falar de basquete.

Irônico é que no Brasil o maior incentivo para praticar o futebol é abandonar a escola – a maioria de nossos boleiros é semi-analfabeta – enquanto nos Estados Unidos o critério número 1 para entrar na NBA é ter cursado uma universidade. Embora seja uma sociedade diacrônica, a norte-americana tem a nos ensinar em matéria de mens sana in corpore sano.
2 a 2
A série está empatada. Na terça-feira e na quinta haverá jogos em San Antonio, com a torcida texana na catimba. No domingo, Kobe Bryant esteve brilhante, com vôos que lembram Michael Jordan. Shaquille O’Neal provou que algumas dezenas de quilos distribuídos em 2,16 m podem ser rápidas o suficiente para atravessar a quadra e enterrar na cesta adversária sem obstáculo aparente. Mas, verdade seja dita, não queria estar na pele dos torcedores de Dallas Mavericks e Sacramento Kings, que sofreram um bocado com a partida terminando empatada em 95 x 95, cinco minutos de prorrogação encerrando em 113 x 113 e finalmente a vitória por cinco pontos para o time de Dallas. Emocionante.

sábado, 10 de maio de 2003

quinta-feira, 8 de maio de 2003

114 a 95?!
Perdemos a batalha, mas a guerra ainda não acabou. A surra que o Los Angeles Lakers levou ontem de um excelente San Antonio Spurs ainda dói, mas a série está empatada. Amanhã o jogo é em Los Angeles. Aí eu quero ver. Mas, verdade seja dita, Tim Duncan continua insuperável e o argentino Ginobili é rápido demais para nossa marcação, que precisa (alô, Phil Jackson) de Rick Fox (por que ele está no banco?) e Samaki Walker, para dar um descanso aos combalidos Robert Horry e Derek Fisher, este último que não estava nos seus melhores dias para cestas de três pontos.

O Lakers não jogou mal. Sem dúvida, foi o melhor jogo das semifinais da conferência Oeste. O problema é que o San Antonio Spurs jogou BEM DEMAIS.

segunda-feira, 5 de maio de 2003

Obituário
A Waly Salomão
As artes brasileiras ficaram mais pobres não porque surgiu novo MC Serginho, mas porque sumiu Waly Salomão.

A Jair Borin
A primeira foi Elizabeth Callandrini, a professora da segunda série. Nos anos 90, Gigi Martins, no jornalismo pré-faculdade e Saul, que ensinava Filosofia e foi enterrado à chuva fina. Em 2002, Alexandre Borges, de comunicação comunitária e este ano Jair Borin. Além de aluno em Media Criticism, fui assistente de Borin na ECA-USP (Jornalismo Sindical), onde trocamos idéias sobre Napoleão (ele desprezava a biografia escrita por Emil Ludwig) e imigrantes suíços em São Paulo. Na nossa última conversa, um café com Paulo Moreira Leite (Época) na ECA, defini a Anistia como pacto medíocre e ele nada disse em respeito à minha insipiência. Pessoas assim estão, cada uma a seu modo, retratadas em Jack Lemon no filme A última grande lição (Cradle with rock), escrito e dirigido pot Tim Robbins, em que o velho professor ainda tem muito a ensinar. Mesmo que não reconheçamos, estamos sempre em débito com quem nos orienta para a vida.

A minha avó
Umbelina Pereira da Conceição era seu nome. Morreu em janeiro de 2002, e nunca foi mencionada aqui porque blog não é lugar para assuntos pessoais. Minha avó veio ao mundo em 1908, como Simone de Beauvoir. Não nasceu em berço burguês, não fez faculdade e muito menos mudou a história da mulher, como a intelectual francesa. Trabalhou no campo, adoeceu e morreu aos 93 anos recebendo a menor aposentadoria paga no Brasil. Sobreviveu a Beauvoir. Seus netos e bisnetos estão espalhados por várias partes do mundo: Venezuela, São Paulo, Roraima, Maranhão, Alemanha e... França. Beauvoir não deixou descendentes.

quinta-feira, 1 de maio de 2003

quarta-feira, 30 de abril de 2003

Inteligência emocional
Todo meu amor a Andréa Cattaneo, que hoje na USP tornou-se mestre em Ciências da Comunicação. Pois que mestre já era, na ciência do meu coração.
Li
B. B. King: Corpo e alma do blues - David Ritz e B. B. King
Vida e obra do rei do blues, das plantações de algodão do Mississipi a chá com a rainha da Inglaterra. Um trecho:

Espremo os olhos, abro a boca, ergo as sobrancelhas, jogo a cabeça para trás e sabe Deus o que mais. Parece que estou sendo torturado, mas na verdade estou em êxtase. Não faço isso porque quero. Cada fibra do meu corpo está vibrando. As notas atravessam meu corpo e fazem cócegas em minhas entranhas.

É King pra ser lido e ouvido.

Premonições
Passado o governo Jay Garner, o Iraque tornar-se-á (perdão pela mesóclise) uma teocracia xiita no modelo persa e será derrubada pelos Estados Unidos, com a ajuda de Saddan Husseim.

George W. Bush será reeleito - desta vez, sem fraudes.

Osama Bin Laden comandará a explosão da Estátua da Liberdade.

Rubens Barrichello chegará em segundo lugar.

Nenê Hilário deixará o Denver Nuggets para entrar nos Lakers (oba!).

Gugu Liberato e Carla Perez dividirão um talk-show.

Ah, chega.

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Do rancor
Daniel Piza teve dias melhores na Gazeta Mercantil, mas é caretice total no Estadão, onde ataca Paulo Coelho. Ora, se não gosta, não leia. Li dois e parei. A perseguição ao agora imortal já não se justifica, a não ser pela busca de audiência junto à Academia Brasileira de Letras, que sempre foi órgão mais político que de excelência. E não vale dizer que este é o papel do crítico.

O stablishment literário não engole Paulo Coelho porque se satisfaz com um povo ignorante, para reforçar a distinção entre plebe e elite, relegando à panelinha onde infelizmente me incluo a tarefa de obliterar tudo o que não satisfaz nossos cérebros cansados dos clássicos.

Paulo Coelho tem o mérito de formar leitores, "para desespero da crítica acadêmica que tanto parece invejar seu sucesso comercial", diz o próprio Piza, em saudável mea culpa.

quarta-feira, 23 de abril de 2003

Sem comentários
O Falou & Disse anda com problemas. Razão para a baixa interatividade. Ensaio novo lay-out e novo sistema de comentários.

terça-feira, 22 de abril de 2003


Réquiem (a Nina Simone)
Conheci-a naquele momento pós-Janis Joplin, em que fazemos o caminho de volta do rock para o blues; tempo marcado pelas relações duradouras e trilhas sonoras insubstituíveis, quando a solidão dos dois só tinha Nina Simone por testemunha.

segunda-feira, 21 de abril de 2003

Blogs
Enquanto Carlos Saraiva faz revival de Vivaldi, Leãdro Wojak investiga sumiço de órgão interno, Nei Costa troca de lay-out e Humberto Cruz ouve Sugar Minot. Alhures, minha sobrinha bloga entre strudels da velha Bavária.

sexta-feira, 18 de abril de 2003

Frases que sempre ouvimos
- A banda está trancada em estúdio;
- O grupo Hamas negou a autoria do atentado;
- O senador Antônio Carlos Magalhães não quis comentar o assunto;

terça-feira, 15 de abril de 2003

Village
Lou Reed regravou Walk on the wild side com letra anti-guerra sob o título Georgie joins the army. Dá pra ouvir .

segunda-feira, 14 de abril de 2003

Boca do inferno
- Eles agem como serpentes mas vamos cortá-los em pedaços.
- Deus vai assar seus estômagos no inferno.


Maldições atrozes são a especialidade do ministro da informação de Saddam Husseim, Muhammad Said al-Sahaf, que está desaparecido há quase uma semana. Al-Sahaf ficou célebre pelos xingamentos ferinos e elegantes desferidos contra Donald Rumsfeld, Bush 2 e Tony Blair, classificando-os de “histéricos”, "mentirosos" e “ladrões” entre outras gentilezas, conquistando a simpatia dos jornalistas que cobrem o conflito.
O ministro e suas frases formidáveis são homenageados aqui .

Sobre pesquisa científica

São Paulo - O ministro Roberto Amaral é mesmo afeito a frases infelizes. A mais recente, publicada no Estadão é: “não se faz ciência e tecnologia no Brasil se não for a partir de São Paulo e do Rio”. Falando assim, Amaral desconsidera o trabalho profícuo de cientistas que atuam na Amazônia, esquece das pesquisas em tecnologia desenvolvidas em universidades de Pernambuco e da Bahia e de centros de pesquisa no Sul e no Centro-Oeste com produção comprovada.

Propor campi avançados em outras regiões é uma alternativa, mas sem a estruturação e instrumentação dos que já existem, subsistirá a dependência por laboratórios melhor equipados. Isso prejudica o trabalho científico em determinadas regiões mas não estimula a migração, como acredita o ministro em inoportuna atitude corporativista.

O cientista fora de suas bases continua a fazer ciência.

Ao invés de tentar consertar as disparidades regionais desprezando a produção científica de fora do eixo Rio-São Paulo deve-se desestimular a imigração e repatriar cientistas brasileiros que estão no exterior. O trânsito interno entre regiões menos favorecidas e centros de excelência é pouco diante da comunidade científica que abandona o Brasil.

sexta-feira, 11 de abril de 2003

Leio B. B. King: Corpo e alma do blues, de David Ritz e B. B. King

Leio
B. B. King: Corpo e alma do blues - David Ritz e B. B. King

Leio Showrnalismo, de José Arbex Jr.
Sobre jornalismo, entretenimento e suas intersecções. O autor avalia o tratamento dado à notícia pelos grandes conglomerados de comunicação, atribuindo a qualidade do que é levado ao público à relação incestuosa do "quarto poder" com o stablishment político.

terça-feira, 8 de abril de 2003

Alvo: a imprensa
O ataque a jornalistas em Bagdá é crime de guerra e merece ser punido por algum tribunal internacional, desses que se reúnem de 20 em 20 anos em Haia para condenar pequenos ditadores do leste europeu.
Para a tropa norte-americana ("Matar, matar, matar!!"), a missão do dia era eliminar jornalistas, únicas testemunhas do massacre que se avizinha. Planejamento militar tosco, em que cães de guerra recebem ordens para vazar os olhos do mundo.

O jornalista Tarik Ayoube, da Al Jazeera e os cinegrafistas José Couso, do canal espanhol Telecinco e Taras Protsyuk (Reuters) morreram alvejados pelos que querem matar mais que Saddan Hussein: querem matar a consciência.

Doze jornalistas foram mortos desde o inicio da invasão ao Iraque.
Coisas que não existem
1 - Guerras justas;
2 - Bombas inteligentes;
3 - Democracia;
4 - ONU;
5 - Serra Leoa;
6 - Palestina;
7 - Tibete;
8 - Chechênia;

Lista em construção.
Mortos
A equipe do Iraq body count acompanha as mortes de civis durante a invasão anglo-americana. Sinistro.

segunda-feira, 7 de abril de 2003

Li
Conversa na catedral - Mario Vargas Llosa
A superposição de diálogos e o zigue-zague na linha do tempo desorientam os menos acostumados. Literatura latino-americana de primeiro time, o livro de Vargas LLosa reúne jornalismo, política, cultura caribenha e andina e exige bastante do leitor.

domingo, 6 de abril de 2003

Moto contínuo
I think it is vitally important for a President to know when to use military force. I think it is also very important for him to know when not to commit U.S. military force.... [I]t would have been a mistake for us to get bogged down in the quagmire inside Iraq...
Saddam Hussein's offensive military capability, his capacity to threaten his neighbors, has been virtually eliminated.

Dick Cheney, 1991

sábado, 5 de abril de 2003

Era uma vez
...então o Império conquistou a segunda maior fonte de petróleo do planeta e não precisou fazer mais guerras, porque dominava a todos. Viveram felizes para sempre.
Geografia
Lembra o velho mapa-múndi de papel, quando a criança fazia viagens imaginárias por estradas e rios estranhos. Dica do Rafael.
Um disco



Um signo



Uma ruína

sexta-feira, 4 de abril de 2003

A guerra na escola
O site ajuda profesores a lidarem com este tema exasperante, a guerra, em sala de aula. Da série funcionalistas que funcionam.

quarta-feira, 2 de abril de 2003

Branco
No princípio era a página em branco, mas logo as palavras começaram a aparecer. Vinham do noroeste, as palavras. As palavras eram negras e isso era bom. As palavras avançavam para o sudeste da página em branco, navegando a sotavento. Durante muitos anos as palavras ficaram no papel e um dia deixaram de ser impressas. Mudaram-se para uma tela de computador e tornaram-se pixels. Agora a página em branco é outro mar e as palavras, como as pessoas, mortais. Mas não no sentido finito. E a página em branco, que já não era tela cheia, ficou cada vez menor, até virar uma tela dentro da tela. Chamam-na blog. Quanto às palavras, navegam.

sábado, 29 de março de 2003

Rasgando seda
Todo meu apreço a Luís Nozes, que escreve o excelente 1000 e uma de Faro, na província do Algarve, e dedica ao autor destas e-pístolas um post de dadaísmo eletrônico.
Na tela
Revejo Fearless, onde sobrevivente de um acidente aéreo (Jeff Bridges) discute toda incerteza que avilta a vida. Um filme sobre valores.

Na janela
..enquanto isso, no karaokê, alguém canta Malandragem à Netinho de Paula.

sexta-feira, 28 de março de 2003

Tema do Mombo Bombo
Tudo pode acontecer
Lá vem o Mombo Bombo
Não irá se arrepender
De todos conhecer

O Mombo Bombo
O Pulinho e o Chico
Vivem muito mais pra ver
Com alegria todo dia
Tudo eles vão fazer

quinta-feira, 27 de março de 2003

segunda-feira, 24 de março de 2003


Na vitrola
Amused to death - Roger Waters




It's a miracle (Roger Waters)
Miraculous you call it babe
You ain't seen nothing yet
They've got Pepsi in the Andes
McDonalds in Tibet
Yosemite's been turned into
A golf course for the Japs
The Dead Sea is alive with rap
Between the Tigris and Euphrates
There's a leisure centre now
They've got all kinds of sports
They've got Bermuda shorts
They had sex in Pennsylvania
A Brazilian grew a tree
A doctor in Manhattan
Saved a dying man for free
It's a miracle
Another Miracle
By the grace of God Almighty
And the pressures of the marketplace
The human race has civilized itself
It's a miracle




Perfect sense (Roger Waters)
Hold on hold on soldier
When you add it all up
The tears and marrowbone
There's an ounce of gold
And an ounce of pride in each ledger
And the Germans killed the Jews
And the Jews killed the Arabs
And Arabs killed the hostages
And that is the news
And is it any wonder
That the monkey's confused
He said Mama Mama
The President's a fool






What God wants (Roger Waters)
What God wants God gets God help us all
What God wants God gets
God wants boarders
God wants crack
God wants rainfall
God wants wetbacks
What God wants God gets
God wants voodoo
God wants shrines
God wants law
God wants organised crime
God wants crusade
God wants jihad
God wants good
God wants bad
What God wants God gets




O Oscar e a guerra
Intimidados pelo neo-macartismo, Susan Sarandon, Denzel Washington, Bono Vox e outros pacifistas ficaram calados ou eufemizaram sua opinião sobre a guerra em parábolas intraduzíveis durante a cerimônia de entrega do Oscar. De todos, Michael Moore, diretor do documentário Bowling for Columbine foi o mais direto: disse que a eleição de George Bush Júnior é uma ficção, assim como seu governo e as razões para empreender uma guerra contra o Iraque.

sábado, 22 de março de 2003

Baixas
Um jornalista australiano morreu no norte do Iraque e uma equipe da ITN está desaparecida, diz a agência Ansa.

Updating: um réporter da ITN morreu.
Preto
Este blog adotou o preto desde a quarta-feira, 19 de março, em protesto contra a invasão do Iraque por tropas anglo-americanas. Preto como o petróleo, como os soldados enviados ao campo de batalha, como a noite de bombardeios.
Também mudou de nome. De Epístolas, passa a chamar-se e-pístolas. Esta pistola eletrônica, entretanto, só dispara palavras. Não tem poder de frear as balas, não consegue parar os mísseis ou conter os incêndios e as mortes de inocentes. No fundo, o gesto inócuo de quem é incapaz de alterar as decisões já tomadas pelos líderes da DEMOCRACIA.
Vistamos o luto, enquanto esperamos mudança de estação e a chegada de outros tons.

Na vitrola
Season of the witch - Luna
Concretismo
George Dáblio Bush
George Diabo Bush


Na vitrola
Simpathy for the devil - Rolling Stones

sexta-feira, 21 de março de 2003

O senhor da guerra (Legião Urbana)

Existe alguém esperando por você
que vai comprar a sua juventude
e convencê-lo a vencer


Mais uma guerra sem razão
e já são tantas as crianças com armas na mão
mas me explicam novamente que a guerra gera empregos
e aumenta a produção
uma guerra sempre avança a tecnologia
mesmo sendo guerra santa, quente, morna ou fria
pra que exportar comida
se as armas dão mais lucros na exportação?


Existe alguém que está contando com você
pra lutar em seu lugar, já que nessa guerra
não é ele quem vai morrer
e quando longe de casa, ferido e com frio
o inimigo você espera
ele estará com outros velhos
inventando novos jogos de guerra


Que belíssimas cenas de destruição
não teremos mais problemas com a superpopulação
veja que uniforme lindo fizemos pra você
e lembre-se sempre que Deus está do lado de quem vai vencer


O Senhor da Guerra não gosta de crianças
O Senhor da Guerra não gosta de crianças
O Senhor da Guerra não gosta de crianças

quinta-feira, 20 de março de 2003

Ficção
A operação chama-se Liberdade do Iraque.
Liberdade de araque.
Instrumento

Moab
Bagdá, cidade-paradigma, Babilônia, velho reino de sábios e comerciantes, é bombardeada agora. Baterias anti-aéreas explodem no céu da cidade que amanhece. Previsível.

Na vitrola
Star spangled banner - Jimi Hendrix

quarta-feira, 19 de março de 2003

Realidade e Ficção
Dizem que não há geração que não inclua quatro homens honestos que secretamente sustentam o universo e o justificam diante do Senhor: um desses varões teria sido o juiz mais idôneo. Mas onde encontrá-los, se andam perdidos pelo mundo e anônimos e nem eles mesmos sabem do alto ministério que cumprem? Alguém então opinou que, se o destino nos vedava os sábios, teríamos de procurar os insensatos. Essa idéia prevaleceu.

(Jorge Luis Borges)
Realidade
Tudo é ficção.

Luto?
Luta.


segunda-feira, 17 de março de 2003

Kafkiana
Era como se a vergonha devesse sobreviver a ele.
Lei da selva
Quando a humanidade tiver desaparecido e arquivos eletrônicos como este só puderem ser decodificados em velhos equipamentos de leitura digital por habitantes de outros planetas, saibam que desaparecemos porque éramos gananciosos, belicosos e impiedosos; espécie que não merecia viver neste belo planeta azul.
Contagem final
Faltam três horas para a declaração de guerra. É a lei da selva.

quinta-feira, 13 de março de 2003

Leio
Conversa na catedral - Mario Vargas Llosa

Li
Conexão Manhattan: Crônicas da big apple - Lucas Mendes
O texto econômico de Lucas Mendes narra lendas urbanas com sabor de causos interioranos. Provavelmente o único escritor capaz de descrever a trajetória de Rupert Murdoch sem compará-lo a Cidadão Kane. Tem jornalismo, boa literatura e novaiorquices.

segunda-feira, 10 de março de 2003

Blogs
Sidenia Pereira, que escreve muito bem e estudou , com a Andréa e comigo, agora bloga aqui, entre películas, roteiros e claquetes, para deleite geral do audiovisual. A ela, uma pergunta: Sidenia, afinal o que aconteceu ao senhor Farina?

sexta-feira, 7 de março de 2003

Blogs
Carlos Saraiva reinventa o blog sob perspectivas poética, política e ecológica em Um dia gnóstico, que traz escritos raros e inteligentes deste publicitário-cantor-compositor-poeta de quem era fã entes de amigo.
Involução
Cercado pelo exército inimigo, resistindo bravamente em meu bunker, com água, livros e filmes à invasão das ruas pelas hordas carnavalescas, sobrevivi.
Li
The Buenos Aires Affair - Manuel Puig
Mulheres caolhas artistas, vida e morte em Buenos Aires, cenas novaiorquinas e atmosfera kitsch nesta fábula às avessas do escritor argentino que "filma" suas histórias em celulose. Participações de Rita Hayworth, Bette Davis e outros ícones da indústria cultural.

Li
Entre os monges do Tibete - Lobsang Rampa
Terceiro livro contando as inacreditáveis aventuras de um monge tibetano em peregrinação pelo Ocidente. Para quem não se importa com discussões inúteis sobre ficção e não-ficção.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

Tas
O programa de Marcelo Tas na Brasil 2000 FM acabou, deixando indignada a comunidade blogueira-radiofônica. Da Brasil 2000 também foi tirado do ar o Garagem, panteão da música alternativa. Portanto, não há mais nada para se ouvir na pretensa rádio rock. Como a 89 FM, tá mais pra rádio pop.
Li
O fim do terceiro mundo - Márcio Souza
Sem dúvida um dos livros mais malucos do amazonense Márcio Souza, autor de Galvez, Imperador do Acre. Realidade e ficção entrelaçadas num thriller maluco envolvendo empresários inescrupulosos, escritores psicóticos e movimentos revolucionários indígenas em romance que acontece entre Manaus, Londres e Berlin.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

Receita para quebrar um império
1 - Eleja um presidente inconseqüente;
2 - Permita um orçamento de 355 bilhões de dólares para gastos militares;
3 - Aprove um orçamento adicional de 95 bilhões de dólares;
4 - Pague à Turquia mais alguns bilhões por sua colaboração;
5 - Aprove um pacote de isenções que beneficie principalmente o mercado financeiro.
Na vitrola
Cantaloop - US3

Leio
The Buenos Aires Affair - Manuel Puig.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

Leio
O fim do terceiro mundo - Márcio Souza

Li
Só as mães são felizes - Lucinha Araújo
Vida e morte de Cazuza contadas por sua mãe à jornalista Regina Echeverria. De rebelde sem causa a ídolo de grandes nomes da MPB, a história de Agenor Araújo Neto é narrada na mesma intensidade que em suas letras: com doses generosas de realidade e estoicismo.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

Blogoogle
Enquanto Mr. Ev bota a mão na grana, ficamos na mão. Desde que o Google comprou a Pyra Labs - e, por tabela, o Blogger - o serviço tem sido péssimo. Envergonhado, até o blog do criador desta maravilha eletrônica está temporariamente offline. Nada é mera coincidência.

domingo, 23 de fevereiro de 2003

Carnachatices
E vem aí mais uma edição deste período nefasto da vida brasileira, época de mortes no trânsito, abuso de drogas, sexo inseguro e idiotização geral, em que uma massa incontrolável toma conta do país, entorpecendo sentidos e tentando dissipar, num êxtase curto e de benefícios duvidosos, 500 anos de auto-comiseração.

Se Zé Limeira dançasse maracatu
PROPOE – Prosa e Poesia – N° 27 – EDITORIAL
Maria é uma pobre e sonhadora doméstica desempregada que procura emprego durante o ano inteiro e só deixa de sofrer quando se transforma, em fevereiro, em rainha na passarela do samba.

José é um contador numa pequena empresa que se esforça para sustentar seus oito filhos durante 361 dias no ano, e só se satisfaz nos quatro dias em que vira astro como passista da Beija-Flor.

Jurema é uma dona de casa classe média que não faz nada o ano inteiro e só não morre de tédio porque existe o reinado do Momo, quando então ela se acaba na avenida até quarta-feira raiar.

Armando Roitmann Vilar é alto executivo de uma holding gigante, mas só se realiza quando toca o seu surdo na bateria nota 10 da Mocidade Independente.

nós, odiamos samba.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003

Idleworm
Tudo o que você sempre quis fazer com operadores de telemarketing, mas não teve coragem; teletubbies extraterrestres que torturam atores de uma conhecida série de TV; sugestões para destruir o clipe xarope do Word e Norman Bates encontra Bill Gates, aqui. Dica do Nemo.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

O Quinze

São Paulo
As manifestações contra a invasão do Iraque no dia 15 de fevereiro foram praticamente ignoradas pela grande media, mas não se pode dizer o mesmo em relação à Internet. Neste site há fotos das passeatas realizadas em várias cidades do mundo, inclusive São Paulo. Encontrei a dica aqui.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

Na vitrola
Zwan - Honestly


Leio
Só as mães são felizes - Lucinha Araújo


Li

O Noviço - Martins Pena
Como se tivessem sido escritas há pouquíssimo tempo, as comédias de costumes de Luís Carlos Martins Pena trazem crítica social e situações em família que remetem às sitcoms. Atualíssimas, embora tenham sido escritas há 160 anos.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

Notas políticas

Enquanto os fiscais do Rio de Janeiro ganham em um ano o equivalente a 150 anos de trabalho, Antônio Carlos Magalhães desiste de presidir a Comissão de Justiça do Senado. Os primeiros alegam que abriram contas milionárias em seus nomes só para prejudicá-los, enquanto ACM argumenta que grampearam os telefones de seus adversários políticos com a mesma intenção. Minha solidariedade a essas pobres vítimas da maldade humana.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2003

Leio
O Noviço - Martins Penna


Li
Sempreviva - Antonio Callado
Desconcertante retrato de um Brasil violento e injusto que pouco mudou nos últimos 20 anos. Ensaio literário intenso de Callado, que apresenta múltiplos narradores, mas não de forma joyceana. Parece Rosa e Graciliano escritos no leito tísico de Proust.

domingo, 16 de fevereiro de 2003

Utilidade pública
Às crianças do Brasil: não assistam Jovens Tardes.
Aos pais: para um desenvolvimento sadio, não permitam que seus filhos assistam Jovens Tardes.

sábado, 15 de fevereiro de 2003

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

Manifestações pela paz no Brasil

São Paulo - Veja onde acontecerá, em cada cidade:
- Brasília (DF) - 9 hs - Passeata pela paz no Parque da Cidade. A concentração será no Quiosque do Atleta
-Campinas (SP) - 9 hs - Manifestação no Largo da Catedral
-Cantagalo (PR) - 17 hs - Ato público
-Curitiba (PR) - 9 hs - Caminhada com saída da Praça Santos Andrade até a Boca Maldita
-Florianópolis (SC) - 10 hs - Ato público em frente à Catedral
-Foz do Iguaçu (PR) - 8h30 - Atividades culturais e ato público na Praça do Mitre (Av. Jorge Schimmelpfeng – entre as ruas -Marechal Floriano e Almirante Barroso)
-Laranjeiras do Sul (PR) - Caminhada do acampamento do MST da BR 158, até a o centro da cidade. Está prevista uma vigília para a noite.
-Macapá (AP) - 14 hs - ato público no centro de convenções Azevedo Picanço, seguido por manifestações de rua.
-Natal (RN) - 9 hs - ato público político-cultural contra a Guerra no largo do Calçadão, Av. Pessoa – exposições fotográficas sobreo III FSM, teatro, poesia, música, bonecos alegóricos representando Bush.
-Petrópolis (RJ) - 11h30 - Ato \"Diga não a guerra e sim a Paz\" na Praça D. Pedro I
-Porto Alegre (RS) - 16 hs - Usina do Gasômetro
-Porto Velho (RO) - 9 hs - Ato público em frente ao Fórum, na praça Marechal Rondon (centro da cidade)
-Ribeirão Preto (SP) - 10 hs - Manifestação na Esplanada do Teatro Pedro II
-Rio de Janeiro (RJ) - 15 hs - Concentração na Praia do Leme, em frente ao Meridien
-Salvador (BA) - 10 hs - Caminhada com saída do Campo Grande com destino ao Pelourinho.
-São Bernardo do Campo (SP) - 10 hs - Leitura de um manifesto contra a guerra assinado por diversas entidades e apresentação de grupos de crianças católicas, muçulmanas e afros em frente à Igreja Matriz.
-Sorocaba (SP) - 9 hs - Marcha com saída na Praça da Bandeira em direção a Praça Cel. Fernando Prestes, onde haverá um ato contra a guerra.

Em São Paulo, a concentração será às 16 horas no vão livre do Masp, na Av. Paulista. De lá, a marcha segue até o Obelisco do Ibirapuera.
Averys

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003

Bolívia e Paraguai na encruzilhada
Nossos vizinhos, contrariando a tendência latino-americana, elegeram líderes de direita e já não sabem o que fazer com eles. Comprovam o achatamento salarial e motim da polícia de La Paz e o processo de impeachment frustrado pelo senado paraguaio. Sobre os presidentes Sánchez de Losada e Luís González Macchi, não há nada de novo a acrescentar.

domingo, 9 de fevereiro de 2003

Realidade virtual
Clique aqui e mergulhe nas imagens. A performance é razoável, mesmo em acesso discado.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2003

Esses coreanos...
A Coréia do Norte prometeu um holocausto nuclear a quem desafiar sua autonomia atômica. Prometem uma chuva de fogo sobre Seul. Mundo louco.
Esses ingleses...
Tony Blair plagiou a tese de doutorado de um pesquisador norte-americano para aumentar seus argumentos em favor de uma guerra contra o Iraque. A cópia intelectual é crime grave, principalmente quando usada para o mal. Desnecessário comentar a já abalada credibilidade de Blair.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2003

Esses turcos...
O Governo da Turquia aprovou o uso de suas bases militares, espaço aéreo, pontes, fronteiras e narguilés pelas tropas norte-americanas. Mas dizem que não vão participar da guerra contra o Iraque. Como diria Nefasto, interessante, muuuuito interessante.
Esses australianos...
Croc-parlamentares australianos bradam pela invasão do Iraque. A troco de quê? O que ganha a Austrália com a guerra? Duas explicações: a Austrália não é, de fato, um país, mas parte do Reino Unido ou está se candidatando ao(s) cargo(s).
Esses japoneses...
Eles podem inventar a fantástica roupa da invisibilidade, mas apoiar os Estados Unidos em quaisquer circunstâncias só tem duas explicações: submissão extrema ao ex-inimigo que arrasou sua economia e sua gente ou belicosidade incubada.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2003

Na vitrola
Volunteers of America - Jefferson Airplane
Esses norte-americanos...
Não sou o melhor analista de provascontra o Iraque que conheço, mas Collin Powell foi muito pouco convincente. Vocês podem não compreender bem porque não são especialistas, mas estes caminhões e estes armazéns são laboratórios móveis de armas químicas. Estas conversas-em-código-gravadas-secretamente são de militares iraquianos tramando o mal e este é o currículo atualizado de Saddam Husseim., disse Powell, entre os dentes, constrangidíssimo, sabendo que representava, ali, a inteligência militar em seu ground zero.

Powell esconde a Guernica.
Blog Trotter
Blogs, blogs, blogs
Dez mil blogs no Brasil
Antes que te afogues, navegando em tantos blogs
Poeta ordinário, que comete rima vil
Epifanize a rotina, cauterize a retina
A coluna dói, o mouse faz clique
Ao oftalmologista, rogue
Ao ortopedista, suplique

(Novembro de 2001)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2003

Blogs
Blogs com piadas de banheiro, blogs com sentimento, blogs informativos, blogs cruéis, blogs inúteis, blogs sem noção, blogs úteis, blogs vazios, blogs em profusão, blogs incógnitos na calçada, blogs sem nação, blogs assustados, blogs juntos ou separados, blogs perseguidos, blogs torturados, blogs livres, blogs blagues, blogs modernos, blogs fingidos, blogs completos, blogs estranhos, blogs azedos, blogs castanhos, blogs tutti-frutti, blogs antipáticos, blogs que odeiam, blogs complexos, blogs conformados, blogs jovens, blogs velhos, blogs bebês, blogs mulheres, blogs rurais, blogs de publicidade & propaganda, blogs de exatas, blogs divertidos, blogs de perfil, blogs de lado, blogs a três por quatro, blogs de quatro, blogs indigestos, blogs comíveis, blogs alto-astral, blogs down, blogs na oficina para reparos, blogs blasés, blogs sem energia, blogs bombados, blogs que reclamam, blogs arrastados, blogs animais, blogs simples, blogs atrasados, blogs perplexos, blogs cansados.

sábado, 1 de fevereiro de 2003

Li
Insônia - Graciliano Ramos
Insônia é o tipo de livro que, se for lido somente depois das principais obras de Graciliano Ramos, lhe fará perceber que deveria ter sido apresentado ao mestre alagoano por ele, e nenhum outro. Não à toa, é o primeiro.


Leio
Sempreviva - Antonio Callado
Profissões em baixa
Astronauta
Mural
Caro pesquisador da UFMG, se usar o texto sobre O Falador, de Vargas Llosa, favor citar a fonte. Militares tarados peruanos, afastai-vos deste blog. Não, não conheço ninguém na Síria com essa profissão. Rocco, que Rocco?

sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

quarta-feira, 29 de janeiro de 2003

Velocidade
Este ano volto a assistir Fórmula 1. Que o novo regulamento torne as provas mais competitivas e evite que carros controlados por computador (Ferrari) possam continuar roubando títulos de pilotos de verdade, gente que guiava com um braço, como Ayrton Senna, Alain Prost, Niki Lauda e Nigel Mansel. Premonição: o próximo campeão brasileiro será o amazonense Antônio Pizzonia.

terça-feira, 28 de janeiro de 2003

Na vitrola
Blues Explosion Attack - John Spencer Blues Explosion

Li
Ayrton Senna do Brasil - Francisco Santos
Biografia escrita pelo jornalista português Francisco Santos, com amor de brasileiro pelo esporte e seus ídolos.


Leio
Insônia - Graciliano Ramos

segunda-feira, 27 de janeiro de 2003

As antas
Ainda não há registros, na história humana, de publicidade tão precária quanto a das cervejas brasileiras: atores que se dispõem a morrer em troca de um gole; efeitos toscos; jingles insuportáveis e bela modelo que espalha cerveja em tudo...

Nada como criatividade zero para estimular a abstinência.
Às Índias
Participaram do Fórum Social Mundial mais de 100 mil pessoas, dos quais 20.763 eram delegados, representando 5.717 organizações de 156 países. A cobertura foi realizada por 4.094 jornalistas de 1.423 veículos, de 51 países. Destes, 3.262 vieram representando veículos de imprensa, rádio ou tevê e 832 como free-lancers. Agora, só no ano que vem, na Índia. Viva o ciberativismo. Viva a cidadania em rede. Viva a Amazônia. Etc.
Curtas
A polícia gaúcha reprimiu com violência o protesto de ativistas políticos durante o Fórum Social Mundial. A justificativa dos Brigadianos: Eles estavam nus.

Ilustres no FSM: Danny Glover, Noam Chomsky, Aleida Guevara, Hugo Chávez, Fritjof Capra, Lula...

Quanto vale um relatório de inspetores da ONU? Quanto custa um Hans Blix? Quanto custa um Tony Blair? Quanto vale um Jack Straw? Quanto ganha um Collin Powell?

sábado, 25 de janeiro de 2003

Réquiem
Hoje eu vivo de show, ajudo os irmãos com isso aí, ainda vou tirar bastante ladrão do crime. (Sabotage)

Pólis, ano 449

São Paulo - Hoje São Paulo fica mais velha, mas não parece. Cidade de pedra e vidro, ostenta essa aura mineral à custa das máquinas que a destroem e reconstroem todos os dias. É cidade virtual habitadas por blogs, que flanam pela avenida Paulista, ou prescrutam viadutos. Cidade continuum reage, empertigada, à infecção que somos nós. Não é cidade, é hospedeiro. Na entrevista, o lugar-comum "amor-ódio" definirá a relação da intelligentzia com a cidade. E da janela, todos pensarão que é difícil amá-la, porque...
Blogs
...esses indies dizem que saum fiéis ao seus respectivos movimentos contra-culturais, mas se fossem comparados ao lennon...

...se o pessoal do LS Jack é considerado músico, então os DJs também são. Resolvi, então, escrever aqui...

Às vezes eu acho que não sou muito fã dessas comédias americanas não, mas enfim!

Uma das bandas que está fazendo bastante sucesso na Argentina ultimamente chama-se Las Manos de Filippi. As letras são totalmente políticas e muito radicais.

As Obras Completas de Julío Cortázar começarão a ser publicadas neste ano.

O cantor colombiano Carlos Vives apresenta-se hoje em Quito.

Ela pediu para eu parar de beber. Vou parar. Porque a amo.

Uma escola de mulheres, bebíamos cerveja no centro acadêmico as dez da manhã cantando todas as músicas do rei, que saíam do livrinho de banca de jornal que a Samantha carregava na bolsa. Nunca mais vi a Samantha.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

Trainspotting II
Danny Boyle quer filmar a segunda parte de Trainspotting, mas enfrenta um problema sério: o elenco está totalmente geração saúde, sem aquele visual junkie que marcou o primeiro filme.

Todos estão usando creme para o rosto, ironizou Boyle, durante o lançamento de seu novo filme no Sundance 2003.
Cidade da Juventude Carlo Giuliani
Porto Alegre - O acampamento lembra um show de rock n'roll, mas é uma aposta ideológica. Gente que quer mudar o sistema, que sabe que do jeito que as coisas estão, podemos nos inviabilizar enquanto seres humanos. Há pouca gente quando instalo minha barraca sob uma árvore, perto do MST e de uns chilenos. Os canadeneses (digo, quebequenses) estão aí já há algum tempo, ao lado de uns franceses radicais.

(Publicado há um ano, neste blog)
Leio
Ayrton Senna do Brasil - Francisco Santos

Fórum Social Mundial

Porto Alegre - Por motivos de for$a maior, este blog não será atualizado de Porto Alegre. Acompanharemos esta edição diante da tela, em algum ponto de São Paulo. Nossa passeata é virtual. Nosso protesto, digital. Nossas palavras de ordem, por escrito. Desejaremos um mundo melhor e sem guerras, mesmo que uns não queiram.
Averys


terça-feira, 21 de janeiro de 2003

Mad America
O escritor John le Carré avalia que os Estados Unidos vivem uma época de loucura histórica, mais grave que o McCartismo e potencialmente mais desastrosa que a guerra do Vietnã. No Times.
Na vitrola
My favourite things - John Coltrane
Sobre Imprensa
O que Miriam Leitão, Bóris Casoy e Arnaldo Jabor têm em comum? Não sabem nada sobre a Venezuela. E muito pouco sobre o Brasil. Hoje, Miriam Leitão disse que a Venezuela fornece energia para o Acre, que tem fronteiras com Peru e Bolívia. Na verdade a Venezuela fornece energia para Roraima. É o Peru que deseja vender energia ao Acre. Já as observações esta(tís)ticas de Arnaldo Jabor e Bóris Casoy ignoram as nuances políticas num país tão pluri-etno-geo-humano quanto a Venezuela, com ecosistemas amazônicos, andinos e caribenhos. A Venezuela não é só Caracas.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

Entrevista
Miriam Leitão - Mas se há um conflito aqui, ajudar uma das partes não é intervir em assuntos internos?
Hugo Chávez - Creio que a sua pergunta... como vou responder... não tem fundamento. Porque aqui não há duas partes. Na Colômbia, há uma guerra civil, interna, há 40 anos. Nós vendemos muitas coisas para a Colômbia. Poderá alguém dizer que a Venezuela está intervindo em assuntos internos da Colômbia? Se estamos apenas fazendo comércio! Então, a Rússia também intervém nos nossos assuntos internos, porque também nos vende muitas coisas. Os EUA também. É uma coisa irracional e que não é base nem para se fazer uma pergunta. Como vou responder, então, essa pergunta? Porque é totalmente sem lógica e sem razão. É uma coisa louca! Olha, em todos os países do mundo, há conflitos. Em todos. Então, ninguém poderia vender nada a ninguém - um copo de água, um quilo de café - porque significaria que se está intervindo no conflito do outro país? De onde saiu essa tese? Só da loucura ou da oposição venezuelana. Diante desta situação de subversão contra o Estado e contra o povo, pedimos ajuda.

domingo, 19 de janeiro de 2003



Waterboys - The Whole of the Moon
I pictured a rainbow
You held it in your hand
I had flashes
You saw the plan
I wandered out in the world for years
While you just stayed in your room
I saw the crescent
You saw the whole of the moon
The whole of the moon

You were there in the turnstiles
With the wind at your heels
You stretched for the stars
And you know how it feels
To reach too high
Too far
Too soon
You saw the whole of the moon

I was grounded
While you filled the skies
I was dumbfounded by truth
You cut through lies
I saw the rain dirty valley
You saw "Brigadoon"
I saw the crescent
You saw the whole of the moon

I spoke about wings
You just flew
I wondered, I guessed and I tried
You just knew
I sighed
And you swooned
I saw the crescent
You saw the whole of the moon
The whole of the moon
The whole of the moon

The torch in your pocket
And the wind on your heels
You climbed on a ladder
And you know how it feels
To get too high
Too far
Too soon
You saw the whole of the moon
The whole of the moon

Popcorn and cannonballs
All the season's fears
Trumpets, towers, and tenaments
Wide oceans full of tears
Flags, rags, ferryboats
Senators and scars
Every precious dream and vision
Underneath the stars
Yes, you climbed on a ladder
With the wind in your sails
You came like a comet
Blazing your trail
Too high
Too far
Too soon
You saw the whole of the moon

sábado, 18 de janeiro de 2003

Guerra e paz
Os protestos contra a guerra em Washington reuniram 200 mil pessoas. Enquanto isso, em Seul, coreanos do Sul apoiavam os Estados Unidos contra seus irmãos do Norte. Ouve manifestações na Alemanha, Japão, Rússia e Inglaterra. No Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, cidadãos norte-americanos participarão de um ato de paz.
Set list
A seleção da MTV é passável, mas ignorou clipes antológicos, como Road to Nowhere (Talking Heads), preferindo Burning down the house. Houve outras escolhas duvidosas, como os clipes do R.E.M. (Stand, mas poderia ser Fall on me) e Devo (Disco Dancer, mas poderia ser Satisfaction), mas pelo menos não esqueceram Replacements, Ultravox e Pixies. Menção honrosa a Waterboys, com The whole of the moon.

Outras grandes escolhas: Police - Every little thing she does is magic, Duran Duran - Hungry like the wolf, Stray Cats - Rock this town, The Clash - Rock the casbah, The Jam - A town called Malice, Men at work - Who can it be now, Pretenders - Back on the chain gang, The The - This is the day, David Bowie - Let's Dance, Nena - 99 luftballoons, The Cure - The love cats, Cindy Lauper - Girls just wanna to have fun, Eurhytmics - Sweet dreams (are made of this), Smiths - How soon is now?, Echo & The Bunnymen - The Killing Moon, New Order - Bizarre love triangle, Simple Minds - Alive and kicking, Ultravox - One small day, Jesus and Mary Chain - Happy when it rains e a fantástica Waterboys - The whole of the moon.

E ainda teve Human League, Culture Club, B-52's, The Carrs, Big Country, Soft Cell, Frankie Goes to Hollywood, Bronski Beat e os insuportáveis Oingo Boingo, Depeche Mode, Gene Loves Gezebel e Go-Go's.
Na tela
Maratona dos anos 80 na MTV. Interessante assistir a tão toscos clipes e perceber, além da moda kitsch e do apelo comercial das drum machines, que havia mais amor à música que ao dinheiro, como se o rock fosse menos comercial que na atualidade. Talvez uma impressão equivocada, de quem encontra na geração seguinte os defeitos que não via na sua - reconhecendo, ao mesmo tempo que a anterior foi mais feliz. Como naquele filme, em que o velho jornalista explica ao foca (jornalista iniciante) que o bom e verdadeiro rock n’roll estava morto naqueles 70. Que o espírito original do rock não existia mais. Errava nalgum Hades, Aasgard ou Brigadoon. Agora era um negócio chamado show-business.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

Uma piada
O presidente Bush, querendo aumentar sua popularidade, visita uma escola. As crianças são reunidas, ele explica a sua plataforma de governo e pede às crianças que façam perguntas. O pequeno Bob toma, então, a palavra:

-- Senhor presidente, tenho três perguntas:
1) Por que o senhor mesmo perdendo nas urnas ganhou a eleição?
2) Por que o senhor quer atacar o Iraque sem motivos?
3) O senhor não acha que a bomba de Hiroshima foi o maior ataque terrorista da história?

Neste momento, soa a campainha do recreio, e todos os alunos saem da sala. Na volta, Bush mais uma vez convida as crianças a fazerem perguntas, e Joe levanta a mão:

-- Senhor presidente, tenho cinco perguntas:
1) Por que o senhor mesmo perdendo nas urnas ganhou a eleição?
2) Por que o senhor quer atacar o Iraque sem motivos?
3) O senhor não acha que a bomba de Hiroshima foi o maior ataque terrorista da história?
4) Por que o sinal do recreio tocou 20 minutos mais cedo?
5) Cadê o Bob?

quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

Fórum Social Mundial

Perto Alegre - A terceira edição do Fórum Social Mundial acontece entre os dias 23 e 28, em Porto Alegre (RS). Quem já lia este blog há um ano, acompanhou updates direto do Rio Grande do Sul. Se você mora em São Paulo e vai ao Fórum este ano - será o último na América Latina -, entre em contato.
Na tela
Gilberto Gil reúne a equipe, convida o ministério de Lula para uma reunião de trabalho e... dá um show liliputiano em pleno expediente, dedicando a música Drão a Ciro Gomes e Patrícia Pilar.

Adoro este país.

Guerra fria