quarta-feira, 22 de junho de 2005

Uma canção

Todo Se Transforma
(Jorge Drexler)

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Piadas infames sem fio

- Quando ele se foi... me senti completamente wi-fi, disse a viúva.
- Ei, garota, vê se larga do meu pé. Eu sou wi-fi.
- Antes de morrer, pediu ao barman um wi-fi.
- Wi-fi e wai-fai eram tweeters que invejavam woofers, mas nunca eram levados a sério.
- Wii-fii!! , assobiou o menino para a morena na calçada.

Enquanto isso, no interior de Minas gerais:
- Aqui se faz pão de queijo?
- Uai, fai.

Divinópolis, Junho de 2005

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Mondo Pop

Divinópolis - Michael Jackson foi inocentado das 10 acusações de crimes que iam da narcotização de menores até abuso sexual. Assim como Roberto Jefferson, os acusadores careciam de provas. Depois dessa, Jacko deve deixar Neverland e ir morar no Camboja. Ops.

O Pink Floyd vai tocar no Hyde Park de Londres no mês que vem com a seguinte formação : David Gilmour (voz e guitarra), Nick Mason (bateria), Rick Wright (teclados) e Roger Waters (baixo e voz). A proeza é do Bob Geldof. Li primeiro no Leãdro, depois aqui e aqui. Notícia melhor, só se for sobre turnê mundial incluindo o Brasil.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Sobre a pesquisa científica no Brasil

Por que Deus nunca será professor titular ou pesquisador do CNPq ou da CAPES

1. Só tem uma publicação;
2. Esta publicação não foi escrita em inglês e sim em hebraico (mesmo que tenha sido traduzida para vários idiomas);
3. A referida publicação não contém referências bibliográficas;
4. Não tem publicações em revistas indexadas, ou com comissão editorial, ou ainda com pareceristas;
5. Há quem duvide que sua publicação tenha sido escrita por ele mesmo. Em um exame rápido, se nota a mão de, pelo menos, 11 colaboradores;
6. Talvez tenha criado o mundo. Mas o que tem feito, ou publicado, desde então?


Leia mais no Leãdro Wojak.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

I feel a little more blue than then

I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then

terça-feira, 31 de maio de 2005

Leio Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum

Divinópolis - Milton Hatoum é um caso raro na literatura brasileira. Seus dois únicos livros ganharam o Prêmio Jabuti (este e o Dois Irmãos) e foram traduzidos em várias línguas. Escrita madura, como se a estréia não fosse em 1990, com este livro, mas muito antes, pulverizada nos contos, ensaios, aulas de literatura que lentamente formam o autor, aluno de Irlemar Chiampi, leitor de Proust, Machado, Borges e Clarice. Hatoum é um artífice das letras, com sua estrutura em dois narradores (irmão e irmã) que se alternam a cada capítulo até um final que não é final. A composição geográfica de Manaus, do Líbano e da Europa fica em segundo plano, para que as sensações possam descrevê-las.

Livro: Relato de um certo Oriente
Autor: Milton Hatoum
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 166
Preço: R$ 34,00

quinta-feira, 26 de maio de 2005

Leio Fifteen Books (Amphigorey), de Edward Gorey

Divinópolis - Esse post precisa ser escrito em inglês. Sorry, non-english readers.

Edward Gorey has some black-victorian-humour-drawing-style that i could not believe until finish his 15 surreal stories about imaginary animals, suffer children, strange travellers, ghost characters, insects... He writes in classic english and, oh, he is vain. He's addicted to bèlle-époque. He - read this as a big mama from Bronx - doesn't mind the teachings of our holly lord Jesus Christ. I tell you, people: he's an incubus! This is not an anthology, this is scathology! By the way, there are 7,9 millions results for anthology in there. No big deal. But how about the incorrect form antology appears on 26 thousand adresses? Frightened? Barbarian invasions? Did i saw it on MTV? Yeah, the army of guys with umbrellas falling and marching. I guess is Gorey! It seems like an ancient Harvey Peakar. It seems like a brother of Robert E. Howard, like a Pasolini friend, a Ken Loach father. Don't ask me why. I'd tell you everything. Made up my mind. Thanks a lot, dude.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Comunicação

Propaganda
Propaga Nada

Relações Públicas
Retaliações públicas

Jornalismo
Formalismo

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Leio O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa

Divinópolis - As vidas de Flora Tristán e seu neto Paul Gaugain contadas com acuidade jornalística pelo autor de Conversa na catedral. A extensa pesquisa bibliográfica (neste caso, também pictográfica) não obscuresce as qualidades literárias do autor que, li em algum lugar, dá aos biografados a aura dos personagens de ficção mais apaixonantes. Como em A guerra do fim do mundo, quando Llosa homenageia Euclides da Cunha contado a saga de Antônio Conselheiro, líder mitológico do sertão brasileiro.

Tristán foi líder operária, feminista e revolucionária nos anos 1830. Gaugain, marinheiro, especulador, pintor boêmio e junkie nas selvas da Polinésia, na transição do Século 19 para o 20. Duas vidas atraentes, histórias fascinantes do século das utopias. Uma obra fundamental do peruano que é uma das maiores autoridades literárias da contemporaneidade.

O que indignou Flora foi perceber que um dos estivadores passava uma enorme maleta - quase um baú - a uma genovesa alta e forte, mas com gravidez adiantada. Encolhida, com a carga no ombro, a mulher avançava rugindo, a cara congestionada pelo esforço e pingando suor, na direção da diligência dos passageiros. O estivador lhe deu vinte e cinco centavos. E quando ela, em um francês bárbaro começou a reclamar ao homem os vinte e cinco restantes, ele a ameaçou e insultou. (p. 223)

Livro: O paraíso na outra esquina
Autor: Mário Vargas Llosa
Editora: ARX
Páginas : 496
Preço: R$ 56,00

sábado, 14 de maio de 2005

Uma corrente

Divinópolis - Não sou afeito a correntes, testes de blog e karaokê. Mas já testei a garganta com o Nei e o Saraiva num buteco em São Paulo, descobri que sou While my guitar gently weeps num teste que encontrei no Leãdro e agora participo dessa corrente literária que chegou aqui via tor e Edgar. Sinal dos tempos.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Assisti a Fahrenheit 451 e Amarcord quando tinha 10 anos, o que certamente ajudou a me deixar assim, desse jeito. Mas, sinceramente, a pergunta me soa confusa. Talvez pelo português de Portugal. Imagino que seja "que livro você gostaria de ser, exceto Fahrenheit 451". A resposta é On the road, do Jack Kerouak.

Já alguma vez ficaste perturbado por um personagem de ficção?
O narrador de Trópico de Capricórnio e o Humbert Humbert, de Lolita (Vladimir Nabokov) são perturbadores.

O último livro que compraste?
Relato de um certo oriente, do Milton Hatoum.

Qual o último livro que leste?
Ruído Branco, do Don dellilo.

Que livro estás a ler?
O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Cem Anos de Solidão (Gabriel García-Márquez), Grande sertão veredas (Guimarães Rosa, que vergonhosamente ainda não li), Decamerão, de Bocaccio (Que já comecei umas 50 vezes), Em busca do tempo perdido (Obrigado, Marcel Proust, pelas 3 mil páginas nesse período indefinido na ilha deserta) e, claro, Ulisses (James Joyce).

A quem vais passar este testemunho (6 pessoas) e porquê?
Aos amigos Carlos Saraiva, para despoetizar por alguns instantes; Nei Costa, que deve aproveitar o link acima e descobrir que música do White Album ele é; Feutmann Gondim, que é novo na blogosfera, mas leitor de priscas eras, Leãdro Wojak que é blogueiro de priscas eras e leitor de eras priscas, além de Pablo Varela e Renata Augusta, como motivos para um novo post.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Na cova dos leões

Divinópolis - O escritor Fernando Morais (Olga, Chatô) não se conforma com a censura e a mordaça imposta pelo juiz Jeová Sardinha, de Goiânia. Sardinha mandou recolher todos os exemplares do livro "Na toca dos leões" e estabeleceu multa de 5 mil reais para qualquer declaração do escritor sobre o fato.

Morais reuniu jornalistas brasileiros em Paris para criticar a decisão estapafúrdia do juiz goiano. O livro trata de um suposto projeto de eugenia do ruralista Ronaldo Caiado, cujo objetivo seria a esterilização de mulheres pobres do Nordeste brasileiro.

Caiado, para quem não sabe, é líder da bancada ruralista no Congreso Nacional. Ruralista, para quem não sabe, é uma espécie de predador que ocorre em grandes áreas de terra na Amazônia e no Centro-Oeste brasileiro. Com forte instinto territorial, os ruralistas defendem latifúndios, são contra a reforma agrária, as terras indígenas e a agricultura familiar, não sabem onde fica o Suriname e, principal característica, odeiam livros.

Conheço uns ruralistas.

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Uma canção

Dia Luna... Dia Pena
(Manu Chao)

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no quiero
Hoy día luna día pena

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no veo
Por ahí cualquiera solución...

Arriba la luna Ohea...

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no quiero
Hoy día luna día muero...

Arriba la luna Ohea...

terça-feira, 10 de maio de 2005

Na vitrola

Nine Inch Nails - With Teeth
Cazuza - Só se for a Dois
The Cure - Seventeen Seconds
Mutantes - Mutantes ao Vivo

segunda-feira, 9 de maio de 2005

A falta de paciência com o cinema

Divinópolis - Leia o artigo de Marcelo Miranda no Digestivo Cultural e entenda porque existem pessoas que não consideram Titanic o maior filme de todos os tempos.

sábado, 7 de maio de 2005

Juiz não pode mais exigir ser chamado de doutor pelo porteiro do condomínio

Justiça nega a magistrado tratamento de 'doutor'
07/05/2005 - 10h35m - (Antônio Werneck - O Globo)

O juiz Alexandre Eduardo Scisinio, da 9 Vara Cível de Niterói, julgou improcedente o processo movido pelo juiz Antônio Marreiros da Silva Melo Neto, da 6 Vara Cível de São Gonçalo, contra a síndica Jeanette Granato e o Condomínio Luiza Village, no Ingá, em Niterói. Melo Neto, que mora no condomínio, moveu uma ação por danos morais, com pedido de indenização, e também para ser tratado por "senhor" ou "doutor" pelos funcionários do prédio.

Melo Neto entrou com o processo no dia 10 de setembro do ano passado, alegando ter sido desrespeitado pelos porteiros e pela síndica quando solicitou ajuda para resolver um problema de infiltração em seu apartamento. Doutor é título acadêmico, afirma o juiz na sentença.


terça-feira, 3 de maio de 2005

segunda-feira, 2 de maio de 2005

O muro

Divinópolis - Entrou na cozinha, subiu na cadeira e pegou um pote de geléia. Desceu, passou numa fatia de pão e comeu.

- Corta, disse Alan Parker.

sábado, 30 de abril de 2005

Indômita

Divinópolis - Ela completa 10 anos hoje, e se parece com as outras meninas: tem registro de nascimento, não pára quieta, às vezes é prestativa, às vezes nonsense, poética, militante, inadequada, intolerante, violenta. No Brasil, nasceu em 30 de abril de 1995, quando teve definidas suas regras de utilização comercial pelo Ministério das Comunicações. Desde então, não conseguimos viver sem a Internet.

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Ser, veja

Divinópolis - , mpuDivinópolis enlouquece durante a Festa da Cerveja. O trânsito está fechado a várias quadras do local. Uma faculdade deixou de dar aula porque ficou inacessível aos alunos. Que não iriam mesmo: a "falta geral" atingiu boa parte dos campi do centro-oeste mineiro.

Hoje, amanhã e sábado a festa vai atrair boêmios de 50 cidades. Para trazer mais público, a organização liberou a entrada de crianças de 12 anos acompanhadas dos pais. É a iniciação aos mistérios da cevada. A Festa é da cerveja porque é a cidade de maior consumo per capita de cerveja no Brasil. Os bares não têm do que reclamar. Muitos se instalam na porta das faculdades, levando universitários incautos a novos paradigmas de fermentação alcoólica.

A organização dividiu a festa com base no repertório. Hoje é dia de rock: Capital Inicial, Ira e Marcelo Nova. Nos dias seguintes, música de produtor: Jota Quest, Sideral, Daniela Mercury e Ivete Sangalo

terça-feira, 26 de abril de 2005

Televisão

Hangin' out down the street
the same old thing we did last week
Nothing to do but talk to you
We're all alright!!
We're all alright!!
Hello Wisconsin!!!

Leio Ruído Branco, de Don Delillo

Belo Horizonte - O que pode haver de interessante na vida de professor universitário que deixa a metrópole e muda com a família para uma cidade do interior, passa a viver entre tipos excêntricos, adoece repentinamente, tem medo da morte e enxerga a vida como um supermercado? Ops, lembra minha própria vida.

Ecos do Nabokov de Fogo Pálido e Lolita.

A beleza descritiva nos arrasta como um canto indígena que dura dias, em que o transe leva o professor alto das mãos grandes a virar Humbert Humbert, agonizando a perda do sagrado. E sagrado é segredo. Nesse momento, que o cinema chama de plot, que os roteiristas chamam de turning-point, em que donas-de-casa descansam, que os cães recolhem-se em seus cantos e bruxas voam, o escritor corre seu maior risco: estar na autobähn a 240 quilômetros por hora e acelerar na última curva.

Ruído Branco parece ter sido iniciado por Dr. Jekyll e finalizado por Mr. Hyde. Mas é um grande obra de Delillo, das que passam tranqüilamnete no CRF (Coeficiente de Realidade e Ficção) necessário a toda estória.

Título: Ruído Branco
Autor: Don Delillo
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 320
Preço: R$ 44,90

sábado, 23 de abril de 2005

Roraima S.A.

Folha de S. Paulo
A ação, ajuizada na 11ª Vara Cível de Belém (PA) em 3 de janeiro de 2000, originalmente cobrava R$ 9,82 milhões. Com o passar do tempo, a dívida dobrou, passando de R$ 18 milhões. Os devedores apontados pelo Basa são Romero Jucá, sua mulher, Maria Teresa Jucá, atual prefeita de Boa Vista, Getúlio Cruz, ex-governador de Roraima, sua mulher, Maria Nazaré Araújo de Souza Cruz, e a empresa Frangonorte.


Revista Época
No dia 15, ao ser entrevistado por Época, Jucá disse ter se associado à Frangonorte por solidariedade a um aliado político, Getúlio Cruz. "Nesse negócio nefasto da Frangonorte só entrei para ajudar o Getúlio". (...) Getúlio, por sua vez, disse a um oficial de justiça que não tinha nada a ver com a empresa. (...) Nos últimos anos, Jucá transferiu para familiares boa parte de seus bens. Suspeita-se que ele tenha feito isso para esconder o patrimônio. (...) Coincidência ou não, dois meses depois do pedido de penhora, Jucá começou a transferir seu patrimônio para o nome dos quatro filhos.


Associação Brasileira de Imprensa
Outra dor de cabeça para o Governo é o Ministro da Previdência, Romero Jucá. Ele é acusado pelo Procurador de ter contraído um empréstimo do Basa (Banco da Amazônia) para abrir um abatedouro de frangos nas imediações de Boa Vista, a Frangonorte, que jamais chegou a ser construída.(aliás, a corrupção parece preferir a carne branca e macia, como a dos ranários virtuais do então Senador Jader Barbalho e os frangos superfaturados do frangogate do Prefeito malufista Celso Pitta). (...) A dívida com o banco (da Amazônia) chega hoje a R$ 18 milhões. Em função disso, o banco resolve cobrar a dívida penhorando os bens. É feita uma busca e descobre-se que os imóveis são fantasmas.


Tribuna da Imprensa
Roraima descobriu que tem seu Jader Barbalho. É o caso típico de uso de cargos públicos para fazer negócios.


Diário de Cuiabá
O ministro reconheceu que se sente "desconfortável" por ser alvo de denúncias, mas "tem a determinação do presidente da República" para cuidar dos assuntos da Previdência. "Quem estiver achando que vai me tirar do rumo com qualquer acusação leviana, está redondamente enganado. Estou tranqüilo, aguardando a manifestação do Ministério Público", disse o ministro, que pretende entregar explicações ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles, até o final da semana. O procurador deu prazo de 20 dias, a contar da última quinta-feira, para que Jucá enviasse suas explicações sobre o empréstimo de R$ 18 milhões (principal mais juros e correções) do Basa para uma empresa que lhe pertenceu entre 1994 e 1996.


Folha de S. Paulo
O documento foi assinado por Jucá, junto com representantes do Basa e com seu outro sócio, Getúlio Cruz, em 12 de agosto de 1996. Por esse instrumento, registrado em cartório de Boa Vista (RR), o ministro e Cruz apresentaram as sete propriedades rurais como garantias ao banco, sem mencionar possível transferência de cotas. O documento acrescentou as garantias, mas ratificou integralmente outro documento, de 20 de dezembro de 1995, pelo qual o ministro e Cruz assumiram as dívidas e o papel de principais pagadores e fiadores do negócio.


Tribuna do Interior
O ex-sócio de Romero Jucá no negócio, Getúlio Cruz, disse que nunca foi comunicado pelo Basa de que Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, o "dono" das propriedades inexistentes no Amazonas, havia sido considerado inidôneo pelo banco, junto com Deoclécio Barbosa Filho. "Tudo o que soubemos sobre restrições foi via imprensa", afirmou Cruz. A reportagem tentou hoje localizar Luiz Carlos Oliveira, mas o empresário não havia respondido aos recados até o momento.


Jornal Extra - Alagoas
No esforço para isentar-se de culpa, Jucá enroscou-se numa teia feita de explicações insensatas, argumentos anêmicos, denúncias inverossímeis. O palavrório tornou-se especialmente amalucado depois da divulgação de um documento em que Jucá inclui entre as garantias do empréstimo sete fazendas espalhadas pela Amazônia. A Justiça e a imprensa constataram que Jucá é o dono da assinatura no papel, mas não das terras. Aliás, as sete fazendas não foram localizadas. Nem serão, porque nunca existiram. Jucá afirma que o banco deveria ter conferido a papelada com mais cuidado. No Brasil, enganadores transferem a culpa para os enganados.


Revista Primeira Leitura
Vamos ver como é que a Procuradoria-Geral da República vai tratar a "distração" que faz parte da defesa do ministro Romero Jucá. As fazendas fantasmas "localizadas" na imensidão da Amazônia foram dadas ao Banco da Amazônia (Basa) como garantia para a liberação da segunda parcela de R$ 750 mil em 12 de agosto de 1996. O ministro só deixou formalmente a sociedade da Frangonorte, com Getúlio Cruz, em 1997.

quinta-feira, 21 de abril de 2005

Nada

Gutierrez presidente

Divinópolis - Lucio Gutierrez, garoto pobre que virou oficial militar, tentou golpe de estado e tornou-se presidente da República, assume hoje o governo do Equador. Qualquer semelhança com Hugo Chávez não é simples coincidência. A América Latina volta a ter militares no poder, como nas décadas de 1970 e 1980. Noutro contexto, é verdade. Caudilhos politicamente à esquerda, Chávez e Gutierrez nadam contra a maré neoliberal. Sorte.

Publicado aqui, em Janeiro de 2003.

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Dia do Índio (The day after)

Polícia do pensamento
Tentei argumentar favoravelmente à demarcação e quase fui linchado em via pública. Parece que foi feita uma lavagem cerebral nas pessoas. A maioria não tem noção nenhuma da questão, mas faz questão de dizer que o Estado está falido. Se esquecem, porém, de afirmar que a falência se deve, não aos índios, mas aos constantes roubos, saques e maracutaias praticadas pelos mesmos políticos há anos.
Nei Costa (Boa Vista-RR)


Antropos
A briga pelo território é a mais antiga do mundo, existe até entre os animais... Sou a favor da demarcação, também. Temos muito a aprender com a cultura indígena e não deixa de ser um genocídio a "expatriação" de quem é dono dessa terra, desde tempos imemoriais. O ser humano (tem gente que nem aceita que índio seja ser humano!)não é só um corpo revestido de pele: é parte integrante e contínua com o habitat.
Cláudio Costa (Belo Horizonte-MG)


Tenho dito
Aqui, onde missionários e outros conquistadores fizeram a feira com aldeamentos e escravizações dos indígenas; onde a história oficial nega que alguma vez houve conflitos durante o processo de ocupação das terras; onde meninas índias eram (e ainda são) trazidas para as cidades para estudar e viravam domésticas e brinquedinhos sexuais dos patrões; (...) onde o governador decreta luto oficial de sete dias por conta da demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol; onde (...) onde até o vendedor de picolés diz ser contra a demarcação mesmo nunca tendo tido um pedaço de terra na região; (...) onde o Estado cancelou todas as programações referentes à data em protesto contra a demarcação; bem, aqui, eu, como neto de uma macuxi que foi casada com um fazendeiro, vou exigir o meu pedaço de terra, trabalhar com agricultura e ecoturismo e ficar rico. Afinal, eu também tenho direitos! Fui!
Edgar Borges (Boa Vista-RR)


Us and them
Não vamos esquecer da patrulha que rola no Estado. Quando os arrozeiros fecharam a cidade contra a demarcação, a TV Roraima procurou, e acho que conseguiu, fazer uma cobertura sem balançar para nenhum dos lados, mostrando o quanto a população estava sofrendo com a atitude dos fazendeiros. Fomos malhados, não quiseram mais dar entrevistas prá gente e estas coisas. Agora, acho interessante, os mesmos caras que fizeram tudo aquilo, que incentivaram o sequestro de padres e tudo mais, reclamando da polícia federal.
Vandre Fonseca (Manaus-AM)


Terra
Área contínua sim!
Área contínua sim!
De Quixadá a Tóquio!
De Oslo a Quixeramobim!
Carlos Saraiva (Fortaleza-CE)


Frase da semana
A imprensa nacional continua mentirosa e falaciosa quando se refere a Roraima.
Folha de Boa Vista (Boa Vista-RR)

terça-feira, 19 de abril de 2005

Dia do Índio

O Governo Federal finalmente homologou a terra indígena Raposa Serra do Sol em Roraima, lar de milhares de índios de seis etnias, invadidos historicamente por portugueses, holandeses, espanhóis, franceses, ingleses, latifundiários, plantadores de soja e arroz.

Nesse tempo, os invadidos eram empregados nas fazendas e nas casas de família a troco de comida ou míseros tostões. Uma convivência apelidada de "pacífica" pela inteligentzia local, formada por pseudo-pesquisadores, engenheiros agrônomos, advogados venais, fazendeiros racistas e setores da imprensa. A entrega da terra indígena e a expulsão dos invasores (que datam de décadas e estão programadas para daqui a um ano) é uma vitória da cidadania.

Enquanto isso, estrebucham raivosos latifundiários ligados aos políticos acusados de corrupção, peculato, apropriação indébita, nepotismo. O governador de Roraima, velho brigadeiro reformado que servia ao regime militar entregando intelectuais de esquerda nas universidades durante os anos de chumbo, decretou luto oficial. Uma piada racista. Apesar das instituições frágeis, Roraima é um patrimônio da humanidade, com povos indígenas primitivos, tesouros arqueológicos e natureza preservada.

A terra que retorna aos índios restabelece o sentido de justiça. O Brasil decide, o mundo aplaude. Em Roraima, o único jornalista a levantar a voz em favor da causa indígena (pelo menos abertamente) é o Jessé Souza, que ironicamente trabalha no jornal mais anti-indígena jamais publicado. Coisas da profissão.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Obra coletiva

Divinópolis - Edgar Borges apronta conto digital a trocentas mãos, com participações de Luis Ene e Nei Costa, entre outros. Um projeto literário interessante que vai ser continuado pelos outros participantes, cada um dando início a uma nova história. Depois juntamos tudo e transformamos em livro digital ou analógico.

Dia de índio

Lula assina decreto que homologa Raposa Serra do Sol

17:23
Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil

Brasília ? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou agora há pouco o decreto que homologa de forma contínua a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Para o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, o decreto põe "ponto final" a um problema que se arrastava havia mais de 20 anos, produzindo inquietação na região.

"Esse é um grande momento do governo, em que nós assinalamos a firme determinação de continuar a demarcar terras indígenas, e principalmente pacificar situações, para que até o final do mandato nós tenhamos em todos os estados as situações praticamente resolvidas", destacou Thomas Bastos.

15/04/2005

Lula fez questão de homologar Raposa Serra do Sol antes do Dia do Índio, diz Thomaz Bastos

17:41
Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, contou agora há pouco que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava muito alegre ao assinar o decreto que homologou a reserva indígena Raposa Serra do Sol (RR). Segundo o ministro, Lula fez questão de assinar o decreto esta semana. "Esse é um momento fundamental na história das causas indígenas, por isso o presidente fez questão de assinar essa homologação hoje, antes do dia do Índio, para marcar a sua determinação e a sua vontade, expressa no seu programa de governo, de resgatar essa dívida que a nação tem com os povos indígenas", afirmou Thomaz Bastos.

O ministro da Justiça lembrou que a homologação está dentro de um contexto maior, dando um "passo forte" na construção de uma "estabilidade imobiliária" no estado. "Em Roraima, havia a inquietação de se saber se a Raposa Serra do Sol ia ou não ser homologada. Por outro lado, a situação imobiliária nunca avançou muito. Eram precisas medidas fortes no sentido de fazer a regularização imobiliária do estado", disse Bastos.

Entre o conjunto de medidas que o governo tomou nesse sentido, o ministro da Justiça enumerou algumas: destinar 150 hectares de terra da União para a implantação de pólos de desenvolvimento agropecuário; regulamentar 10 mil propriedades familiares, o que viabilizará o acesso a créditos públicos; identificar e cadastrar todas as famílias a serem transferidas das terras Raposa Serra do Sol e São Marcos e instalá-las em projetos de assentamentos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), quando preencherem os pré-requisitos do Programa Nacional de Reforma Agrária; concluir o levantamento, avaliação e indenização das benfeitorias identificadas na reserva. Além disso, segundo o ministro, nenhum ocupante de boa fé será obrigado a sair sem receber a sua indenização e ter destinada uma área para o seu reassentamento.

O decreto garante área de 1.743.089 hectares para os índios e determina também que ficam excluídas da Raposa Serra do Sol a área onde está localizado o 6º Pelotão Especial de Fronteira, em Uiramutã, os equipamentos e instalações públicas federais e estaduais atualmente existentes, as linhas de transmissão de energia elétrica e os leitos das rodovias públicas federais e estaduais.

Vivem, hoje, na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, quase 15 mil índios das etnias Macuxi, Taurepang, Wapixana, Ingarikó e Patamona.



Povos indígenas lutavam há quase 30 anos por demarcação de reserva

13:50
Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Para o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Marinaldo Justino Trajano, a publicação de portaria do Ministério da Justiça confirmando a declaração de posse permanente das etnias indígenas Macuxi, Taurepang, Wapixana e Ingaripó na reserva Raposa Serra do Sol representa uma conquista dos povos que "há quase 30 anos lutam por esse reconhecimento".

A portaria foi publicada nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial da União e prevê nova demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ficam de fora da reserva algumas áreas, como o núcleo urbano da sede do município de Uiramutã (com 4,7 mil habitantes, de acordo com o Ministério da Justiça), os leitos das rodovias públicas federais e estaduais e as linhas de transmissão de energia elétrica. "O importante é que saiu a homologação em área contínua, mesmo com essas exclusões. Se não chegamos a 100%, vamos dizer que chegamos a 95% e isso é uma coisa valiosa", avalia Trajano, liderança indígena da etnia Macuxi.

Ele também comemorou a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que extinguiu todas as ações judiciais que contestavam a portaria anterior (820/98). Nesta quinta-feira (14), o plenário do STF julgou as ações prejudicadas pela "perda do objeto", após tomar conhecimento da existência de nova portaria alterando o disposto no ato normativo anterior. "O importante é que saiu a portaria e o Supremo decidiu favoravelmente aos povos indígenas. Ficamos satisfeitos, mas não completamente ainda, porque está faltando a assinatura do nosso presidente".

A nova portaria, assinada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, garante área de cerca de 1,74 milhão de hectares para os cerca de 15 mil índios que vivem na reserva. Além do núcleo urbano de Uiramutã, das linhas de transmissão elétrica e dos leitos das rodovias federais e estaduais, ficam excluídas da reserva a área onde está localizado o 6º Pelotão Especial de Fronteira, em Uiramutã, e os equipamentos e instalações públicas federais e estaduais atualmente existentes.

Segundo o Ministério da Justiça, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vão transferir os 565 habitantes de três vilarejos localizados na área indígena ? Socó, Mutum e Surumu. No prazo de um ano, os arrozeiros que exploram terras na margem sudoeste da reserva também serão transferidos e os pequenos agricultores de outras áreas serão reassentados. Além disso, a União vai indenizar as benfeitorias construídas de boa-fé. Na região, há 63 ocupações em área rural: 47 pequenos pecuaristas e 16 rizicultores.

15/04/2005



Ministério da Justiça Gabinete do Ministro
PORTARIA N o 534, DE 13 DE ABRIL DE 2005


O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições, observando o disposto no Decreto n o 1.775, de 8 de janeiro de 1996, e com o objetivo de definir os limites da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e

Considerando que a Portaria MJ n o 820/98 não contempla solução para questões de fato controvertidas ressalvadas no Despacho n o 50, de 10 de dezembro de 1998, do então Ministro da Justiça;

Considerando ser conveniente e oportuno solucionar, de modo pacífico, situações de fato controvertidas ressalvadas no referido Despacho n o 50;

Considerando que os atos praticados com fundamento na Portaria MJ n o 820, de 11 de dezembro de 1998, são válidos e devem ser aproveitados;

Considerando que o Parque Nacional do Monte Roraima pode ser submetido, por decreto presidencial, a regime jurídico de dupla afetação, como bem público da União destinado à preservação do meio ambiente e à realização dos direitos constitucionais dos índios que ali vivem;

Considerando que o Decreto n o 4.412, de 7 de outubro de 2002, assegura a ação das Forças Armadas, para defesa do território e da soberania nacionais, e do Departamento de Polícia Federal, para garantir a segurança, a ordem pública e a proteção dos direitos constitucionais dos índios, na faixa de fronteira, onde se situa a Terra Indígena Raposa Serra do Sol;

Considerando, por fim, o imperativo de harmonizar os direitos constitucionais dos índios, as condições indispensáveis para a defesa do território e da soberania nacionais, a preservação do meio ambiente, a proteção da diversidade étnica e cultural e o princípio federativo; resolve:

Art. 1 o Ratificar, com as ressalvas contidas nesta Portaria, a declaração de posse permanente dos grupos indígenas Ingarikó, Makuxi, Taurepang e Wapixana sobre a Terra Indígena denominada Raposa Serra do Sol.
Art. 2 o A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com superfície de um milhão, setecentos e quarenta e três mil, oitenta e nove hectares, vinte e oito ares e cinco centiares e perímetro de novecentos e cinqüenta e sete mil, trezentos e noventa e nove metros e treze centímetros, situada nos Municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã, Estado de Roraima, está circunscrita aos seguintes limites: NORTE: partindo do Marco SAT RR-13=MF BV-0, de coordenadas geodésicas 05º12'07,662" N e 60º44'14,057" Wgr., localizado sobre o Monte Roraima, na trijunção das fronteiras Brasil/Venezuela/Guiana, segue pelo limite internacional Brasil/Guiana, passando pelos Marcos de Fronteira B/BG-1, B/BG-2, B/BG-3, B/BG-4, B/BG-5, B/BG-6, B/BG-7, B/BG-8, B/BG-9, B/BG-10, B/BG-11, B/BG-11A, B/BG-12 e B/BG-13, até o Ponto Digitalizado 02, de coordenadas geodésicas aproximadas 05º11'54,8" N e 60º06'32,0" Wgr., localizado na cabeceira do Rio Maú ou Ireng; LESTE: do ponto antes descrito, segue pela margem direita do Rio Maú ou Ireng, a jusante, acompanhando o limite internacional Brasil/Guiana, passando pelos Marcos de Fronteira B/5, B/4, B/3 e B/2, até o Ponto Digitalizado 03 de coordenadas geodésicas aproximadas 03º51'56,5" N e 59º35'25,1" Wgr., localizado na confluência com o Igarapé Uanamará; SUL: do ponto antes descrito, segue pela margem esquerda do Igarapé Uanamará, a montante, até o Marco 04 de coordenadas geodésicas 03º55'12,8544" N e 59º41'50,4479" Wgr., localizado na confluência com o Igarapé Nambi; daí, segue por uma linha reta até o Marco 05 (marco de observação astronômica, denominado Marco Pirarara), de coordenadas geodésicas 03º40'05,75" N e 59º43'21,59" Wgr.; daí, segue no mesmo alinhamento até a margem direita do Rio Maú ou Ireng; daí, segue por esta margem, a jusante, acompanhando o limite internacional Brasil/Guiana, até a sua confluência com o Rio Tacutu, onde está localizado o Marco de Fronteira 1 de coordenadas geodésicas 03º33'58,25" N e 59º52'09,19" Wgr; daí, segue pela margem direita do Rio Tacutu, a jusante, até o Ponto digitalizado 07 de coordenadas geodésicas aproximadas 03º22'25,2" N e 60º19'14,5" Wgr., localizado na confluência com o Rio Surumu; OESTE: do ponto antes descrito, segue pela margem esquerda do Rio Surumu, a montante, até o Ponto Digitalizado 08, de coordenadas geodésicas aproximadas 04º12'39,9" N e 60º47'49,7" Wgr., localizado na confluência com o Rio Miang; daí, segue pela margem esquerda do Rio Miang, a montante, até o Marco de Fronteira L8-82 de coordenadas geodésicas 04º29'38,731" N e 61º08'00,994" Wgr., localizado na sua cabeceira, na Serra Pacaraima, junto ao limite internacional Brasil/Venezuela; daí, segue pelo limite internacional, passando pelos Marcos de Fronteira BV-7, BV-6, BV-5, BV-4, BV-3, BV-2, BV-1 e BV-0=Marco SAT RR-13, início da descrição deste perímetro. Base cartográfica utilizada na elaboração deste memorial descritivo: NB.20-Z-B; NB.21-Y-A; NB.20-Z-D; NB.21-Y-C; NA.20-X-B e NA.21-V-A - Escala 1:250.000, RADAMBRASIL/DSG Ano 1975/76/78/80.

Art. 3 o A terra indígena de que trata esta Portaria, situada na faixa de fronteira, submete-se ao disposto no art. 20, § 2 o , da tuição.
Art. 4 o Ficam excluídos da área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol:
I - a área do 6 o Pelotão Especial de Fronteira (6 o PEF), no Município de Uiramutã, Estado de Roraima;
II os equipamentos e instalações públicos federais e estaduais atualmente existentes;
III - o núcleo urbano atualmente existente da sede do Município de Uiramutã, no Estado de Roraima;
IV - as linhas de transmissão de energia elétrica; e
V - os leitos das rodovias públicas federais e estaduais atualmente existentes.
Art. 5 o É proibido o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não-índios dentro do perímetro ora especificado, ressalvadas a presença e a ação de autoridades federais, bem como a de particulares especialmente autorizados, desde que sua atividade não seja nociva, inconveniente ou danosa à vida, aos bens e ao processo de assistência aos índios.
Parágrafo único. A extrusão dos ocupantes não-índios presentes na área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol será realizada em prazo razoável, não superior a um ano, a partir da data de homologação da demarcação administrativa por decreto presidencial.
Art. 6 o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MÁRCIO THOMAZ BASTOS

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Sobre trabalho

Belo Horizonte - Fui convidado a dar palestra no encontro de coordenadores de cursos de Relações Públicas, promovido pela Raquel na Fabrai hoje de manhã, em BH. Foi positivo porque tratou da profissão não por suas dificuldades, mas por seus valores e pelo desafio de acreditar que quanto maior a sua participação na sociedade, maior o desenvolvimento da indústria, do comércio, da Nação.

Jornalistas e Relações Públicas são profissões que vezooutra entram em choque quando o assunto é assessoria de comunicação, filão profissional muito disputado e vezenquando bem pago. Melhor organizados e com um conselho funcionando há quase 40 anos, os RPs têm força corporativa mas pouca expressão no mercado, que ignora seu potencial como gestor de comunicação.

Neste cenário, profissões como Publicidade e Jornalismo (atividades que rendem filmes, roteiros, reportagens, produtos culturais de todo gênero) ganham espaço à medida que seu trabalho é mais exposto. Apesar disso, qualquer juiz pode requerer sua desregulamentação - será a redesregulamentação uma regulamentação?. Além disso, a falta de um Conselho Federal deixa jornalistas e publicitários fragilizados e com os limites éticos difusos.

No edifício da comunicação, enquanto os relações públicas trabalham nas fundações, jornalistas instalam vidraças e publicitários pintam a fachada. As profissões em comunicação têm muito a contribuir umas com as outras, mas pelo jeito falta um RP para convocar a reunião, discutir o planejamento estratégico e dar o grito de guerra.

Uma notícia

Blogs são canais de programas nocivos

Os autores de vírus e de outras pragas digitais estão aproveitando a popularidade dos blogs para usá-los como canais de transmissão de suas crias. De acordo com a WebSense Security Labs, existem atualmente cerca de 200 blogs disseminando principalmente cavalos-de-tróia e keyloggers (programas que capturam tudo o que é digitado).

Dan Hubbard, diretor da Websense, diz que, recentemente, mensagem postada em um comunicador instantâneo, continha um link que levava a um certo blog. Lá, os internautas incautos tinham suas máquinas contaminadas por um cavalo-de-tróia feito para roubar dados bancários.

Segundo Hubbard, a preferência dos malfeitores pelos diários pessoais online deve-se à facilidade de publicação de arquivos em grandes espaços, sem a monitoração de antivírus.

João Magalhães (O Estado de S. Paulo)

terça-feira, 12 de abril de 2005

Do ecrã à celulose

Divinópolis - As micro-histórias ou micro-contos são tão antigas quanto os micro-escritores. Se Toulouse-Lautrec fosse escritor, seria um micro. Dizem que o Alcorão e a Bíblia Sagrada são coleções de micro-contos. Cortázar era grande micro-contista. Borges também. O guatemalteco Augusto Monterroso é uma celebridade das rapidinhas literárias.

A série de micro-contos que escrevo aqui tem influência de Cortázar, Calvino, Monterroso e do grande nome do gênero em língua portuguesa na contemporaneidade, um blogueiro do Faro que ameaça interromper as atividades virtuais para dedicar-se mais ao papel - quem pode culpá-lo, blogosfera?

Luís Ene lança o primeiro volume de Mil e uma pequenas histórias na Ler Devagar, no Bairro Alto, em Lisboa, dia 16. O livro é retirado do blog homônimo que ele começou ainda no período blogáceo (antes da febre mundial em 2002). Desejar todo sucesso a este companheiro blogueiro d'além mar, é pouco. Que a História dê lugar a este contador de histórias.

sábado, 9 de abril de 2005

Uma canção

Lenda do Pégaso
(Jorge Mautner/Morais Moreira)

Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera

Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha

Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera

E com a vontade esparsa sonhava ser uma linda garça
E num instante de desengano queria apenas ser um tucano
E foi aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo

Era uma vez, vejam vocês...

Sonhava com a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficava triste
Tão triste assim como tu, querendo ser o sinistro urubu
E quando queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo
E até hoje ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre

Era uma vez, vejam vocês...

E quando já estava querendo aquela paz dos sabiás
Cansado de viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba
E ao sentir a falta de um grande carinho então cantava feito um canarinho
E assim o passarinho feio quis ser até pombo-correio
Aí então Deus chegou e disse: Pegue as mágoas
Pegue as mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias
Deus disse ainda: é tudo azul, e o passarinho feio
Virou cavalo voador, esse tal de Pégaso

Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
Pégaso
pega o azul

sexta-feira, 8 de abril de 2005

Reflexões sobre o dia (seguinte) do jornalista

Divinópolis - O Jornalismo é uma selva. As notícias são antílopes. Jornalistas dividem-se. Entre leões e hienas.

quinta-feira, 7 de abril de 2005

Matéria de revista

Em meados de 84, Marcelo Z (teclados), Rocco (bateria), Bidi (guitarra), Andres (baixo) e Supra (sic) (vocal) formaram o grupo Tokyo, banda techno-pop paulista que inclui, em sua linha musical, muito da energia do punk e do bom e velho rock n? roll. Após um mês trancados em um estúdio, tocando de segunda a domingo e num pique que os levava a ficar até 18 horas em atividade, montaram o repertório com o qual sairiam para conquistar Sampa.

(Revista Roll, Ano II, número 23, página 17, 1985. Cr$ 9.000 Para Manaus, Boa Vista, Porto Velho, Rio Branco, Santarém Via Aérea Cr$ 11.700)

Um conselho

Olá meu querido
Por que vc usa seu blog de forma tão superficial? Por que não expõe suas ideías (sic), deve haver algo nesta sua cabecinha a não ser futilidades. Eu sei que há de ter. As pessoas não costumam gostar de perder tempo lendo asneiras praticamente sem sentido. SENTIR as (sic) vezes é bom, sentimentos, vc conhece? Espero que sim. beijos


(Comentário anônimo deixado aqui)

quarta-feira, 6 de abril de 2005

Lusofonia

Divinópolis - Entre os idiomas ocidentais, a língua de Camões, é a que mais cresce na rede. Até o Orkut agora conta com interface em português. Sexto idioma mais falado no mundo (perde para o chinês, hindi, espanhol, inglês e bengali), o português é o mais agradável de se ouvir, com seus fonemas sonoros, quase musicais: cachaça, macumba, firula, bagunça, fissura, anátema, chiste, tautologia, rinoceronte, periferia, paralelepípedo, orçamento, triste, perambulação, armário, jujuba, pilhéria, jactância, mineral, orgulho, papel, girafa, sorvete, costela, mariola, tatu. Qualquer bobagem (bobagem, bobagem) é agradável de se ouvir em português.

terça-feira, 5 de abril de 2005

A metamorfose

Divinópolis - Reduziu o estômago e as coxas, correu milhares de quilômetros na esteira, usou toxinas do botulismo para corrigir rugas e cirurgia plástica no pescoço e peito. Morreu atropelada por um ônibus desgovernado na saída da clínica. Ficou irreconhecível.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

You can't allways get what you want

You can't allways get what you want
You can't allways get what you want
You can't allways get what you want
You can't allways get what you want

sexta-feira, 1 de abril de 2005

O infinito, segundo o Google

Divinópolis - A turma do Google garante que atingiu a perfeição no seu serviço de correio eletrônico, o Gmail, que completou hum ano e só está disponível na versão Beta.

A ambiciosa empreitada chama-se (símbolo do infinito) + 1 e prevê o aumento exponencial em gigabytes de armazenamento. A idéia é preservar todas as mensagens para ninguém mais reclamar de espaço. Por enquanto, os usuários têm 2 gigas de espaço. Tenho seis convites para o uso do serviço. Quem quer?

quinta-feira, 31 de março de 2005

Uma canção

Hemingway
(Alvin L.)

Acidentes e automóveis
Pneus cantando prá você e prá mim
Entre as ferragens rebeldes de terno
Revoluções que começam no fim

Eu observo o que não me interessa
Enxergo longe sem prestar atenção
Irresponsável por todas as guerras
Entrando certo pela contra mão

Hoje eu sei
Onde eu errei
Se houver outra vez
Quero ser Hemingway

A vida muda quando menos se espera
Pequenas doses de agonia e prazer
Na minha mão todo o medo do mundo
E certas coisas que eu prefiro esquecer

Acidentes e automóveis
Se repetem como jogos de azar
Atrás de mim a 120 por hora
Bem na frente de quem sabe chegar

Hoje eu sei
Por que eu errei
Se houver outra vez
Quero ser Hemingway

quarta-feira, 30 de março de 2005

Leio O sol também se levanta, de Ernest Hemingway

Divinópolis - O livro é um recorte na vida de um grupo de amigos nos loucos anos 20, com narrativa em primeira pessoa de jornalista apaixonado pela amiga libertária.

Se tem uma coisa que admiro no texto de Hemingway é o desenrolar aparentemente sem controle da narrativa, como se o autor estivesse à mercê dos acontecimentos e, com humildade inesperada, abdicasse da condição de senhor absoluto daquele mundo feito de papel e tinta.

Talvez a economia na prosa de Hemingway cause essa suspeita, com vácuos narrativos que lembram Virgínia Woolf, mas sem arriscar-se na experimentação literária. Hemingway escreve uma literatura taurina, pé no chão.

Talvez a impressão venha dos próprios personagens, em sua boemia caótica. Talvez seja realismo. Para fãs como o Pablo.

Título: O Sol Também Se Levanta
Autor: Ernest Hemingway
Editora: Nova Cultura
Páginas: 127
Preço: R$ 34,90

terça-feira, 29 de março de 2005

A Morte em Veneza

Divinópolis - Puxou o manto para não molhar, pôs a ampulheta de lado e descansou a foice na lateral da gôndola. Estava de férias.

segunda-feira, 28 de março de 2005

Ensaio sobre a cegueira

Divinópolis - Foram colônia por três séculos, império por mais um, reféns de ditaduras militares e econômicas por décadas e ainda votam errado. Felizmente, são bons de futebol.

sexta-feira, 25 de março de 2005

Leio Caminhos e escolhas, de Abílio Diniz

Divinópolis - Divinópolis - A quase-biografia do empresário brasileiro é um manual de sobrevivência na selva do estresse e um incentivo para quem só exercita a mente e esquece o físico. Leitura eficiente para quem exerce liderança, trabalha em demasia, tem uma agenda caótica. Agora que tenho informações preciosas sobre controle de ansiedade, melhoria na qualidade da alimentação e recuperação física, falta por em prática.

Não existe fórmula secreta: só mesmo a organização e a disciplina permitem que uma pessoa desempenhe todos os seus papéis e dê conta de todas as suas atividades de forma equilibrada e harmoniosa. (Pág. 45)

Depois que pus em prática a decisão de não mais me aborrecer com os pequenos problemas descobri como é grande nossa capacidade de transformar obstáculos minúsculos em muralhas intransponíveis. (Pág. 100)
.

É, ando lendo auto-ajuda escrita por ghost-writers. Depois de abandonar perto do final um Proust e um Hemingway, venci o bloqueio com Abílio Diniz. O que um presente de leitura fácil não pode fazer?

sexta-feira, 18 de março de 2005

Os funerais da mamãe grande

Divinópolis - Era pobre e virtuoso e seu filme preferido era Gilbert Grape. Um dia sua velha e gorda mãe morreu num incêndio. Recebeu a notícia por carta na cadeia e revoltou-se porque queria cremá-la, como era seu (dele) desejo.

quinta-feira, 17 de março de 2005

Eva está dentro de su gato

Divinópolis - Era uma vez uma costela que vivia no tórax de um homem de barro. Certo dia Krishna, ao passear no Paraíso, encontrou a costela transformada em mulher, conversando com serpentes. Ficou azul de raiva.

quarta-feira, 16 de março de 2005

Dezessete ingleses envenenados

Divinópolis - Era um time de futebol completo e seis reservas. Depois de uma noite agitada em Nothing Hill, movida a quilos de Roast beef e Yorkshire pudding, foram parar num setor de emergência em Kensington, completamente arrasados.

terça-feira, 15 de março de 2005

Crônica de uma morte anunciada

Divinópolis - Queria dormir, mas o cachorro latia. Tentou levantar, mas seu corpo doía. Fingiu reclamar, mas nada fazia. Ousou delegar, mas só obedecia. Tentou atirar, mas arma não tinha. Correu até cansar depois parou, assim sem mais nem menos, arrumou as malas e foi embora pra Bertioga.

segunda-feira, 14 de março de 2005

Um fragmento

Where is the love
(Black Eyed Peas)

Overseas, yeah, we try to stop terrorism
But we still got terrorists here livin'
In the USA, the big CIA
The Bloods and The Crips and the KKK
But if you only have love for your own race
Then you only leave space to discriminate
And to discriminate only generates hate
And when you hate then you're bound to get irate, yeah
Badness is what you demonstrate
And that's exactly how anger works and operates
Now, you gotta have love just to set it straight
Take control of your mind and meditate
Let your soul gravitate to the love, y'all, y'all


No exterior, sim, nós tentamos parar o terrorismo
Mas nós ainda temos terroristas vivendo aqui,
Nos Estados Unidos, a grande CIA
The Bloods e The Crips e a Klu Klux Klan
Mas se você somente tiver amor pela sua própria raça
Então você apenas deixa espaço para a descriminação
E discriminar gera somente ódio
E quando você odeia então você está impelido a ficar irado, sim
Maldade é o que você demonstra
E é exatamente assim que os raivosos trabalham e agem
Você tem que amar apenas para ser correto
Tenha controle sobre sua mente e medite
Deixe sua alma gravitar para o amor, todos vocês, todos vocês

People killin', people dyin'
Children hurt can you hear them cryin'?
Can you practice what you preach?
And would you turn the other cheek?


Pessoas matando, pessoas morrendo
Crianças feridas, você pode ouvi-las chorando?
Você pode praticar o que você prega?
E virar a outra face?

quarta-feira, 9 de março de 2005

A casa

Divinópolis - Depois de alguns anos empilhados nessas moradias verticais repletas de dispositivos de segurança e pouquíssima qualidade de vida, mudamos para uma casa no subúrbio de Divinópolis, mais perto do trabalho e de Belo Horizonte. Casas são bacanas.

Não temos vizinhos em cima, nem embaixo. Já não ouvimos o barulho de salto alto no teto nem incomodamos os de baixo com música a médio volume e passos de criança correndo. Numa casa temos chão, céu e (o acessório é opcional) uma rede para dormir nas tardes quentes do verão mineiro.

Uma canção

Our House
(Crosby, Stills and Nash)

I'll light the fire, while you place the flowers
In the vase that you bought today.
Staring at the fire for hours and hours,
While I listen to you play your love songs
All night long for me, only for me.

Our house, is a very, very, very fine house.
With two cats in the yard,
Life used to be so hard,
Now everything is easy 'cause of you.

Come to me now, and rest your head for just five minutes,
Everything is done.
Such a cozy room, the windows are illuminated
By the evening sunshine through them,
Fiery gems for you, only for you.

Our house, is a very, very, very fine house.
With two cats in the yard,
Life used to be so hard,
Now everything is easy 'cause of you.

terça-feira, 1 de março de 2005

Orkut

Divinópolis - Que o Brasil detém o maior número de usuários do Orkut não é novidade. Hoje às 8h27 da manhã os brasileiros representavam 64,68 por cento de todos os usuários. A novidade é que o Irã está em terceiro, logo atrás dos Estados Unidos. Os iranianos já somam 7,33 por cento dos usuários do portal.

Entre as comunidades mais numerosas estão Brasil (Regional), com mais de 174 mil membros; Bob Marley (Music), com quase 103 mil; Tocava campainha e corria (Activities), com mais de 163 mil; Eu odeio cigarro (Cultures and Community), superando os 96 mil; Eu amo a minha mãe (Family and Home) com quase 210 mil usuários; As baixinhas são as melhores (Romance and relationships), com mais de 133 mil e Eu odeio acordar cedo (Other), com incríveis 429.403 membros.

A Universidade de São Paulo aparece como a terceira maior comunidade na categoria Alumni and Schools, reunindo mais de 18 mil membros. Perde para Eu durmo na aula (quase 70 mil) e Eu só estudo na véspera, com pouco menos de 20 mil usuários.

Oscar?!

Divinópolis - Se tinha alguém que merecia o de melhor roteiro era o louco do Charlie Kaufman.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

Inteligência coletiva

Divinópolis - Perdeu aquela conferência (eu fui) com o Pierre Lévy no Sesc Vila Mariana em 2002? Então assista aqui.

Todos Severinos

Divinópolis - Parece que leu o post. A primeira viagem de trabalho do novo presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, foi a Roraima, onde ele chegou esta manhã para juntar-se ao lobby anti-indígena. Severino vai sobrevoar (??) a terra indígena Raposa Serra do Sol e dizer em entrevista coletiva qualquer coisa contra as demarcações etc porque a Amazônia precisa ser explorada etc porque o Brasil não aceita interferência estrangeira etc, etc, etc e, é claro, etc.

domingo, 27 de fevereiro de 2005

P2P

Divinópolis - Na linha do Shareaza, o Exeem promete arquivos .torrent em velocidades terminais sem a necessidade de instalar programas criadores de torrents. Prefira a versão Lite, que não traz adwares.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Notas políticas

Divinópolis - Em Roraima, onde a corrupção rules, nem o Judiciário está livre da mão grande dos que ganham dinheiro fácil. Tudo com a proteção de parte da imprensa, que além de eficiente acessório de limpeza de imagem arranhada, atua na campanha contra a demarcação de terras indígenas e na desqualificação do trabalho da freira Dorothy Stang, assassinada por defender os pequenos agricultores do Pará.

No Pará, onde se espanca jornalistas com a mesma naturalidade que se mata ambientalistas, a corrupção permanece impune. Políticos armados até os dentes arvoram-se defensores da pátria e não pagam por seus crimes, como é comum numa terra sem lei. Enquanto isso, a união entre madeireiras e grileiros devasta a floresta amazônica na velocidade do desvio de dinheiro público na maior cidade do País.

Em São Paulo, onde Paulo Maluf permanece impune por desviar milhões de dólares em recursos públicos, passar pelo túnel Ayrton Senna ou pela avenida Água Espraiada equivale a dar uma volta no Vaticano ou no Sultanato de Brunei. O custo é parecido, mas a riqueza não aparece como no Vaticano ou em Brunei. Maluf quase chegou a presidente da República com o apoio dos militares, que ocuparam o poder em 1964, ano da estréia política de Severino Cavalcanti, que comanda 513 deputados na capital federal.


Em Brasília, o concreto já rachou. A Câmara Federal tem um novo presidente, homem insipiente e retrógrado com poucas idéias e muita garganta. Com dezenas de projetos atrasados (razão para que votações importantes só aconteçam em período de férias com pagamento em dobro) Severino Cavalcanti começou o trabalho propondo aumento de salário para os deputados.

Será que ele consegue?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Sobre blogs

Divinópolis - Blogs são lidos enquanto podem compartilhar sensações e literatura.

A bliteratura fortalece identidades. Revela talentos. Traz monstros à tona.

domingo, 20 de fevereiro de 2005

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Piadas infames

O Zé encostou o cigarro em mim. Qual é o nome do desenho animado?
Mickey Mouse.

Porque estrela não faz miau?
Porque astro não mia.

O que é verde, grande, vive embaixo da terra e come pedras?
É o incrível monstro verde que mora a 4 pés do chão, comedor de pedras.

Por que o jacaré tirou o filho da escola?
Porque ele réptil de ano.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Nonada

O dito e o não-dito, muitas vezes o já-dito, se refazem a cada dia nas escolas e universidades. Aí percebemos que quem entra em sala de aula não são alunos e professores, mas pais, amigos, igrejas, polícias, governos, nações. Cada qual espelhado nas falas, nos sentidos atribuídos e suprimidos, nos relacionamentos e nas tensões, nas relações de poder e alienação.

Compreender a linguagem e suas implicações tem a distância do infinito, é como se a cada passo dado na compreensão déssemos mil na incompreensão. No entanto, o sentido de compreender passa por esse indissolúvel dilema Shakespeareano / pós-moderno, ser ou não ser. Ou ser o não-ser.


Pablo Varela, no Pobre Diabo

Na vitrola

Divinópolis - Artistas independentes de Tblisi de verve east-berliner e kraftwerkiana. A algaravia eletrônico-sensorial do septeto georgiano é biscoito fino da post industrial mediocracy.

Post Industrial Boys have the wonderful voice
They read some James Joyce and make a careful choice
Post Industrial Boys subscribe to Village Voice
They play with colored toys and make an awful noise

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Carnaval

Divinópolis - Editar posts é entender a natureza transitória do registro. A existência deste blog está baseada na efemeridade do próprio conteúdo. A leitura da obra em construção interessa mais, porque nela está o caos inicial, manufatura e aprimoramento. O texto escrito na tela, no ato. E depois.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Leio A justa medida, de Luís Ene

São Paulo - O primeiro romance do advogado, escritor e blogueiro português Luís Ene (vencedor do prêmio Educare.pt/ Novos talentos, Novos projetos) é um policial que segura o leitor da primeira à última página, levando-nos por uma viagem gastronômica, estupefaciente, ideológica, filosófica. O livro traz romances pouco convencionais, personagens pouco convencionais e desfechos ibidem. A mídia média pode considerar A justa medida como um mix de Kafka, Borges e Saramago não pelo autor, mas por seus enigmáticos personagens apegados à boa vida. Aliás, o título tem esse objetivo: amor, vinho, esportes, comida... a cada necessidade, sua justa medida.

A obtenção da perfeita embriaguez é não só uma arte, requerendo perícia e sensibilidade, mas sobretudo um estado de espírito, exigindo disciplina e fé. (p. 9)

"Nós nao temos pressa e gostamos sempre de ouvir o que nos têm para dizer, mesmo que venha de um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da parvónia." (p. 18)

... reflexo da diferença de opiniões sobre o assunto, mas também de posições e personalidades. Padecem em grau elevado da rivalidade tradicional entre as duas magistraturas, situação agravada por dois temperamentos de difícil conciliação. Têm mantido as suas diferenças disciplinadas, espartilhadas pelas regras processuais e do convivívio profissional, mas de vez em quando o verniz parece estar pronto a estalar. (Sobre juízes e advogados, p. 55)

Qualquer semelhança com a realidade não é mais que uma conseqüência de a ficção correr senão dentro da vida. (p. 135)


Livro: A Justa medida
Autor: Luís Ene
Editora: Porto
Páginas: 216
Preço: 12,51 Euros

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Chávez no FSM

Divinópolis - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estará domingo em Porto Alegre, onde participa do Fórum Social Mundial. Figura excêntrica, de caudilhismo inato e encantado por idéias de esquerda e de direita (alô, Wank Carmo!), Chávez é prova viva de que ditaduras militares na América Latina são coisa do passado. Há quase três anos, empresários do petróleo e das telecomunicações tentaram derrubá-lo, with a little help from the States. O golpe foi por água abaixo, frustrando os planos do FMI de ajudar a pobre republiqueta sulamericana.

Três anos antes do golpe, entrevistei Hugo Chávez para a Gazeta Mercantil e no melhor estilo provocador perguntei-lhe se a Venezuela deixaria que os Estados Unidos usassem seu espaço aéreo para monitorar o narcotráfico na Colômbia. A resposta, eivada de orgulho latino, durou uns 10 minutos, começando por um enfático usted sabe que no.

Mais forte do que nunca, Chávez vai a Porto Alegre reforçar a aposta de que durará mais no Palácio Miraflores que Bush na Casa Branca.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Carta ao Ansar Alsunnah

Divinópolis - Caros membros da resistência iraquiana, não confundam as coisas: o Brasil não apoiou a invasão norte-americana ao Iraque. Não mandou soldados vigiar os poços de petróleo que lhe pertencem por direito. O Brasil não mata civis desde a Guerra do Paraguai. O Brasil não anexa territórios desde a Bolívia. Qualquer aspirante a terrorista detém mais conhecimento histórico que o presidente dos Estados Unidos. Em matéria de violência inexplicada, no entanto, vocês se parecem.

Não se igualem a déspostas não-esclarecidos. Libertem o brasileiro João Vasconcelos. Não somos como Japão, Coréia do Sul, Dinamarca e outros parceiros da coalizão anglo-americana, dispostos a sacrificar até o último dos seus filhos em apoio a Bush. O Brasil é (ou tenta ser) diferente. Aqui construímos uma nação multi-étnica que é exemplo mundial de tolerância. Por aqui convivem em relativa paz judeus, árabes, católicos, pentecostais, corintianos e palmeirenses. Ainda devemos maior respeito aos índios, mas com paciência vamos conseguir.

Libertem João Vasconcelos, que a nada lhes serve e tentem donos de empresas petrolíferas. Quem sabe um Chenney ou um Runsfeld? Desejo-lhes sorte e sabedoria para melhor escolher o alvo de sua compreensível revolta.

PS: O texto acima pode ser traduzido para o árabe, livres os direitos autorais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Agressão a jornalista

Divinópolis - O jornalista Lúcio Flávio Pinto foi agredido hoje, enquanto almoçava em um restaurante em Belém, no Pará, por seguranças ligados a Rômulo Maiorana Jr., dono do jornal O Liberal e de uma retransmissora da Rede Globo. A Informação foi passada pelo jornalista Carlos Tautz ao diretor da Agência Envolverde, Adalberto Wodianer Marcondes, que publicou na lista de Jornalismo Ambiental que a Andréa participa. Horas depois Ruth Rendeiro publicou na lista que havia conversado com com o irmão do Lúcio Flávio, o também jornalista Raimundo José Pinto. "A informação é que ele foi agredido (bastante!!!) por Ronaldo Maiorana e seguranças, no Restaurante Parque da Residência e que neste momento está registrando queixa policial . Ele estaria bastante ferido", escreveu Rendeiro.

Dias antes, Lúcio Flávio havia publicado uma matéria no Jornal Pessoal sobre as ligações da família Maiorana, dona do jornal O Liberal, emissoras de rádio e da afiliada da TV Globo em Belém com a politicalha paraense. A reportagem analisa as relações intestinas com os governos militares e o quase-monopólio da comunicação no Pará pelos Maiorana.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Justiça

Jerry Mitchell, repórter de 45 anos do Clarion-Ledger de Jackson, Mississippi, através de um apurado trabalho investigativo levou a polícia a capturar Edgar Ray Killen, de 79 anos, pastor e líder da proscrita organização racista Ku Klux Klan, como o mandante e incitador dos assassinatos de Michael Schwerner, Andrew Goodman e James Chaney em 1964. Os dois primeiros eram jovens brancos de Nova York que foram para o sul do país para cadastrar os negros como votantes. Chaney era o jovem negro que atuava como guia para os novaiorquinos.

Eles foram vítimas de uma emboscada depois de terem sido detidos por um policial (também membro da Ku Klux Klan), que os prendeu durante algum tempo. O suficiente para que os integrantes da seita se organizassem e os perseguissem. Os três foram retirados do veículo, executados e enterrados. O carro em que viajavam foi incendiado para ocultar provas incriminatórias.

Esse caso terrível foi retratado no filme "Mississippi Burning" (Mississippi em Chamas), estrelado por Gene Hackman. Aliás, após ter visto o filme, em 1989, ao lado de Bill Minor, outro repórter e ativista de direitos humanos e dois agentes do FBI, Mitchell decidiu entrar com tudo na investigação. Os quatro dissecaram o crime e o próprio Mitchell reconheceu que algo precisava ser feito para corrigir aquela injustiça. Na verdade, Killen foi levado a julgamento em 1967, mas inocentado por um júri composto apenas por pessoas brancas.


Trecho de "O Bom e o mau jornalismo" (Antônio Monteiro), publicado no Comunique-se

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Outra banda de rock irlandesa

O novo CD do U2, How to dismantle an atomic bomb, é o mais maduroentreaspas da banda porque não quer ser o fechamento de um ciclo oucoisassim, é mais como um Zooropa, esquizofrênico controlado, entre o amor e o engajamento. O U2 é meio Tony Bennett, meio Tupac Shakur.

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

P2P

Shareaza! Finalmente um P2P que agrega buscas a arquivos .torrent e plataformas como Gnutella 1 e 2, E-Mule e E-Donkey. Já tem interface em português, não pendura spywares no HD e é de graca.

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Tsunamis

Vila Velha - Na praia, enquanto meus filhos constroem castelos, olho o mar com respeito e confiança, tão diferente do olhar de pais que perderam filhos e filhos que perderam pais sob gigantescas ondas na Ásia, recentemente.

Ali, onde a rica Europa foge do inverno, a natureza faz seu trabalho desconstruindo a obra humana. Embaixo, a destruição visível e imensurável. Da foto do satélite, apenas a beleza de praias reconstituídas em seu desenho original. Aqui, onde a combinação de rochas, céu e oceano é bela e rara, penso que tudo é para sempre.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

On the road


Vitória - O estado do Espírito Santo, no sudeste do Brasil atesta o que diz a propaganda: uma bela surpresa encravada entre Bahia e Rio de Janeiro, os principais destinos turísticos do País.

São 524 quilômetros pela BR-262, de Belo Horizonte a Vitória. Minas Gerais tem a maior malha viária do Brasil e algumas das piores estradas. As rodovias federais e estaduais estão repletas de buracos e com sinalização deficiente. Muitas placas estão cobertas pelo mato e em certos pontos os avisos de perigo (pedaços da estrada foram tragados pela chuva) estão lá há tanto tempo que já enferrujaram. Ao atravessar a divisa com o Espírito Santo, a rodovia melhora sensivelmente. Uma estrada, duas visões políticas.

O trajeto sinuoso que começa no Caparaó leva-nos por sopés de montanhas estranhiformes. Pousadas e hotéis ecológicos se espalham, movidos a rapel, rafting e trekking a mil metros de altitude. No litoral, praias cercadas por rochas e pequenas ilhas, praias calmas e semi-desertas, praias para surfe, praias, praias, praias.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

Natal

Belo Horizonte - Tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan-tan-tan

(Desça um tom na última nota e nunca mais esqueça os compassos de Jingle Bells).

Ei, irmão
vamos seguir com fé
tudo que ensinou
o homem de Nazarééééééé

(Chitãozinho e Xororó, para ouvidos menos sensíveis a altos decibéis).

Natal, Natal das crianças
Natal da noite de luz
Natal da estrela-guia
Natal do Menino Jesus
Blim, blão, blim, blão, blim, blão...
Bate o sino da matriz
Papai, mamãe rezando
Para o mundo ser feliz

(Simone, no slowmotion CD 25 de dezembro, só para cristãos muito pacientes).

So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun

(Veja, John Lennon, o pior de tudo é que a maioria dos comerciais só usa a primeira estrofe e encobre o resto da letra com ofertas e prazos de pagamento. Ninguém agüenta mais os comerciais. Nem a música)

Esquecem o espírito do Natal e valorizam o consumo etc.
(Lugar-comum preferido entre jornalistas sem assunto nos seus enfadonhos artigos diários).

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

Plagiários de todo o mundo, uni-vos!

Belo Horizonte - Depois do Googlealert, que nos informa sobre buscas com determinados temas, o Google está divulgando o lançamento do Copyscape, que pretende ser um localizador de plágios na rede.

O serviço ainda precisa ser aperfeiçoado. Na pesquisa sobre o e-pístolas foram indicados textos de minha autoria reproduzidos com crédito em outros blogs, assim como textos com crédito que reproduzi no e-pístolas.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

As mulheres da minha vida

Belo Horizonte - A ansiedade dos aeroportos. A voz soft-robótica ouvida no check-in, nos corredores, nos banheiros. Saltos altos riscam o chão encerado. Vozes altas ao telefone móvel. Malas deslizam sobre rodas. Quatro horas de atraso, a sina dos vôos longos. Ruído de turbinas que pousam. Abraços há muito esperados sufocam crianças, velhos, amigos. Entre os sorrisos, cintilam os de minha mãe e minha filha. Aqui, neste não-lugar, onde vidas se separam e se reúnem, resvalo em lânguida pieguice familiar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Sobre imprensa

Belo Horizonte - Recentemente, o governo de Minas divulgou em todos os grandes jornais mineiros e brasileiros, o tão almejado "déficit zero" no Estado. No jornal "Estado de Minas" (que se transformou em um editorial do governo) a matéria teve grande destaque, com aplausos e ovações ao governo mineiro. (...) Em Minas, jornalistas e veículos de imprensa são "censurados" pelo governo Aécio, que pressiona e "pune" jornalistas que mostram as falhas do governo. Recentemente, como já havia sido denunciado aqui, o professor e jornalista do "Estado de Minas", Fernando Massote, teve sua coluna semanal suspensa e foi posteriormente desligado do jornal. Motivo: críticas sistemáticas ao governo Aécio Neves.

Leia mais no Geógrafos sem fronteiras.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Aids

Uma luta mundial.
Uma tragédia africana.
Uma preocupação do Brasil.

Só dá valor quem tem

Belo Horizonte - A amizade é como um navio no horizonte. Nós o vemos recortando contra o céu, e em seguida ele avança, desaparece de vista, mas isto não significa que não continue lá. A amizade não é linear. Ela se move em todas as direções, nos ensinando sobre nós mesmos e sobre cada um de nós. É por isto que no transcurso de longas amizades estamos presentes um para o outro, mesmo que nem sempre estejamos visíveis.

cia Araújo, amiga virtual de Brasília que brilha no breu.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Cesta básica

Um mini iPod tem 4000 megas. Cada música (depende do que você escuta) tem mais ou menos 3,5 megas. Então dentro de um mini iPod cabe mais ou menos 1.142 músicas. Certo? Certo. Continuemos. Supondo que cada musica custe 0,99 euros, encher o seu mini iPod com musicas legalmentes compradas sai por nada mais nada menos que 1.131,42 euros. Chegamos à conclusão que um mini iPod para ser usado legalmente por um brasileiro sai por mais ou menos 4.110,70 reais. Vai encarar?

O texto acima é do Israel Barros, que põe na ponta do lápis o investimento necessário para quem deseja ouvir música durante uma caminhada no parque.

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre as reais intenções da indústria fonográfica ao vender arquivos de MP3, uma dica: é como comprar o equivalente às velhas fitas-cassete piratas dos anos 1980. Alguém ainda se lembra?

domingo, 28 de novembro de 2004

Coisas detestáveis em bliteratura

Belo Horizonte - As tentativas de imitar Bukowski via descrição dos acontecimentos mundanos. Um certo gosto pelo bizarro que se completa com a publicidade. A imobilidade impercebida das comunidades de direita, cuja veleidade de ler somente a si próprias lhes torna serpente que engole o próprio rabo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

Coisas detestáveis em literatura

Divinópolis - Bukowski. Sei que com isso incomodo pessoas bacanas, que lêem de tudo um pouco e curtem proscritos de toda ordem chafurdando no mundo-cão, etc. Mas Bukowski carece de qualidade literária em sua prosa irregular, seus gostos duvidosos, suas falsas verdades de bêbado. A literatura etílica é desbocada e sem horizontes intelectuais mais ambiciosos, com a parca capacidade descritiva dos consumidores de whiskey travestida de fluxo de consciência. Quase sempre relação de coisas e pessoas que compõem o universo dos alcoólatras: brigas de prostitutas em becos sujos, lixo espalhado e bares de péssima reputação. Bukowski está num limbo cognitivo no qual não podemos entrar sem assumir sua postura looser de cordeiro em pele de lobo.

Bukoswski jamais seria Henry Miller porque nunca foi um grande leitor e se interessava mais pelas garrafas que pelas mulheres. Nem William Burroughs porque, convenhamos, Burroughs é de erudição e decadência insuperáveis. Jamais seria Jack Kerouak porque pôr o pé na estrada significaria uns goles a menos na imobilidade dos bares. Ernest Hemingway não fazia do álcool sua única profissão de fé: tinha mais assunto. Scott Fitzgerald também, mas tinha classe. James Joyce tomava todas, mas se os seus livros porventura são interpretados como resultado de bebedeira falta vinho a seus detratores.

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

A lista do Francis

Divinópolis - A frase é batida, mas Paulo Francis foi mesmo um dos maiores e mais polêmicos intelectuais brasileiros. Crítico contundente e acidíssimo, homem das letras que não cursou universidade, podia travar batalhas gnósticas com qualquer livre docente. Não tinha diploma, mas ainda é usado como exemplo por alguns boçais que confundem autodidatismo com opção pela ignorância. Comparar-se a Paulo Francis é sempre uma heresia.

Guardava artigos de PF publicados na Folha, no Estadão. Lia e relia descobrindo aforismos, hipérboles novas, no seu texto encontrava palavras desconhecidas que me faziam correr até o dicionário e ler sempre mais de um verbete - como fazem os que lêem dicionários. Dentre os achados, a sua sugestão de biblioteca básica:
Os Sertões, de Euclides da Cunha;
Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Memorial de Aires, de Machado de Assis;
A Apologia e Simpósio, de Platão;
As Vidas, de Plutarco;
A Guerra do Peloponeso, de Tucídides;
Os Doze Césares, de Suetônio;
Declínio e Queda do Império Romano, de Gibbon;
Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper;
Prefácio do Novum Organum, de Francis Bacon;
Prefácio dos Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton;
Prefácio de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead de seus Princípios da Matemática;
História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell;
o capítulo sobre Positivismo Lógico;
Hamlet, de Shakespeare;
Antígona, de Sófocles;
Pequena História do Mundo, de H.G.Wells;
As Confissões, de Santo Agostinho;
A Origem das Espécies e Viagens de um Naturalista ao redor do Mundo, ambos de Darwin;
Cidadãos, de Simon Schama;
Rumo à Estação Finlândia, de Edmund Wilson;
História da Revolução em França, de Edmund Burke;
A Revolução Russa, de Trotski;
History of the United States of America, de Hugh Brogan;
Dicionário de Economia, da Abril;
Guerra e Paz, de Tolstói; Crime e Castigo, de Dostoievski;
A Montanha Mágica e Dr. Fausto, de Thomas Mann.

Dizia: "A lista que fiz me parece o básico. Em algumas semanas, duas horas por dia, se lê tudo. Duvido que se ensine qualquer coisa de semelhante nas nossas universidades. Se eu estiver enganado, dou com muito prazer a mão à palmatória."

Não é razão para deixar de estudar. Mas PF tem razão.

terça-feira, 16 de novembro de 2004

Li A trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster

Divinópolis - Item importantíssimo da série "como ainda não tinha lido isso?", o livro reúne três novelas que se imbricam num momento e se repelem no outro, que se afastam e se reaproximam a cada página, num interessante jogo de espelhos, novidade na narrativa de literatura policial. Um roteiro pré-Pulp fiction (o filme) e pós pulp-fiction (a verve), se é que me faço entender.

Auster tem grandeza intelectual indiscutível, mas aqui ela é apenas insinuada. O autor não a deixa emergir, para não prejudicar o andamento aparentemente simples das três histórias. Cidade de Vidro começa com um telefonema recebido tarde da noite por um escritor de contos policiais que é confundido com um detetive particular chamado... Paul Auster. Em Fantasmas reúnem-se paranóias de investigadores e investigados nos anos 1940, em clima noir, onde os nomes não importam, todos substituídos por cores como Blue, Black, White, Brown e os papéis se invertem: loucura entra em cena.

O quarto fechado é a última novela e quase explica o início do livro, mas faz bem em não cumprir a missão. Melhor procurar o escritor maluco que não quer ser encontrado e ficar à mercê do mistério que a previsibilidade da literatura fácil dos que desconhecem Milton e não entendem porque o Harvey Keitel insiste em fotografar sempre a mesma cena em Smoke, o filme.

quinta-feira, 11 de novembro de 2004

Uma canção

Cowboy do amor
(Bob Nelson)

Quando monto em meu cavalo e jogo o laço
prendo logo, prendo logo um coração
sou cowboy, gosto muito de um abraço
mãos ao alto e não vá dizer que não

Sou vaqueiro, capataz de uma fazenda
nas horas vagas também toco um violão
o meu cavalo é ensinado
leva bilhete para a filha do patrão

Ubíqüo

Divinópolis - O Blogger agora tem interface em português. O Google tudo pode.

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

O poema

Divinópolis - Ler Mickiewitz é ser assaltado pela sensação de que o ato de escrever estará sempre associado às verdades universais. Comprovam-no as letras no encarte do Mande minhas lembranças ao onze, todas do Leãdro, que dedico respectivamente a Orib, Edgar, Mário, Humberto e Josimar.

Todo mundo quer amor / eu só quero a dor / todo mundo quer ter paz / eu vivo na espera / e no fim das contas / vou aonde meu nariz aponta (Stoney)

Ah, eu vou embora um dia / vou levar só o que carregar / bem assim eu me vejo indo / claro outono / a chuva caindo (Avenida Principal, 777)

Ouviram do Ipiranga / o brado redundante / viva o Brasil / onde o povo manda / Terra de santa Cruz / viveiro de urubus / a cuidar da vida alheia / bandeiras vermelhas / O futuro acabou / levante as mãos quem acreditou / o futuro éramos nós / perdidos e sem voz (Bandeiras vermelhas)

Vai ser tão bom, o maior som / deixar a Babilônia / deixar pra trás, sem outros que tais / a azia e a insônia (O chão encontra as nuvens)

Na margem do grande mar violeta / cavalos alados disparam siderais / sons e fúria tomam a luz do planeta / lâminas de fogo avançam mais e mais (Os novos deuses)

terça-feira, 9 de novembro de 2004

Um poema

Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas
Na minha infância campestre, celeste
Na minha juventude de loucuras e de alturas
Na idade adulta, idade de desdita
Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas


Adam Mickiewicz (1798-1855), traduzido por Paulo Leminski e reproduzido no encarte do Mande minhas lembranças ao onze, primeiro CD do Projeto Igor.

Guerra fria