quinta-feira, 27 de janeiro de 2005
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2005
Carta ao Ansar Alsunnah
Não se igualem a déspostas não-esclarecidos. Libertem o brasileiro João Vasconcelos. Não somos como Japão, Coréia do Sul, Dinamarca e outros parceiros da coalizão anglo-americana, dispostos a sacrificar até o último dos seus filhos em apoio a Bush. O Brasil é (ou tenta ser) diferente. Aqui construímos uma nação multi-étnica que é exemplo mundial de tolerância. Por aqui convivem em relativa paz judeus, árabes, católicos, pentecostais, corintianos e palmeirenses. Ainda devemos maior respeito aos índios, mas com paciência vamos conseguir.
Libertem João Vasconcelos, que a nada lhes serve e tentem donos de empresas petrolíferas. Quem sabe um Chenney ou um Runsfeld? Desejo-lhes sorte e sabedoria para melhor escolher o alvo de sua compreensível revolta.
PS: O texto acima pode ser traduzido para o árabe, livres os direitos autorais.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2005
Agressão a jornalista
Dias antes, Lúcio Flávio havia publicado uma matéria no Jornal Pessoal sobre as ligações da família Maiorana, dona do jornal O Liberal, emissoras de rádio e da afiliada da TV Globo em Belém com a politicalha paraense. A reportagem analisa as relações intestinas com os governos militares e o quase-monopólio da comunicação no Pará pelos Maiorana.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2005
segunda-feira, 17 de janeiro de 2005
Justiça
Eles foram vítimas de uma emboscada depois de terem sido detidos por um policial (também membro da Ku Klux Klan), que os prendeu durante algum tempo. O suficiente para que os integrantes da seita se organizassem e os perseguissem. Os três foram retirados do veículo, executados e enterrados. O carro em que viajavam foi incendiado para ocultar provas incriminatórias.
Esse caso terrível foi retratado no filme "Mississippi Burning" (Mississippi em Chamas), estrelado por Gene Hackman. Aliás, após ter visto o filme, em 1989, ao lado de Bill Minor, outro repórter e ativista de direitos humanos e dois agentes do FBI, Mitchell decidiu entrar com tudo na investigação. Os quatro dissecaram o crime e o próprio Mitchell reconheceu que algo precisava ser feito para corrigir aquela injustiça. Na verdade, Killen foi levado a julgamento em 1967, mas inocentado por um júri composto apenas por pessoas brancas.
Trecho de "O Bom e o mau jornalismo" (Antônio Monteiro), publicado no Comunique-se
sexta-feira, 14 de janeiro de 2005
Outra banda de rock irlandesa
quinta-feira, 13 de janeiro de 2005
terça-feira, 11 de janeiro de 2005
terça-feira, 4 de janeiro de 2005
Tsunamis
Ali, onde a rica Europa foge do inverno, a natureza faz seu trabalho desconstruindo a obra humana. Embaixo, a destruição visível e imensurável. Da foto do satélite, apenas a beleza de praias reconstituídas em seu desenho original. Aqui, onde a combinação de rochas, céu e oceano é bela e rara, penso que tudo é para sempre.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2005
On the road
Vitória - O estado do Espírito Santo, no sudeste do Brasil atesta o que diz a propaganda: uma bela surpresa encravada entre Bahia e Rio de Janeiro, os principais destinos turísticos do País.
São 524 quilômetros pela BR-262, de Belo Horizonte a Vitória. Minas Gerais tem a maior malha viária do Brasil e algumas das piores estradas. As rodovias federais e estaduais estão repletas de buracos e com sinalização deficiente. Muitas placas estão cobertas pelo mato e em certos pontos os avisos de perigo (pedaços da estrada foram tragados pela chuva) estão lá há tanto tempo que já enferrujaram. Ao atravessar a divisa com o Espírito Santo, a rodovia melhora sensivelmente. Uma estrada, duas visões políticas.
O trajeto sinuoso que começa no Caparaó leva-nos por sopés de montanhas estranhiformes. Pousadas e hotéis ecológicos se espalham, movidos a rapel, rafting e trekking a mil metros de altitude. No litoral, praias cercadas por rochas e pequenas ilhas, praias calmas e semi-desertas, praias para surfe, praias, praias, praias.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2004
Natal
tan-tan-tan
tan-tan-tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan-tan-tan
(Desça um tom na última nota e nunca mais esqueça os compassos de Jingle Bells).
Ei, irmão
vamos seguir com fé
tudo que ensinou
o homem de Nazarééééééé
(Chitãozinho e Xororó, para ouvidos menos sensíveis a altos decibéis).
Natal, Natal das crianças
Natal da noite de luz
Natal da estrela-guia
Natal do Menino Jesus
Blim, blão, blim, blão, blim, blão...
Bate o sino da matriz
Papai, mamãe rezando
Para o mundo ser feliz
(Simone, no slowmotion CD 25 de dezembro, só para cristãos muito pacientes).
So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
(Veja, John Lennon, o pior de tudo é que a maioria dos comerciais só usa a primeira estrofe e encobre o resto da letra com ofertas e prazos de pagamento. Ninguém agüenta mais os comerciais. Nem a música)
Esquecem o espírito do Natal e valorizam o consumo etc.
(Lugar-comum preferido entre jornalistas sem assunto nos seus enfadonhos artigos diários).
terça-feira, 21 de dezembro de 2004
segunda-feira, 20 de dezembro de 2004
Plagiários de todo o mundo, uni-vos!
O serviço ainda precisa ser aperfeiçoado. Na pesquisa sobre o e-pístolas foram indicados textos de minha autoria reproduzidos com crédito em outros blogs, assim como textos com crédito que reproduzi no e-pístolas.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2004
As mulheres da minha vida
quarta-feira, 15 de dezembro de 2004
terça-feira, 14 de dezembro de 2004
Sobre imprensa
Leia mais no Geógrafos sem fronteiras.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2004
sexta-feira, 3 de dezembro de 2004
quinta-feira, 2 de dezembro de 2004
quarta-feira, 1 de dezembro de 2004
Só dá valor quem tem
segunda-feira, 29 de novembro de 2004
Cesta básica
O texto acima é do Israel Barros, que põe na ponta do lápis o investimento necessário para quem deseja ouvir música durante uma caminhada no parque.
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre as reais intenções da indústria fonográfica ao vender arquivos de MP3, uma dica: é como comprar o equivalente às velhas fitas-cassete piratas dos anos 1980. Alguém ainda se lembra?
domingo, 28 de novembro de 2004
Coisas detestáveis em bliteratura
quinta-feira, 25 de novembro de 2004
Coisas detestáveis em literatura
Bukoswski jamais seria Henry Miller porque nunca foi um grande leitor e se interessava mais pelas garrafas que pelas mulheres. Nem William Burroughs porque, convenhamos, Burroughs é de erudição e decadência insuperáveis. Jamais seria Jack Kerouak porque pôr o pé na estrada significaria uns goles a menos na imobilidade dos bares. Ernest Hemingway não fazia do álcool sua única profissão de fé: tinha mais assunto. Scott Fitzgerald também, mas tinha classe. James Joyce tomava todas, mas se os seus livros porventura são interpretados como resultado de bebedeira falta vinho a seus detratores.
segunda-feira, 22 de novembro de 2004
A lista do Francis
Guardava artigos de PF publicados na Folha, no Estadão. Lia e relia descobrindo aforismos, hipérboles novas, no seu texto encontrava palavras desconhecidas que me faziam correr até o dicionário e ler sempre mais de um verbete - como fazem os que lêem dicionários. Dentre os achados, a sua sugestão de biblioteca básica:
Os Sertões, de Euclides da Cunha;
Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Memorial de Aires, de Machado de Assis;
A Apologia e Simpósio, de Platão;
As Vidas, de Plutarco;
A Guerra do Peloponeso, de Tucídides;
Os Doze Césares, de Suetônio;
Declínio e Queda do Império Romano, de Gibbon;
Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper;
Prefácio do Novum Organum, de Francis Bacon;
Prefácio dos Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton;
Prefácio de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead de seus Princípios da Matemática;
História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell;
o capítulo sobre Positivismo Lógico;
Hamlet, de Shakespeare;
Antígona, de Sófocles;
Pequena História do Mundo, de H.G.Wells;
As Confissões, de Santo Agostinho;
A Origem das Espécies e Viagens de um Naturalista ao redor do Mundo, ambos de Darwin;
Cidadãos, de Simon Schama;
Rumo à Estação Finlândia, de Edmund Wilson;
História da Revolução em França, de Edmund Burke;
A Revolução Russa, de Trotski;
History of the United States of America, de Hugh Brogan;
Dicionário de Economia, da Abril;
Guerra e Paz, de Tolstói; Crime e Castigo, de Dostoievski;
A Montanha Mágica e Dr. Fausto, de Thomas Mann.
Dizia: "A lista que fiz me parece o básico. Em algumas semanas, duas horas por dia, se lê tudo. Duvido que se ensine qualquer coisa de semelhante nas nossas universidades. Se eu estiver enganado, dou com muito prazer a mão à palmatória."
Não é razão para deixar de estudar. Mas PF tem razão.
quarta-feira, 17 de novembro de 2004
terça-feira, 16 de novembro de 2004
Li A trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster
Auster tem grandeza intelectual indiscutível, mas aqui ela é apenas insinuada. O autor não a deixa emergir, para não prejudicar o andamento aparentemente simples das três histórias. Cidade de Vidro começa com um telefonema recebido tarde da noite por um escritor de contos policiais que é confundido com um detetive particular chamado... Paul Auster. Em Fantasmas reúnem-se paranóias de investigadores e investigados nos anos 1940, em clima noir, onde os nomes não importam, todos substituídos por cores como Blue, Black, White, Brown e os papéis se invertem: loucura entra em cena.
O quarto fechado é a última novela e quase explica o início do livro, mas faz bem em não cumprir a missão. Melhor procurar o escritor maluco que não quer ser encontrado e ficar à mercê do mistério que a previsibilidade da literatura fácil dos que desconhecem Milton e não entendem porque o Harvey Keitel insiste em fotografar sempre a mesma cena em Smoke, o filme.
quinta-feira, 11 de novembro de 2004
Uma canção
(Bob Nelson)
Quando monto em meu cavalo e jogo o laço
prendo logo, prendo logo um coração
sou cowboy, gosto muito de um abraço
mãos ao alto e não vá dizer que não
Sou vaqueiro, capataz de uma fazenda
nas horas vagas também toco um violão
o meu cavalo é ensinado
leva bilhete para a filha do patrão
quarta-feira, 10 de novembro de 2004
O poema
Todo mundo quer amor / eu só quero a dor / todo mundo quer ter paz / eu vivo na espera / e no fim das contas / vou aonde meu nariz aponta (Stoney)
Ah, eu vou embora um dia / vou levar só o que carregar / bem assim eu me vejo indo / claro outono / a chuva caindo (Avenida Principal, 777)
Ouviram do Ipiranga / o brado redundante / viva o Brasil / onde o povo manda / Terra de santa Cruz / viveiro de urubus / a cuidar da vida alheia / bandeiras vermelhas / O futuro acabou / levante as mãos quem acreditou / o futuro éramos nós / perdidos e sem voz (Bandeiras vermelhas)
Vai ser tão bom, o maior som / deixar a Babilônia / deixar pra trás, sem outros que tais / a azia e a insônia (O chão encontra as nuvens)
Na margem do grande mar violeta / cavalos alados disparam siderais / sons e fúria tomam a luz do planeta / lâminas de fogo avançam mais e mais (Os novos deuses)
terça-feira, 9 de novembro de 2004
Um poema
Na minha infância campestre, celeste
Na minha juventude de loucuras e de alturas
Na idade adulta, idade de desdita
Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas
Adam Mickiewicz (1798-1855), traduzido por Paulo Leminski e reproduzido no encarte do Mande minhas lembranças ao onze, primeiro CD do Projeto Igor.
sexta-feira, 5 de novembro de 2004
A little bit more
Vengeange means a cold dinner.
Check it out.
quinta-feira, 4 de novembro de 2004
Sad, sad day (ou como Bush estragou o dia)
That's it. Intollerance wins. Homophobia wins. Barbarians win. Fundamentalism wins. Rich people wins. Ignorant people, also. So good-bye rock n' roll, hello Garth Brooks. Good-bye books, hi E! Entertainement Television. Good-bye yellow brick road, what's up, oil fields?
Choosing racism, greed and self-destruction, american people proofs, time after time, that 'civilization' as we know is going down. The president seems like an hibrid of Doctor Drake Ramoray (Friends) and Doctor Strangelove.
terça-feira, 2 de novembro de 2004
Almas Gêmeas
Ivete Sangalo, na Veja.
sexta-feira, 29 de outubro de 2004
Inteligência coletiva
quinta-feira, 28 de outubro de 2004
Bloguema número 27
Com o trabalho bem-feito
Não tenho cara de prefeito
Mas um dia acabo eleito
sexta-feira, 22 de outubro de 2004
Mulheres desaparecidas
a) Resolveram seguir carreira musical, adotaram o visual afro e fazem backing vocal para o Paul Simon?
b) Integram a nova formação de As Panteras (Charlie's Angels)?
c) Entraram em crise com o excesso de exposição e agora só escrevem diários fechados?
d) Todas as respostas anteriores.
quinta-feira, 21 de outubro de 2004
Persona virtual
quarta-feira, 20 de outubro de 2004
Na tela
terça-feira, 19 de outubro de 2004
sábado, 16 de outubro de 2004
sexta-feira, 15 de outubro de 2004
Na tela
O tema do holocausto é sempre muito caro a Hollywood e pode favorecer a produção na sua entourage pela Academy Awards, na esperança de disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas além das qualidades técnicas, a história de Olga Benario, mulher, judia, comunista e revolucionária é um libelo anti-mediocridade. Um alerta de que nossas vidas precisam de alguma justificativa, porque viver só vale a pena com ideais.
Olga é dirigido por Jayme Monjardim.
quinta-feira, 14 de outubro de 2004
quarta-feira, 13 de outubro de 2004
Na vitrola
Scissors Sisters
segunda-feira, 11 de outubro de 2004
Das cidades
domingo, 10 de outubro de 2004
88 loucos ou Kill Bill 2
Belo Horizonte - Algaravia audiovisual egoísta e provocativa, uma insanidade de humor esquisito. Como se Kubrick, Lynch e Peckimpah tomassem chá na casa do lago em As Invasões Bárbaras. Tudo em Tarantino é uma grande aposta de pós-cinema.
quarta-feira, 6 de outubro de 2004
terça-feira, 5 de outubro de 2004
Decoração
segunda-feira, 4 de outubro de 2004
As invasões bárbaras
sexta-feira, 1 de outubro de 2004
Vote nulo...
Políticos de baixa qualidade estão no poder, entre outras razões, pela (des)orientação comandada por imprensa e Judiciário, que só concebem o ato de votar em candidatos. Desconsideram o voto que não lhes favorece. O voto útil é disseminado, por ignorância ou por má-fé, como equivalente ao voto em branco. Votar em branco é apoiar o candidato com maior número de votos. É aceitar. É como deixar de votar.
Há 90 municípios no Brasil com candidato único a prefeito. Vi no Jornal Nacional que na última eleição um município votou assim: 45 por cento de votos para o candidato único, 53 por cento de votos em branco e 2 por cento de votos nulos. O TSE decidiu que o candidato único deveria ser eleito porque a maioria de votos em branco só podia significar uma coisa: que o povo queria o candidato único. Um absurdo, considerando que o desejo da população era outro.
Que as urnas eletrônicas sejam dotadas de tecla para anular o voto. Votar nulo é um recado: mostra que a sociedade está descontente com o quadro atual. Que quer novas opções. Vote para prefeito e vereador, se quiser. Mas se seus candidatos não servem, clique num número inexistente e anule seu voto. Votar nulo é um exercício de cidadania. Em branco, de obediência.
quinta-feira, 30 de setembro de 2004
Na Tela
Kerry é um gentle giant, veterano do Vietnã que gosta de jactar-se quanto à capacidade guerreira e superioridade estratégica. Disse que existe uma maneira certa e uma maneira errada de defender Uncle Sam. Bush estaria insistindo na errada. No contra-ataque, Bush lançava olhares sibilinos e desqualificava o discurso do democrata. Em todas as suas falas (transmitidas para um palmtop no púlpito e um ponto eletrônico produzido com o melhor da nanotecnologia) insistiu que Kerry muda de idéia facilmente, assumindo a máxima de que só os idiotas não mudam de idéia. Como troco, Kerry ironizava a queda nos investimentos na segurança interna e os gastos montruosos nas guerras de expansão no Iraque e no Afeganistão.
Bush irritado, investia no medo, dizendo que o senador é muito indeciso para assumir o comando da nação num momento de crise como o atual. Kerry vingava-se afirmando que a primeira providência na invasão ao Iraque foi proteger os poços de petróleo. Bush retrucava dizendo que prevenir é melhor que remediar. Kerry ironizava dizendo que atacar o Iraque por causa do 11 de Setembro equivale a Roosevelt atacar o México por causa de Pearl Harbor. Bush vacilava entre o texto que aparecia no palm e o que chegava ao seu ouvido e ficou confuso, mas Kerry não percebeu. Kerry demonstrou maior inteligência, o que não é grande coisa diante do fundamentalista texano. O problema é que o povo norte-americano valoriza mais a astúcia que a inteligência. É provável que o selvagem vença o gentle giant. Seja qual for o resultado, o mundo não se tornará mais seguro.
terça-feira, 28 de setembro de 2004
A idade de Cristo
Relato de uma internação
Ar. Só o valorizamos quando nos falta. Meu peito dói. A respiração é curta. Tenho febre. Náuseas. Encolhido numa cadeira de rodas, tento respirar. As costelas esmagadas por uma pressão abissal. Os pensamentos em espasmos. Tento me concentrar, saber como vim parar aqui. Olho em volta. Um corredor de hospital. Odeio hospitais. Frase feita, odiar hospitais. Ofende-se a quem trabalha neles. É como me dissessem odiar universidades. E há quem o diga.
Começo a lembrar. Árvores passavam pela janela. Andréa dirigia, um olho em mim outro no volante. Perguntava como eu me sentia. Tentava me manter acordado. Me deixou numa entrada de emergência e foi estacionar. Entrei cambaleando pela porta da frente. Disse à recepcionista que não conseguia respirar. Fui encaminhado para uma maca. Deitei. Esperei uma eternidade. Um médico veio e me fez perguntas. Respondi o que pude. Colocaram-me nesta cadeira de rodas. Tenho frio e dores por todo o corpo. Sensação de desmaio. Parece um ataque de pânico. Preciso sobreviver. Para contar.
sexta-feira, 17 de setembro de 2004
Frases para se desconfiar
1 - Vamos deixar as coisas como estão.
2 - É bom, mas tem um problema.
3 - Entraremos em contato.
4 - É só uma pequena intervenção.
quinta-feira, 16 de setembro de 2004
Do conservadorismo
A vida é constante movimento. As tentativas de interromper esse fluxo, por mais assimétrico, desconcertante e vertiginoso que seja, devem ser consideradas crime contra a humanidade. Mudar está previsto no código genético de todos os seres. A própria palavra ser indica inconstância. Em inglês, francês e italiano os verbos ser e estar têm o mesmo significado. Em português têm interpretações diferentes, mas isso, longe de ser ruim, só amplia o signifcado. Todo estar é momentâneo. Nós estamos mais do que somos.
Mudar a disposição dos móveis, mudar de lugar, de cabelo, de cidade, de leitura, mudar de canal, mudar de moda sem entrar na moda da mudança não é mero exercício de vaidade, mas uma proposta de retorno à natureza. Porque assim como a natureza, somos seres em permanente transformação.
Tudo se transforma, mas é da natureza do ser humano achar que pode viver de forma independente da... natureza. E julgar-se extra-natureza é como declarar-se extra-terrestre. A tentativa de se conservar explorando os recursos naturais (recursos em mutação) traz conseqüências já conhecidas. A natureza, como os homens-bomba, vinga-se indiscriminadamente.
Nossa necessidade de mudança não precisa ser necessariamente uma renúncia ao que gostamos. Ficam os bons livros, os bons discos, os bons amigos, as boas maneiras. Manter um estado de coisas somente "porque é mais fácil" atesta nossa falência enquanto seres. Todo conservadorismo é uma opção pela barbárie. Resistir às mudanças é barbárie. Religiões dão a medida da barbárie. Códigos penais reproduzem a barbárie. A política partidária é a barbárie.
Entendo a necessidade da quietude e da meditação, esse esporte para evitar o pensamento, quando a velocidade das mudanças parece ter perdido o controle. Mas essa postura não deve ser estendida a todos os momentos da vida. O conservadorismo é absurdo porque tenta dar ordem ao que foi feito para ser apenas caos. A vida é o Samba do Lavoisier doido: Na natureza (na natureza!) Nada se cria (nada se cria!) Nada se perde (nada se perde!) Tudo se transforma (transforma!! transforma!!).
A vida é um rio.
terça-feira, 14 de setembro de 2004
segunda-feira, 13 de setembro de 2004
Totem
Totem
- Gosto de jaquinzinhos e de petinga, gosto de lombos de salmão, ou de bifes de atum ou de espadarte. Se ainda não perceberam, gosto de comer aquilo de que nada fica, pois nada me desgosta, e enoja mais, do que ver os restos daquilo que estou a comer. Sou daqueles, devo esclarecer, que come o jaquinzinho da cabeça ao rabo, sem deixar qualquer vestígio, e nada me desgosta mais do que ter que não só deixar, mas conviver, com os restos daquilo que acabei de comer.
Luís Ene dá início a psicoterapia de grupo sobre idiossincrasias à mesa. Os participantes aplaudem-no. O cheiro de comida vem dos fundos, misto de vinho, pães e azeitonas. Ele deixa o púlpito, para onde sobe um homem de aproximadamente, cerca de, por volta de mais ou menos 33 anos. Ele olha ao redor, aparentemente nervoso, e começa:
- Oi, meu nome é Avery.
- (Todos respondem) Olá, Avery .
- Também não gosto de ficar perto dos restos de comida (agarra a lateral do púlpito, os dedos da mão esquerda em Dó maior), prefiro que desapareçam. Também não gosto de usar as mãos para comer, prefiro talheres ou hachi. Pão, tudo bem. Justifica tocar no alimento. Então...
- Não se preocupe, eu sempre cortava o pão depois de lavá-lo, diz uma voz se antecipando.
- Obrigado. Você ajudou bastante. Quem é o próximo?
- Espere, conte mais, diz uma adolescente muito magra que olha para o adolescente com espinhas sentado ao fundo.
- Bom, é isso, não sei mais o que dizer. (seca as mãos com sopros discretos) Talvez só que me meti numa confusão. Não dá pra sustentar uma história assim por muito tempo, entende? A idéia era manter o poema em movimento, construí-lo aos poucos partindo de um fragmento qualquer do grande livro humano; costurá-la com cultura pop e eventos bizarros perenemente, até que um dia ela acabe por si mesma. Meio Charlie Kaufman, que é paradigmático como Dali, entende? Só que mais obra em construção que obra aberta, como um Mahabharatha por Dante. Como um Decamerão pelos irmãos Campos, entende?. E no fundo tudo é a mesma coisa: romances, jornadas, buscas, sonetos, tudo está escrito, mas gostaria mesmo era que a construção pudesse ser acompanhada. A construção diz, ao mesmo tempo em que se auto-censura por dar-se o cacoete entende?, quando na verdade não fala entende? ou coisa do gênero. Mas não se faz entender.
- Pois bem, pois bem, então eu falo, diz o homem de nariz grande percebendo a indecisão do depoente. Façamos como nos velhos tempos, em que as turmas de colégio se encontram 20 anos depois e todos contam como foi sua vida nesse período, e aparecem aqueles que ganharam dinheiro com produtos de uso doméstico, o ídolo dos esportes, a perua incorrigível e os intelectuais beberrões. A câmera vai deslizando pelo salão e mostrando os rostos...
- Isso não fica muito Peggy Sue?, diz uma mulher de cabelo curto e óculos de aro negro, típica mulher de cabelo curto e óculos de aro negro e olhar penetrante. Não basta ficar aqui falando de nossas manias à mesa?, ainda temos que ouvir esses dircursos estilo obra aberta, em que um autorzinho egoísta conta como pode escrever sobre si mesmo planejando misturar sem coerência personagens e pessoas, ficção e realidade? E tem que ser como ELE imagina? Façam-me o favor, não me digam que somos obrigados a ficar ouvindo esses discursos estilo obra aberta...
- Ei, você já falou isso, interrompe a menina magra. Somos personagens nas mãos dele e isso quer dizer que ele tem poder sobre nossas vidas, sobre nossas falas aqui, sobre nossa existência, tá legal? É bom não irritá-lo!! E se ficou muito Peggy Sue, dane-se, tá?, começa a chorar.
- Calma, calma, diz Tigrão234, codinome usado na rede pelo empresário gordo obcecado por jovens muito magras que ouvia o atentamente o discurso de Luís Ene, mas perdeu o fio da meada na primeira menção aos jaquinzinhos, que lhe lembraram a infância marítima, a cozinha da casa sempre em uso, as brincadeiras com a vizinha anoréxica, o cheiro da comida da mãe, mas que só acordaria do transe para dizer calma, calma, não chore, menina magra, não vou te machucar, prometo que não vou mais te machucar. Aqui. Aqui está sua boneca, seu travesseiro, sua caixa de fósforos roídos, tome, não chore mais.
- Aí a câmera se aproxima e vai fechando com a imagem do grupo reunido, contrastando com uma velha foto preto e branco da época em que eles eram apenas um bando de jovens artistas engajados, que faziam teatro, que acreditavam no futuro, na solidariedade e no amor eterno, mas hoje convivem com a Aids e o terrorismo. Eles ficam em posição para que a câmera deslize em...
O homem não tem tempo de reiniciar suas idéias sobre a composição cinematográfica do reencontro de turma. Parece saudoso de épocas sem retorno. Sua discretamente na testa, porque pensa, porque pensa. Planeja falar sobre um novo plano-seqüência, mas não não consegue porque ouve que
- Isso não é muito Peter's Friends?, diz Tigrão234, surpreendendo pela cultura cinematográfica.
- É aquele filme com a Emma Thompson e o Kenneth Branagh?, pergunta a menina muito magra.
- O Kenneth Branagh dirigiu, corrige a mulher de cabelo curto e óculos de aro negro.
- E atuou também, ele é o marido da atriz americana que faz um sitcom horrível, explica Tigrão234, que havia lido sobre Peter's friends na véspera, no catálogo da locadora.
- É uma sitcom, corrige a mulher de cabelo curto, que está sem óculos.
- E tem o Stephen Fry, aquele que sumiu, diz Avery, querendo acalmar os ânimos dos personagens (as personagens?, pensa em gêneros e não consegue decidir se a palavra é um galicismo e caso o seja, se se deve aceitá-lo em nome do colonialismo lingüístico, se é que isso existe em english times) e procurando algum lugar para lavar as mãos, acreditando que alguém lembrará da música sobre o Stephen Fry. Ninguém lembra a não ser o adolescente de espinhas, que não fala nada.
- E tem o Hughie Laurie, parceirão do Stephen Fry naquele Fry and Laurie, diz o homem de nariz grande.
- ... e foi escrito pela Rita Rudner e pelo Martin Bergman, completa a mulher de cabelo curto e óculos de aro negro.
Luís Ene dá de ombros e abre o notebook para escrever qualquer coisa, enquanto o homem de nariz grande concorda com a mulher de cabelos curtos e óculos de aro negro e Avery finge que desconhece outros Bergmans que não Ingrid e Ingmar, mas confessa ter visto A bit of Fry & Laurie, The Awfull Truth e Curb your enthusiasm mais do que gostaria, e embora não corra o risco de ser interpretado como feliniano, mas malkovichiano em típica avaliação torta de quem percebe o roteiro mais que o roteirista, desiste.
O público cala. A mulher de cabelo curto e óculos de aro negro fala por último. Diz que prefere não jantar.
sexta-feira, 10 de setembro de 2004
quarta-feira, 8 de setembro de 2004
Candidatos a vereador
Zé da Vó
Maria Alice do Foto Ásia
Arapinha
Dé Pasteleiro
Vicente Formigão
Divino da Babilônia
Dário Camelô
Antero Padeiro
Peroba
Moisés Trocador
Gilberto Examinador
Francisco da Telemensagem
Pateta
Careca da Água Mineral
Padre Pintor
Tião Pega Lobo
Paçoca
Geralda Mãe dos Trigêmeos
terça-feira, 7 de setembro de 2004
domingo, 5 de setembro de 2004
Redução de danos
A Revista MTV de agosto traz uma matéria polêmica e necessária sobre um tema presente no cotidiano, nas escolas, nas ruas, nas boates: o uso de drogas atinge muitas famílias, mas é obscurecido por razões legais, religiosas, políticas. No centro da questão, a proposta da redução de danos, que provocou queda substancial nas infecções por HIV por usuários de drogas injetáveis mesmo sendo tratado como estímulo à estupefaciência pelo nem sempre lúcido Ministério Público.
A conclusão, quase nunca compartilhada pela sociedade, é de que dependentes de drogas não são criminosos, mas podem ser vítimas. E que precisam ter os riscos à saúde minimizados sem necessidade de intervenção policial.
Para pais, filhos, educadores e consumidores é material valioso, principalmente as dicas sobre redução de danos para usuários de drogas leves, injetáveis e sintéticas. Alguns trechos:
"Não há como consumir drogas sem correr riscos. Simplesmente pelo fato de que não existe droga inofensiva à saúde física e mental." Fernanda Mena, jornalista, autora da matéria.
"As propostas de erradicação das drogas parecem vindas de alguém que tomou um ácido. Não é possível que, em sã consciência, alguém acredite que isso vá acontecer." Fábio Mesquita, coordenador de DST e Aids da Cidade de São Paulo.
"Quem usa drogas pode até se matar. E pode ter problemas com a justiça, com o traficante, com a saúde, com a polícia, com a família, com a conta bancária e com o trabalho." Paulo Giacomini, coordenador de redução de danos do Centro de Convivência É de Lei.
"O que causa maior dano é a criminalização da droga". Maria Lúcia Karam, juíza aposentada
"A legislação brasileira parece ainda pouco adaptada a esta realidade. Mais do que isso, ela dá sinais de esquizofrenia: delibera que usar droga não é crime, mas que portá-la é um passaporte para a prisão com anos de validade". Fernanda Mena.
quinta-feira, 2 de setembro de 2004
segunda-feira, 30 de agosto de 2004
Na tela
Na tela
Divinópolis - Cazuza é um bom filme, mas não atinge a excelência cinematográfica de um Oliver Stone em The Doors. A espera por uma superprodução tupininquim continua a frustrar os cinéfilos mais exigentes e lembra a cobrança ostensiva por um desempenho impecável dos atletas brasileiros em Olimpíada ou Copa do Mundo, como se a perfeição pudesse ser alcançada todos os dias. Não é.
A participação da TV Globo gerou os padrões de qualidade esperados, mas esmaeceu a direção de fotografia e criou clima folhetinesco. O figurino poderia ser melhor, assim como a direção de arte. Nada disso entretanto, comprometeu o trabalho de adaptação do livro Só as mães são felizes, de Regina Echeverría. O filme, pode-se dizer, é o livro em formato audiovisual.
O melhor de Cazuza é a interpretação do ator Daniel Oliveira, que incorporou os gestos, o riso debochado e a empáfia do jovem poeta morto pela Aids aos 32 anos, no auge da carreira. Cazuza cantou um país desconjuntado, com o egoísmo dos filhos únicos, o hedonismo dos poetas e a paixão da juventude. Suas letras foram interpretadas pelos maiores nomes da música brasileira. Sua mensagem, misto de crítica cruel e prazer sem culpa, soa eterna.
PS: Gean Queiroz (Joca), parceiro em várias canções do Carolina Cascão, faz uma ponta.
quinta-feira, 26 de agosto de 2004
quarta-feira, 25 de agosto de 2004
terça-feira, 24 de agosto de 2004
sexta-feira, 20 de agosto de 2004
Salve o Ministério Público
Um Ministério Público independente é fundamental para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais. A Justiça brasileira já contribuiu o suficiente com o crime organizado nos últimos anos, fornecendo pessoal especializado como os juízes Nicolau dos Santos Neto e João Carlos da Rocha Mattos. O primeiro comandou um esquema de superfaturamento nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo , deixando o prédio uns 50 milhões de Euros mais caro. Cumpre prisão domiciliar. Rocha Mattos negociava sentenças e livrava grandes criminosos da cadeia por quantias generosas e alguns eletroeletrônicos. Está preso e promete entregar mais bandidos de toga e distintivo.
A Transparência Brasil está coletando assinaturas contra a nefasta atitude do STF de limitar os poderes de investigação do Ministério Público. Leia o Manifesto e assine.
terça-feira, 17 de agosto de 2004
On the road
On the road
Esta cidade faz parte da História da Ciência graças a Carlos Chagas, que nasceu aqui em 1879 e tornou-se o único cientista do mundo a identificar uma doença (Mal de Chagas), descobrir-lhe o inseto hospedeiro (Barbeiro), o agente causador da enfermidade (Tripanosoma Cruzi) e o tratamento. Chagas trabalhou com outro grande pesquisador, Oswaldo Cruz, cujo sobrenome serviu para batizar o protozoário, numa homenagem do amigo oliveirense.
segunda-feira, 9 de agosto de 2004
Pobre Diabo
Não pretendia nada que não fosse diabólico, afinal não abria mão de ser ele mesmo. Ao mesmo tempo deveria pegar leve pra não ser politicamente incorreto. Queria seu espaço, mostrar que era perfeitamente possível a convivência de beatas, putas, maconheiros, políticos, blasfemadores...
quarta-feira, 4 de agosto de 2004
Mudança 3
A economia local é baseada na indústria de vestuário e siderurgia. Depois da capital e de Juiz de Fora, Divinópolis é a cidade com melhor desempenho na economia mineira. Os índices sócio-econômicos são muito bons. As ruas são arborizadas, o trânsito tranqüilo, a poluição controlada e as pessoas amáveis: Se estão indo, dizem "fica com Deus". Se ficam, dizem "vá com Deus". Se estão falando, não são interrompidas. Se estão ouvindo, não interrompem. Se oferecemos chocolate ao cavalo da charrete, o condutor aceita com um sorriso.
Divinópolis rulez.
Mudança 2
Ao ver as caixas de livros pelo escritório lembro de um texto chamado Ex Libris, que escrevi há alguns anos numa outra mudança, em que lembrava Walter Benjamin e seu "Desempacotando minha biblioteca". Abrir caixas de livros, mesmo que sejam seus velhos livros, é sempre um parto. É como trazer novamente à vida velhos vampiros fossilizados da literatura e das ciências.
Mudança
segunda-feira, 2 de agosto de 2004
Uma canção
(Zé Da Luz/Cordel Do Fogo Encantado)
Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empareasse
Se juntim nóis dois vivesse
Se juntim nóis dois morasse
Se juntim nóis dois drumisse
Se juntim nóis dois morresse
Se pro céu nóis lá subisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse
pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tavés que nóis dois ficasse
Tavés que nóis dois caísse
E o céu furado arriasse
e as virgi toda fugisse
quarta-feira, 28 de julho de 2004
terça-feira, 27 de julho de 2004
Pensamentos de rodoviária
quarta-feira, 21 de julho de 2004
Poster-busters: uma idéia a ser seguida
"Somos apartidários e retiramos propaganda de qualquer candidato. Certamente passaremos a incomodar os caras e a a população vai perceber que é sacana esse gesto de sujar a cidade para tentar se eleger. Temos a Democracia a nosso favor. É maravilhoso olhar uma rua por onde passamos e limpamos. E também receber os elogios dos passantes, que dão uma buzinada ou ficam simplesmente admirando", diz a Lilian.
A ação já aconteceu na Zona Leste (av. Paes de Barros), Oeste (Pinheiros, rua Henrique Schaumann) e imediações do Hospital do Servidor Público (Zona Sul). Hoje de madrugada tem mais. Lilian, estivesse aí e certamente participaria da ACC. Coisas assim provocam a pouco crível saudade de Sampa.
PS: Colabore, cidadão. Crie seu próprio grupo de caça à sujeira da propaganda eleitoral.
segunda-feira, 19 de julho de 2004
Ame-o ou deixe-o
sexta-feira, 16 de julho de 2004
terça-feira, 13 de julho de 2004
Dia do rock
sexta-feira, 9 de julho de 2004
Micronações
E os sites de maledicência contra tipos insuportáveis (Casas Bahia, Galvão Bueno)? Tem os que homenageiam RPG, O Senhor dos Anéis e Harry Potter, com vocabulários específicos e herméticos. Há os codificados com a escrita semiótica dos chats que lembram idiomas falados pelo C3PO. E há os blogs adolescentes, cheios de dolls e temas de importância universal, como a última ida ao cabeleireiro.
Mas nada se compara em matéria de estranheza ao fenômeno das micronações. Nesses ambientes virtuais, cidadãos criam personas, instituições públicas e governam seus reinos de pixel com dedicação de estadistas, ampliando o espaço nos discos rígidos que sustentam a ciberesfera e, claro, a lentidão da rede. Mas quem não contribui para o grande engarrafamento virtual que atire o primeiro mouse.
Nas micronações, os internautas podem atuar em profissões diferentes das que exercem na realidade. Participam da administração do país, caso dos funcionários públicos e candidatam-se a eleições, desde que tenham partido político. Os partidos, por sua vez, devem ter sítio próprio. Para fundar uma micronação, basta ter um computador, hospedagem gratuita e perfil de estadista.
Vejam um trecho da história da Monarquia Hereditária de Brunão, que subsiste em uploads feitos de Curitiba:
A História de Brunão remonta (sic) os tempos da Guerra do Golfo (1991), quando um menino com ainda 5 anos sonhava fundar seu próprio país. Mais adiante (10 de outubro de 1996) é criado um país com o nome de Monarquia Hereditária de Brunão que existe até hoje, tendo como rei Vossa Alteza Real Rei Bruno Quadros e Quadros. O brunaíno é um idioma artificial que está sendo desenvolvido pelo Rei e procura ter raízes portuguesas, inglesas, romenas, célticas, vikings e gaélicas.
A veterana Pasárgada tem versões em português, inglês e espanhol e possui estrutura administrativa impécavel, com cantões (Éfaté, Icária, Inverness e Sloborskaia) e constituição própria:
Verdadeiro ícone do sentimento democrático Pasárgado, a Constituição define Pasárgada como "um estado social e democrático de Direito, que tem como valores superiores de seu ordenamento jurídico a Liberdade, a Justiça, a Igualdade e o Pluralismo político", onde "a soberania nacional reside no Povo Pasárgado, do qual emanam todos os poderes do Estado".
Outras, como a Comunidade Cecília, cansada de nações virtuais autocráticas, tem propostas mais ousadas:
Diferente de algumas micronações, temos como objetivo fazer com que os cidadãos pensem sobre a própria sociedade do mundo real. Pensem e, se acharem algo de errado, que façam alguma coisa.
Alguns links:
Micro-Nations
Reino Unido de Portugal e Algarves
Reino Unido de Sayed
Reino da Normandia
quinta-feira, 8 de julho de 2004
terça-feira, 6 de julho de 2004
terça-feira, 29 de junho de 2004
Leio A artista do corpo, de John Delillo
segunda-feira, 28 de junho de 2004
America
Do livro Detonando a Notícia, do jornalista norte-americano James Fallows, p. 172
domingo, 27 de junho de 2004
Imagens
quinta-feira, 24 de junho de 2004
quarta-feira, 23 de junho de 2004
Textos sem autor
Seriam descendentes dos desafetos de James Joyce os autores das cartas escatológicas que tentam lhe copiar a fleuma? Seriam separatistas os responsáveis pelos textos falsos atribuídos a Luís Fernando Verissimo?
Teria sido Sérgio Brito (Titãs) o autor de versos moribundos atribuídos a Jorge Luís Borges? Que fundamentalistas escreveram as mensagens piedosamente cristãs atribuídas ao pouco religioso Gabriel García-Márquez?
segunda-feira, 21 de junho de 2004
São Paulo
domingo, 20 de junho de 2004
O mundo é pequeno?
O mundo é pequeno
São Paulo - O mundo acadêmico é. Ontem encontrei no Terminal Tietê (eu chegando a São Paulo, ele saindo de) o pesquisador da Embrapa, especialista em orquídeas, Joaci Freitas. Joaci faz doutorado ardido em cidade de nome doce, Jaboticabal. Está pesquisando o DNA de uma espécie de pimenta nativa de Roraima, que os índios usam imemorialmente. Permanece, no entanto, fotografando e pesquisando Cattleyas violaceas e outras espécies de orquídea do Norte e do Sudeste. Nos velhos tempos de minha banda, Carolina Cascão, Joaci recebeu-nos em casa para uma turnê Brasil-Venezuela marcada por muita sede e rock n' roll.
quarta-feira, 16 de junho de 2004
Bloomscentury
Há cem anos ocorria o Bloomsday.
Para entender, leia o Ulisses de James Joyce. Mas depois... sua vida será outra, com você pensando de forma multifacetada, querendo escrever complicado só pra sentir o gostinho, com idéias revolucionárias sobre arte e estética. Depois ficará surpreso com a memória das coisas, a organização interna das gavetas, o orgulho nacional e achará que conhece a loquaz Molly Bloom. Depois descobrirá que a vida é menos complexa, que dá pra encarar um Fernando Sabino sem perder a calma, assistir a Jay e Silent Bob, Hermes e Renato...
100 a 87
Ben Wallace nas alturas.
O abalado Los Angeles Lakers estava irreconhecível em quadra. Tinha que perder mesmo.
Sofrimento dobrado para Karl Malone, que apostou errado trocando os US$ 18 milhões de renovação com o Utah Jazz por 1/10 desse valor para jogar no Lakers.
Duelo de técnicos é um termo apropriado para a final da NBA. Ao derrotar o laureado Phil Jackson, Larry Brown (laureado de outrora) prova que no basquete, diferente da política externa, toda supremacia tem limites.
terça-feira, 15 de junho de 2004
Igualzinho
segunda-feira, 14 de junho de 2004
Do ofício
Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.
sexta-feira, 11 de junho de 2004
Sobre blogs
1 - Blogs são coleções de textos preparados por uma ou mais pessoas (podem ser pessoas preparando diferentes textos ou textos a quatro, seis mãos). Blogs são escritos.
2 - Bloggers escrevem blogs. Logo, bloggers são blogueiros e blogs são blogs. Blogs normalmente são diários, mas também podem ser semanários, bissextos, hebdomadários...
3 - Blog não é blig ou blogger. Chamar aos blogs dessa forma equivale a chamar lã aço de Bombril e lâmina de barbear de Gillette. Blogs são blogs. Ponto.
4 - Blogs podem ter ferramentas auxiliares, como os sistemas de comentários, o Blogchalking, o Blogtree e os contadores.
5 - Sistemas de comentários são formas instantâneas de comunicação entre bloggers (ou blogueiros) e seus leitores (que também podem ser blogfans ou blogfreaks). São ferramentas democráticas que os jornais, por exemplo, não têm coragem de instalar.
6 - Blogchalking é um sistema de classificação geográfica criado por um brasileiro, o Daniel Pádua. A idéia é identificar o blogger (blogger é o blogueiro, não o blog) por cidade e até por bairro. Assim pode-se descobrir quem bloga na sua vizinhança. Aquele bonequinho na coluna à esquerda indica que sou um indivíduo do sexo masculino com idade entre 31 e 35 anos (quando comecei estava noutra faixa etária), morador de São Paulo, bairro Butantã, que passa cerca de 40 por cento do seu dia conectado à rede (um exagero, mas os índices disponíveis são 20, 40, 60 e 80 por cento).
7 - Os contadores registram o números de visitas à sua página, mas também registram a origem dos acessos (o país e em alguns casos a cidade), o sistema operacional dos computadores que abrem seu blog mundo afora (já fui lido em 76 países!) e o endereço IP, caso destas e-pístolas.
8 - Blogtree é um serviço criado no MIT (Massachussets Institute of Technology) que estabelece uma espécie de genealogia blogger. Funciona assim: você cria uma conta gratuita, inscreve-se e identifica que blogs influenciaram na criação do seu. Este aqui, por exemplo, foi inspirado no Internetc, no Taperouge e no Metafilter. Da mesma forma, influenciou no surgimento do Canaimé, que por sua vez inspirou o Laranja Podre. Assim, o e-pístolas é tão filho do Metafilter quanto este é bisavô do Laranja Podre.
9 - Ninguém é obrigado a adotar tais ferramentas, mas sabe-se que um blog é mais blog se não está isolado. Um blog só é blog se está numa rede, como seus correspondentes humanos em sociedade.
10 - Blogs podem ser meros depositários de devaneios pessoais sem nenhuma importância para o coletivo humano ou podem contribuir para a discussão de temas socialmente relevantes, como a guerra, a arte ou a arte da guerra.
11 - Nao convém publicar a própria foto num blog. Elas podem ser usadas em montagens obcenas ou ilustrar os posts dos seus inimigos.
12 - Blogs têm um tempo de vida útil. Um dia este blog irá morrer.
quarta-feira, 9 de junho de 2004
segunda-feira, 7 de junho de 2004
quarta-feira, 2 de junho de 2004
quinta-feira, 27 de maio de 2004
Reflexões numa manhã de quinta-feira
Toda cidade tem uma padaria com o nome da cidade
Toda cidade tem um Hotel Plaza
Toda cidade tem uma Relojoaria Pontual
Toda cidade tem uma Drogaria Avenida
Toda cidade tem um Salão Status
Toda cidade tem uma rua com o nome de outra cidade
Toda cidade tem suscetibilidades
quinta-feira, 20 de maio de 2004
domingo, 16 de maio de 2004
Diários de Motocicleta não apela para "um certo sentimentalismo de esquerda" ao contar a história da viagem de descoberta da América Latina pelo jovem Ernesto Guevara e seu companheiro Alberto Granado. O que este road-movie (ou river-movie) propõe não é panfletário - nem poderia, dada à origem burguesa do diretor Walter Salles -, por isso não deve aumentar significativamente a venda de camisetas com a efígie do revolucionário argentino. Diários de Motocicleta é o resgate do "caminho", que muitos acreditam estar entre a França e a Espanha, ou na trilha inca que conduz a Macchu Picchu. Como diria Carlos Castaneda (ou Belchior) o seu caminho (ou seu lugar) é aquele em que você está. Lembra-nos, entretanto, que a riqueza deste continente está mais nas pessoas que nas incríveis paisagens. A bela fotografia granulada acentua o período histórico e embeleza a tela.
quinta-feira, 6 de maio de 2004
Aqui a leitura do Século 20 por seu maior especialista ocorre de dentro para fora, como se os historiadores,
avaliar e explorar um vasto território, isto é,
a capacidade de ir além das próprias raízes.
Por isso é que não podemos ser plantas, incapazes
de deixar seu solo e habitat nativo, porque
nosso tema não pode esgotar-se em um único
habitat ou nicho ambiental (p. 451)
esses maravilhosos e poeirentos examinadores tardios das idiossincrasias humanas tivessem o direito de examinar a história por meio de suas experiências pessoais. Bom, Hobsbawm tem.
do hemisfério norte são a primeira geração de
seres humanos que efetivamente viveram como adultos
antes desse extraordinário lançamento da nave
espacial coletiva da humanidade em órbitas de
inaudita revolução social. (p. 434)
A formação multicultural (nascido em Alexandria, criado em Viena, jovem comunista em Berlim, fugiu para a Inglaterra, acompanhou a guerra fria, pôs o pé na estrada nos anos 60, assistiu à consolidação do imperialismo
as pessoas como indivíduos, embora não seja
fácil resistir a sua corrupção. O que o poder faz,
especialmente em tempos de crise e de guerra,
é tornar-nos capazes de realizar e justificar
coisas inaceitáveis se fossem feitas
por indivíduos privados. (p. 150)
e o surgimento da internet...) dá a Eric Hobsbawm essa característica única dos que conviveram (e aprenderam) com diferentes povos e línguas: reconhecer-se mais membro da espécie humana que tão-somente alemão, inglês, judeu etc. Fora o fato de ter acompanhado a época de maiores transformações na história, o sinistro século passado.
Em Tempos interessantes EH trabalha com uma infinidades de autores, escolas e movimentos que exigem dezenas de leituras complementares. Assim, vamos descobrindo um E. P. Thompson aqui,
Citações de Artes e Humanidades (1976-1983)
como um dos cem autores do século 20 mais citados
em quaisquer dos campos cobertos pelo Índice. (p. 240)
um Ephraim Feuerlicht acolá,
do bureau político do PC austríaco, escreveu
um livro curto e revelador sobre a França
e editou o jornal teórico do partido. (p. 164)
mas com o tempo, a bibliografia torna-se tão numerosa que chega a comprometer a própria conclusão do livro. Sorte têm os que chegam vivos às páginas finais que retratam um período da história mais conhecido, porquanto mais recente.
Para fãs do Século 20.
sexta-feira, 30 de abril de 2004
A vantagem de assistir a um filme meses depois do seu lançamento é não carregar os críticos para a sala de cinema. Dessa forma, podemos ver esta película sobre a brevidade da vida com o espírito livre dos cadernos de cultura. Assim o merece o bom e velho cinema de autor.
As invasões bárbaras dá seqüência a O declínio do império americano, filme de 1986 cujo título dispensaria comentários se fosse óbvio. Mas não é. E as razões pelas quais não é também não serão ditas. Diga-se apenas que os dois filmes, escritos e dirigidos pelo franco-canadense Dennys Arcand são a (auto)crítica de uma certa, como diria Carlos Saraiva, vã guarda.
Excepcionalmente bem-escritos, os diálogos são a marca das duas obras, que devem ser assistidas preferencialmente em seqüência. A segunda parte apresenta o mesmo grupo de amigos reunidos à margem do lago, desta vez para encarar a doença e morte iminente de um deles.
Discussões de pais e filhos distantes uma geração, distantes alguns livros, distantes uma carteira de capitais, distantes afetivamente em intervalos de sono na narcose dos hospitais, o 11 de setembro na TV e as considerações políticas do ácido grupo de fãs de trufas e vinho - há um trecho formidável, em que Rémy e o filho atravessam a fronteira e são saudados por uma sorridente moça loura, que lhes diz "Welcome to America" e ganha em resposta: "Aleluia", "Amém".
Para professores universitários, famílias em crise e todos aqueles que amam a vita brevis.
sábado, 24 de abril de 2004
Para quem conhece Anime, Electra, Mangá, Mortal Kombat, O Tigre e o Dragão, e Western Spaghetti, assistir a Kill Bill (Vol. 1) pode ser uma agradável experiência de transcendência pop. Ou um certificado de vítima da indústria cultural, dependendo do ponto-de-vista. Trata-se um filme conservador no sentido tarantinesco do termo: confirma-o a não-linearidade do roteiro, personagens doentes e a violência explícita.
Mas nada é real em Kill Bill - filme que sabe que é filme -, exceto o sentimento de vingança tão típico do ser humano. E nesse cinema pelo cinema, a ultra-violência comparece como caricatura, afastando-se da proposta de Cães de Aluguel (Michael Madsen tortura um policial) para trilhar caminhos de humor sibilino.
Quentin Tarantino - funcionário de videolocadora e freqüentador de cinemas de segunda categoria que virou cineasta - irrita quem não lhe alcança a fina ironia, mas é muito considerado no grupo dos que assistem 500 filmes por ano, lêem quadrinhos, gostam de filosofia oriental e artes marciais.
O quarto filme de QT traz movimentos de câmera abusados, referências a dezenas de filmes e HQs e uma trilha sonora tão esdrúxula quanto apropriada. E apesar da crítica média, aquela que conta todo o filme, seja por soberba ou limitações técnicas, trata-se de peça cinematográfica de indiscutível qualidade.
PS: Se você não leu Electra por Frank Miller, desconhece Mangá, nunca assistiu Akira, não jogou Mortal Kombat, não viu O tigre e o dragão nem sabe o que é western spaghetti, não se preocupe: Kill Bill tem muita ação.
quarta-feira, 21 de abril de 2004
quinta-feira, 15 de abril de 2004
quinta-feira, 8 de abril de 2004
Smells like teen spirit
Há 10 anos Kurt Cobain se matava em Seattle, encerrando mais cedo os anos 90. O que viria depois no rock, de Radiohead a Smashing Pumpkins, de Beck Hansen a Belle and Sebastian, de Pizzicato Five a Coldplay, já encerrava um pouco do que ouvimos agora, nos 2000. Estou no time dos que acham que o Nirvana foi a salvação do rock nos anos 90, mas não culpo a geração anterior (Smiths, The Cure, Jesus and Mary Chain, Echo and the Bunnymen, The Cult, U2...) ou a atual (The Hives, The Vines, The Strokes, White Stripes, Kings of Leon) pela ausência de ícones. Talvez Cobain, imolado pelo maisntrean, fãs obtusos, depressão e drogas represente exatamente isso: o fim dos heróicos anti-heróis do rock n' roll.
terça-feira, 6 de abril de 2004
Ao professor Octavio Ianni, que morreu no domingo e reunia agudeza intelectual com afetividade, ativismo com temperança e muito colaborou na conclusão da minha pós-graduação. Suas sugestões ajudaram meu Índio na Rede a encontrar equilíbrio entre a sociedade da informação e o pensamento selvagem.
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São Paulo - Intelectuais como Susan Son tag , Noam Ch omsky e outros menos ilustres, provam que ainda existe opinião própria e lúcida na A...
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Porto Velho - “A formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terce...
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Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.