sexta-feira, 30 de junho de 2006

Uzalemão

Belo Horizonte - A Argentina perdeu a chance de chegar ao tricampeonato mundial por dois erros nos pênaltis. Pena. No Brasil, torcedores obtusos comemoram a derrota do rival sul-americano, mas esquecem que somente times europeus permanecem nas últimas fases da Copa do Mundo. A Alemanha pode, se vencer a Itália (caso esta vença a Ucrânia, daqui a pouco) colocar mais uma estrela no uniforme. Se o ataque brasileiro continuar dependendo do lento Adriano, vem aí mais um tetracampeão.

sexta-feira, 23 de junho de 2006

La canción de Cat Dog

Belo Horizonte - Un buen dia, con un guau y un miau,
Un bebe nos desconcerto.
No era un buitre ni un lobo feroz
Solo un perro y gato llamado CatDog

¡CatDog! ¡CatDog!
¡solito en el mundo vive el pobre CatDog!


En cada esquina y por toda la ciudad,
El pobre CatDog siempre alerta esta.
Sus enemigos tiene mala intencion,
Pero siempre canta esta cancion.

!CatDog! !CatDog!
¡solito en el mundo vive el pobre CatDog!


CatDog's Song

One fine day there was a woof and a purr
a baby was born and it caused a little stir
No blue buzzard, no three eyed frog
Just a feline/canine little CatDog

CatDog! CatDog!
Alone in the world is the little CatDog!

Out on the road or back in town
All kind of critters putting CatDog down
Gotta rise above it, gotta try to get along
Gotta walk together, gotta sing this song

CatDog! CatDog!
Alone in the world is the little CatDog!

CatDog! CatDog!
Alone in the world is the little CatDog!

Uma canção

Belo Horizonte - Tema do CatDog

Um bebê tão lindo ao nascer
Fez o mundo inteiro se surpreender
Por que era uma aberração
Coitadinho do pobre CatDog, irmão

CatDog! CatDog!
Sozinho no mundo o amigo Catdog!

Se tentar vai desistir
Pegar Catdog ninguém vai conseguir
A melhor maneira de estar com o amigão
É a gente se unir e cantar esta canção

CatDog! CatDog!
Sozinho no mundo o amigo Catdog!

quinta-feira, 22 de junho de 2006

A frase

Belo Horizonte - Infelizmente, temos que nos contentar em assistir a apenas um excelente jogador de meio-campo, e não ao genial reinventor do futebol. Pena! A Copa fica menos alegre.

Tostão, na Folha de São Paulo de hoje, sobre Ronaldinho.

Hoje tem jogo do Brasil

Belo Horizonte - Prepare-se, caro técnico-torcedor, para passar muita raiva com a escalação, o esquema tático e o revoltante pragmatismo do professor pé de uva.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Argentina

Belo Horizonte - A Holanda é um tabu portenho. A Argentina só obteve uma vitória sobre o time laranja, na final de 1078. Perdeu e empatou mais, na história das copas. Hoje manteve a tradição no insosso zero a zero. Costa do Marfim (3) e Sérvia e Montenegro (2) era oão melhor na ESPN2.

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Argentina

Belo Horizonte - Depois de golear Sérvia e Montenegro (6 a 0), a Argentina quer ser campeã da Copa 2006. O time sabe dar espetáculo. Podia fazer a final contra o Brasil, porque joga criativamente. Se o país do quadrado trágico for desclassificado, torço pelo tricampeonato dos argentinos. Antes premiar o bom futebol que ver Alemanha ou Itália ameaçando nossa liderança no ludopédio.

Bloom!

Belo Horizonte - Hoje é dia de flanar até Dublin (tem um barzinho com esse nome em Santa Tetesa ou na Savassi)

segunda-feira, 12 de junho de 2006

A Copa do Mundo

Belo Horizonte - Dos jogos que vi, República Tcheca empolga, Alemanha insinua, Inglaterra vacila, Argentina catimba, Itália enfeia, México promete, Costa do Marfim anima, Angola desanda, Gana desalinha, Japão decepciona, Costa Rica desanima, Holanda esconde, Portugal ensaia.

terça-feira, 6 de junho de 2006

Uma canção

Pena, viu?
(Carlos Saraiva)

pena que você não vê
que eu finjo que acredito
que você não topa
se não guria
a gente já teria
conquistado a europa

pena que você não lê
que em tudo quanto eu creio
é só no que vai fundo
se não guria
a gente já teria
dado a volta ao mundo

pena que você não crê
na cena que o VT
revela a toda hora
se não guria
a gente estaria
namorando agora

Talk about the weather

Belo Horizonte - Na manhã de 10 graus, o outono de Belo Horizonte prenuncia álgido inverno.

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Atroz modernidade

Belo Horizonte - ... chato mesmo é constatar que a Direita tem maior poder de adaptação que a Esquerda às mudanças sociais. Cada nova concepção de mundo arraigada é absorvida pelo sistema, fazendo com que o conservador progressista de direita adquira maior valor na Bolsa Moral que o revolucionário utópico de Esquerda. Na lógica do consumo da atroz-modernidade, o futuro é uma câmara de gás, como diz Fred Zero Quatro.

domingo, 28 de maio de 2006

Meu Basquiat

Belo Horizonte - O Basquiat que ilustra o sistema de comentários deste blog há um par de anos ("Florence", de 1983) pertence ao banqueiro Edemar Cid Ferreira, que está preso em mais uma empreitada quimérica do judiciário brasileiro pelo Estado de Direito - embora este mesmo sistema não resista a um bom pedido de habeas corpus. Edemar era conhecido pelos originais de Henry Moore, Roy Lichtenstein e Fernand Leger, misteriosamente desaparecidos após a falência do Banco Santos. A Justiça pediu o seqüestro dos bens para o pagamento da dívida bilionária, mas necas.

terça-feira, 23 de maio de 2006

Desaparecidos (12)

Belo Horizonte - A O Chamado, de Marina Lima, chamamos de disco conceitual por falta de melhor definição. Aqui a cantora e compositora desenluta da morte em família, de inquietações políticas e depressão. Sua composições lembram a noite, vulcões italianos, meus irmãos. Riqueza blue da música popular brasileira, Marina era também o maior ídolo de meu amigo Haddad, misto de piloto de avião, músico e contador de histórias, Saint-Exupéry particular para seleto grupo de amigos. Haddad costumava brincar: "Um dia seqüestro a Marina no meu avião só pra conversar e tocar violão com ela. Já pensou?". Pensava. Até torcia. Mas Haddad morreu ao mergulhar com seu pequeno avião meio da selva amazônica. Fez mulher, filhos e amigos todos fãs da cantora. Ouça no avião.

quarta-feira, 17 de maio de 2006

Toque de recolher (o caixa)

Belo Horizonte - Medo? Absolutamente. Quando vi meus funcionários indo embora às 15h, pensei no prejuízo. O que eu vi na rua foi um misto de pânico e euforia, porque estava todo mundo indo para casa. Parecia o dia em que Tancredo Neves morreu, e ligaram da escola avisando que seria feriado. Fiquei felicíssimo.

Alexandre Herchovitch, estilista, sobre a guerra urbana em São Paulo.

terça-feira, 16 de maio de 2006

Surrealismo

Belo Horizonte - Tensão e medo em SP: criminosos aterrorizam a população dizia a legenda sob a imagem de Paulo Maluf na TV, causando breve sentimento de justiça, como se a verdade finalmente viesse à tona. Ex-presidiário, Maluf é identificado nos créditos como "doutor" e discursa contra a bandidagem, atropelando a ética profissional. Diz que se sente seguro em Nova Iorque, no que é apoiado por Sônia Abrão, fiel cabo eleitoral. A dupla contribui generosamente para manter a Rede TV líder no ranking do baixo nível na teledifusão brasileira.

sábado, 13 de maio de 2006

Uma canção

May I
(Kevin Ayers)

I just came in off the street
Looking for somewhere to eat
I find a small cafe
I see a girl and then I say
'May I sit and stare at you for a while?
I'd like the company of your smile'
You don't have to say a thing
You're the song without the sing
The sunlight in your hair
You look so good just sitting there
'May I sit and stare at you for a while?
I'd like the company of your smile'

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Yupanqui

Belo Horizonte - A nacionalização dos recursos naturais é uma necessidade da Bolívia, que age corretamente ao propor percentual de ganho sobre a exploração das reservas de gás e petróleo. Cabe aos investidores decidir se aceitam ou não tais imposições. A isso se chama liberalismo.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

A luta continua

Belo Horizonte - Primeiro tiveram sua humanidade questionada. Depois sua religião virou motivo de escárnio. Sua liberdade, subtraída. Sua cultura, descaracterizada. Suas terras, roubadas. Suas mulheres, estupradas. Seus filhos sub-empregados. Sua imagem, deturpada. Seu futuro, ameaçado. Quinhentos anos depois, os índios do Brasil lutam por justiça e dignidade.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Belo Horizonte - IMOLAR SUZANNE RICHTHOFEN não vai diminuir a sensação geral de que nosso judiciário é ineficiente e pesado. E de que brasileiro endinheirado não vai para a cadeia. Suzanne vai como bode expiatório. Além de tudo, dificilmente vai botar as mãos na herança dos pais, o que lhe veda acesso a bons advogados e às benesses do nosso sistema.

terça-feira, 28 de março de 2006

Green is the colour

Belo Horizonte - Filhos do Carnaval é bom porque soma Shakespeare a três Thomas: Mann, Anderson e Winterberg. Rei Lear, Festa de Família, Magnólia e os Buddenbrook comparecem nesta saga particular que está mais para Mike Leigh que Fernando Meirelles.

terça-feira, 21 de março de 2006

Como extinguir pássaros

Belo Horizonte - A fronteira agrícola na Amazônia não destrói apenas matas e rios. O desequilíbrio provocado pela monocultura de arroz no extremo norte do Brasil afeta, em diferentes instâncias, os bichos e os homens.

O desaparecimento de espécies de pássaros como o João-de-barba-grisalha (Synallaxis Kollari), que só existe em Roraima, é um indício.

Matérias como as de Vandré Fonseca, além de bem-elaboradas (jornalismo se faz assim) chamam a atenção para um problema mais que sério: urgente.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Demônios

Belo Horizonte - No conjunto de mímicas do país do futebol e do carnaval destaca-se à crítica ao sistema, ao Hip-Hop e à TV Globo. É muito fácil demonizar a Globo ou ao Hip-Hop. É fácil berrar contra o sistema, culpar o poder público pela degradação social das grandes cidades.

Por isso Falcão: Meninos do Tráfico, dói em nossa alma pequena, desacostumada à vida real. O cotidiano de crianças em risco social, acompanhados pelo olhar atento e nem sempre passivo de uma câmara, nos é apresentado em imagens e depoimentos dolorosos, que insultam nosso comodismo social. Fazer o quê, agora?

sexta-feira, 10 de março de 2006

Desaparecidos XI

Belo Horizonte - Funcionários pouco éticos da Expresso Araçatuba também levaram o CD A vida é doce, do Lobão, um dos melhores, senão o melhor trabalho de João Luiz Woerdenbag Filho.

Músicas como universo paralelo, amanhecendo na lagoa, el desdichado II, além da própria faixa-título, são mísseis musicais e poéticos que não têm par na história da música popular brasileira.



Com a mesma falta de vergonha na cara eu procurava alento no
Seu último vestígio, no território, da sua presença
Impregnando tudo tudo que
Eu não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone não
São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirênes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram tão depressa,
Tão depressa, tão depressa (A Vida é doce)

segunda-feira, 6 de março de 2006

Humpf

Belo Horizonte - Chega de escrever sobre carnaval, férias, shows de roquenrou, política, trânsito, poesia, crianças.

Chega de falar de cinema Munique-Crash-Syriana, como se entendesse de indústria de petróleo, sionismo, afins.

Chega de downloads e de updatings.

Chega de leitura. Nunca mais leio um livro hoje.

Chega de blogs, de Pods (os Is e os casts), de logoffs.

Chega de praia e cerveja gelada, de estrada e música a caminho do trabalho. Nunca mais vou ouvir música hoje.

Chega desse papo-cabeça-pequeno-burguês disposto à efêmera eternidade dos bits.

Até o próximo post.

sexta-feira, 3 de março de 2006

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Desaparecidos VII, VIII, IX e X

Belo Horizonte - Terra dos Ventos, de Pedro Link e Renato Costa tem som de floresta, de mergulho no rio, ayahuasca, paz de espírito. A natureza incomum de Roraima, palavra indígena que significa "Mãe dos Ventos". Edileuson Almeida pintou em São Paulo e trouxe um exemplar. Sempre discoteca básica.

Makunaimeira, da dupla Zeca Preto e Neuber Uchôa (o segundo mora no Rio, atualmente), mistura ritmos caribenhos, forró e MPB. A beira de qualquer coisa sem saber / troquemos tudo em graúdo / pra não perder (...) A gosto do freguês somos os tais / buritizeiros demais / caimbezeiros boçais (Macuxis Salada).

George Farias apresenta, em seu primeiro CD, reggae, blues e música popular brasileira de alta estirpe, produzidas pelo cantor e compositor e parceiros como o irmão Cacá, que escreveu a formidável Correntes.

Eliakin Rufino: A produção de Paulo Amorim deu ao primeiro CD do poeta naturalista uma inesperada atualidade techno. O impacto de Mosquito da malária, entretanto, é sempre o mesmo, no batidão ou no violão.

Mosquito da malária
(Eliakin Rufino)
hoje quem defende a amazônia
é o mosquito da malária
se não fosse esse mosquito
a floresta virava palha

salve salve salve ele
viva sua febre incendiária
o maior ecologista da amazônia
é o mosquito da malária

não adianta sucam
jogar ddt na sua área
super-defensor da amazônia
é o mosquito da malária

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Mídia Média

Belo Horizonte - O Fórum Social Mundial é uma reunião de movimentos sociais, organizações humanitárias, estudantes, artistas e ambientalistas, com reuniões temáticas, propostas e outras formas de intervenção social com vistas a um mundo melhor. Já estive no FSM e vi trabalhos dignos serem desenvolvidos, embora a imprensa liberal estanque no lugar-comum de mostrar as tribos presentes e seus protestos contra o capitalismo.

A má-fé na cobertura do evento pela Folha de São Paulo é indisfarçável: na edição de hoje, o jornal preocupa-se apenas com os gastos com o evento, esquecendo dos assuntos discutidos por ali. O importante é criticar os "esquerdinhas", a "idolatria" a Hugo Chávez e a presença de José Dirceu no evento. Nada sobre os temas fundamentais para a humanidade que estão em pauta.

Na página seguinte, o jornal mostra sua verdadeira face com matéria sobre o Fórum Econômico em Davos: "Corrupção incomoda 79 por cento dos empresários". A combinação infeliz entre a cobertura do FSM e o "manifesto cidadão" dos maiores financiadores da corrupção mundial subsiste, nas páginas do jornal, como um manifesto liberal típico dos que querem manter as coisas exatamente como estão.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Desaparecidos 6

Circo Beat tem um não sei quê de muito bom que a ouvidos pouco afeitos à embriaguez lírica de Fito Paez parece incomodamente kitsch. Comprado numa loja de discos perto da loja da minha cunhada em Ciudad Bolívar, esta bolacha conduz a melodramas familiares

Todas las mañanas que viví / todas las calles donde me escondí / El encantamiento de un amor / el sacrificio de mis madres / los zapatos de charol / Los domingos en el club / salvo que Cristo sigue allí en la cruz / las columnas de la catedral / y la tribuna grita gol el lunes por La Capital

, latinidade

La moneda en la vida de Juan / Chico Buarque, lo lentes, la estatua de sal
el suicida y su gato irreal / lo que fue, lo que es, lo que ya no será...


, utopia

I'm a hippie / siempre fue así / Hay un hippie / dentro de mí / no me tomes tan en serio / sólo dejo que ocurra.

e arte

Los cines ya no están / Rose Marie, mi amor / hoy vuelvo a la ciudad a encontrármelos/ donde volcó el Poseidón / donde escapó Papillón /Woody tenía razón
Si Disney despertase...


Ouça (leia) Normal 1 e renda-se. Circo Beat é vintage.Belo Horizonte -

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Bring the boys back home

Belo Horizonte - Não temos mais o que fazer no Haiti. Não podemos ser nação amiga, capacetes azuis pró-paz sem dinheiro da ONU, Estados Unidos e Comunidade Européia. Desse jeito, viramos força invasora. Quando não há dinheiro para investimento social e pelotões armados circulam entre pessoas já suficientemente acuadas pela pobreza e corrupção, assumimos o papel de senhores do caos. Bring the boys back home.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

There is a light that never goes out

Belo Horizonte - Dois membros da lendária banda britânica The Smiths devem se apresentar juntos pela primeira vez em quase 20 anos no fim deste mês. O guitarrista Johnny Marr e o baixista Andy Rourke...

Leia mais aqui.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Desaparecidos - 5

Belo Horizonte - Meu Wish you were here importadão também desapareceu. O melhor disco do Pink Floyd na opinião de Gilmour, Mason e Wright (sorry, Waters, a maioria vence)era um dos exemplares mais antigos que tinha em compact disc. Estivesse por aqui, seria um adolescente de 14 anos pronto para a troca por um exemplar mais novo. Não se comenta esta obra-prima. Ouve-se.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Sobre a mágoa

Belo Horizonte - Há pessoas que nunca esquecem. Renovam a tristeza e o desprezo constantemente, numa maneira equivocada de manter-se vivo. Na verdade, aferram-se a uma morte lenta, revelada na própria imutabilidade. Que o ano novo lhes traga amor, sabedoria e compaixão. Nada como um dia depois do outro.

domingo, 1 de janeiro de 2006

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Saraiva

São Paulo - Venho à cidade à procura de coisas urbe. Uma delas é o Saraiva. Mas cadê o Carlos Saraiva?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Comida

São Paulo - Polvos na Barão de Iguape. O Chi-Fu é pequeno e tão chinês que ninguém por lá fala nosso idioma. Muita gente trabalhando no restaurante. Suas crianças, mais versadas em mandarim e português que os adultos, usam talheres. Adaptação. Depois um almoço assim, jantar no Big Fellows assitindo ao programa televisivo de Diego Maradona é um eficiente contraste.

On the road

São Vicente - O Brasil começou aqui, mas nossa aventura pelo litoral paulista, em Mongaguá. Depois, Praia Grande e Itararé. Camarão, água de coco, cação e guarda-sol. Rodovia dos Imigrantes zen: lá embaixo, a antiga estrada de Santos.

domingo, 25 de dezembro de 2005

Sem título

Bragança Paulista - Boa Vista, bairro fora do perímetro urbano de Bragança, repleto de árvores, araucárias e barro molhado de chuva, tem algo que lembra o último refúgio de Rémy, em As Invasões Bárbaras. Lugar adequado para a retomada de um romance interrompido por 40 anos que, depois de realizado, acaba em leito de hospital, festa de natal, encontros inesperados de familiares dispersos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Notas gerais

São Paulo - Hugo Chávez e Evo Morales lembram o estado indígena, que já governou muito bem essas terras latino-americanas.

Paulo Maluf doou uma dinheirama a projetos assistenciais e posou ao lado do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra em solenidade pública. Agora diga: você confiaria seu voto a um deles?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Bloguema

KGB
ursos
russos
na tundra


CIA
grande
loja
de
departamentos


MI6
in
my
sex


SNI
seicho
no
ie


Mossad
Moçada

sábado, 10 de dezembro de 2005

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Notas sociais 2

Belo Horizonte -

Israel Barros e Laura largaram Marselha por uns dias. Desembarcaram em Belo Horizonte, onde fomos aos Chopps no Lord Pub, com Christian, Michel, Dominique, Juliana, Manoelita e entourage. Durante apresentação da banda It's Only Rolling Stones, todo o sarcasmo enriquecido como urânio iraniano dos autores dO cabuloso destino e destas e-pístolas vem à tona em brado nonsense:

- Toca Stairway to heaven!

domingo, 27 de novembro de 2005

Notas sociais

Belo Horizonte - Sexta-feira e sábado eletrônicos em Belo Horizonte, com o Fórum Eletronika de Mídia Expandida rolando na Casa do Conde. Video-arte, gente de óculos, DJs Kowalsky (BH), Dolores (Aracaju), Pheek (Canadá), Rupture (Espanha), os newordianos alemães Ada e Metope, encerrando com a bricolage sonora do canadense Akufen. E ainda as presenças ilustres de Antônio Marcos Pereira - que depois se mandou pra São Paulo atrás do Flaming Lips -, Andréa Cattaneo, Fábia Lima, Ana Paula Damasceno e Leo Gomes. Hype? Hiper.

sábado, 26 de novembro de 2005

Um menino vê hamsters na vitrine

Belo Horizonte -



...como quando deixamos as garagens dos condomínios e saímos,
encapsulados em nossos carros, observadores da vida encaixotada, a caminho do Shopping.



domingo, 20 de novembro de 2005

Desaparecidos IV

Belo Horizonte - Um som é mais um desses discos conceituais, sonoros, vocálicos, graves, universais e impressionantes do cantor, compositor, poeta e performer brasileiro Arnaldo Antunes. Esgotadíssimo, nem em redes P2P pode ser encontrado.

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Desaparecidos (III)

Belo Horizonte - Santorini Blues, de Herbert Vianna é introspectivo, família, gravado em estúdio caseiro, com ecos mediterrâneos, vinho tinto e pólvora. Ganhei da Andréa, que já usou uma faixa (Luca) num vídeo ambiental ali pelo finalzinho do século 20. Depois de alguns anos esgotado, voltou a ser prensado e é vendido por preço especial anti-pirataria numa grande loja de discos virtual. O exemplar desaparecido já foi substituído.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Desaparecidos (II)

Belo Horizonte -
Berlin, do Lou Reed, é perda inestimável. Coisa antiga. Minha mãe não gostava. Nenhuma mãe gosta do Berlin. Coloque para sua mãe ouvir e veja se ela gosta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Desaparecidos (I)

Belo Horizonte - Re, do Cafe Tacuba é um disco excepcional, onde o rock latino apresenta-se transfigurado por mitos indígenas, campesinos e chilangos e canções de amor e música mexicana de raiz e cinismo e cultura híbrida. Da veia revolucionária que engendra Santana, Mutantes e Orquestra Tabajara. Inspiração para o som do Los Hermanos. Paradigma pós-moderno e item obrigatório. Comprei num shopping em Puerto Ordaz junto com o Vodoo Lounge, dos Stones e o Soup, Do Blind Melon em novembro de 1995. Até agora não foi substituído, mas tenho em MP3, até lá.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Desaparecidos (Prólogo)

Belo Horizonte - Compradores compulsivos de discos são uns incompreendidos. A maioria das pessoas acha suficiente ouvir música no rádio, em lojas de roupas, em carros "tunados" ou na TV, e que portanto não precisa dela. A música é etérea, logo a tentativa de aprisioná-la configura egoísmo, instinto de propriedade, atitude pouco sociável diante da mais bela e intangível arte. Argumentos bons, mas insuficientes para convencer os colecionadores de discos.

Walter Benjamin disse que a reprodução indiscriminada de bens culturais destrói o valor de culto da obra genuína. Na era da reprodutibilidade técnica, o valor de exposição assume a liderança. Esse paradigma ganha roupa nova no século 21, onde CDs, livros e filmes são bens culturais que passaram a concentrar, na era da pirataria cibernética, o mesmo valor de culto que as pinturas de Vermeer. Um dia esses objetos deixarão de ser fabricados, submersos na digitalização desenfreada de conteúdos. Passado humano ainda presente.

Entre a reprodutibilidade técnica e a pirataria cibernética, o colecionador de discos busca aprisionar a música para lhe dar o devido valor de culto. Há gente que vive muito bem com menos de 600 discos. Não é meu caso. Os 50 CDs desaparecidos que tentarei lembrar e comentar aqui reaparecem, fantasmagóricos, em forma de expiação e terapia. Sugestão do Annio Marcos, ainda às voltas com a tese.

PS: Como prometido, a série começa no dia seguinte a uma segunda-feira, com a volta do bom e velho sistema de comentários Haloscan.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Já era

Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Belo Horizonte - NA VITROLA, SONIC YOUTH, o primeiro, de 1982, com aquelas linhas de baixo que só a Kim Gordon sabe fazer.
Belo Horizonte - O FIM DA CRISE POLÍTICA aproxima-se, célere. E traz alívio rápido para o Congresso Nacional. É que os 13 deputados acusados de receber dinheiro ilícito para suas campanhas devem renunciar e ficar livres da cassação por falta de decoro parlamentar. Há um cheiro de pizza vindo de Brasília. Pizza gigante, tamanho família, com sabores que atendem aos partidos envolvidos na tramóia: PP, PSDB, PDT, PL, PFL e, claro, o PT. Blindagem é isso.

sábado, 8 de outubro de 2005

Belo Horizonte - TESTAR UM NOVO TEMPLATE é sempre uma atividade divertida, se podemos realmente nos dedicar a ela.

sábado, 1 de outubro de 2005

Leio da mão para a boca, de Paul Auster

Belo Horizonte - Mistura excelente auto-biografia a duas peças de teatro horrorosas, um desprezível jogo de beisebol com cartas de baralho e uma novela noir bem construída. A primeira parte, como bem afirma o Antônio Marcos, comprova que mesmo na adversidade é possível construir uma carreira sólida, por mais que os fracassos se sucedam.

A coletânea de fracassos em Da mão para a boca é expiação para o autor, que depois de limpar privadas em navios, flanar sem rumo pelas ruas de Paris, trabalhar em subempregos e tentar projetos mirabolantes na busca da estabilidade financeira, encontrou seu lugar como escritor e roteirista na selvagem Manhattan.

Dos vinte e muitos aos trinta e poucos anos de idade passei por um longo período em que tudo o que eu tocava dava em fracasso. Meu casamento terminou em divórcio, meu trabalho como escritor não levava a nada e eu vivia atormentado por problemas financeiros. Não me refiro apenas a um aperto ocasional, a épocas recorrentes de vacas magras, e sim a uma falta de dinheiro constante, opressora, quase sufocante, que me envenenava a alma e mantinha-me num estado perene de pânico. (p. 7)

Livro: Da mão para a boca
Autor: Paul Auster
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 50,50

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Leio Haxixe, de Walter Benjamin

Belo Horizonte - Ri à beça com as aventuras do excelso teórico da Escola de Frankfurt e seus colegas de pesquisa (Ernst Jöel e Fritz Fränkel) na embriaguez do haxixe. Como Edgar Morin, Benjamin acreditava no observador participante, uma forma de imersão no campo de pesquisa que vai além da mera transcrição de detalhes (o que está matando o jornalismo) e parte para a compreensão de todo o universo de significações, via observação direta, do comportamento do(s) indivíduo(s) pesquisado(s) em determinada situação. Um tipo de trabalho onde a participação não gera interferência direta nos resultados, mas uma metodologia de acompanhamento de cada experiência.

De modo assaz genérico, pode-se dizer que a noção de um "lá fora" ou de um "além" vem associada a um certo desprazer. Mas é preciso distinguir rigorosamente o "lá fora" do campo de visão extremamente vasto que, para a pessoa sob o efeito do haxixe, tem tão pouco a ver com o "lá fora" quanto, para o espectador de teatro, o palco e a rua fria. Insistindo nessa analogia, dir-se-ia que entre o drogado e seu campo de visão parece interpor-se uma espécie de proscênio por onde perpassa uma brisa bem diversa: o mundo exterior. (p. 52)

Bloch se dispõe a tocar-me de leve o joelho. Sinto o toque da mão muito antes que ela me alcance, e o gesto me choca como uma desagradável violação de minha aura. (p. 53)

Benjamin, como em outros experimentos, mantém o braço e o dedo indicador, apoiados no cotovelo, apontados para cima. "Talvez minha mão se transforme num pequeno ramo". É extraordinariamente significativo que, na imaginação de Benjamin, tenha se acrescentado a essa observação "se é que não se manifestou simultaneamente a ela" a idéia de que a mão ramificada se cobria de neve. (p. 107)

Além do ornamento porém, há na esfera banal das coisas observáveis certos objetos que transmitem ao êxtase o peso e o significado que os habitam. Entre eles incluem-se as cortinas e os rendados. As cortinas são intérpretes da linguagem dos ventos. Elas conferem a cada sopro o perfil e a sensualidade das formas femininas. Diante delas o fumante, absorto em seu jogo ondulatório, desfruta do mesmo prazer que lhe proporcionaria uma bailarina consumada. Mas, se a cortina estiver aberta de par em par, ela pode tornar-se instrumento de um jogo ainda mais extraordinário, pois essas rendas funcionarão para o fumante como padrões, que por assim dizer, seu olho imprimirá sobre a paisagem, transformando-a de maneira singular. (p. 38)

Embora a incoerência típica do êxtase resulte num texto vezooutra anárquico, Benjamin apresenta características da borracheira com a maestria literária e científica que lhe são próprias. Certas passagens são hilárias, como convém à estupefaciência. O livro ainda acrescenta experimentos com Mescalina produzida pelo Laboratório Merck, aquele mesmo, do Paracetamol.

Livro: Haxixe
Autor: Walter Benjamin
Editora: Brasiliense
Páginas: 126
Preço: Esgotado

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Belo Horizonte - ACREDITO NA BLOGOSFERA como novo espaço público habermasiano, lugar de gestação de novas políticas de comunicação, onde a liberdade de pensamento e a possibilidade de intervenção sejam plenas. Os sistemas de comentários dos blogs serão fantasmas assombrando a grande imprensa, num futuro muito próximo. Os mass media precisam se render à manifestação da audiência, ou seu modelo entrará em colapso. Políticas públicas globais de comunicação, já!

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Belo Horizonte - MANTENHO ESTE BLOG HÁ ANOS e os resultados de audiência para uma nova proposta de texto em quatro dimensões (quer entender, leia os arquivos, cansei de desperdiçar HTML) são pífios. O que faz pensar se a manutenção deste espaço vale a pena. Não trato blog como terapia, passatempo ou modismo, nem condeno sua utilização dessa forma. Escrevo para formar leitores, uns trezentos a quinhentos, que possam consumir minha produção literária chinfrim no futuro. Blogar cria atalhos no percurso literário.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Belo Horizonte - NOSSOS ESCRITOS DIGITAIS SÃO GARANTIA DE ETERNIDADE? Teremos, com nossos blogs encontrado a solução para o grande dilema sartriano? Teremos oportunidade, como nas crenças monoteístas, de que um grande backup salve nossos textos toscos da destruição e forje uma Bíblia do futuro, destinada a uma nova humanidade, bárbara e destecnologizada?

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Belo Horizonte - BLOGS SÃO COMO DRUGS. Ao tornar-se usuário, nunca se sabe quando parar. A dependência pode durar anos. Mais da metade dos blogs (e eles existem aos milhões) morrem em 24 horas. Há uma quantidade absurda de cadáveres de blogs por aí. A maior parte não merece leitura, mas bons blogs também acabam. O André Muggiati não bloga mais. A Sidênia parou de blogar. A Lili e a Chris também pararam. O Luís Ene, querido crítico insuspeito d'além mar, matou o Ene Coisas. Já meus amigos Humberto e Vandré são mortos-vivos da blogosfera: vivem ressuscitando. Morrem os blogs, mas morrem também os autores de blogs, caso da Eduarda, que deixa órfão o Caderno de Sonhos, eternamente congelado em pixels, lacrado por senha inexpugnável.

Leio Alta Fidelidade, de Nick Hornby

Belo Horizonte - DEZ ANOS APÓS o seu lançamento e standartização como literatura pop e é a mesma coisa que lê-lo na época. O personagem Rob Flemming encarna tipo xiita que briga com fãs do Simple Minds e mantém uma mente de 16 anos em corpo de 35. Fui assim aos 23. Mais do que a Síndrome de Peter Pan, subsiste no protagonista o (bom?) e velho conservadorismo britânico, agregado à incapacidade de amadurecer um relacionamento. Tudo isso no meio dos milhares de discos que compõem a trilha sonora da sua vida. A complexidade psicológica de Flemming pode ser subestimada pelo leitor mais afoito ou demasiado exigente. Mas ela não comparece nos trechos abaixo:

A loja tem cheiro de fumaça choca, umidade e capas plásticas, e é estreita e lúgubre e suja e apinhada, em parte pórque é isso que eu queria - é assim que toda loja de discos devia ser, e só os fãs de Phil Collins dão bola para as que parecem limpas e saudáveis feito casa de subúrbio. (p. 40)

Antes de a banda subir ao palco, tudo é genial. Antigamente levava um tempo até as pessoas esquentarem, mas hoje elas estão a fim de cara. Em parte isto é porque, na sua maioria, os freqüentadores desta noite estão alguns anos mais velhos do que estavam há alguns anos, se vocês entendem o que eu quero dizer - em outras palavras, este é exatamente o mesmo pessoal, e não seus equivalentes de 1994 - e eles não querem esperar até meia noite e meia ou uma hora para deixar cair: estão cansados demais para isso hoje em dia, e de qualquer forma alguns deles têm que ir para casa render as babysitters. (p. 257-58)

O livro é a prova da difícil convivência entre uma mulher normal e um homem com um enorme coleção de discos. Para colecionadores de discos e suas cara-metades.


Livro: Alta fidelidade
Autor: Nick Hornby
Preço: R$ 29,00
Editora: Rocco
Páginas: 267

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Emera

Belo Horizonte - Nossa amiga (minha, da Andréa, do Liu) Eduarda morreu. Seu nome verdadeiro está na lista do e-pístolas: Eduarda Matos. Era mais conhecida por Emera, que rima com blogosfera.

Seu blog era um sucesso no Brasil e fora dele. Foi através de seus escritos que meu amigo Carlos Saraiva a conheceu. O namoro virtual virou realidade e um dia os dois pintaram na nossa casa em São Paulo, onde fiz a foto que aparece no Orkut.

Saraiva deixou Sampa e foi pra Fortaleza por causa dela. Dona de texto econômico, escreveu no lendário blog coletivo Canaimé, comigo, o Nei, Vítor, o Saraiva e o Vandré. Leitora de Clarice e Mishima, fã de bom cinema e boa música, era mística e já correu o mundo, fazendo o próprio caminho. Na segunda-feira, depois de uma cirurgia mal-resolvida, Eduarda morreu.

Atribuir culpas ou cultivar ressentimentos contra erros médicos, cada vez mais comuns porque cada vez mais tolerados, não a trará de volta. O Saraiva, em Fortaleza, curte sua dor ao lado dos pais de Eduarda. Não deixe comentários aqui. Vá ao blog dele ou ao dela e diga qualquer coisa. Que Eduarda, como persona virtual, vive.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Bola ao cesto

Belo Horizonte - A TV Globo ensaia interesse pelo basquete brasileiro, que hoje é menor que o argentino e o norte-americano, mas é dos melhores do mundo. Historicamente, somos quase tão campeões quanto os consagrados ianques.

Que isso aproxime a poderosa da NBA. Porque os times de basquete brasileiros e a própria seleção carecem de apoio. O ideal seria patrocínio dos exportadores, recentemente subsidiados com a queda do dólar e leis de incentivo. O Brasil está produzindo craques de basquete em série, como no futebol. Os empresários precisam ficar de olho e investir.

Como acontece no futebol espanhol e italiano, a vitrine mundial dos melhores jogadores de basquete do mundo é a NBA, onde aos poucos aumenta a presença de brazucas. Tem Leadrinho no Phoenix Suns, Anderson no Cleveland Cavaliers, Nenê nos Nuggets e Rafael Araújo no Toronto Raptors. Só queria saber o que aconteceu com as transmissões da ESPN.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Ladrões

Divinópolis - Belo Horizonte - Pacato interior de Minas? Há dias ladrões arrombaram a porta da cozinha e roubaram um DVD player, umas jóias e meu notebook, levado com bateria e carregador na bolsa. O dinheiro compra tudo de volta, mas o último item é irreparável, não pelo preço ou recursos tecnológicos. O prejuízo imaterial (os artigos científicos que vinha escrevendo, o conteúdo multimídia, um velho livro inacabado) causa mais danos: a perda da memória, da produção artística e acadêmica. Backups diários nunca foram meu forte. A Polícia foi informada. Os dias passam e as chances de recuperação são cada vez menores. Dependentes químicos trocaram-no por 50 reais em crack ou foi coisa de profissional? Roubaram quatro portáteis na mesma semana em Divinópolis. Na hierarquia do crime, de ladrões e receptadores, estes últimos são quase incógnitos. No fundo, gente comum, que adquire usados do amigo do amigo. Que compra auto-peças a preços inacreditáveis, na certeza de estar fazendo um grande negócio: quem compra mercadoria roubada não se importa se há sangue no que compra. O roubo de notebooks tem levado profissionais à ruína ou à morte, como aconteceu ao executivo da Schering, Alexandre Feijó. Amigos e familiares criaram uma ONG. Visite.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

F1

Divinópolis - Michael Schumacher na Ferrari
Felipe Massa na Ferrari
Rubem Barrichello na BAR
Nada de novo na Fórmula 1 em 2006

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Na tela


Belo Horizonte - Sin City não tem uma estética inovadora, como apregoa a mídia média. É estética antiga, de histórias em quadrinhos.

Mas engana-se quem achar que Robert Rodriguez repetiu a fórmula observada em Homem-Aranha, X-Men, Demolidor ou no Batman de Tim Burton. Ao dividir a direção com o desenhista Frank Miller, criador de Sin City, Rodriguez usou de um expediente raro entre cineastas (a humildade) e deixou que o mestre dos quadrinhos trabalhasse com paciência no planejamento fotográfico. O resultado é impressionante. Sabe a Frank Miller animado.

Em Sin City as mulheres são belas, os homens truculentos e as chuvas escandalosamente cantareiras. Não atinge a qualidade que o suporte bidimensional do papel proporciona, mas o filme é de longe a melhor adaptação já feita dos quadrinhos para o cinema. Palavra de quem aos 9 anos viu no cinema um Peter Parker loiro, de cabelo comprido, com rastreador eletrônico e teias que eram cordas brancas sobre as quais um artista de circo fantasiado se equilibrava. O Homem-Aranha recente melhorou, mas excede na melancolia de órfão do tio Ben. Não tem o humor do super-herói dos quadrinhos.

Já em Quarteto Fantástico o humor comparece em doses generosas. O filme manda bem, apesar da origem pouco crível do Doutor Destino, submetido aos raios cósmicos na mesma nave dos quatro. Se contasse com o humor do Quarteto Fantástico e a estética de Sin City (e um outro ator no papel), o Homem-Aranha contemporâneo seria bem melhor. Mesmo com a tecnologia disponível, falta-lhe o filme definitivo.

Assim como ao Hulk, Demolidor, Elektra, X-Men...

Frank Miller, diferente de Gabriel García-Márquez e sua luta contra adaptações pouco fiéis, pode ficar tranqüilo. Com Rodriguez por perto dá pra pensar num Demolidor revisitado. Que tal?

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Diesel and dust

Belo Horizonte - O trecho da BR-381 (Rodovia Fernão Dias) entre Betim e Belo Horizonte vive, nas últimas semanas, um caos ligeiramente maior que o ordinário, de motoristas-malabaristas e pedestres suicidas.

As placas indicam que a troca do asfalto é obra do Governo Federal; as filas de caminhões que jogam fumaça na sua janela indicam que o enfisema é uma meta possível; os operários com suas lanternas sinalizadoras não escondem o medo.

Enquanto isso, descubro caminhos alternativos no tráfego da grande BH, via Contagem a leste da rodovia ou atravessando a linha de trem que separa a Fernão Dias da MG-040, para chegar em tempo ao Campus da Papulha.

Leio Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel García-Márquez

Belo Horizonte - Este não é o melhor livro de García-Márquez, mas é interessante, por seu texto mimetizado e pela moral dos personagens. Nesta novela o escritor colombiano, qual Lou Reed, assume a pele de um jornalista da virada do século 19 para o século 20. O texto impressiona pelos floreios típicos dos dinossauros do jornalismo. García-Márquez não escreve assim. Seu personagem escreve. No final, a conclusão de que todas as profissionais do corpo são infelizes.

Título: Memórias de Minhas Putas Tristes
Autor: Gabriel Garcia Marquez
Editora: Record
Páginas: 132
Preço: R$ 29,90

domingo, 24 de julho de 2005

Satélite

Divinópolis - Faltou luz ontem à noite, assim que a lua cheia apareceu, deixando salas escuras, roteadores desligados, televisores inúteis, cidadãos inseguros. Os olhos logo se acostumaram e o céu revelou Escorpião no horizonte oposto ao disco amarelo pendurado na abóbada. Sentado na calçada com um Toshiba e um Daschund, escrevo estas linhas sob a luz da lua, que é sempre bela e imensa em Divinópolis.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

O homem de seis milhões de dólares

Divinópolis - Este é Steve Austin, um homem semi-morto. Senhores, nós podemos reconstruí-lo. Incrível.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Stephen King

Divinópolis - Vejo filme na TV sobre escritor que volta à cidade natal para produzir livro na casa mal-assombrada da sua infância. Imperdível.

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Sobre política

Divinópolis - Mais do que moral, acusar de imoral publicamente uma pessoa pública é um ato político. Na medida em que a política, entre muitas coisas, consiste numa luta entre amigos e inimigos, ela pressupõe a manipulação do outro, desde logo suporta, portanto, certa dose de amoralidade. Não há política entre santos, mas já existe entre sábios, pois, embora devam discutir até o convencimento de todos, até chegar ao consenso e pronunciar uma verdade relativa, para isso precisam disputar recursos escassos, de sorte que alguns ficam privilegiados no processo de provar suas teses.

Trecho de artigo do filósofo José Arthur Gianotti na Folha de S. Paulo (17 de maio de 2001), reproduzido na Primeira Leitura.

segunda-feira, 11 de julho de 2005

A um amor na estrada

And if love has gone
There is always justice
And if justice has gone
There is always force
And if force has gone
There is always mom

(Laurie Anderson)

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Coleguinhas

Divinópolis - Jornalistas competentes e amigos, com quem trabalhei ou estudei e agora são blogueiros de carteirinha: Rogério Christofoletti (Santa Catarina), César Zamberlan (São Paulo), Feutmann Gondim (Brasília) e Edileuson Almeida (Boa Vista). Agora só falta o Maurício Bittencourt.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Uma nova corrente: música

Divinópolis - Como veio do Nei, vou respeitar:

Quantos gigabytes usados com música?
Nunca deixo mais de 10 Gb no HD. Quando atinge a cota, gravo em MP3 e Ogg vorbis em CD e DVD. Como já existem uns 30 CDs, 5 DVDs e mais o que tem no HD, estimo em 45, 46 Gb de música digitalizada.

Último CD que comprei
Steve Howe - Natural Timbre

Música tocando no momento
Tears Began to Fall, do "The Mothers live at Fillmore East, June 1971" (Frank Zappa & The Mothers)

Cinco músicas que tenho escutado bastante:
Get out of town - Cole Porter
Small town - Lou Reed & John Cale
You belong to the city - Glenn Frey
São Paulo, São Paulo - Premeditando o Breque
São Paulo - 365

Cinco pessoas para passar a corrente adiante: Humberto, Pablo, Ldro, Vítor e você, leitor.

sábado, 2 de julho de 2005

By the way, which one's Pink?

Divinópolis - É, os caras tocaram juntos mesmo, em Londres. Roger Waters era o mais animado, atacando na cozinha de Money com Nick Mason, admitindo publicamente que era muito bom tocar de novo com aqueles caras, em assalto de humildade impressionante, como o riso discreto de Gilmour a Rick Wright em Wish you were here , nessa reunião desejada em escala global. A maior banda de rock do mundo* está de volta. Será o suficiente para sensibilizar o G-8**?

it could be made into a monster
if we all pull together
As a team



* Este assunto não está em discussão.
** Este assunto está em discussão: as grandes economias continuam a cobrar dívidas e juros de países exangues da África, Ásia e Américas? O G-8, como é conhecido o encontro dos controladores da economia mundial - cujo lastro em ouro foi todo adquirido criminosamente na América Latina - pode até colocar o assunto em pauta, com Bill Gates aparecendo entre artistas-ativistas, mas fará o suficiente?

Bill Gates no Live 8?

Divinópolis - Bill Gates apareceu no Live 8 a convite de Bob Geldof. O maior concentrador de renda do mundo também é o maior filantropo. Irônico. Por que ele apareceu? O gap tecnológico das nações em desenvolvimento, que derruba a renda e a qualidade de vida de milhões de pessoas passa diretamente por Bill Gates. Já sei, já sei, demonizar não adianta.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Górgonas

Divinópolis - Medusa, Esteno e Euríale, as irmãs Górgonas, um dia foram jovens, belas e promíscuas, mas pelo poder de Atena tornaram-se monstros repugnantes, com o corpo coberto por escamas douradas e cobras no lugar dos cabelos. Asas e faces horrendas, suas línguas pendiam para fora entre os dentes de javali e seus guinchos podiam ser ouvidos de longe. Inimigas da ética, da beleza, da inteligência e da filosofia, durante séculos as Górgonas petrificaram heróis e humanos. Para derrotá-las, somente fazendo com que se olhem no espelho. Nenhuma Górgona sobrevive ao enxergar-se como realmente é.

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Notas políticas

Divinópolis - A imprensa brasileira está numa luta inglória para provar duas coisas: que a corrupção nas estatais é um fenônomemo recente, uma criação do Partido dos Trabalhadores e que o mensalão, a mais antiga forma de previdência privada de parlamentares desde o Brasil-Colônia é invenção da tesouraria do PT e de um lobista. Não basta ser sibilino como revista semanal ou corrupto assumido como o deputado Roberto Jefferson para perceber a carga de maniqueismo com que o tema é tratado.

A verdade é que todos sabiam - dos adversarios do PT ao militante mais fiel - que abrir o partido a certas figuras acabaria com a aura de seriedade, de postura ética irrepreensível que o PT costumava ostentar. Para garantir a vitória de Lula, o PT abrigou em suas hostes gente de passado comprometido por todas as regiões do Brasil. Mudando o paradigma, o petismo passou a ser isso: um movimento à esquerda de quem sempre foi autoritário ou corrupto e um movimento à direita do partido que representava os ideais socialistas do Século 20. Como resultado, a explosão de denúncias em que existem mais culpados que inocentes. De réus confessos a acusados indignados, a impressão é de que o PT mergulhou em águas turvas - como já fazia boa parte da política brasileira - e a lama do fundo é movediça.

quinta-feira, 23 de junho de 2005

Comunicação

Divinópolis - Dentre todas as falhas imperdoáveis em comunicação (seja em assessoria, jornal, agência, docência, televisão ou banco de escola), a falta de provas e as incorreções, nesta ordem, são as mais significativas.

No primeiro caso, a intersecção perigosa entre o que se obtém de uma única fonte e o que pode ser comprovado desfaz qualquer trabalho sério. A fronteira entre fato e versão pode custar a reputação de qualquer veículo.

Enquanto os erros na grafia (e por grafia entenda-se topo tipo de publicação, do jornal impresso ao hipertexto, das legendas cinematográficas à diagramação) comprometem a qualidade do trabalho, a desinformação destrói credibilidades, maior patrimônio do setor.

Equipes informes, com diferentes níveis de talento, comprometem a qualidade e andam à margem do amadorismo. Quer ver sua empresa vendendo, seu jornal ganhando crédito, sua publicidade levada a sério, sua festa bombando? contrate um profissional de comunicação.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Uma canção

Todo Se Transforma
(Jorge Drexler)

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Piadas infames sem fio

- Quando ele se foi... me senti completamente wi-fi, disse a viúva.
- Ei, garota, vê se larga do meu pé. Eu sou wi-fi.
- Antes de morrer, pediu ao barman um wi-fi.
- Wi-fi e wai-fai eram tweeters que invejavam woofers, mas nunca eram levados a sério.
- Wii-fii!! , assobiou o menino para a morena na calçada.

Enquanto isso, no interior de Minas gerais:
- Aqui se faz pão de queijo?
- Uai, fai.

Divinópolis, Junho de 2005

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Mondo Pop

Divinópolis - Michael Jackson foi inocentado das 10 acusações de crimes que iam da narcotização de menores até abuso sexual. Assim como Roberto Jefferson, os acusadores careciam de provas. Depois dessa, Jacko deve deixar Neverland e ir morar no Camboja. Ops.

O Pink Floyd vai tocar no Hyde Park de Londres no mês que vem com a seguinte formação : David Gilmour (voz e guitarra), Nick Mason (bateria), Rick Wright (teclados) e Roger Waters (baixo e voz). A proeza é do Bob Geldof. Li primeiro no Leãdro, depois aqui e aqui. Notícia melhor, só se for sobre turnê mundial incluindo o Brasil.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Sobre a pesquisa científica no Brasil

Por que Deus nunca será professor titular ou pesquisador do CNPq ou da CAPES

1. Só tem uma publicação;
2. Esta publicação não foi escrita em inglês e sim em hebraico (mesmo que tenha sido traduzida para vários idiomas);
3. A referida publicação não contém referências bibliográficas;
4. Não tem publicações em revistas indexadas, ou com comissão editorial, ou ainda com pareceristas;
5. Há quem duvide que sua publicação tenha sido escrita por ele mesmo. Em um exame rápido, se nota a mão de, pelo menos, 11 colaboradores;
6. Talvez tenha criado o mundo. Mas o que tem feito, ou publicado, desde então?


Leia mais no Leãdro Wojak.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

I feel a little more blue than then

I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then

terça-feira, 31 de maio de 2005

Leio Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum

Divinópolis - Milton Hatoum é um caso raro na literatura brasileira. Seus dois únicos livros ganharam o Prêmio Jabuti (este e o Dois Irmãos) e foram traduzidos em várias línguas. Escrita madura, como se a estréia não fosse em 1990, com este livro, mas muito antes, pulverizada nos contos, ensaios, aulas de literatura que lentamente formam o autor, aluno de Irlemar Chiampi, leitor de Proust, Machado, Borges e Clarice. Hatoum é um artífice das letras, com sua estrutura em dois narradores (irmão e irmã) que se alternam a cada capítulo até um final que não é final. A composição geográfica de Manaus, do Líbano e da Europa fica em segundo plano, para que as sensações possam descrevê-las.

Livro: Relato de um certo Oriente
Autor: Milton Hatoum
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 166
Preço: R$ 34,00

quinta-feira, 26 de maio de 2005

Leio Fifteen Books (Amphigorey), de Edward Gorey

Divinópolis - Esse post precisa ser escrito em inglês. Sorry, non-english readers.

Edward Gorey has some black-victorian-humour-drawing-style that i could not believe until finish his 15 surreal stories about imaginary animals, suffer children, strange travellers, ghost characters, insects... He writes in classic english and, oh, he is vain. He's addicted to bèlle-époque. He - read this as a big mama from Bronx - doesn't mind the teachings of our holly lord Jesus Christ. I tell you, people: he's an incubus! This is not an anthology, this is scathology! By the way, there are 7,9 millions results for anthology in there. No big deal. But how about the incorrect form antology appears on 26 thousand adresses? Frightened? Barbarian invasions? Did i saw it on MTV? Yeah, the army of guys with umbrellas falling and marching. I guess is Gorey! It seems like an ancient Harvey Peakar. It seems like a brother of Robert E. Howard, like a Pasolini friend, a Ken Loach father. Don't ask me why. I'd tell you everything. Made up my mind. Thanks a lot, dude.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Comunicação

Propaganda
Propaga Nada

Relações Públicas
Retaliações públicas

Jornalismo
Formalismo

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Leio O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa

Divinópolis - As vidas de Flora Tristán e seu neto Paul Gaugain contadas com acuidade jornalística pelo autor de Conversa na catedral. A extensa pesquisa bibliográfica (neste caso, também pictográfica) não obscuresce as qualidades literárias do autor que, li em algum lugar, dá aos biografados a aura dos personagens de ficção mais apaixonantes. Como em A guerra do fim do mundo, quando Llosa homenageia Euclides da Cunha contado a saga de Antônio Conselheiro, líder mitológico do sertão brasileiro.

Tristán foi líder operária, feminista e revolucionária nos anos 1830. Gaugain, marinheiro, especulador, pintor boêmio e junkie nas selvas da Polinésia, na transição do Século 19 para o 20. Duas vidas atraentes, histórias fascinantes do século das utopias. Uma obra fundamental do peruano que é uma das maiores autoridades literárias da contemporaneidade.

O que indignou Flora foi perceber que um dos estivadores passava uma enorme maleta - quase um baú - a uma genovesa alta e forte, mas com gravidez adiantada. Encolhida, com a carga no ombro, a mulher avançava rugindo, a cara congestionada pelo esforço e pingando suor, na direção da diligência dos passageiros. O estivador lhe deu vinte e cinco centavos. E quando ela, em um francês bárbaro começou a reclamar ao homem os vinte e cinco restantes, ele a ameaçou e insultou. (p. 223)

Livro: O paraíso na outra esquina
Autor: Mário Vargas Llosa
Editora: ARX
Páginas : 496
Preço: R$ 56,00

sábado, 14 de maio de 2005

Uma corrente

Divinópolis - Não sou afeito a correntes, testes de blog e karaokê. Mas já testei a garganta com o Nei e o Saraiva num buteco em São Paulo, descobri que sou While my guitar gently weeps num teste que encontrei no Leãdro e agora participo dessa corrente literária que chegou aqui via tor e Edgar. Sinal dos tempos.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Assisti a Fahrenheit 451 e Amarcord quando tinha 10 anos, o que certamente ajudou a me deixar assim, desse jeito. Mas, sinceramente, a pergunta me soa confusa. Talvez pelo português de Portugal. Imagino que seja "que livro você gostaria de ser, exceto Fahrenheit 451". A resposta é On the road, do Jack Kerouak.

Já alguma vez ficaste perturbado por um personagem de ficção?
O narrador de Trópico de Capricórnio e o Humbert Humbert, de Lolita (Vladimir Nabokov) são perturbadores.

O último livro que compraste?
Relato de um certo oriente, do Milton Hatoum.

Qual o último livro que leste?
Ruído Branco, do Don dellilo.

Que livro estás a ler?
O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Cem Anos de Solidão (Gabriel García-Márquez), Grande sertão veredas (Guimarães Rosa, que vergonhosamente ainda não li), Decamerão, de Bocaccio (Que já comecei umas 50 vezes), Em busca do tempo perdido (Obrigado, Marcel Proust, pelas 3 mil páginas nesse período indefinido na ilha deserta) e, claro, Ulisses (James Joyce).

A quem vais passar este testemunho (6 pessoas) e porquê?
Aos amigos Carlos Saraiva, para despoetizar por alguns instantes; Nei Costa, que deve aproveitar o link acima e descobrir que música do White Album ele é; Feutmann Gondim, que é novo na blogosfera, mas leitor de priscas eras, Leãdro Wojak que é blogueiro de priscas eras e leitor de eras priscas, além de Pablo Varela e Renata Augusta, como motivos para um novo post.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Na cova dos leões

Divinópolis - O escritor Fernando Morais (Olga, Chatô) não se conforma com a censura e a mordaça imposta pelo juiz Jeová Sardinha, de Goiânia. Sardinha mandou recolher todos os exemplares do livro "Na toca dos leões" e estabeleceu multa de 5 mil reais para qualquer declaração do escritor sobre o fato.

Morais reuniu jornalistas brasileiros em Paris para criticar a decisão estapafúrdia do juiz goiano. O livro trata de um suposto projeto de eugenia do ruralista Ronaldo Caiado, cujo objetivo seria a esterilização de mulheres pobres do Nordeste brasileiro.

Caiado, para quem não sabe, é líder da bancada ruralista no Congreso Nacional. Ruralista, para quem não sabe, é uma espécie de predador que ocorre em grandes áreas de terra na Amazônia e no Centro-Oeste brasileiro. Com forte instinto territorial, os ruralistas defendem latifúndios, são contra a reforma agrária, as terras indígenas e a agricultura familiar, não sabem onde fica o Suriname e, principal característica, odeiam livros.

Conheço uns ruralistas.

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Uma canção

Dia Luna... Dia Pena
(Manu Chao)

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no quiero
Hoy día luna día pena

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no veo
Por ahí cualquiera solución...

Arriba la luna Ohea...

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no quiero
Hoy día luna día muero...

Arriba la luna Ohea...

terça-feira, 10 de maio de 2005

Na vitrola

Nine Inch Nails - With Teeth
Cazuza - Só se for a Dois
The Cure - Seventeen Seconds
Mutantes - Mutantes ao Vivo

segunda-feira, 9 de maio de 2005

A falta de paciência com o cinema

Divinópolis - Leia o artigo de Marcelo Miranda no Digestivo Cultural e entenda porque existem pessoas que não consideram Titanic o maior filme de todos os tempos.

sábado, 7 de maio de 2005

Juiz não pode mais exigir ser chamado de doutor pelo porteiro do condomínio

Justiça nega a magistrado tratamento de 'doutor'
07/05/2005 - 10h35m - (Antônio Werneck - O Globo)

O juiz Alexandre Eduardo Scisinio, da 9 Vara Cível de Niterói, julgou improcedente o processo movido pelo juiz Antônio Marreiros da Silva Melo Neto, da 6 Vara Cível de São Gonçalo, contra a síndica Jeanette Granato e o Condomínio Luiza Village, no Ingá, em Niterói. Melo Neto, que mora no condomínio, moveu uma ação por danos morais, com pedido de indenização, e também para ser tratado por "senhor" ou "doutor" pelos funcionários do prédio.

Melo Neto entrou com o processo no dia 10 de setembro do ano passado, alegando ter sido desrespeitado pelos porteiros e pela síndica quando solicitou ajuda para resolver um problema de infiltração em seu apartamento. Doutor é título acadêmico, afirma o juiz na sentença.


terça-feira, 3 de maio de 2005

segunda-feira, 2 de maio de 2005

O muro

Divinópolis - Entrou na cozinha, subiu na cadeira e pegou um pote de geléia. Desceu, passou numa fatia de pão e comeu.

- Corta, disse Alan Parker.

sábado, 30 de abril de 2005

Indômita

Divinópolis - Ela completa 10 anos hoje, e se parece com as outras meninas: tem registro de nascimento, não pára quieta, às vezes é prestativa, às vezes nonsense, poética, militante, inadequada, intolerante, violenta. No Brasil, nasceu em 30 de abril de 1995, quando teve definidas suas regras de utilização comercial pelo Ministério das Comunicações. Desde então, não conseguimos viver sem a Internet.

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Ser, veja

Divinópolis - , mpuDivinópolis enlouquece durante a Festa da Cerveja. O trânsito está fechado a várias quadras do local. Uma faculdade deixou de dar aula porque ficou inacessível aos alunos. Que não iriam mesmo: a "falta geral" atingiu boa parte dos campi do centro-oeste mineiro.

Hoje, amanhã e sábado a festa vai atrair boêmios de 50 cidades. Para trazer mais público, a organização liberou a entrada de crianças de 12 anos acompanhadas dos pais. É a iniciação aos mistérios da cevada. A Festa é da cerveja porque é a cidade de maior consumo per capita de cerveja no Brasil. Os bares não têm do que reclamar. Muitos se instalam na porta das faculdades, levando universitários incautos a novos paradigmas de fermentação alcoólica.

A organização dividiu a festa com base no repertório. Hoje é dia de rock: Capital Inicial, Ira e Marcelo Nova. Nos dias seguintes, música de produtor: Jota Quest, Sideral, Daniela Mercury e Ivete Sangalo

terça-feira, 26 de abril de 2005

Televisão

Hangin' out down the street
the same old thing we did last week
Nothing to do but talk to you
We're all alright!!
We're all alright!!
Hello Wisconsin!!!

Leio Ruído Branco, de Don Delillo

Belo Horizonte - O que pode haver de interessante na vida de professor universitário que deixa a metrópole e muda com a família para uma cidade do interior, passa a viver entre tipos excêntricos, adoece repentinamente, tem medo da morte e enxerga a vida como um supermercado? Ops, lembra minha própria vida.

Ecos do Nabokov de Fogo Pálido e Lolita.

A beleza descritiva nos arrasta como um canto indígena que dura dias, em que o transe leva o professor alto das mãos grandes a virar Humbert Humbert, agonizando a perda do sagrado. E sagrado é segredo. Nesse momento, que o cinema chama de plot, que os roteiristas chamam de turning-point, em que donas-de-casa descansam, que os cães recolhem-se em seus cantos e bruxas voam, o escritor corre seu maior risco: estar na autobähn a 240 quilômetros por hora e acelerar na última curva.

Ruído Branco parece ter sido iniciado por Dr. Jekyll e finalizado por Mr. Hyde. Mas é um grande obra de Delillo, das que passam tranqüilamnete no CRF (Coeficiente de Realidade e Ficção) necessário a toda estória.

Título: Ruído Branco
Autor: Don Delillo
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 320
Preço: R$ 44,90

sábado, 23 de abril de 2005

Roraima S.A.

Folha de S. Paulo
A ação, ajuizada na 11ª Vara Cível de Belém (PA) em 3 de janeiro de 2000, originalmente cobrava R$ 9,82 milhões. Com o passar do tempo, a dívida dobrou, passando de R$ 18 milhões. Os devedores apontados pelo Basa são Romero Jucá, sua mulher, Maria Teresa Jucá, atual prefeita de Boa Vista, Getúlio Cruz, ex-governador de Roraima, sua mulher, Maria Nazaré Araújo de Souza Cruz, e a empresa Frangonorte.


Revista Época
No dia 15, ao ser entrevistado por Época, Jucá disse ter se associado à Frangonorte por solidariedade a um aliado político, Getúlio Cruz. "Nesse negócio nefasto da Frangonorte só entrei para ajudar o Getúlio". (...) Getúlio, por sua vez, disse a um oficial de justiça que não tinha nada a ver com a empresa. (...) Nos últimos anos, Jucá transferiu para familiares boa parte de seus bens. Suspeita-se que ele tenha feito isso para esconder o patrimônio. (...) Coincidência ou não, dois meses depois do pedido de penhora, Jucá começou a transferir seu patrimônio para o nome dos quatro filhos.


Associação Brasileira de Imprensa
Outra dor de cabeça para o Governo é o Ministro da Previdência, Romero Jucá. Ele é acusado pelo Procurador de ter contraído um empréstimo do Basa (Banco da Amazônia) para abrir um abatedouro de frangos nas imediações de Boa Vista, a Frangonorte, que jamais chegou a ser construída.(aliás, a corrupção parece preferir a carne branca e macia, como a dos ranários virtuais do então Senador Jader Barbalho e os frangos superfaturados do frangogate do Prefeito malufista Celso Pitta). (...) A dívida com o banco (da Amazônia) chega hoje a R$ 18 milhões. Em função disso, o banco resolve cobrar a dívida penhorando os bens. É feita uma busca e descobre-se que os imóveis são fantasmas.


Tribuna da Imprensa
Roraima descobriu que tem seu Jader Barbalho. É o caso típico de uso de cargos públicos para fazer negócios.


Diário de Cuiabá
O ministro reconheceu que se sente "desconfortável" por ser alvo de denúncias, mas "tem a determinação do presidente da República" para cuidar dos assuntos da Previdência. "Quem estiver achando que vai me tirar do rumo com qualquer acusação leviana, está redondamente enganado. Estou tranqüilo, aguardando a manifestação do Ministério Público", disse o ministro, que pretende entregar explicações ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles, até o final da semana. O procurador deu prazo de 20 dias, a contar da última quinta-feira, para que Jucá enviasse suas explicações sobre o empréstimo de R$ 18 milhões (principal mais juros e correções) do Basa para uma empresa que lhe pertenceu entre 1994 e 1996.


Folha de S. Paulo
O documento foi assinado por Jucá, junto com representantes do Basa e com seu outro sócio, Getúlio Cruz, em 12 de agosto de 1996. Por esse instrumento, registrado em cartório de Boa Vista (RR), o ministro e Cruz apresentaram as sete propriedades rurais como garantias ao banco, sem mencionar possível transferência de cotas. O documento acrescentou as garantias, mas ratificou integralmente outro documento, de 20 de dezembro de 1995, pelo qual o ministro e Cruz assumiram as dívidas e o papel de principais pagadores e fiadores do negócio.


Tribuna do Interior
O ex-sócio de Romero Jucá no negócio, Getúlio Cruz, disse que nunca foi comunicado pelo Basa de que Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, o "dono" das propriedades inexistentes no Amazonas, havia sido considerado inidôneo pelo banco, junto com Deoclécio Barbosa Filho. "Tudo o que soubemos sobre restrições foi via imprensa", afirmou Cruz. A reportagem tentou hoje localizar Luiz Carlos Oliveira, mas o empresário não havia respondido aos recados até o momento.


Jornal Extra - Alagoas
No esforço para isentar-se de culpa, Jucá enroscou-se numa teia feita de explicações insensatas, argumentos anêmicos, denúncias inverossímeis. O palavrório tornou-se especialmente amalucado depois da divulgação de um documento em que Jucá inclui entre as garantias do empréstimo sete fazendas espalhadas pela Amazônia. A Justiça e a imprensa constataram que Jucá é o dono da assinatura no papel, mas não das terras. Aliás, as sete fazendas não foram localizadas. Nem serão, porque nunca existiram. Jucá afirma que o banco deveria ter conferido a papelada com mais cuidado. No Brasil, enganadores transferem a culpa para os enganados.


Revista Primeira Leitura
Vamos ver como é que a Procuradoria-Geral da República vai tratar a "distração" que faz parte da defesa do ministro Romero Jucá. As fazendas fantasmas "localizadas" na imensidão da Amazônia foram dadas ao Banco da Amazônia (Basa) como garantia para a liberação da segunda parcela de R$ 750 mil em 12 de agosto de 1996. O ministro só deixou formalmente a sociedade da Frangonorte, com Getúlio Cruz, em 1997.

quinta-feira, 21 de abril de 2005

Nada

Gutierrez presidente

Divinópolis - Lucio Gutierrez, garoto pobre que virou oficial militar, tentou golpe de estado e tornou-se presidente da República, assume hoje o governo do Equador. Qualquer semelhança com Hugo Chávez não é simples coincidência. A América Latina volta a ter militares no poder, como nas décadas de 1970 e 1980. Noutro contexto, é verdade. Caudilhos politicamente à esquerda, Chávez e Gutierrez nadam contra a maré neoliberal. Sorte.

Publicado aqui, em Janeiro de 2003.

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Dia do Índio (The day after)

Polícia do pensamento
Tentei argumentar favoravelmente à demarcação e quase fui linchado em via pública. Parece que foi feita uma lavagem cerebral nas pessoas. A maioria não tem noção nenhuma da questão, mas faz questão de dizer que o Estado está falido. Se esquecem, porém, de afirmar que a falência se deve, não aos índios, mas aos constantes roubos, saques e maracutaias praticadas pelos mesmos políticos há anos.
Nei Costa (Boa Vista-RR)


Antropos
A briga pelo território é a mais antiga do mundo, existe até entre os animais... Sou a favor da demarcação, também. Temos muito a aprender com a cultura indígena e não deixa de ser um genocídio a "expatriação" de quem é dono dessa terra, desde tempos imemoriais. O ser humano (tem gente que nem aceita que índio seja ser humano!)não é só um corpo revestido de pele: é parte integrante e contínua com o habitat.
Cláudio Costa (Belo Horizonte-MG)


Tenho dito
Aqui, onde missionários e outros conquistadores fizeram a feira com aldeamentos e escravizações dos indígenas; onde a história oficial nega que alguma vez houve conflitos durante o processo de ocupação das terras; onde meninas índias eram (e ainda são) trazidas para as cidades para estudar e viravam domésticas e brinquedinhos sexuais dos patrões; (...) onde o governador decreta luto oficial de sete dias por conta da demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol; onde (...) onde até o vendedor de picolés diz ser contra a demarcação mesmo nunca tendo tido um pedaço de terra na região; (...) onde o Estado cancelou todas as programações referentes à data em protesto contra a demarcação; bem, aqui, eu, como neto de uma macuxi que foi casada com um fazendeiro, vou exigir o meu pedaço de terra, trabalhar com agricultura e ecoturismo e ficar rico. Afinal, eu também tenho direitos! Fui!
Edgar Borges (Boa Vista-RR)


Us and them
Não vamos esquecer da patrulha que rola no Estado. Quando os arrozeiros fecharam a cidade contra a demarcação, a TV Roraima procurou, e acho que conseguiu, fazer uma cobertura sem balançar para nenhum dos lados, mostrando o quanto a população estava sofrendo com a atitude dos fazendeiros. Fomos malhados, não quiseram mais dar entrevistas prá gente e estas coisas. Agora, acho interessante, os mesmos caras que fizeram tudo aquilo, que incentivaram o sequestro de padres e tudo mais, reclamando da polícia federal.
Vandre Fonseca (Manaus-AM)


Terra
Área contínua sim!
Área contínua sim!
De Quixadá a Tóquio!
De Oslo a Quixeramobim!
Carlos Saraiva (Fortaleza-CE)


Frase da semana
A imprensa nacional continua mentirosa e falaciosa quando se refere a Roraima.
Folha de Boa Vista (Boa Vista-RR)

terça-feira, 19 de abril de 2005

Dia do Índio

O Governo Federal finalmente homologou a terra indígena Raposa Serra do Sol em Roraima, lar de milhares de índios de seis etnias, invadidos historicamente por portugueses, holandeses, espanhóis, franceses, ingleses, latifundiários, plantadores de soja e arroz.

Nesse tempo, os invadidos eram empregados nas fazendas e nas casas de família a troco de comida ou míseros tostões. Uma convivência apelidada de "pacífica" pela inteligentzia local, formada por pseudo-pesquisadores, engenheiros agrônomos, advogados venais, fazendeiros racistas e setores da imprensa. A entrega da terra indígena e a expulsão dos invasores (que datam de décadas e estão programadas para daqui a um ano) é uma vitória da cidadania.

Enquanto isso, estrebucham raivosos latifundiários ligados aos políticos acusados de corrupção, peculato, apropriação indébita, nepotismo. O governador de Roraima, velho brigadeiro reformado que servia ao regime militar entregando intelectuais de esquerda nas universidades durante os anos de chumbo, decretou luto oficial. Uma piada racista. Apesar das instituições frágeis, Roraima é um patrimônio da humanidade, com povos indígenas primitivos, tesouros arqueológicos e natureza preservada.

A terra que retorna aos índios restabelece o sentido de justiça. O Brasil decide, o mundo aplaude. Em Roraima, o único jornalista a levantar a voz em favor da causa indígena (pelo menos abertamente) é o Jessé Souza, que ironicamente trabalha no jornal mais anti-indígena jamais publicado. Coisas da profissão.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Obra coletiva

Divinópolis - Edgar Borges apronta conto digital a trocentas mãos, com participações de Luis Ene e Nei Costa, entre outros. Um projeto literário interessante que vai ser continuado pelos outros participantes, cada um dando início a uma nova história. Depois juntamos tudo e transformamos em livro digital ou analógico.

Dia de índio

Lula assina decreto que homologa Raposa Serra do Sol

17:23
Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil

Brasília ? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou agora há pouco o decreto que homologa de forma contínua a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Para o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, o decreto põe "ponto final" a um problema que se arrastava havia mais de 20 anos, produzindo inquietação na região.

"Esse é um grande momento do governo, em que nós assinalamos a firme determinação de continuar a demarcar terras indígenas, e principalmente pacificar situações, para que até o final do mandato nós tenhamos em todos os estados as situações praticamente resolvidas", destacou Thomas Bastos.

15/04/2005

Lula fez questão de homologar Raposa Serra do Sol antes do Dia do Índio, diz Thomaz Bastos

17:41
Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, contou agora há pouco que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava muito alegre ao assinar o decreto que homologou a reserva indígena Raposa Serra do Sol (RR). Segundo o ministro, Lula fez questão de assinar o decreto esta semana. "Esse é um momento fundamental na história das causas indígenas, por isso o presidente fez questão de assinar essa homologação hoje, antes do dia do Índio, para marcar a sua determinação e a sua vontade, expressa no seu programa de governo, de resgatar essa dívida que a nação tem com os povos indígenas", afirmou Thomaz Bastos.

O ministro da Justiça lembrou que a homologação está dentro de um contexto maior, dando um "passo forte" na construção de uma "estabilidade imobiliária" no estado. "Em Roraima, havia a inquietação de se saber se a Raposa Serra do Sol ia ou não ser homologada. Por outro lado, a situação imobiliária nunca avançou muito. Eram precisas medidas fortes no sentido de fazer a regularização imobiliária do estado", disse Bastos.

Entre o conjunto de medidas que o governo tomou nesse sentido, o ministro da Justiça enumerou algumas: destinar 150 hectares de terra da União para a implantação de pólos de desenvolvimento agropecuário; regulamentar 10 mil propriedades familiares, o que viabilizará o acesso a créditos públicos; identificar e cadastrar todas as famílias a serem transferidas das terras Raposa Serra do Sol e São Marcos e instalá-las em projetos de assentamentos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), quando preencherem os pré-requisitos do Programa Nacional de Reforma Agrária; concluir o levantamento, avaliação e indenização das benfeitorias identificadas na reserva. Além disso, segundo o ministro, nenhum ocupante de boa fé será obrigado a sair sem receber a sua indenização e ter destinada uma área para o seu reassentamento.

O decreto garante área de 1.743.089 hectares para os índios e determina também que ficam excluídas da Raposa Serra do Sol a área onde está localizado o 6º Pelotão Especial de Fronteira, em Uiramutã, os equipamentos e instalações públicas federais e estaduais atualmente existentes, as linhas de transmissão de energia elétrica e os leitos das rodovias públicas federais e estaduais.

Vivem, hoje, na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, quase 15 mil índios das etnias Macuxi, Taurepang, Wapixana, Ingarikó e Patamona.



Povos indígenas lutavam há quase 30 anos por demarcação de reserva

13:50
Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Para o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Marinaldo Justino Trajano, a publicação de portaria do Ministério da Justiça confirmando a declaração de posse permanente das etnias indígenas Macuxi, Taurepang, Wapixana e Ingaripó na reserva Raposa Serra do Sol representa uma conquista dos povos que "há quase 30 anos lutam por esse reconhecimento".

A portaria foi publicada nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial da União e prevê nova demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ficam de fora da reserva algumas áreas, como o núcleo urbano da sede do município de Uiramutã (com 4,7 mil habitantes, de acordo com o Ministério da Justiça), os leitos das rodovias públicas federais e estaduais e as linhas de transmissão de energia elétrica. "O importante é que saiu a homologação em área contínua, mesmo com essas exclusões. Se não chegamos a 100%, vamos dizer que chegamos a 95% e isso é uma coisa valiosa", avalia Trajano, liderança indígena da etnia Macuxi.

Ele também comemorou a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que extinguiu todas as ações judiciais que contestavam a portaria anterior (820/98). Nesta quinta-feira (14), o plenário do STF julgou as ações prejudicadas pela "perda do objeto", após tomar conhecimento da existência de nova portaria alterando o disposto no ato normativo anterior. "O importante é que saiu a portaria e o Supremo decidiu favoravelmente aos povos indígenas. Ficamos satisfeitos, mas não completamente ainda, porque está faltando a assinatura do nosso presidente".

A nova portaria, assinada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, garante área de cerca de 1,74 milhão de hectares para os cerca de 15 mil índios que vivem na reserva. Além do núcleo urbano de Uiramutã, das linhas de transmissão elétrica e dos leitos das rodovias federais e estaduais, ficam excluídas da reserva a área onde está localizado o 6º Pelotão Especial de Fronteira, em Uiramutã, e os equipamentos e instalações públicas federais e estaduais atualmente existentes.

Segundo o Ministério da Justiça, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vão transferir os 565 habitantes de três vilarejos localizados na área indígena ? Socó, Mutum e Surumu. No prazo de um ano, os arrozeiros que exploram terras na margem sudoeste da reserva também serão transferidos e os pequenos agricultores de outras áreas serão reassentados. Além disso, a União vai indenizar as benfeitorias construídas de boa-fé. Na região, há 63 ocupações em área rural: 47 pequenos pecuaristas e 16 rizicultores.

15/04/2005



Ministério da Justiça Gabinete do Ministro
PORTARIA N o 534, DE 13 DE ABRIL DE 2005


O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições, observando o disposto no Decreto n o 1.775, de 8 de janeiro de 1996, e com o objetivo de definir os limites da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e

Considerando que a Portaria MJ n o 820/98 não contempla solução para questões de fato controvertidas ressalvadas no Despacho n o 50, de 10 de dezembro de 1998, do então Ministro da Justiça;

Considerando ser conveniente e oportuno solucionar, de modo pacífico, situações de fato controvertidas ressalvadas no referido Despacho n o 50;

Considerando que os atos praticados com fundamento na Portaria MJ n o 820, de 11 de dezembro de 1998, são válidos e devem ser aproveitados;

Considerando que o Parque Nacional do Monte Roraima pode ser submetido, por decreto presidencial, a regime jurídico de dupla afetação, como bem público da União destinado à preservação do meio ambiente e à realização dos direitos constitucionais dos índios que ali vivem;

Considerando que o Decreto n o 4.412, de 7 de outubro de 2002, assegura a ação das Forças Armadas, para defesa do território e da soberania nacionais, e do Departamento de Polícia Federal, para garantir a segurança, a ordem pública e a proteção dos direitos constitucionais dos índios, na faixa de fronteira, onde se situa a Terra Indígena Raposa Serra do Sol;

Considerando, por fim, o imperativo de harmonizar os direitos constitucionais dos índios, as condições indispensáveis para a defesa do território e da soberania nacionais, a preservação do meio ambiente, a proteção da diversidade étnica e cultural e o princípio federativo; resolve:

Art. 1 o Ratificar, com as ressalvas contidas nesta Portaria, a declaração de posse permanente dos grupos indígenas Ingarikó, Makuxi, Taurepang e Wapixana sobre a Terra Indígena denominada Raposa Serra do Sol.
Art. 2 o A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com superfície de um milhão, setecentos e quarenta e três mil, oitenta e nove hectares, vinte e oito ares e cinco centiares e perímetro de novecentos e cinqüenta e sete mil, trezentos e noventa e nove metros e treze centímetros, situada nos Municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã, Estado de Roraima, está circunscrita aos seguintes limites: NORTE: partindo do Marco SAT RR-13=MF BV-0, de coordenadas geodésicas 05º12'07,662" N e 60º44'14,057" Wgr., localizado sobre o Monte Roraima, na trijunção das fronteiras Brasil/Venezuela/Guiana, segue pelo limite internacional Brasil/Guiana, passando pelos Marcos de Fronteira B/BG-1, B/BG-2, B/BG-3, B/BG-4, B/BG-5, B/BG-6, B/BG-7, B/BG-8, B/BG-9, B/BG-10, B/BG-11, B/BG-11A, B/BG-12 e B/BG-13, até o Ponto Digitalizado 02, de coordenadas geodésicas aproximadas 05º11'54,8" N e 60º06'32,0" Wgr., localizado na cabeceira do Rio Maú ou Ireng; LESTE: do ponto antes descrito, segue pela margem direita do Rio Maú ou Ireng, a jusante, acompanhando o limite internacional Brasil/Guiana, passando pelos Marcos de Fronteira B/5, B/4, B/3 e B/2, até o Ponto Digitalizado 03 de coordenadas geodésicas aproximadas 03º51'56,5" N e 59º35'25,1" Wgr., localizado na confluência com o Igarapé Uanamará; SUL: do ponto antes descrito, segue pela margem esquerda do Igarapé Uanamará, a montante, até o Marco 04 de coordenadas geodésicas 03º55'12,8544" N e 59º41'50,4479" Wgr., localizado na confluência com o Igarapé Nambi; daí, segue por uma linha reta até o Marco 05 (marco de observação astronômica, denominado Marco Pirarara), de coordenadas geodésicas 03º40'05,75" N e 59º43'21,59" Wgr.; daí, segue no mesmo alinhamento até a margem direita do Rio Maú ou Ireng; daí, segue por esta margem, a jusante, acompanhando o limite internacional Brasil/Guiana, até a sua confluência com o Rio Tacutu, onde está localizado o Marco de Fronteira 1 de coordenadas geodésicas 03º33'58,25" N e 59º52'09,19" Wgr; daí, segue pela margem direita do Rio Tacutu, a jusante, até o Ponto digitalizado 07 de coordenadas geodésicas aproximadas 03º22'25,2" N e 60º19'14,5" Wgr., localizado na confluência com o Rio Surumu; OESTE: do ponto antes descrito, segue pela margem esquerda do Rio Surumu, a montante, até o Ponto Digitalizado 08, de coordenadas geodésicas aproximadas 04º12'39,9" N e 60º47'49,7" Wgr., localizado na confluência com o Rio Miang; daí, segue pela margem esquerda do Rio Miang, a montante, até o Marco de Fronteira L8-82 de coordenadas geodésicas 04º29'38,731" N e 61º08'00,994" Wgr., localizado na sua cabeceira, na Serra Pacaraima, junto ao limite internacional Brasil/Venezuela; daí, segue pelo limite internacional, passando pelos Marcos de Fronteira BV-7, BV-6, BV-5, BV-4, BV-3, BV-2, BV-1 e BV-0=Marco SAT RR-13, início da descrição deste perímetro. Base cartográfica utilizada na elaboração deste memorial descritivo: NB.20-Z-B; NB.21-Y-A; NB.20-Z-D; NB.21-Y-C; NA.20-X-B e NA.21-V-A - Escala 1:250.000, RADAMBRASIL/DSG Ano 1975/76/78/80.

Art. 3 o A terra indígena de que trata esta Portaria, situada na faixa de fronteira, submete-se ao disposto no art. 20, § 2 o , da tuição.
Art. 4 o Ficam excluídos da área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol:
I - a área do 6 o Pelotão Especial de Fronteira (6 o PEF), no Município de Uiramutã, Estado de Roraima;
II os equipamentos e instalações públicos federais e estaduais atualmente existentes;
III - o núcleo urbano atualmente existente da sede do Município de Uiramutã, no Estado de Roraima;
IV - as linhas de transmissão de energia elétrica; e
V - os leitos das rodovias públicas federais e estaduais atualmente existentes.
Art. 5 o É proibido o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não-índios dentro do perímetro ora especificado, ressalvadas a presença e a ação de autoridades federais, bem como a de particulares especialmente autorizados, desde que sua atividade não seja nociva, inconveniente ou danosa à vida, aos bens e ao processo de assistência aos índios.
Parágrafo único. A extrusão dos ocupantes não-índios presentes na área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol será realizada em prazo razoável, não superior a um ano, a partir da data de homologação da demarcação administrativa por decreto presidencial.
Art. 6 o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MÁRCIO THOMAZ BASTOS

Guerra fria